Ouve lá ó Mister – Juventus

Companheiro Nuno,

Só vi a Juventus uma vez ao vivo. Foi há quinze anos, ainda nas Antas, onde Del Piero, Buffon e companhia vieram dar cá um saltinho num jogo bem engraçadito, cheio de lances perigosos em ambas as balizas, numa visão quase contrária ao que é uma equipa italiana a jogar fora de casa. Ora vê lá se ainda te lembras:


Porto – Juventus (0-0) 10.10.2001 por juventusmemories

E esta Juventus é um pouco diferente da norma italiana que nos habituamos a colar às equipas lá da terra desde há muitos anos. São mais dinâmicos, mais fantasistas e mais agressivos (sim, mais) na disputa da bola. São gajos perigosos no ataque, rijos na defesa e compactos na organização. São uma equipa de topo mundial, Nuno, não preciso de cantar mais elogios aos cabronnes. Por isso, não temos nada a perder. Talvez o orgulho ferido se perdermos o jogo ou meia-dúzia de camisolas rasgadas em caso de frustração por não conseguirmos o que queremos. Mas não temos nada a perder e é exactamente por isso que vamos cair em cima deles como se fossemos mongóis a invadir a China. Dragão Khan, carago!!! Não há Deco mas há Óliver, falta um Capucho mas há um Brahimi, não trocava o Danilo de agora pelo Costinha d’altura e entre Pena e Soares, fico com o último. As saudades que me dão ao ver aquela malta vão ser ultrapassadas pela alegria da memória deste jogaço! Vamos a isso, Nuno, faz com que aquele moço que esteve na baliza (e hoje por lá andará novamente) queira lembrar-se do primeiro jogo e não do último!!!

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Ouve lá ó Mister – Tondela

Companheiro Nuno,

 

Sinto uma mudança na forma de encarar os jogos e começou há algumas semanas. Parece que está a funcionar essa maneira mais cínica e clínica de furar as defesas adversárias sem que permitamos que façam o mesmo à nossa. Criar menos e finalizar bem parece adaptar-se melhor à filosofia que tentas injectar nos teus meninos do que a muita criação recuada e fraca finalização que tínhamos vindo a acompanhar nos primeiros tempos do teu reino. Pá, whatever works. E para te ser sincero, não estamos já em tempos de desejar lagosta suada. Chegam-me as vitórias suadas.

E hoje é mais um destes jogos de trampa que ainda por cima antecedem um confronto daqueles que deixam um gajo a salivar uma época inteira. Não tenhas dúvida nenhuma que a maioria, para não dizer todos, vão estar a pensar já na Juventus e muito pouco no Tondela, mas temos de ganhar isto antes de pensar em ganhar o outro. Quanto mais não seja para nos vingarmos daquela pouca vergonha que tivemos de aturar no ano passado, porque perder com o Tondela no Dragão foi dos momentos mais infelizes do meu clube que pude presenciar ao vivo. Não deixes que se repita, por favor.

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Ouve lá ó Mister – Guimarães

Companheiro Nuno,

Estamos ainda a limpar a pila aos cortinados depois daquela encavadela que demos ao Sporting no sábado passado, não estamos? Não, não estamos, porque se demos alguma coisa ao jogo foi na primeira parte e muito graças ao Soares (em quem apostaste e, olhando para trás, muito bem) já que o resto da malta não fez lá grande coisa. E na segunda parte, ui que fartote de verde e branco que me enjoou as vistas e me aninhou a moral, tanto que celebrei mais a defesa do Casillas que qualquer um dos dois golos que marcamos. Não podemos continuar a sofrer tanto durante os jogos, Nuno, os nossos corações começam a ceder e quando chegarmos à Luz, das duas uma: ou dás uma de Falcao, Moutinho & Cª e enfiamos três no pandeiro da vermelhagem, ou estamos bem tramados. Não que sejam melhores que nós (e daí, talvez sejam) mas se lá chegam com moral…bem, vão ser noventa minutinhos complicados, vão.

Mas até lá ainda muita auguinha vai passar por baixo do viaduto, começando já hoje neste estádio que tem uma acústica absurda e quando está cheio de gente é um basqueiral que não se aguenta. E hoje parece que vai haver muito povo nosso a apoiar a equipa (INVASÃO! INVASÃO! INVASÃO!) por isso há que não desapontar a malta e ganhar o jogo. Continuar a pressionar os de cima para não os deixar fugir, continuar o momento ascendente de forma para subirmos a rampa de uma vez por todas! Vamso a isso!

Sou quem sabes,
Jorge

Link:

Ouve lá ó Mister – Sporting

Companheiro Nuno,

 

Daqui a umas horas vou sair de casa, meter-me no carro e por-me a caminho do Dragão. Depois de passar algum tempo a tomar um café e a beber uns finos com amigos, vou vestir o casaco, colocar o gorro na careca e o cachecol ao pescoço e vou seguir viagem pela Alameda abaixo até entrar na minha porta (que não é a 19 porque essa estará ocupada por gente de verde e branco) e eventualmente sentar-me no meu lugar. Uma mijinha, um cigarro, uma garrafa de água para equilibrar a cerveja e humedecer a garganta, algumas conversas nervosas e siga lá para dentro. Tudo isto acontece nos jogos normais e é uma rotina que me agrada, que me acalma, que me faz sentir que o mundo é normal, pelo menos aquele que eu controlo. Mas este não é um jogo normal, Nuno. É um dos grandes. É daqueles que a partir do momento em que o árbitro bota os lábios no assobio, tudo muda. Fico tenso, intranquilo, distante, como se estivesse fechado numa redoma em forma de estádio onde o tempo é infinito e a capacidade de sofrimento aumenta exponencialmente à medida que o jogo vai decorrendo. Raro é o clássico em que me divirto e não prevejo que este seja muito diferente.

Mas há uma forma de me transformar num adepto, digamos, normalzinho: jogar a sério e ganhar. Pensa que se venceres tens o Sporting a noventa mil pontos de distância somados à vantagem no confronto directo. Pensa que pode ser o primeiro clássico que vences. Pensa que pode ser o primeiro jogo que vences o senhor otchentchaeotcho. Pensa que é a tua primeira grande hipótese de limpares a imagem de medricas que ficou desde o último clássico que jogaste no Dragão. Pensa em morder os calcanhares ao Benfica e só vencendo o conseguirás.

Pensa nisso tudo. Transmite aos rapazes essa mesma ideia e entrem em campo para ganhar de início a fim. É só isso que te peço.

Sou quem sabes,

Jorge

Link: