Ouve lá ó Mister – Copenhaga

Companheiro Nuno,

Descobri uma coisa recentemente e quando digo recentemente é coisa de vinte segundos: sou disléxico a escrever o nome da cidade de onde vêm estes moços que hoje jogam contra nós. Tenho de pensar bem e olhar para o que estou a escrever para não sair, e não estou a brincar: Compenhaga. O dedo desloca-se ali para o “m” como se fosse uma gaja boa no cinema e estivesses a tentar açambarcar o encosto do braço ao mesmo tempo que ela. Mais dedo menos braço, a verdade é que não consigo escrever o nome em condições. Vou atribuir a este comportamento o facto de não ser um hábito escrever o nome da cidade (nem do clube) porque, convenhamos, nem um nem outro estarão habitualmente nas bocas do mundo.

Mas essa é uma atitude arrogante que temos de saber contrariar, por muito que possa parecer natural tendo em conta a diferença de histórico. Porque já houve vários Artmedias no nosso passado e foram suficientes para percebermos que nada é ganho à partida e que tens de fazer pela vida para conseguires desfazer estes e os outros que por aí virão. Sejam dinamarqueses, bretões, gauleses, hunos ou powatan. Entrar em campo com mentalidade de vitória, cabeça focada no desafio e noção que pelo menos no arranque são todos iguais. Ódespois os resultados terão de ditar as diferenças.

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Guimarães

Companheiro Nuno,

Finalmente! Estas paragens de campeonato para a Selecção (que os ingleses chamam “interlull”) são uma seca do caraças e um gajo fica entediado de tanta nação à pancada que mais vale ver um filme de guerra para desenjoar. Mas também não perdemos nada pela espera porque vem aí o Guimarães e dá sempre gosto jogar contra estes meninos. Desde que se ganhe, está claro.

Será o primeiro jogo depois da primeira derrota. Nada está perdido mas aqueles três pontos nunca mais ninguém nos dá, isso é certo. E até houve luta e esforço e tal…mas parecemos quase sempre inferiores aos gajos, na organização, na luta e na ratice. Já começas a refamilaz…refilimilia…a habituar-te outra vez a esta que foi a tua casa durante tanto tempo e que, se as coisas correrem bem, pode ser que seja tua durante muitos anos. Quem dera, rapaz, para ti e para nós! Mas para isso acontecer tens de levantar o pé do travão e carregar no acelerador, porque depois deste vem Champions e depois outro complicado e depois Champions e por aí fora. Nada que não tenhas passado em Valência, mas aqui é mais coiso. É azul-e-branco, pá, é melhor!

Estou curioso para ver a equipa que vais enfiar em campo. Óliver, Jota…Brahimi. E eu apostava no Ruben a jogar a 6, mas tu pensa lá pela tua cabeça e vê a melhor forma de ganhar o jogo. Soa a stalker mas podes estar descansado: vou estar lá a ver e quero aplaudir!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Sporting

Companheiro Nuno,

Um arranque de temporada destes tinha de culminar com o jogo mais complicado do ano, pelo menos no plano teórico. Não, não é o jogo na Luz que considero o mais difícil, por muito que os gajos sejam tricampeões, porque podiam ter quarenta e sete (cruzes, canhoto e um dildo com rebites no esfíncter) e não me lixava tanto as contas como jogar em Alvalade. Há qualquer coisa naquele campo que me desinquieta e me deixa de alma nas mangas e coração a roçar a úvula de cada vez que lá vamos, porque parece que os gajos se exaltam todos contra nós e gostam mais de nos ganhar do que o Rochemback gostava de picanha ou o Cadete de Vidal Sassoon. É uma loucura quando lá vamos e como ainda por cima têm saído por cima há vários anos, habituaram-se a esta boa vida e não querem outra coisa.

NO MORE. Estou farto disto e estou farto de lá ir e sair a pingar dos olhos e a desejar que houvesse um buraco onde me pudesse enfiar cheio de vergonha de estar vivo. Ouviram, Janelas, Furas, Mini, Barros, Perguntas, Zé e outros imbecis verdes-e-brancos com quem partilho a minha vida pelo menos duas horas todas as semanas a jogar futebol? (já viram a minha cruz?!) It ends today, bitches!!!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Roma

Companheiro Nuno,

Depois da partida da passada quarta-feira lamentei as indecisões e as mudanças tácticas que surgiram aparentemente apenas da tua cabeça mas como faço neste tipo de coisas, dou-te o benefício da dúvida apesar de não concordar contigo. É certo que os gajos são bons, que têm uma estrutura e umas rotinas que os teus (ainda) não têm, que há ali talento e alternativas bem simpáticas que nos acabam por tolher as esperanças e te fazem olhar para o banco sem saber muito bem o que fazer. Percebo tudo isso. Mas não me roubam a esperança e nem os factos do jogo passado me tiram a vontade de ganhar.

O jogo vai ser complicado, ah vai. Ninguém está à espera que chegues ao Olímpico e enfies sete batatas nos gajos, mas estamos à espera que tentes. Estamos todos, os que aí vão estar nas bancadas e os que por aqui vão ficar a ver o jogo pela televisão (acho que dá na RTP, com os comentadores bem oleados no escárnio e na crítica rápida a ti e aos teus…já sabes do que a casa gasta, a nossa e a deles…), com vontade de acreditar em ti. De olhar para uma equipa que não é mais que uma amálgama insegura de jogadores, alguns com traquejo e outros que ainda tremem das perninhas nestes palcos, vestir a camisola e saltar para cima dos italianos como se fossem a Monica Bellucci de vestido curto.

Dizem que em Roma se deve ser romano. Nada disso. Em Roma, sê dragão. Fogo nas ventas e mandar aquela merda abaixo à Nero. Um remake, como está na moda. Força!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Estoril

Companheiro Nuno,

Vamos esquecer por momentos o jogo de terça-feira porque este vai pintar uma história bem diferente. Temos 100% de vitórias na Liga e é assim que vamos continuar porque o Estoril não mete medo a ninguém, não é verdade? Tem de ser assim, Nuno, porque sabes que nesta casa é sempre assim: ganhar. Não pode haver problemas com pequenos adversários e estes jogos são o suminho que se vai espremendo devagarinho para que possas chegar aos grandes jogos e ter bagagem suficiente para estares mais confortável mesmo que as coisas corram menos bem. E o próximo jogo grande é já…o próximo depois deste, por isso toca a ganhar para limpar a cabeça e começar a pensar na Roma só no Domingo de manhã.

Já vi que agora é hábito novo não haver convocados para os jogos. Vai ser assim toda a temporada, rapaz? Vais deixar a malta a salivar para saber quem é que vai poder estar no banco e quem é que entra para o relvado com os tiques todos e as superstições tão próprias daquela malta? Ou é só um truque de marketing que se vai esbater como um balão com um furinho pucunino? Deixas-me curioso, com mil Nunos Luzes aerofágicos!

Seja lá qual tiver sido a tara dos convocados, o que me interessa mesmo é o jogo. Enfia três ou quatro batatas nos gajos, descansa o André e o Otávio e amanda com os gajos da linha lá para baixo de cabeça caída e lamentos acerca da profissão que escolheram. Simples, não é?

Sou quem sabes,
Jorge

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