Porta19 entrevista Oleg (http://light-fans.ru)

Retomando as entrevistas aos nossos adversários e aproveitando o arranque da Champions’, “falei” com Oleg do site Light-Fans, a representação online de uma das principais claques de apoio ao Shakhtar Donetsk e presença permanente nos jogos em casa e fora do clube. Funciona muito como uma família, um grupo unido que se junta para gritar pelo clube.

 

Porta19: O FC Porto fez o último jogo oficial contra o Shakhtar na Taça das Taças em 1983 (ganhou 4-3 no conjunto das duas mãos depois de empatar em Donetsk e vencer no Porto por 3-2) e não enfrenta uma equipa ucraniana desde o Dínamo Kiev em 2008. Como é que o futebol evoluiu na Ucrânia nos últimos anos?

Oleg (Light Fans): Para responder a esta pergunta temos de voltar atrás na História. Desde os primeiros tempos da história do futebol na Ucrânia só houve uma equipa – o Dínamo (Kiev). O resto das equipas não conseguiam rivalizar e criar uma oposição competitiva. Desde 1996, quando Akhmetov foi eleito presidente, teve início uma nova fase da história do Shakhtar. O Dínamo era uma equipa poderosa naquela altura, mas o Shakhtar fez tudo o que pôde para se tornar num rival ao nível deles, ao passo que o resto das equipas mantiveram o seu nível que não pode ser considerado acima de mediano. Anos mais tarde, o Shakhtar tornou-se mais forte e venceu vários campeonatos. Nas últimas três temporadas estamos a passar por uma grande transformação, particularmente no nível do campeonato nacional. As pessoas que gostam de futebol (entre outros motivos :) ) começaram a investir enormes quantidades de dinheiro nos seus clubes e como consequência o nível do campeonato atingiu novos patamares. Hoje em dia quase todas as equipas conseguem competir pela liderança e clubes como o FC Metallist ou o FC Dnipro têm possibilidades de interferir na corrida para o campeonato ou pelo menos para o segundo lugar. A somar a isso, nos últimos anos graças ao Shakhtar começámos a ser conhecidos na Europa (pelo menos esperamos que sim) e jogadores de bom nível já não têm problemas em vir jogar para a Ucrânia. O crescimento do nosso campeonato levou também a uma evolução muito positiva do nível de jogo das equipas (do nosso ponto de vista). As equipas do leste da Europa eram vistas como “parentes pobres” pelo resto do continente mas o Shakhtar conseguiu chegar aos quartos-de-final da Champions’ League e não estamos à espera que nos subestimem desta vez.

 

Porta19: O Shakhtar conquistou a Premier League da Ucrânia no ano passado. Quais são as expectativas para esta época?

Oleg (Light Fans): No fundo, as mesmas. O Shakhtar actualmente domina o futebol ucraniano apesar dos esforços do resto dos clubes. O único problema está na motivação, porque se perdermos é exclusivamente por culpa própria. Infelizmente podemos trazer muitos problemas a nós mesmos.

 

Porta19: O que é que o FC Porto pode esperar quando visitar a Donbass Arena? Como vai ser o ambiente dentro e fora do estádio?

Oleg (Light Fans): O nosso novo estádio está situado na parte central da cidade e a atmosfera do estádio é acolhedora e amigável. Muitas crianças assistem a todos os jogos do Shakhtar com as suas famílias. Há também uma certa diferença entre os jogos do nosso campeonato nacional e os da Champions’ League. É hábito para os jogos do campeonato haver uma “sector escolar” onde os nossos adeptos mais jovens podem apoiar a equipa. Nos jogos europeus a presença da juventude não é tão óbvia. Vendemos cerca de 35 mil lugares anuais e o clube tomou a decisão de deixar de os vender, com o intuito de possibilitar que todos os fãs possam comprar bilhete para os jogos. Há uma divisão entre três categorias de adeptos dentro do estádio:


Porta19: Quem são as principais armas do Shakhtar para abater o FC Porto? Jádson? Willian? Srna? Eduardo?

Oleg (Light Fans): Nem sei o que te dizer. Vou ser claro: todos os jogadores do meio-campo são perigosos. Qualquer jogador da nossa equipa pode trazer problemas mas a principal ameaça está no centro do terreno.

Porta19: Conheces os jogadores do FC Porto? Quem é que admiras e quem é que te assusta?

Oleg (Light Fans): Hulk – sem dúvida. Muito perigoso.

 

Porta19: Porque tens um site de apoio ao Shakhtar? Por amor ao clube, pelo gosto da intervenção na web ou simplesmente como uma forma de organizar o clube de fãs?

Oleg (Light Fans): Posso contabilizar todas as razões que avançaste mas devo dizer que em primeiro lugar está o amor pelo clube e só depois virá a discussão e comunicação entre os adeptos. De website para website os objectivos podem ser diferentes mas não muito. Há muitos fãs do Shakhtar em Donetsk e pela Ucrânia fora, por isso criamos o grupo “Light Fans” para integrar todas essas pessoas. Queremos que a nossa equipa mostre um elevado patamar futebolístico e os nossos fãs façam o mesmo a nível do apoio que dão à equipa. O nosso objectivo é conseguir ter um estádio inteiro a cantar pelo nosso amado Shakhtar. Queremos envolver tantas pessoas quanto fôr possível como adeptos activos para que o público da Donbass-Arena se envolva no ambiente do jogo como nos melhores estádios da Europa.

 

 

Resumindo, esperamos jogos muito difíceis mas a maior parte das pessoas aqui estão à espera que as nossas equipas se qualifiquem para a próxima fase. A questão é: “Que lugar é que cada uma vai ocupar?”. E é certo que esperamos que ambas as equipas mostrem um excelente futebol (apesar do facto do Shakhtar deverá jogar um pouco melhor) e ficamos à espera da vingança. Mas vamos ver, como sabes o futebol é um jogo em que nunca se sabe o que vai acontecer. Sobre o Zenit, a opinião é simples: uma equipa muito boa que com um bocado de sorte pode rivalizar com qualquer uma das nossas equipas.

 

 

 


 

 

É sempre curioso o contacto com outros adeptos por esse mundo fora e este não foi excepção. Obrigado ao Oleg e ao resto dos adeptos do Donetsk!

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Entrevista a Vítor Pereira – Parte III

Terceira e última parte da entrevista do Pedro Batista a Vítor Pereira. Vale bem a pena.

 

P.B: – Quais os princípios defensivos que considera mais importantes no tipo de organização defensiva escolhido para a sua equipa?

V.P: Eu devo-lhe dizer que trabalhamos, sempre em todos os nossos microciclos, a contenção, as coberturas e os equilíbrios defensivos. Mas existem coisas fundamentais para além destas, como por exemplo a identificação de referenciais de “pressing”, existe o atacar o adversário pelo “lado cego”, promover a organização de uma zona pressing inteligente e organizada, no sentido de levar o adversário a sair a jogar de determinada forma na 1 fase de construção, retirarmos espaço e tempo de execução ao adversário, é importantíssimo saber defender por linhas, e estas são as nossas principais preocupações que temos no nosso trabalho semanal.

P.B: Fala em pressionar o adversário pelo “lado cego”, explique-nos o que é isso.

V.P: Pressionar o adversário pelo lado cego é o aproveitamento dum mau posicionamento do adversário, dum deficiente ajustamento dos apoios na recepção da bola que normalmente “fecha” o campo. O que é que eu quero dizer com isto, imaginemos o adversário a sair a jogar pelo corredor lateral direito com o médio centro ou o pivot defensivo a receber passe interior com os apoios virados para esse corredor, voltados para essa lateral, portanto está-nos a dar o “lado cego” e normalmente isso acontece sempre, acontece na linha defensiva ou na linha média. Recebem quase sempre a bola dando “lado cego” e é isto que temos de aproveitar com uma aceleração, com uma acção pressionante sobre o “lado cego”, mas para isso temos de convidar o adversário a entrar na “zona pressing” que estamos a organizar, para depois acelerarmos sobre o adversário e recuperar a posse de bola.

P.B: – Na sua equipa, pretende esperar pelo erro do adversário para recuperar a posse de bola, ou pelo contrário, procura que a sua equipa provoque esse mesmo erro, isto é, que a sua equipa tenha um papel passivo ou activo na recuperação da posse de bola?

V.P: Nós obviamente queremos promover o erro, para isso temos de ser inteligentes, por isso a nossa organização defensiva baseia-se numa organização por linhas, hoje em dia e com razão fala-se em muitas linhas, em função do lado estratégico que é preciso integra-lo no treino, em função da forma que queremos provocar o erro no adversário organizamo-nos nas linhas que achamos necessárias para criar as nossas zonas “pressing”, e esse trabalho é feito desde o nosso primeiro dia de treinos.

P.B: – Gostava agora que me falasse um pouco sobre os princípios defensivos que acha mais importante em cada sector da sua equipa.

V.P: Nós trabalhamos em todos os sectores, as coberturas, as contenções, e os equilíbrios. Dou-lhe um exemplo, no ataque neste momento estou a jogar com 2 avançados, estes 2 jogadores podem não executar muito bem as acções de cobertura, ao nível da contenção podem não ter a agressividade que eu pretendo, apesar de trabalhar estes aspectos, mas se eles em termos posicionais não estiverem bem, se eles não identificarem os referenciais de “pressing”, se eles não acelerarem no momento certo sobre o adversário, vai originar um desgaste dos restantes jogadores, vai originar ineficácia na zona “pressing”, logo vai abortar o plano colectivo defensivo.  Vamos imaginar isto, o nosso adversário joga com um homem entre linhas, entre a nossa linha defensiva e do meio campo, isto apesar de não alterar o nosso trabalho geral de coberturas e equilíbrios, isto exige que para eu ser eficaz em termos defensivos, preciso de um homem que vá jogar nesse espaço entre linhas para controlar esse mesmo espaço. Se pelo contrário o adversário não tem esse jogador entre linhas eu posso não precisar de controlar esse espaço, se calhar vou promover o jogo de coberturas de forma diferente. Eu posso ter um jogador forte, como pivot defensivo, a jogar entre linhas, que no jogo aéreo é forte, eu promovo o seu “encaixe” com a cobertura do meu defesa central ou defesa lateral, onde este homem em situações de finalização do adversário pode “entrar” na minha linha defensiva para me dar mais segurança e equilibrar-me a equipa. O importante é os jogadores saberem o jogo de coberturas, e nós treinamos estes aspectos para que os jogadores entendam o que têm de fazer. Mas o estratégico é fundamental, sem adulterar o trabalho que é feito semana após semana.

P.B: – Gostava que me explicasse os papeis defensivos mais importantes que dá ao médio(s) defensivo(s)/pivot, aos centrais, ao libero se ele existe e aos laterais.

V.P: Vamos imaginar que a minha equipa báscula do lado da bola, primeiro é preciso controlar o espaço, a bola e o adversário, na zona há uma responsabilização, existe um domínio do controlo do espaço, do controlo da bola, do espaço para o adversário e do espaço para o colega, é importante não existirem espaços inter-linhas e intra-linhas, é importante que todos os jogadores saibam controlar esses espaços, é importante os jogadores não “fecharem” o campo, o que é que eu quero dizer com isto, eu vejo equipas de nível com os jogadores a serem sistematicamente surpreendidos por estarem a “fechar” o campo, imaginemos que o meu lateral do lado contrario báscula do lado da bola, tem uma referencia de espaço, mas se tiver os apoios virados para o lado da bola está a “fechar” o campo, existe uma zona enorme de campo que ele não está a ver, se o adversário lhe aparecer com o campo fechado, vai surpreende-lo, isto parece um pormenor menor mais tem muita importância. Nós quando basculamos do lado da bola, eu estou sempre a dizer aos jogadores “abre o campo”, porque com o campo aberto consigo controlar o espaço, a bola e o adversário. Se eu virar os apoios para o lado da bola, basta uma entrada a um metro para não conseguir controlar. Outro aspecto que os jogadores devem dominar perfeitamente são os referenciais de pressing, devem também perceber quando a equipa deve ganhar espaços à largura e à profundidade, quando é que a equipa deve retirar espaços à largura e à profundidade. Imaginemos que temos um adversário de frente para nós, que está em boas condições de dar profundidade ofensiva ao seu jogo, todos os jogadores têm de perceber quando se deve retirar profundidade ofensiva ao adversário e quando não se deve. E como se trabalha isto? Trabalha-se identificando comportamentos, identificando momentos, quando a minha equipa está perante determinada situação tem que ter um comportamento adequado, o que nos trabalhamos é que para a identificação do momento devemos ter o comportamento adequado, isto não é um trabalho simples, mas é um trabalho que se consegue.

P.B: Fala várias vezes em referenciais de pressão. Dê-nos exemplos desses referenciais que dá à sua equipa.

V.P: Passe devolvido entre central e lateral, passe longo do adversário, passe devolvido pivot defensivo central, são momentos que nós queremos aproveitar colectivamente para “saltarmos” em cima do adversário. Nós no fundo tentamos promover determinada forma de construção de jogo do adversário e posicionamo-nos para que esses momentos que são referenciais de pressão para nós surjam, para nos aproveitarmos colectivamente, através de uma identificação colectiva. Não queremos pressões individuais, porque isso desgasta e abre o nosso bloco defensivo. Nós pretendemos que momentos como passes devolvidos, receber de costas, passes longos lateralizados sejam identificados como referenciais de pressing colectivos, sejam identificados como momentos em que temos de “saltar” em cima do adversário. Não queremos um tipo de pressão constante, se pressionarmos constantemente o adversário, ele não sai a jogar, o adversário bate a bola na frente, não nos permite criar condições para..então nós temos que diferenciar ritmos defensivos, ou seja, nós temos de lhes dar a ideia de um momento calmo para um momento rápido.

P.B: – De acordo com o que investiguei, a forma como se interpreta o conceito de “marcação” influencia claramente o tipo de organização defensiva. Para si o que é “marcar”? Quais as referências de marcação que dá a sua equipa?

V.P: – Fundamentalmente preocupo-me com espaços, o que eu procuro é que os meus jogadores percebam claramente como defender espaços, adversários nos espaços. No nosso caso para trabalharmos bem zona, devemos controlar os espaços, controlar a zona, controlar o adversário e a bola, controlar o espaço relativamente ao adversário e o espaço relativamente à bola. Nós defendemos da mesma forma em todas as zonas do terreno, quando a bola entra nos corredores laterais defendemos de determinada forma, quando a bola entre no corredor central já defendemos de outra forma, se o adversário nos obriga a juntar linhas e a reduzir o espaço à profundidade já defendemos de outra forma. O que eu acho importante e nós percebermos o momento em que estamos e termos o comportamento adequado em relação a esse momento. Temos de perceber claramente quando passamos de transição defensiva para organização defensiva, se uns jogadores tiverem comportamentos de transição e outros tiverem comportamentos de organização defensiva, então a confusão é total. Para tentar responder à sua questão aquilo que eu acho mesmo importante e nós sabermos claramente em que momento do jogo estamos, perceber claramente quais os espaços que devemos dominar, devemos também dominar o adversário e a bola.

P.B: – Podemos concluir que para si “marcar” é conquistar espaços vitais para o ataque do adversário.

V.P: – Sim, sem duvida nenhuma.

P.B: – Nunca um referencial individual do adversário?

V.P: – Nunca na minha vida entendi a organização defensiva dessa forma, se o adversário se apresentar com dois avançados, eu nunca na minha vida pedirei a um membro do sector intermédio para marcar um desses avançados, porque não faz sentido absolutamente nenhum para mim.

P.B: – Muda a sua forma de organização defensiva em função da organização estrutural do adversário? Por exemplo, se este joga com um ou dois avançados.

V.P: – O princípio organizacional não muda, esse não. Agora estrategicamente o tal controlo do espaço, o tal conquistar os espaços é muito importante. E muito importante estudar bem o adversário e operacionalizar sobre ele, e isso eu faço-o. Eu durante muitos anos joguei na 3 divisão, neste nível o referencial defensivo é o homem, então eu sendo pivot defensivo, sempre que o adversário jogava com dois pontas de lança, eu tinha que pegar num dos pontas de lança e andar atrás dele para todo o lado, o que me provocava um desgaste terrível, que me tirava discernimento e lucidez para o processo ofensivo, o meu único objectivo era claramente não deixar jogar, esta foi a minha formação, mas uma formação com a qual nunca me identifiquei, que me fazia confusão, durante anos e anos sentia que aquilo não fazia sentido absolutamente nenhum.

P.B: – A sua equipa é uma equipa que “encaixa” no adversário, isto é, preocupa-se num jogo de pares em função do adversário, ou pelo contrário, aquilo que pretende é conquistar espaços?

V.P: – Aquilo que eu lhe digo é que ando sistematicamente à procura de desadaptações, o que eu procuro é promover a minha organização defensiva de determinada forma, no sentido de a minha transição ofensiva e da minha passagem para posse de bola, desadaptar e desequilibrar o adversário. Eu quando penso na forma de como nos vamos organizar estou a pensar na forma de como vamos passar para os momentos seguintes, eu estou na minha organização defensiva a pensar de como vou passar para organização ofensiva e integro o estratégico neste trabalho.

P.B: – Então jamais pretende encaixar no que quer que seja.Por mais que o adversário mude, nunca quer o “encaixe”.

V.P: – Se o adversário tem 3 eu não procuro também meter 3, se o adversário mete 4 eu não quero meter 4, eu acima de tudo tento controlar e ganhar espaços, procuro reduzir espaço e tempo de execução ao adversário.

P.B: – Então tenta sempre uma “sobreposição” ao adversário?

V.P: – Fundamentalmente procuro trabalhar nos desequilíbrios e no erro do adversário, eu quando mando observar procuro sempre que sejam descobertas formas de surpreender o adversário. Tento sempre anular o melhor que eles têm e aproveitar o pior que eles apresentam.

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Entrevista a Vítor Pereira – Parte II

Continuando a entrevista a Vítor Pereira feita pelo Pedro Batista, segue a segunda parte:

 

P.B: Como caracteriza a sua intervenção no treino?

V.P: A minha intervenção no treino é mais activa ou menos activa em função do momento, em função dos problemas que estão a incidir, em função de eu ter de explicar a importância de determinados comportamentos, se os comportamentos estão a aparecer ou não, no sentido de eu fazer evoluir o entendimento do jogo, isto é, cultura táctica. Se os jogadores estão a falhar muitas vezes eu tenho de intervir mais,
se eles estão a falhar pouco eu intervenho menos e reforço positivamente, não sou é de forma nenhuma um treinador passivo, mas já fui mais activo do que sou hoje. Já cai no erro de conduzir sistematicamente o exercício, isto é quase como tomar decisões pelos jogadores, e isso eu não posso fazer.

P.B: Mas a intervenção é específica em função do princípio ou sub-princípio que quer ver implementado?

V.P: Sim, claro. Quando eu comecei a treinar as vezes dava por mim a fazer isto. Tinha um exercício preparado para comportamentos defensivos, mas quando dava por mim, os meus feedbacks eram para comportamentos ofensivos. Do meu ponto de vista isto é um erro, porque descentraliza o objectivo do exercício. Por exemplo, se eu tenho um exercício de confronto eu digo aos jogadores que vou colocar o meu feedback sobre este ou aquele aspecto. Vamos imaginar que eu direcciono o exercício para a organização defensiva, para a outra equipa não deixa de haver preocupações ofensivas de posse de bola e transição defensiva, mas eu digo-lhes isso, que em posse
quero determinadas coisas e na transição quero que ela seja feita desta ou daquela forma. Eles sabem o que eu quero mas eu não direcciono os meus feedbacks para eles. Para a outra equipa sim, eu direcciono o exercício, neste caso direcciono para os aspectos defensivos que quero trabalhar, neste caso apenas intervenho para a equipa que estou focalizado.

P.B: – De que forma a sua equipa se comporta no equilíbrio defensivo no ataque? Quais as suas principais preocupações?

V.P: Eu pretendo que a minha equipa em posse prepare a transição defensiva, com um bom jogo posicional, com uma sub-estrutura mais dinâmica desenvolvida no processo ofensivo, e uma sub-estrutura mais “fixa” a preparar a nossa transição defensiva. Existe sempre uma sub-estrutura que prepara sempre o momento da perda de posse de bola.

P.B: Mas tem alguma preocupação com o nº de jogadores que devem estar sempre atrás da linha da bola no momento da perda?

V.P: Fundamentalmente temos como principio uma reacção forte à perda da posse de bola, e impedir o adversário de realizar o primeiro passe e a primeira recepção, queremos criar uma zona de pressão e para isso eu tenho determinado nº de jogadores definidos, normalmente tenho a equipa basculada do lado da bola. Nos estamos a jogar com 3 defesas, logo quem prepara a transição defensiva são duas linhas de 2 + 2, em que a primeira linha e constituída pelo defensor do lado da bola, que normalmente está subido e o pivot defensivo e a segunda linha está por trás e é constituída pelo outros dois defensores, quando o adversário é forte em transição ofensiva a primeira linha em vez de ser apenas de dois jogadores é feita por três jogadores.

P.B: – De acordo com princípios defensivos que preconiza para a sua equipa, qual a zona do terreno que pretende para recuperar a possede bola? Pretende que a equipa recupere a posse de bola numa zona mais central do terreno ou nas zonas laterais? Pretende que a sua equipa recupere a posse de bola no seu terço ofensivo ou defensivo?

V.P: Essa questão está directamente relacionada com a estratégia, o que é que eu quero dizer com isto, eu trabalho a minha equipa para uma transição forte à perda que nos permitam recuperar a bola o mais à frente possível para chegarmos mais rapidamente à baliza do adversário. No entanto estrategicamente, eu dou-lhe o exemplo do Marco que foi observado 3 vezes é uma equipa com dificuldades, com desequilíbrios defensivos quando está em posse de bola, é uma equipa com dificuldades perante transições rápidas. Então estrategicamente eu quis que o meu bloco defensivo baixasse um pouco mais que o habitual, para dar um pouco de espaço nas costas para conseguir essas transições ofensivas mais rápidas, em que o Marco na minha opinião é mais fraco, e foi desta forma que marcamos os dois golos no Domingo. Então acho que a sua questão é mais do que uma só, relativamente ao eu querer recuperar a bola no corredor central ou no corredor lateral. Aquilo que lhe posso dizer é que procuro, e que temos como principio, que os jogadores tenham referenciais de “pressing” e diferenciação de ritmos a defender, ou seja, os jogadores quando identificam determinados referenciais de pressing, procuramos criar “zona pressing”, com uma acelaração sobre o adversário provocando-o a ir para essa zona pressionante que estamos a organizar. Maior parte das vezes a pressão é no sentido de fechar o corredor lateral para obrigar o adversário a centralizar o passe para o “lado cego”, e então a bola entra nessa “zona pressing” que estamos a organizar para atacarmos o adversário pelo lado cego, para ganhar a bola, para depois partirmos se possível para uma transição ofensiva rápida, nós defendemos de forma a preparar a nossa transição ofensiva, se não for possível, circular a bola, tirá-la da zona de pressão e entrar em posse de bola.

P.B: Então podemos dizer que não existe uma forma rígida de ver as coisas, o Professor então define o lado estratégico mas trabalha-o durante a semana para a equipa estar preparada?

V.P: Exacto, o princípio é o mesmo, agora se é mais à frente ou mais atrás, se é nas laterais ou no corredor central, depende da estratégia e do adversário, nós aqui integramos a estratégia no processo de treino, do meu ponto de vista é fundamental. Nós observamos os adversários, o maior nº de vezes possível, e em função da dificuldade de construção de jogo em determinada zona, em função da dinâmica que o adversário promove, nós trabalhamos sobre isso, o principio de jogo para jogo, a intenção de… não muda, mas estrategicamente fazemos de uma forma ou de outra em função daquilo que nós julgamos ser o mais adequado para aquele jogo, para o ganharmos.

P.B: – Qual o tipo de organização defensiva aplicado na sua equipa? Defesa individual, homem a homem, zona mista, zona passiva ou zona pressionante?

V.P: O que eu posso dizer é que, o que pretendo na minha equipa, é uma equipa com uma organização defensiva inteligente, inteligente no sentido de diferenciar ritmos, ou seja, às vezes parece passiva mas quando identifica os referenciais de pressão, acelera e torna-se imediatamente pressionante e agressiva, eu não quero uma equipa que pressione constantemente, eu quero uma equipa que espera pelo momento certo para acelerar sobre o adversário em bloco, de perceber o momento colectivo de pressão, e não uma equipa que a cada passe pressiona o adversário. É uma organização zonal, que se torna pressionante nos momentos que eu acho que ela deve ser pressionante, porque quem pressiona sem cérebro, quem pressiona as bolas todas morre a meio do campo, perde discernimento, eu não quero esse tipo de organização defensiva, eu quero uma organização em que os 11 jogadores do campo entendam o momento em que temos de ser agressivos, quando temos de acelerar sobre o adversário, quando de facto funcionamos em bloco, devemos identificar os momentos de pressão colectivamente, e ai sim, quando o adversário não está á espera nós aceleramos, porque se o adversário tiver á espera bate a bola na frente, e eu por vezes quero que ele jogue, quero que ele jogue em determinadas zonas, quero dar-lhe o “engodo”. Eu dou-lhe um exemplo, se eu pressionar cada saída de bola do adversário, ele chega a um ponto que começa sempre a bater a bola na frente e assim nunca mais poderei exercer uma “zona pressing”, portanto eu quero que ele saia a jogar, a jogar de determinada forma, então tenho que criar condições para que ele saia dessa forma, para lhe dar o “engodo”, e nós temos que prever colectivamente o momento certo de acelerar sobre o adversário.

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Entrevista a Vítor Pereira – Parte I

À imagem da entrevista (que publiquei de forma parcial a pedido do próprio) feita por Daniel Sousa a André Villas-Boas, segue uma entrevista feita por Pedro Batista em 2006, então estudante na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, ao nosso novo treinador principal, Vítor Pereira, no âmbito de um trabalho intitulado: “Organização defensiva: Congruência entre os   princípios, sub-princípios e sub-sub-princípios de  jogo definidos pelo treinador e a sua  operacionalização.”.

É sempre interessante perceber as ideias do nosso novo líder antes de ele mostrar o que vale como comandante da equipa mais representativa do nosso clube, por isso vou publicá-la em várias partes para não “encher” a vossa cabeça.

 

Pedro Batista (P.B): Acha que o princípio da especificidade deve estar presente em cada exercício de treino? Se sim, porquê?

Vítor Pereira (V.P): Quem quiser ser treinador e não tiver ideias sistematizadas não pode sê-lo, vai andar a trabalhar de forma avulsa. É importante ter ideias, sistematiza-las, e é importante saber operacionalizá-las num contexto. O que é que eu quero dizer com isto, é muito importante, de facto nós termos um modelo, eu costumo dizer que já fui fundamentalista do ponto de vista táctico, eu tinha ideias e queria de facto operacionalizá-las, sem tentar colocar essas ideias ao serviço dos jogadores, e isso é um erro terrível, que eu cometia mas que agora não cometo. É muito importante perceber as características dos jogadores para as potenciar, e então os princípios são fundamentais como norte para o nosso trabalho, os princípios que nós defendemos, no entanto eles têm que ter flexibilidade suficiente para a realidade em que trabalhamos. Eu vou explicar isto. Eu fui habituado a trabalhar no Porto durante 5 anos com os melhores jogadores e colocando o acento em dois momentos fundamentais do jogo, que era a posse e a transição ataque-defesa, eu assim ganhava os jogos todos, aqui não é assim. Aqui não trabalhamos com jogadores com a diferença de qualidade que tínhamos no Porto. Nós apanhamos campos horríveis, nós temos um comportamento táctico evoluído, mas esse comportamento nunca surge porque o adversário nunca nos coloca esse tipo de problema. Eu concretizo. Imaginemos que eu procuro criar uma zona pressing, com quebra de ligação no corredor contrário, promover um passe interior, para depois o adversário tentar ligar no corredor e ai nós recuperarmos a posse de bola. O problema é que nesta divisão quase nenhum adversário tem esta preocupação. Eu sei que para ter sucesso tenho que promover “engodos” tácticos, no ano passado eu sabia que todas as equipas já estavam à espera de um espinho assumido em posse, a expor-se constantemente a passes longos nas costas em transições rápidas para nos “entalar”. Mas isso é o que eles agora querem, mas eu tenho de promover comportamentos, pondo acento na posse, porque gosto de uma equipa que assuma o jogo, agora eu tenho de promover também aquilo que tenho, e tenho jogadores que em transição são fortíssimos, que matam o jogo em qualquer altura, então se eu pretendo ganhar algum espaço à profundidade, eu tenho de os convidar, baixar o bloco e convida-los, eu sei que em duas ou três transições bem feitas, está o resultado feito. Isto o que é? É eu perceber as características dos jogadores que tenho e para ter sucesso sem desvirtuar aquilo que penso, tenho de a contextualizar a minha ideia do “jogar” para ter sucesso. O modelo tem de ter flexibilidade no sentido de nós percebermos como é que ganhamos aqui.

P.B: De acordo com a sua experiência, diga-nos as ideias chave para que um treinador consiga fazer com que haja uma congruência entre o modelo de jogo que define para a sua equipa e a sua devida operacionalização em treino.

V.P: Primeiro é fundamental ter ideias de jogo, e depois fazer com que os jogadores acreditem nelas, é fundamental fazer os jogadores identificarem-se com essas mesmas ideias de jogo. Explicar e contextualizar os exercícios, os jogadores têm de perceber claramente para que comportamentos estamos a direccionar o exercício. No fundo e tal como eu disse o fundamental é ter ideias e fazer os jogadores acreditar nelas, os resultados são fundamentais neste processo. No nosso caso como aparecemos com uma metodologia nova, aparecemos com ideias de jogo bem definidas, temos de desmontar ideias consolidadas durante muitos anos, deparamo-nos com muitas dúvidas e muitas reticências. Para contrariar isto temos de contextualizar e direccionar muito bem os exercícios, temos de mostrar aos jogadores a importância dos exercícios, a importância do aparecimento de determinado comportamento para o nosso jogo.

P.B: Concorda com a ideia de que o exercício de treino é a forma que o treinador tem de transmitir aos jogadores os princípios de jogo que quer ver implementados?

V.P: São os exercícios e não só, eu posso dar aos jogadores uma ideia por imagens que depois com o exercício podemos chegar onde eu quero. Eu tenho outros processos, comunicação, visualização, vamos imaginar que eu quero fazer acreditar à minha equipa que é fundamental termos uma transição defensiva forte, eu posso pegar numa imagem de equipas de referência e provar-lhes que de facto aquele momento é trabalhado. Depois vamos para o terreno onde o exercício tem de ter potencial e potenciar, por vezes o exercício tem potencial mas não potencia aquilo que queremos. Quando a equipa tem os comportamentos que achamos indicados, reforçamos positivamente, isto é um processo lento que vai sendo construído ao longo do tempo.

P.B: Quando explica e orienta um exercício de treino quais os aspectos que foca com mais persistência, para que o exercício tenha o objectivo que pretende? Dê-nos um exemplo em relação a um aspecto defensivo.

V.P: Dou-lhe o exemplo da manhã. De manha estávamos a promover a nossa organização defensiva à largura e à profundidade. De um lado
estávamos a trabalhar por linhas, a linha defensiva e a linha média e no outro lado estávamos a trabalhar losângulos defensivos, sobre o corredor esquerdo, corredor direito e corredor central. O que é que eu expliquei? Que os objectivos vão ser os seguintes, reacção à perda, fecho dos losângulos, coberturas, equilíbrios e contenção sobre o “lado cego”. Os jogadores já estão identificados com aquilo que pretendo e eu direcciono os exercícios em função dos objectivos que pretendo atingir, hoje direcciono muito menos que no início da época, os jogadores hoje cometem muito menos erros do que no passado recente, o nível de intervenção não é sempre o mesmo, é em função do nível de exigência do momento.

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Porta19 entrevista Américo "Meki" Rodrigues (adepto Angolano do FC Porto)

Aqui há uns dias recebi um e-mail onde o remetente me perguntava informações sobre uma fotografia de Pinto da Costa com uma bandeira do Benfica. Expliquei que já foi tirada há uns anos largos, que até era fácil de ver pela idade do nosso Presidente à época. Outros tempos, portanto. Depois de mais uma ou duas trocas de e-mails com o homem do outro lado da internéte, decidi fazer-lhe uma meia-dúzia de perguntas para saber como é que um angolano, nascido e criado na sua terra, desenvolveu um portismo ao nível que claramente exibia. Ficam as respostas do Américo “Meki” Rodrigues, Angolano de nacionalidade, nascido, criado e residente em Luanda, viciado em FM11 (e quem no seu perfeito juízo não o é?!), FIFA11 e PES11 e, mais importante que tudo, Portista de coração:

 

Porta19: Como é que surgiu essa convicção Portista tão longe do clube? Influência familiar, as vitórias, o estilo, houve algum factor que tenha tido mais relevância?

Meki Rodrigues: Apoiei pela primeira vez o Porto por causa da cor, o azul, tinha eu uns 8 anos mais ou menos, e daí fui apoiando os restantes jogos que via. Até a altura que me vi um completo adepto a torcer e alegrar-se com a vitória e a ficar triste com as derrotas. Há quem fale em mística Portista, pois é o que eu uso também para descrever o que eu sinto na equipa do Porto. O espírito de luta, sacrifício e o vir de trás, para tornar-se num dos grandes de Portugal e Europa.

 

Porta19: É fácil ver jogos do FC Porto em Angola? Como é que acompanhas o futebol e as outras modalidades?

Meki Rodrigues: Os jogos de futebol são fáceis de acompanhar, pela tv à cabo (dstv), principalmente os da Europa. Os da Superliga, só tendo um outro provedor de tv à cabo. Me sirvo constantemente dos blogs Portistas na net para ter as notícias e resultados dos jogos. Quanto às outras modalidades, aqui não chegam pela tv. Só passeando pelos blogs portistas para ter notícias sobre as outras modalidades.

 

Porta19: Sentes que há alguma relação de proximidade entre os adeptos remotos e os que vivem perto do Porto?

Meki Rodrigues: Não tinha como. O futebol é universal, e nos encontramos todos os adeptos Portistas, os remotos e os que vivem perto, a partilhar das mesmas tristezas, ansiedades e alegrias. O roer das unhas é o mesmo, o FC Porto aproxima-nos a todos!

 

Porta19: É impossível não falar do que se passou este ano. Como é que viste a época 2010/2011? Ficaste surpreendido com algum jogador?

Meki Rodrigues: A época foi fantástica. Ganhamos quase tudo e com recordes. Seria injusto pedir mais na primeira época do AVB. Fiquei contente com a escolha do AVB para treinador, apesar de querer antes o Jorge Costa. E depois rendi-me totalmente pelo facto do AVB ser Portista. Ter um dos nossos no “hot seat” não tem preço. Esta época com o AVB faz-me lembrar um excelente jogo no FM, em que o novato é o papa-títulos (sabes do que falo :) ). Alguém diz-me onde fomos arranjar aqueles sósias do Belluschi e do Guarin? Jogam muito pá.

 

Porta19: Como é a relação entre adeptos de clubes portugueses em Angola? A malta “pega-se” ou há um ambiente saudável de rivalidade?

Meki Rodrigues: Não há nenhum registo de violência entre os adeptos cá. Há mais benfiquistas e sportinguistas, e tirando umas discussões mais “acesas” que outras, o pessoal vai mais pelo ambiente saudável de rivalidade. É comum nos jogos entre os 3 grandes os bares estarem com adeptos de ambas equipas a conviverem juntos.

 

Porta19: Como é que vês a chegada do teu compatriota Djalma ao plantel? Achas que é um novo início para jogadores africanos no FC Porto? E já agora usa as tuas capacidades de olheiro amador: quem é que vês a jogar no Girabola e gostavas de ver a jogar no FC Porto?

Meki Rodrigues: Eu vejo o Djalma com bons olhos, acho-lhe um bom jogador e com potencial para evoluir mais um bom bocado. Se bem aproveitado, pode render-nos. Para mim é uma satisfação a chegada dele ao Porto. Espero que faça bem melhor do que o Quinzinho, apesar de que será muito mais difícil, porque estamos muito bem servidos de bons médios centros e alas.

É um orgulho ter africanos na minha equipa, mas eu primo pela qualidade. Não basta ser africano para entrar no FC Porto, tem de ser bom jogador. Para mim tem de ser primeiramente bom jogador, depois vem a nacionalidade. Daí a minha preferência em ter o Castro no plantel do que o Souza (vá lá, quem sabe próxima época ele nos brinda com a mesma dose do Guarin?!). Por isso é que não vejo nenhum jogador do Girabola a ingressar no plantel, sem querer ferir sensibilidades (se há aí angolanos a ler o blog), mas no nosso campeonato não há qualidade suficiente para o primeiro plantel do FC Porto.

Que venha a próxima época e que seja igual ou melhor que a que acabou ;)


 

Uma entrevista diferente, mas igualmente interessante. Fiquei tão curioso com a situação que não resisti a falar um pouco mais com este nosso co-adepto que vem de tão longe mas, como diz e bem, sofre e vibra com o FC Porto como se vivesse na Corujeira. É apenas uma pequena prova que por muito que tentem dizer o contrário, o nosso clube tem adeptos pelo Mundo todo.

Obrigado, Meki, e que te mantenhas sempre um adepto fervoroso como és agora!

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