Ouve lá ó Mister – Club Brugge

Companheiro Nuno,

Ah, rapaz, que não me dás descanso! Este jogo de Setúbal foi um dos mais fáceis que vamos encontrar fora do Dragão e tu e os teus (que são nossos) acabaram por desperdiçar o que seria uma excelente oportunidade de ficares próximo da liderança e de enfiares uma naifa no lombo da vermelhagem no próximo Domingo, empurrando-os para baixo de nós e elevares o teu clube e a tua gente para um patamar a que aspiramos há que tempos. Outras oportunidades aparecerão, já aí ao virar da esquina, mas se continuares a deitar fora estas que te vão aparecendo…bem, digamos que um dia destes vão deixar de estar disponíveis. E será tarde demais para nós e para ti. Just focus, dude.

Hoje a história é diferente. Não há muitas mais oportunidades a aparecer e tu tens de saber isso. Depois de perderes cinco pontos em três jogos, tens de os recuperar nos próximos três e se fizeres pelo menos sete pontos, talvez as coisas não estejam totalmente perdidas. Nove é o ideal mas da maneira que as coisas têm andado, talvez não valha a pena apontar para o topo. Passinhos de bébé, não é verdade? Venham de lá esses belgas, para caírem como merecem!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Setúbal

Companheiro Nuno,

ALL IS WELL, SON! Estamos todos entusiasmados com a visita ao Sado com o festival do choco frito a encher panças e o grande FC Porto a passear em Setúbal enquanto vence um jogo que tem sido bastante acessível nos últimos anos e esperamos que continue a sê-lo. Mas…

Mas é uma bela trampa quando a malta está bem disposta e depois leva uma lança no lombo quando ao fim de noventa minutos verificamos que todas as coisas que poderiam correr mal, vão correr mal. O Murphy é um cabrão do carago e quando se lembra de se virar contra nózes, a trampa atinge a ventoínha com uma pujança que faz com que milhões de viciados em splatter porn se vinguem dos olhares que recebem na rua com risos malévolos e atitudes de desprezo que não ficam bem a ninguém. Nem a splatterpornófilos. Continuando.

O que interessa é acalmar um bocadinho a malta, dentro e fora do campo. Uma vitória jeitosa como a de semana passada não chega para ganhar o campeonato e aquele nível de exibição, aquela energia e qualidade de jogo tem de ser repetidas semana após semana, seja contra quem for, Setúbal ou Arouca, Belenenses ou Benfica. Por isso estou a contar com um jogo sério, com intensidade, boas trocas de bola, inteligência na frente de ataque e um alheamento geral da sorte. Nós é que temos de fazer a nossa própria sorte, de uma forma muito simples: marcando mais golos que os outros. Parece-te bem? Força nisso!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Arouca

Companheiro Nuno,

Ufa que lá nos safámos na terça-feira pelas pontinhas dos cabelinhos, rapaz! É sempre engraçado polvilhar alguma emoção nestes jogos da Champions contra as equipas mais fracas por isso compreendo perfeitamente a entrada em jogo e as deliberadas desatenções defensivas, somadas à inépcia no meio-campo e ataque, tudo bem calculado para que a partida tivesse aquele soupçon extra de emotividade, foi um plano muito bem delineado e executado e de certeza que as audiências subirão em flecha, porque sabe-se lá o que faremos prá semana? Auto-golos? O Felipe pode ajudar-te nisso, mas talvez seja melhor limitar o entusiasmo do povo, afinal há muito mais para jogar e é preciso balancear os batimentos cardíacos para aguentar o resto da época sem o miocárdio a rebentar-se todinho.

E agora que vem o Arouca, pá…que diabos, aqui há uns anos se me dissessem que vinha aí o Arouca, o mais provável era responder: “Estes jogos da Taça contra equipas mais pequenas podem ser lixados”. Mas agora não, anda tudo ao mesmo nível e temos mesmo de lhes ganhar com a noção de que não tarda nada estamos a jogar contra o Gafanha na primeira divisão. Enfim, sic transit gloria mundi e coisas que tais. Ao menos não jogas de amarelo e azul! Hoje!

Vamos a isso, uma vitória tranquila para não enervar mais a malta. Quero uma noite de sábado descansada, pá!

Sou quem sabes,
Jorge

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Ouve lá ó Mister – Club Brugge

Companheiro Nuno,

Quando descobri que o Timmy Simons ainda jogava no Club Brugge, uma fantástica nostalgia caiu sobre mim e dei comigo a regressar ao início do século e a jogos vespertinos (que se esticavam pela madrugada fora) no antiguinho Championship Manager, quando este rapaz era um dos meus esteios do meio-campo, um trinco rijo como cornos mas que aparecia muitas vezes na vizinhança da baliza adversária, marcando e dando a marcar. Um herói nas minhas temporadas ao comando do Club Brugge (que terminou com vários campeonatos apesar da pouca glória europeia) que terminou com a saída amigável por forma a abraçar um novo desafio, ao lado, no PSV. Era um treinador inteligente mas firme com os jogadores, uma espécie de math savant com poucos dotes sociais que exigia o máximo da sua equipa e era capaz de sacrificar o jogo bonito pelo sentido prático. E era também um líder que ficava chateado com brincadeiras e que não gostava de baixar o ritmo mesmo quando estava a vencer por cinco ou seis.

Não mudei muito desde essa altura, pelo menos a nível futebolístico. Continuo a cerrar os dentes e a querer que a equipa jogue sempre no limite, até ao fim. Claro que já permito alguma gestão mas nunca em excesso, mas este jogo não exige menos do que absoluta entrega e concentração. Temos um ponto em dois jogos e se acham que é possível arranjar um milagre que nos faça ganhar os jogos todos da segunda fase quando não ganhámos nenhum na primeira, estão bem enganados. É para ganhar e para arranjar alguém que consiga, em campo, dizer ao Timmy Simons que ele pode ser um gajo porreiro mas o antigo treinador dele está do outro lado e não vai facilitar. Desculpa, Timmy, mas tem mesmo de ser.

Sou quem sabes,
Jorge

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