Baías e Baronis – Rio Ave vs FC Porto

Foto retirada do MaisFutebol

Não foi um jogo bonito, mas ganhámos com mérito e com valentia. A equipa jogou um futebol enfadonho, mas eficaz. Simples, mas prático. Pouco inteligente durante largos minutos, mas directo ao assunto e sem grandes invenções. Esteve aí a marca da diferença do FC Porto de Villas-Boas esta noite no Estádios dos Arcos, uma marca que se vai tornando notória à medida que os jogos vão decorrendo: estamos aqui para vencer, vamos vencer e quando fôr preciso, joga-se bonito, como no caso do segundo golo, uma obra de arte em forma de contra-ataque. Vamos a notas:

(+) Hulk Dois golos hoje e mais um no primeiro jogo colocam-no na liderança dos melhores marcadores. Hulk está em boa forma e isso reflecte-se na forma como joga. Apesar de continuar a enervar os adeptos quando por vezes parece “guloso” demais ao aparecer a rematar quando deve passar e vice-versa, é uma unidade que neste momento rende mais que vários Varelas a jogar em paralelo. É a força-motora da equipa, o homem que pega na bola e arranca para o ataque, quer venha da ala ou do centro do terreno, substituindo muitas vezes os médios criativos, já que hoje nem Moutinho nem Belluschi estiveram nos seus melhores dias. É actualmente insubstituível no FC Porto.

(+) Rolando+Maicon Depois da miserável exibição frente ao Genk, a dupla de centrais redimiu-se hoje, principalmente Rolando, bem mais activo e alerta, a sair a jogar e a interceptar bola atrás de bola que chegavam perto de si. Maicon, por outro lado, foi prático e não inventou nada. Deve ter ouvido das boas do André quando chegou ao balneário no final do jogo contra os belgas, deve…

(+) Sapunaru Foi (mais) um jogo esforçado do nosso bebedolas, que lutou contra um adversário muito complicado como é Bruno Gama e safou-se muito bem. Depois dos primeiros 5 minutos em que pensei que se fosse ver à rasca para parar o nosso ex-extremo, conseguiu limpar o flanco quase sempre com facilidade e até aparecer a ajudar o ataque. Teve azar na lesão e pode ter dado o lugar a Fucile…se este não sair até terça-feira.

(+) Fucile Há grandes diferenças entre Fucile e Sapunaru, como é óbvio para quem vê os jogos do FC Porto. Fucile é ofensivo, acelerador, inteligente e espalhafatoso. Sapunaru é calmo, defensivo e parece estar sempre preocupado com o que vem aí pelo flanco dele “ai senhores que o gajo sabe fintar, deixa-me recuar para ver se ele não me ultrapassa já e…pronto, já cá está a bola!”. Mas para grandes equipas, Sapunaru, apesar de não ser mau jogador, é limitado, arrisca pouco e perde em relação a um Fucile em forma. É que dá gosto ver o uruguaio, tirando o ridículo penacho louro no cabelo, a correr pelo flanco fora em auxílio do ataque, e faz falta vê-lo na posição dele. Se sair é uma perda muito grande para a equipa.

(-) Varela Não dá, rapaz. Assim não dá. Continua com medo de meter o pé à bola e temo que regresse da Selecção ainda com mais medo. Apesar de ter feito a assistência para o segundo golo e ter estado envolvido no primeiro, durante o resto dos minutos que esteve em campo andou a passear sem lutar muito com os adversários, fugindo do choque como um gótico de água fresca e deixou várias vezes Álvaro Pereira à rasca com dois gajos pela frente. Não está a merecer a titularidade.

(-) Álvaro Pereira Já no jogo contra a Naval “deu” um penalty aos adversários que não foi assinalado e hoje em Vila do Conde mais uma vez fiquei com a impressão que fez falta sobre Tarantini dentro da área. Felizmente o árbitro achou que tinha sido simulação do vilacondense e Álvaro safou-se mais uma vez. Mas tem de ter calma com os carrinhos, um dia destes vai sofrer com isso e arrasta a equipa com ele. Para além disso continua muito distraído na defesa e não pode continuar a falhar como tem falhado.

Chegamos à primeira paragem do campeonato em primeiro lugar com três vitórias em três jogos. Podemos não estar a ofuscar as outras equipas com a qualidade do nosso futebol, mas acima de tudo estamos a ser práticos e eficazes. É isso que se pede a uma equipa que está em construção, que vá ganhando para continuar a crescer e a melhorar o entrosamento entre elementos e sectores. Vamos pelo bom caminho e os sócios começam a ganhar alguma fé na equipa. Espero que a paragem não traga lesões e que consigamos manter o mesmo nível depois dos rapazes regressarem dos jogos pelas selecções. Ah, e já agora, que se feche o mercado rapidamente…

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Baías e Baronis – FC Porto vs KRC Genk

Foto retirada do Sapo Desporto

Encarei este jogo quase como um amigável de pré-época. Tinha a consciência tranquila porque a vantagem era grande e por isso não me preocupei, nem quando estávamos a perder, porque sabia ao que ia. Villas-Boas decidiu experimentar (e bem) e como o jogo se propiciava a testes e análises de alternativas tácticas e individuais, o ambiente estava criado para um jogo mais calmo. A equipa não ajudou na primeira parte e os adeptos ficaram mais nervosos do que era preciso. Enfim, o pessoal enerva-se quando não há necessidade e o que se tira do jogo, principalmente, é que estamos na fase de grupos da Liga Europa e esse era o objectivo. Siga para notas:

(+) Hulk É impossível não seleccionar Hulk para homem do jogo. Pensei que Villas-Boas o iria tirar para receber uma ovação de pé do Estádio mas optou por mantê-lo em campo até ao fim. É que não se sabia quando é que haveria outro livre directo em que Hulk pudesse tentar novamente assassinar a bola de jogo. Conseguiu falhar um penalty quando a equipa está a perder em casa, que no estado em que se encontra não deve ser nada fácil de aguentar, mas recuperou mentalmente e seguiu para marcar três, um deles de penalty. Admito que não o teria escolhido para marcar e provavelmente também não teria sido a primeira escolha de Villas-Boas, mas a “fome” com que o brasileiro andou todo o jogo era tanta, a pressão constante ao guarda-redes e as arrancadas pelas alas fizeram dele o alvo dos aplausos da malta, todos eles merecidos.

(+) Fernando Marcou um golo com alguma sorte porque o guarda-redes quis fazer uma dupla homenagem ao novo keeper do Benfica e depois de vestir todo de amarelo, decidiu não defender uma bola perfeitamente ao seu alcance, mas entrou e conta como os outros. No resto do jogo mostrou-se sempre com vontade, algumas displicências no início mas corrigiu na segunda parte também com o reposicionamento de Souza que cobria as suas subidas, com Fernando a fazer o mesmo ao compatriota. Sempre disponível para ajudar na frente, continua a precisar de melhorar no passe porque parece nunca saber a força a aplicar à bola. Não é difícil, rapaz!

(+) Belluschi Nota-se que está com uma motivação diferente do ano passado. Este ano, quando os passes não lhe correm bem, o rapaz desata a correr atrás da bola como se amanhã chegasse o Armagedão, e essa nova atitude está a agradar aos adeptos. Se somarmos a isso a aparente boa forma física no início da temporada e temos um argentino renovado, pronto a roubar o lugar a Ruben que está ainda muito longe da forma mínima (ver em baixo).

(+) Castro Não é possível deixar de gostar deste puto. Está sempre a correr e, ao contrário de Mariano ou Tomás Costa, corre para os sítios que interessam. Agressivo q.b., só peca por não ser muito alto, mas compensa com o empenho. A maioria dos sócios gostam dele e eu também, e só espero que fique no plantel para poder crescer e ser mais vezes opção para o treinador.

(-) Centro da defesa Se Otamendi fôr tão bom quanto o pintam, especialmente nas qualidades de líder, é começar a perguntar-lhe quando é que quer jogar. É que hoje foi um festival de distracções, de displicências e de outras palavras começadas por “dis” como discussões e disleixos (eu sei como se escreve, mas assim bate certo com a fonética, deixem lá passar). Se Maicon já é pródigo nestes alheamentos do mundo ao seu redor e lhe admito algumas falhas porque é novo e porque lhe reconheço valor, principalmente no 1×1, Rolando não pode falhar. Tem experiência a mais para falhar. Ambos os golos do Genk acontecem por sua culpa, e o primeiro golo do Genk é de uma infantilidade extrema, com Rolando a nem sequer colocar o pé para tentar bloquear o remate do avançado. É uma defesa a precisar de um patrão, de um gajo que mande neles, que coordene aquelas mentes para nos voltar a transformar no bloco de cimento que serviu como exemplo de solidez defensiva durante tantos anos.

(-) Varela Medo, muito medo de meter o pé à bola, não conseguiu manter o ritmo do primeiro jogo contra o Benfica. Se Ukra recuperar a forma até Domingo, talvez seja de equacionar colocar Varela novamente no banco, porque apesar de se desmarcar bem continua a falhar na recepção e na concretização.

(-) Ruben Micael Ainda está longe da melhor forma. Está lento, com medo de meter o pé e sem ritmo para jogar a 100%. Com Belluschi na forma em que está, Ruben não tem hipótese de ser titular.

(-) 1ª parte vs 2ª parte As primeiras partes têm sido bem mais fracas que as segundas, e tem de haver um motivo. Não sei se os rapazes entram nervosos ou, pelo contrário, confiantes em demasia, mas o que é um facto é que temos assistido consistentemente a segundas partes mais produtivas que as primeiras. Alguma coisa tem de estar a causar este comportamento.

(-) Impaciência O imbecil do fulano que se sentou hoje ao meu lado direito é, como ele próprio deve saber, uma besta. E como ele há muitos outros, que usam a velha tese do “eu paguei bilhete e exijo que eles joguem bem” como arma para insultar a equipa ao primeiro passe falhado. Alguns, como este parolo, chegam ao ponto de dizer: “Era os outros marcarem mais dois golos para eles ficarem mesmo fodidos e nervosos, equipa de merda, os jogadores são uma merda, o treinador é uma merda, são todos uma merda, nem sei o que estou aqui a fazer!”. Pois, eu também não.

(-) Adeptos do Genk Uma cambada de anormais. Quando começaram a cantar ainda antes do jogo, fiquei surpreendido com a saudável quantidade que tinha vindo ao Porto. Nada mais errado. Nem dois minutos depois de começar o jogo e já estavam a lançar petardos por cima dos adeptos da bancada adjacente, chei
a de Portistas. Atiraram uma tocha para o relvado e não percebo porque é que a polícia demorou tanto tempo a sacar os bastões e a encher aqueles imbecis de pesadíssima lenha. A carga durou pouco tempo mas acalmou-os. Quanto à intensidade das bastonadas, só se perderam as que caíram ao lado.

Poucos serão os jogos em que se pode experimentar à vontade sem grande receio de perder uma eliminatória. Permitindo-se alguma margem de manobra, o ensaio não correu tão bem como o esperado e o resultado acabou por ser, tal como na Bélgica, melhor que a exibição. Mas as experiências são assim, só espero que Villas-Boas tire as conclusões que achar por bem tirar e continue a trabalhar para a equipa continuar a melhorar. É que o próximo jogo é já no Domingo e vai ser bem mais tramado que este…

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Baías e Baronis – FC Porto vs Beira-Mar

Foto retirada do MaisFutebol

Depois daquilo que já se vai tornando um hábito, o encontro com o Vila Pouca no Porta29 (vinte e nove, não dezanove como o blog), segui para o meu lugar. Estava tranquilo e motivado talvez pela calma de um Domingo pacífico, não me preocupava muito com o resultado porque sabia que seria um jogo simples. Acertei. O FC Porto soube tornar o jogo mais simples do que poderia esperar contra uma equipa bem organizada mas com pouco talento. Em destaque, Falcao, mais uma vez, o que nos lixa um bocado a vida: e se ele se lesiona?…Pois. Vamos a notas:

(+) Falcao Marcou dois e deixou mais três por festejar. É o melhor avançado a jogar em Portugal e está a passos largos a regressar à forma que mostrou no ano passado. O primeiro golo é digno de livros de estudo sobre a movimentação de um finalizador na área e o segundo é mais uma concretização eficaz, como mandam as regras. Falcao luta todo o jogo e é obrigado a descair para as alas quando é preciso, o que faz na perfeição. Continua a dominar bem a bola e se jogasse com outro jogador ao lado poderia quiçá ainda ser mais produtivo. Impecável, espero que continue assim!

(+) Belluschi Não fez o melhor jogo que já o vi fazer, mas teve a atenuante de estar a jogar fora da posição habitual graças à lesão de Ukra. No entanto, para um médio centro que foi obrigado a alinhar como extremo, safou-se muito bem e só lhe falta melhorar no último passe (o que é estranho para um médio criativo) para ser mais produtivo. O livre em que marcou o segundo golo foi perfeito e pergunto-me: porque é que Belluschi não é chamado mais vezes a marcar livres? No ano passado tivemos inúmeras oportunidades em que Bruno Alves estourou bola atrás de bola para a bancada…

(+) Ruben Micael Já no ano passado notava-se que era um jogador diferente dos outros. Nota-se na forma como joga de cabeça levantada e como lê bem o jogo. Marca a diferença para Belluschi na qualidade de passe, perde na irreverência. Ruben é certinho, é inteligente, é simples e é bom. E se não jogar mais vezes é muito bom sinal, quer dizer que temos outros rapazes em melhor forma, mas quando entra em campo há logo uma diferença bastante grande. Continuo a achar que é a melhor escolha para jogar ao lado de Moutinho, mas Belluschi está a jogar bem por isso compreendo a decisão do treinador. Mas lá que gosto do Ruben, lá isso gosto.

(+) Helton Continua seguríssimo tanto pelo ar como no chão. É tudo o que se pede a um guarda-redes. Helton tem mantido o FC Porto com zero golos sofridos e é impossível pensar em tirá-lo da baliza neste momento.

(+) Villas-Boas Começo a achar que Villas-Boas lê muito melhor o jogo do que pensava. A entrada de Ruben foi perfeita para equilibrar o meio-campo e a gradual transformação de 4-3-3 para 4-5-1 acabou por determinar a marcação do terceiro golo e matar de vez o jogo. Gostei de ver a forma como a equipa se soltou e creio que Villas-Boas terá de rever a opção dos três jogadores no meio-campo contra equipas deste género, que defendem com um “overload” de jogadores no centro, impedindo a rotação da bola por essa zona.

(-) Varela Continua a não ser o mesmo Varela do ano passado. A lesão pode estar ainda a afectar a coordenação mas o facto de ter Álvaro atrás dele sempre a ajudar a subir coloca-o mais pressionado para jogar bem porque não tem desculpa de falta de apoio. Está muito trapalhão e a tomar as decisões quase sempre erradas. Tem de subir ao nível do ano passado para continuar a ser titular indiscutível, especialmente numa altura em que tantos extremos estão indisponíveis.

(-) Desconcentrações defensivas Já no jogo contra o Genk tivemos exemplos de alguma descoordenação entre Rolando e Maicon e hoje essas falhas foram mais uma vez notórias. Com o resultado em 1-0, o Beira-Mar pegou um pouco na bola e conseguiu ir para a frente com alguma vontade e notou-se que havia alguma tremideira no centro da defesa. Helton conseguiu defender todas as bolas que foram ter com ele mas notava-se das bancadas que nem Maicon estava seguro nem Rolando ajudava a melhorar a insegurança. Não são maus jogadores, têm as suas falhas como qualquer um. É preciso tempo para criar rotinas e hábitos de jogo mas enquanto as coisas correre bem e não sofrermos golos, tudo bem. O problema vai surgir quando um resultado mau tiver como culpados os centrais…e aí os adeptos vão desestabilizá-los ainda mais. É preciso melhorar a coordenação e evitar as falhas que temos visto.

Quando saí do estádio, o que mais ouvia cá fora era malta a dizer “Já temos 6 de avanço!”. Não vejo as coisas assim. O facto do Benfica estar um pouco atrás na classificação é sinal que estão a começar mal, mas lembrem-se que estamos na segunda jornada. “Segunda” como em ainda faltam 28. Nós vamos perder pontos, eles vão perder pontos, todas as equipas vão perder pontos. Mas uma coisa é certa e ninguém nos tira (preparar para frase Lapalisseana: se perdermos menos pontos que os outros…seremos campeões! :)

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Baías e Baronis – KRC Genk vs FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

Não foi um jogo fácil, claramente. A ausência de Hulk teve um peso grande na performance da equipa que se começa a habituar em demasia a jogar com ele e especialmente a depender dele, e quando não o tem as coisas complicam-se. Felizmente conseguimos dar a volta por cima e com a ajuda dos rapazes do Genk, com vontade e empenho mas pouco mais, lá chegamos a um resultado que só uma catástrofe superior ao jogo contra o Artmedia é que nos punha fora da fase de grupos. Vá lá, rentabiliza-se o Dragon Seat. Vamos a notas:

(+) Helton. Não tem havido pai para este rapaz desde o início da época. Esteve brilhante, defendeu tudo o que lhe apareceu à frente, com saídas destemidas aos pés dos adversários, deixando os desgraçados dos Belgas a pensar que estaria um super-herói na baliza dos tipos de amarelo. Evitou, acima de tudo, a chatice de sofrermos um ou mais golos e termos de facto de trabalhar para passar a eliminatória. Resto dos meninos do plantel, ponham os olhos no vosso capitão. Foi o único, a par dos rapazes aqui nos próximos dois parágrafos, que não dormiu em sentido.

(+) Fernando. Para ter sido um jogo perfeito só faltou um golo. Roubou pelo menos 10 bolas aos adversários, com cortes perfeitos, passes perfeitos, posicionamento perfeito e empenho perfeito. Parecia, a dada altura, que os dois colegas do meio-campo é que eram os toscos e que ele era o talentoso, o Fernando, o nosso Fernando, o gajo que não consegue passar uma bola a 20 metros sem rezar à santa para não acertar no treinador com muita força. Já disse que foi perfeito?

(+) Souza. É como se tivessem clonado o Guarín com as devidas alterações genéticas para lhe dar mais uns milhões de neurónios a funcionar. Sai muito bem do meio-campo com força e bom domínio de bola e parece que joga sempre com a cabeça levantada. E aquele golo é um portento, se descontarmos o entusiasmo do José Manuel Marques, que relatou um “grande golo” e o “momento da noite” com toda a euforia de quem está a cortar as unhas antes de ir para a cama. Gostei, quero ver mais.

(-) Permissividade defensiva. Foi algo que ainda não se tinha visto este ano. Vercauteren viu bem que Maicon tem a velocidade de uma tartaruga manca e aproveitou para colocar os avançados a fazerem-no correr pelo ordenado. Pois o nosso rapaz lixou-se e depois de uma primeira parte razoável acabou por ser quase sempre papado por quem quer que lhe aparecesse à frente. Álvaro também não cobriu a zona defensiva como devia, a somar à pouca força do meio-campo Moutinho-Belluschi, que só começou a ganhar bolas e a sair para o ataque quando ficamos a jogar contra 10. Villas-Boas esteve bem (talvez tenha experimentado demais quando ainda estava 1-0, mas compreendo dado o ritmo quase de treino) e “tapou” a zona com Souza. Melhorou mas não muito, então toca de inventar um 4-5-1 só mesmo para ver se colava. E colou, Ruben ajudou a bloquear qualquer hipótese de ataque decente do adversário a não ser pelas laterais. Ficou-me no entanto a impressão que contra 11 rapazes que saibam jogar à bola, podemos ter aí alguma chatice.

(-) Varela. Falei cedo demais depois do jogo contra o Benfica. Ainda está com ritmo lento e nota-se perfeitamente que não tem discernimento para ajudar na defesa, sabendo que não vai conseguir recuperar para pressionar no ataque. Mais uma vez muito trapalhão.

(-) 4-3-3 sem Hulk. Não vou falar de “Hulkodependência” ou qualquer chavão absurdo que a imprensa gosta de inventar. O que é certo é que a equipa perde sem Hulk em campo, e o 4-3-3 não é tão explosivo e dinâmico, especialmente com um meio-campo ainda sem ritmo. Ukra esteve nervoso todo o jogo e Varela, como disse acima, ainda não rende o que pode. Se calhar o 4-4-2 não está assim tão longe de ser uma realidade, pelo menos nestes próximos tempos…

(-) Genk. Juro que pensei que o Genk desse mais luta. É verdade que o penalty (onde não percebo que dúvidas haverá, palavra que não) não ajudou e a expulsão também não (mais uma vez, justíssima), mas estava à espera de mais da equipa que lidera o campeonato na Bélgica. Se estes estão em primeiro…como serão os que vão atrás?!…

Não estava à espera de um jogo fácil e houve alturas em que me enervou a displicência nalguns lances, mas estivemos bem. Uma vitória por 3-0 num jogo europeu é sempre positivo e retira pressão para a segunda mão. Lá estarei a bater palmas, mas antes…venha Domingo e o Beira-Mar!

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Baías e Baronis – Naval vs FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

Um dos treinadores mais mediáticos em Inglaterra é Ian Holloway, actual líder do Blackpool, que chegou este ano à Premier League. Holloway é famoso não só pelo talento mas também pelas tiradas geniais com que presenteia os tele-espectadores. Uma vez, numa flash-interview após um jogo em tudo idêntico ao de hoje na Figueira da Foz, o então treinador do Plymouth disse qualquer coisa como isto: “Sabe, às vezes um gajo vai sair até um bar, começa a meter conversa com uma tipa, consegue metê-la num taxi e levá-la para casa. Ora a rapariga pode não ser a mais bonita do mundo, mas o gajo conseguiu enfiá-la no taxi e sempre compensa o café do dia seguinte. Às vezes uma vitória destas é exactamente isso: uma mulher não muito bonita.”
Este jogo foi um exemplo perfeito da metáfora noctívaga que chutei acima. Foi fraquinho, mas temos mais três pontos do que no início, e isso é que importa. Vamos a notas:

(+) Helton Não está a dar hipótese a nenhum dos colegas de posição neste início de temporada. Tem estado seguríssimo e hoje foi mais um desses jogos, em que impediu alguns golos e se mostrou perfeito nos cruzamentos. É um excelente tónico para os defesas que jogam directamente à sua frente saberem que têm um guarda-redes em grande forma e que lhes dá segurança. Espero que continue, porque não querendo ser pessimista, já todos vimos o que o brasileiro começa a fazer quando se sente com confiança a mais…

(+) Fernando Com o apagamento de Belluschi e Moutinho no meio-campo, que levou Villas-Boas e colocar lá mais um jogador, Fernando foi o único a dar força e agressividade à zona do terreno que ocupa e até um pouco mais à frente, onde o treinador quer que jogue. Impecável nas coberturas e na orientação dos colegas, por diversas vezes vi Fernando a apontar para pedir deslocações laterais dos companheiros de sector e dá-me confiança vê-lo a jogar. Só gostava que soubesse passar a bola para a frente tão bem quanto o faz para o lado, tem que melhorar nessa área.

(+) Hulk Tirar Hulk de campo é arriscar demais. Nunca se sabe quando sai uma arrancada que leva 2 ou 3 defesas à frente. É verdade que continua a falhar em momentos decisivos, com um aproveitamento quase sempre negativo nos remates, que tem tanto de força como de fraca direcção, mas é um perigo constante.

(+) Maicon Está mais confiante e mais seguro nos cortes e na forma como domina a bola para sair com ela controlada. Quando chegar outro central e Maicon invariavelmente encostar, vai ser um rude golpe para o rapaz tendo em conta a forma como tem jogado.

(+) Villas-Boas Se a mudança de atitude na equipa ao intervalo se deveu a Villas-Boas, os meus parabéns. Admito que a primeira parte foi horrível, cheia de passes falhados, alheamento táctico e uma incrível quantidade de desconcentrações defensivas. A tarefa do treinador ao intervalo envolve também perceber isso e fazer ver aos seus jogadores que não podem continuar a encarar o jogo da mesma forma. A alteração táctica foi o que a equipa precisava, na altura certa. E ganhou o jogo com isso.

(-) Álvaro Pereira A pior exibição de sempre com a nossa camisola. Uma primeira-parte atroz do uruguaio, com falhas atrás de incríveis falhas, desconcentrações, faltas escusadas (quando o jogador da Naval cai na área, fico com ideia que antes de tropeçar sozinho, Álvaro ainda lhe toca ligeiramente, mas tudo nasce de mais uma distracção) e uma atitude perante o jogo que não lhe é habitual. Jogou a meio da semana mas isso não explica tudo. Aos 10 minutos e com a Naval já com 4 cruzamentos perigosos a partir do seu flanco, sem que houvesse intervenção activa para tentar interceptar qualquer um deles, deu vontade de entrar em campo e dar-lhe um par de estalos para ver se acordava.

(-) Varela Cansado, pouco inspirado e nada eficiente. Esteve muito longe do que mostrou na semana passada e saiu muito bem quando Villas-Boas decidiu alterar a formação táctica da equipa.

(-) Belluschi Não sei se ficou nas nuvens com os elogios (merecidos) que tem recebido, mas o Belluschi que vi hoje foi o que vi vezes demais no ano passado. Perdido em campo, a falhar passes fáceis demais para falhar e a rematar para o céu. Será mais uma época de alguns altos e muitos baixos? Espero que não.

(-) Primeira part…zzzzzzz Se não tivéssemos ganho o jogo, todo o capital de confiança que a equipa tinha ganho com os adeptos ter-se-ia perdido depois da primeira parte. Muito amorfos, com falhas “à lá 2009/2010”, pouca pressão no meio-campo e Helton a intervir muito mais do que seria exigível. O problema deste ano está exactamente nesta flutuação de exibições que se os resultados forem negativos, acabará por ser passível de crítica por parte dos adeptos. As pessoas não admitem, com alguma normalidade, que uma equipa que joga de uma forma brilhante frente ao Benfica se possa apresentar uma semana depois desta maneira. A Naval não é o Benfica, mas os três pontos são importantes em toda e cada uma das 30 jornadas.

É ainda muito cedo para tirar conclusões acerca da forma como a época vai decorrer. Disse esta mesma frase depois do jogo contra o Benfica e re-afirmo o que disse. Uma coisa é certa, Villas-Boas conseguiu virar o jogo ao intervalo mas aparentemente não o conseguiu fazer desde o início. Algum cansaço, muita desinspiração mas acima de tudo pareceu-me que a equipa sofreu bastante perante uma equipa igual a muitas outras que vamos apanhar no decorrer do campeonato. E é contra essas que se ganha uma prova de regularidade. Há que melhorar, só precisamos de saber olhar para dentro e continuar a trabalhar para evoluir.

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