Baías e Baronis – Paços Ferreira vs FC Porto

Foto retirada do Sapo Desporto

Ainda estou a assentar ideias quanto ao jogo de hoje. Complicado é dizer pouco, como qualquer Paços/Porto, em que a equipa da casa aplica sempre uma agressividade acima da média contra nós, o que não sendo censurável acaba por ser impeditivo de um jogo mais conseguido. O resultado de 3-0, apesar de não espelhar o que foi uma segunda-parte que deixou todos os portistas com o proverbial credo na boca, devia ter sido obtido nos primeiros 45 minutos, onde falhámos golo atrás de golo e acabámos por entregar ao adversário a dinâmica de ataque que nos ia lixando a vida. Safamo-nos no final, com um penalty não-muito-visível-mas-nunca-se-sabe-porque-ainda-no-dia-anterior-tinha-sido-marcado-um-idêntico, mas a eficácia dos últimos 10 minutos foi-nos favorável e ainda bem. Acabamos o ano em primeiro lugar, com 8 pontos de avanço, mas os jogos estão a ser progressivamente mais sofridos e complicados. Vamos a notas:

(+) Hulk  Não consigo encontrar lugar para o criticar hoje. Não está na mesma forma que no início da temporada, nem o maior fã poderá afirmar isso. Mas a produtividade hoje em Paços de Ferreira foi alta, com um golo e duas assistências a fazerem com que Hulk fique para a história do jogo como o elemento em maior destaque. Ah, e sofreu um penalty por mais um dos jilhões de calcadelas dos jogadores do Paços, mas como não interessa para as contas, ninguém liga. Hulk está a sofrer a diferença que se nota do que foi o Hulk do início da temporada onde apareceu com níveis físicos muito acima dos adversários e dos próprios colegas, ao passo que agora já me parece estar mais nivelado. Se souber intercalar a explosão com o sentido prático, volta a ser o “Incrível” do costume. Assim, é só um excelente jogador que nos dá golos e pontos.

(+) Otamendi  O golo é excelente mas o que me fica mais na cabeça são as inúmeras vezes que apareceu a cortar lances de grande perigo para a nossa defesa. Quase sempre bem posicionado em relação aos avançados contrários, a única coisa que lhe posso apontar é que parece ainda não estar muito bem entrosado com Rolando, o que apesar de ser compreensível acaba por colocar em risco a solidez defensiva da equipa. Na segunda parte baixou o nível, tanto técnico como de concentração, mas continuo a achar que está muito bem na equipa.

(+) Álvaro  Todo o flanco outra vez, Álvaro! Não tão bem na defesa mas importantíssimo no ataque, especialmente quando Villas-Boas reordenou as tropas e o sistema táctico na saída de James e na entrada de Souza para o meio campo, obrigando o uruguaio a apoiar o ataque com Moutinho um pouco à frente. Álvaro nunca se faz rogado, zarpa por lá fora cheio de força e adiciona sempre uma opção pelo flanco, vital para alargar o jogo quando é preciso, seja a atacar como a guardar a bola com um espaço mais amplo para o oponente cobrir. Muito esforçado.

(+) Sapunaru  Menos vistoso que Álvaro, foi quase sempre seguro e continua a ser uma boa surpresa. O facto de parecer não saber mais do que o que mostra em campo acaba por limitar a nossa perspectiva dele como adeptos, já que sabemos não esperar mais do que pode e faz. Não me importo. Sapunaru cresceu muito em confiança e apesar de não subir tanto como o colega do outro lado, não causa perigo para a defesa porque apela naturalmente ao sentido prático. Está em perigo? Bola fora. É só o que lhe peço.

(+) Helton  Seguro durante toda a segunda parte, apesar de uma falha muito grande quando socou a bola para pouco longe, tendo a sorte do cabeceamento seguinte ter saído direitinho para as suas mãos. Muitas defesas simples mas seguras e uma garantia aos defesas que estão em boas mãos quando a bola passa por eles.

(-) Ineficácia na primeira, tremideira na segunda  Mais uma vez, à imagem do que se passou nos jogos contra Setúbal e Portimonense, uma vantagem de um golo não é confirmada rapidamente com o segundo ou o terceiro. Pode soar a arrogância assumir que essa seria uma vantagem digna sobre outras equipas menos abonadas tecnica e financeiramente, mas não é isso a que me refiro, mas sim à quantidade ridícula de golos falhados que temos vindo a acumular. Como quem falha arrisca-se a sofrer, andamos com algumas segundas-partes que estão a enervar os adeptos que não percebem como se pode falhar tanto. O empenho da equipa não está aqui em questão, mas não quero que a equipa se transforme num Sporting que se pode lamentar das bolas à trave ou dos remates ao poste. Não preciso de remates a 30 metros ou bicicletas, quero golos simples, mas que entrem.

(-) Belluschi  Voltou a não ser o Belluschi do primeiro terço do campeonato e o desdobramento do meio-campo está a sofrer com isso. Entre Sapunaru/Fucile, Ukra/James ou Guarín/Souza, já há dúvidas suficientes para o onze-base do FC Porto para termos um Belluschi a precisar de rodar no banco um bocadito. As coisas não lhe estão a correr bem e torna o jogo mais complicado com constantes tentativas de adornar os lances pelo ar em vez de “sentar” a bolinha na relva e passá-la com maior certeza que chegue ao destino correctamente. Tem de melhorar.

(-) André Leão e Filipe Anunciação Não era preciso consultar o Oráculo de Delfos (ou o de Bellini para ser um bocadinho mais prosaico e ao nível destes anormais) para perceber que estes dois exemplos de masculinidade sobre-compensada iam passar o jogo armados em porteiros de discoteca. Casos óbvios de Katsouranização, era calcadelas, entradas por trás, carrinhos de pé no ar, tudo valia. Hulk, Álvaro, James e Falcao lutaram contra estas paredes de betão estúpido sem grande sucesso. E se Filipe andou menos interventivo porque jogou a central, já o amigo André mostrou que ainda precisa de muitas aulas de danças de salão para que lhe ensinem que se fôr a pisar assim os colegas de profissão…um dia destes vai levar com um martelo na nuca. Não danço por isso não sei qual será a reacção, mas se lhe fizerem o mesmo que o André Leão hoje fez, não deve fugir disto.

Custou mas vencemos num campo muito difícil contra uma equipa muito rija, com avan

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Baías e Baronis – FC Porto vs CSKA Sofia

Foto retirada do MaisFutebol

Hoje o jogo pautou-se pela meia-dúzia. Meia-dúzia de graus de temperatura. Meia-dúzia de adeptos contrários. Meia-dúzia de vezes que gritei: “Oh Souza, passa a bola rápido!”. Meia-dúzia de oportunidades de golo bem criadas e ainda melhor falhadas. Meia-dúzia de lapadas no focinho que o Maicon devia apanhar. E por aí fora. Foi um jogo simpático, calmo e sem levantar grandes questões, onde Villas-Boas experimentou um sistema táctico novo e onde descobriu que pode jogar com a formação do costume, que tendo James em campo pode sempre adaptar o futebol para outro modelo sem precisar de mudar grande coisa. Gostei muito do puto mas acima de tudo gostei da forma como a equipa correu quando foi preciso e soube descansar nas alturas em que as coisas não correram tão bem. Acima de tudo foi mais uma vitória, um bom triunfo a fechar o ano no Dragão, onde se perspectivam bons confrontos nos primeiros meses de 2011. Venham de lá essas notas:

(+) James Rodriguez  Se dúvidas houvesse depois do jogo contra o Juventude de Évora, dissiparam-se hoje. James (ou Rámés, como quiserem) sabe jogar à bola e mostrou-o hoje mais uma vez. Versátil quanto baste, pode jogar encostado à esquerda ou no meio, e compreendi hoje porque lhe chamam “El Bandido”, tal foi a forma como aparecia e desaparecia do jogo quando lhe apetecia, surgindo pronto a receber a bola para criar jogadas de perigo para o adversário. Bom tecnicamente, sabe rematar e acima de tudo joga de cabeça levantada. Precisa de, como se diz aqui no Norte, “botar corpo” para poder lutar contra defesas mais rijos. Temos homem.

(+) Fucile  O melhor em campo a par de James. Com o 4-4-2 que Villas-Boas pôs em campo, os laterais teriam um papel ainda mais preponderante na criação de jogadas ofensivas, não fazendo o overlap do costume mas tomando eles próprios a iniciativa de romper pela defesa contrária. Fucile fê-lo durante todo o jogo e quase sempre bem, com a garra que todos lhe conhecemos e a mostrar-se mais parecido com o Fucile da selecção do Uruguai no Mundial’2010 do que o Fucile do FC Porto 2009/2010.

(+) Otamendi  Estou a gostar deste fulano. É rijo o suficiente e não se intimida com nenhum adversário que lhe calhe na rifa. Cortes milimétricos efectuados com precisão e muita técnica, foi o companheiro que Maicon precisava para suportar o chorrilho de disparates que o brasileiro hoje protagonizou. Marcou um golo com alguma sorte mas acima de tudo esteve sempre em bom nível na defesa.

(+) Ruben Micael  Melhor, muito melhor que no passado Sábado, mais solto, mais prático e mais confiante no que sabe e pode fazer. Mais um golo na Europa e principalmente a garantia que pode ser opção segura para o meio-campo. Infelizmente parece estar mais talhado para jogar no lugar de Moutinho do que como alternativa a Belluschi, tendo em conta a forma pausada como pensa o jogo, o que levaria a que o sistema pudesse mudar um pouco. Como Belluschi (jogo fraquinho) rompe mais pelas defesas e joga muito melhor com Moutinho ao lado do que com Ruben…vai ser difícil ao madeirense ser titular a curto prazo.

(+) M’Bolhi  Fez algumas defesas apertadas mas acima de tudo esteve sempre bastante seguro na baliza, bem posicionado e sem inventar. Foi por culpa dele (e da pouca força da maioria dos treze remates que fizemos) que o jogo acabou com apenas três golos na nossa conta. O penalty foi relativamente fácil de agarrar mas ainda assim é meritória a calma com que enfrentou o nosso Radamel.

(-) Mais um penalty falhado  Percebi que havia a intenção de permitir a Falcao marcar um golo por forma a consolidar a liderança nos melhores marcadores da Europa League. Ainda percebo mais porque a forma como sacou o penalty foi inteligente e Falcao merecia ser ele a marcar. O que não percebo é como é que ainda ninguém ensinou a Falcao como marcar um penalty em condições. O guarda-redes não defendeu: apenas se deixou cair. Já são muitos penalties falhados e se neste jogo não interessou muito, noutros pode ser a diferença entre qualificação e eliminação.

(-) Maicon  É uma frustração ver um rapaz com talento e que habitualmente transmite segurança aos colegas e aos adeptos a brincar desta maneira e a ter desconcentrações como as que Maicon teve hoje. Para lá do lance do golo onde foi inacreditavelmente displicente, esteve muito mal em mais alguns lances, perdendo a bola para o adversário directo ou pondo Helton em perigo com atrasos absurdos. Mais para o fim era notório o desconforto com o que tinha feito, quando nem sequer tentava controlar o lance, limitando-se a enviar a bola para fora sem pensar duas vezes. Custa fazer parvoíces e tomar noção do que se fez, não é, rapaz? Ao menos isso, que aprenda com os erros e deixe de os fazer de uma forma que parece deliberada, porque está a perder o estado de graça com os adeptos…e depois é uma chatice para o recuperar.

(-) Souza  Definitivamente não é trinco. Cometeu os mesmos erros que Guarín fez quando começou a jogar naquela posição (que agora parece ter corrigido), guardando a bola em demasia, procurando fintar os adversários que encontrava em vez de jogar simples e prático para o colega mais próximo. Perdeu várias bolas e pareceu totalmente fora do jogo em algumas alturas, falhando no tempo de salto, no posicionamento e na rotação de bola. Guarín está muito acima de Souza na luta pelo lugar com Fernando. Porra que isto até custa a dizer.

Só volto ao Dragão em 2011. É pena porque estou a gostar de ver este FC Porto a jogar. Alguns dos rapazes que ano passado andaram em muitos jogos como perfeitos imbecis a actuar com medo da própria sombra parecem ter recuperado a garra e a inteligência e estão com confiança para mostrarem o que valem. O FC Porto sabe quando acelerar, sabe travar, sabe romper e sabe descansar. Uma prova de fogo na Europa League precisa-se, porque podemos ser candidatos a vencer este troféu outra vez. Espero pelo sorteio na 6a feira para me decidir se estou a ser optimista em demasia…

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Baías e Baronis – FC Porto vs Juventude Évora

Sábado à tarde, tempo ameno, bom ambiente com muita malta que claramente nunca esteve num estádio de futebol e o FC Porto defrontou aquilo que foi o equivalente a onze embalagens de pão-de-forma Bimbo (tanto visualmente como em termos de talento, salvando-se a boa vontade com que tentaram jogar à bola naquilo que foi pouco mais que um treino com bola. O resultado foi suficiente para um jogo deste calibre e ainda bem, porque se o FC Porto tivesse acelerado um bocadinho, o resultado chegava a números superiores ao 9-1 de 1997. Acima de tudo foi um jogo tranquilo, bem-disposto e com poucos motivos para chatices. Vamos a notas:

(+) João Moutinho  Abriu a conta de golos com a nossa camisola e fê-lo através de uma jogada quase perfeita de entendimento com os colegas. É esta a evidência que faltava e que todos os adeptos ansiavam: Moutinho sabe marcar golos. Durante o jogo foi o jogador mais clarividente como já é seu hábito, com a consciência perfeita de quando passar a bola, quando a guardar, reservando para si o lugar de principal jogador na criação de jogadas ofensivas. É um deleite vê-lo a olhar para o jogo, a rodar a bola quando deve e a pensar o jogo como poucos vi a fazer até hoje. A forma como já conquistou os adeptos é sintomática da empatia que todos sentimos com ele.

(+) James Rodriguez  Boa exibição de um dos jogadores que maiores expectativas tem criado nos adeptos. Villas-Boas apostou no colombiano e não pode dizer que se tenha saído mal, porque esteve quase sempre em bom plano. Perfeito no cruzamento para Falcao no primeiro golo, bem no entendimento para o segundo, ainda somou mais um belo remate em banana e podia (devia) ter marcado em dois lances onde cabeceou fraco quando tinha a baliza vazia à frente. Não me parecendo ser um ala puro (não é rápido nem em velocidade nem em execução), pode ser um excelente “reforço” para a segunda parte do campeonato. É preciso é vê-lo a jogar contra uma equipa que dê mais luta que o Juventude de Évora.

(+) Álvaro Pereira  É completamente diferente ver Álvaro e Emídio Rafael naquele flanco. O uruguaio, apesar das pequenas loucuras que decorrem das subidas permanentes no terreno, é vital nas rotinas ofensivas do FC Porto, com as diagonais que faz para o meio e a forma simples como aparece sozinho, criando espaços e originando desiquilíbrios, tornam-no num homem muito importante para a equipa. Apareceu na altura certa para marcar (ligeiramente em fora-de-jogo) um golo que ainda lhe dará mais moral depois da fabulosa recuperação que teve da lesão que sofreu no jogo da selecção.

(+) Guarín  Mais um bom jogo de Guarín. A constante rotação do meio-campo de Villas-Boas é claramente benéfica para o colombiano, porque pode aparecer bem mais à frente do que lhe foi exigido quando chegou às mãos de Jesualdo que, como jogava com o trinco colado aos centrais, não deu espaço a Guarín para poder subir quando quer. Este Guarín que hoje vi, o Guarín prático e simples, é útil. O outro, nem por isso. Precisa que lhe ensinem a rematar uma bola em condições porque de cada vez que prepara um remate, dá ideia que está a treinar pontapés de baliza, tal é a forma como se inclina para trás e levanta a bola por baixo…

(+) Ambiente no Dragão  É verdade que há coisas que me enervam neste tipo de jogos, desde o pessoal que trata os stands de comes e bebes como os pacotes de amendoíns nos aviões (só por lá estarem não quer dizer que se tenham de comer!!!) até à malta que não se senta quando se deve. Só hoje apanhei um conjunto de meninas teenagers atrás de mim que decerto pensavam que o Falcao era a encarnação latina do Justin Bieber, um homem que perguntou: “Aquele número 4 quem é? Nunca o vi. É o Maicon? Ah, rapou o cabelo!”, ou a melhor pérola da noite: “Este jogo é para quê?”. Mas ao menos estiveram 26 mil pessoas a ver um jogo morno. Dessas todas, muitas podem voltar para jogos mais a sério e o clube só tem a ganhar com isso.

(-) Hulk  Foi notória desde o início do jogo a incapacidade de Hulk em jogar simples e directo. Não conseguiu nunca ser a tradicional locomotiva porque sempre que tentava “brincar”, saía torto. Ao lado do mexido James e do prático Falcao, Hulk pareceu sempre fora da maneira de jogar da equipa, que propositadamente lenta e sem intenção de imprimir velocidade ao jogo, acabou por retirar a Hulk a sua grande mais-valia. Hulk não sabe jogar lento, não sabe recrear-se calmamente com a bola e tende a ser trapalhão e a perder lance atrás de lance porque mais nenhum colega seu conseguia (nem queria) jogar ao ritmo dele. Não funcionou.

(-) Ruben Micael  Continua a desapontar-me esta temporada. Pouco incisivo nos movimentos e nos passes de ruptura, olha sempre para o mesmo lado quando precisa de passar a bola e não parece estar com o mesmo ritmo do ano transacto. Compreendo que a lesão o tenha afectado mas o toque de bola não parece ser o mesmo e a maneira triste como joga está a afectar a sua performance. Tem de melhorar para conseguir lutar pelo lugar com Belluschi.

(-) “Chutas tu ou chuto eu?”  Fui ao jogo com um bom amigo e a sua filhota de 7 anos (vês, Rita, cá estás tu!), e a uma dada altura a miúda disse: “Os jogadores do Porto hoje estão trapalhões e preguiçosos”. Concordo com a parte dos trapalhões com alguns jogadores, mas preguiçosos já nem por isso (desculpa, Rita!). A equipa teve sempre a consciência que se arrancasse para um ritmo intenso de jogo, rapidamente se resolvia a contenda e andávamos a procurar mais e mais golos, levando o adversário a uma humilhação imensa. Ainda assim, o problema esteve em grande parte na falta de sentido de eficácia na entrada da área, onde 3 ou 4 jogadores do FC Porto acabavam por trocar a bola entre si à procura de espaço para furar a defesa recuada dos alentejanos. Podiam ter apostado numa forma mais directa de jogar e com menos brincadeira, mas havia demasiada vontade de adornar lances que podiam ter sido resolvidos com maior sentido prático.

É perfeitamente natural que um grupo de jogadores talentosos como os do FC Porto, quando confrontados com uma equipa que apesar do esforço e do suor não conseguiriam nunca bater-se de igual para igual com os nossos rapazes, tendam a brincar um bocado. É humano e compreensível, todos nós quando jogamos futebol começamos a dar uns toques de calcanhar e a picar a bola por cima dos defesas, três ou quatro pontapés de
bicicleta e uns passes de ombro (não é, Hulk?) para se divertirem um pouco mais do que simplesmente a marcar golos. É tão português como uma boa sarrabulhada. O jogo tornou-se fácil demais e a malta conseguiu entreter-se com boa disposição e alguns golos porreiros. Ah, fosse sempre assim…

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Baías e Baronis – FC Porto vs Vitória Setúbal

Foto retirada do Maisfutebol

Hoje foi talvez o pior jogo da época do FC Porto. Podemos dizer que a equipa estava cansada depois da exibição de snowboard em Viena, mas não é suficiente para explicar o que não fizemos hoje. Não fomos práticos, não fomos eficazes, não fomos capazes de ultrapassar a ansiedade que levou a que o Setúbal, sem saber como, quase conseguisse sair da Invicta com um pontinho. Um penalty (que admito não existir) decidiu o resultado, outro penalty (menos duvidoso mas ainda assim…duvidoso) podia ter resolvido, se não tivesse havido um pequeno milagre que limpou a consciência dos jogadores. Foi mau e espera-se mais. Vamos a notas:

(+) Cristian Rodriguez Já aqui falei muito mal deste rapaz, acima de tudo pela ineficácia das suas exibições. Hoje não foi muito diferente, mas notei alguma vontade extra de mostrar serviço, talvez pela ausência forçada de Varela, o Cebola hoje foi mais Cebola do que tinha vindo a ser. Lutou imenso e a lesão vem lixar-lhe a vida novamente, numa altura em que parece haver uma praga do lado esquerdo do FC Porto.

(+) Hulk  Pelo penalty que marcou e pela constante tentativa de furar a recuadíssima defesa contrária. Não está no melhor momento de forma e continua a ser eleito o melhor jogador da Liga. Imaginem se estivesse a jogar ao nível do início da temporada…

(+) Guarín  Simples, rijo, prático. Recuperou bastantes bolas no meio-campo ofensivo e na segunda parte caiu em produção como o resto da equipa mas manteve-se forte contra uma equipa que não tinha um meio-campo fisicamente imponente, o que fez com que Guarín se destacasse pela positiva. Bons remates na primeira parte.

(+) Diego (guarda-redes do Setúbal)  A história do jogo podia ter sido completamente diferente se um dos 4 ou 5 excelentes remates do FC Porto nos primeiros 20 minutos tivesse entrado na baliza do Setúbal, mas Diego encarregou-se de desviar todas as bolas que lá foram parar. Muito seguro.

(-) Ritmo de jogo  Infelizmente não pude ir ao Dragão esta noite, mas ao ver o jogo pela ridícula emissão da TVI, que tinha deixado a gravar e que vi depois de chegar a casa, o sono quase se apoderava de mim. A primeira parte foi má e a segunda parte então foi má demais. É verdade que os rapazes estavam cansados, mas a forma como se deixavam antecipar por um adversário mais rápido e mais agressivo era marca de um jogo que todos queríamos que mudasse mas que ninguém quis pegar no facho. O ataque ineficaz e o meio-campo pouco móvel obrigaram a que os defesas subissem muito, e se Fucile adora fazê-lo, Emídio Rafael sofreu mais com a inépcia no passe que apresentou e a equipa perdeu bolas demais para o lugar que ocupa. Tem de fazer melhor.

(-) Assobios  Não se pode enfiar esta malta toda num daqueles “cones de silêncio” que o Maxwell Smart tinha para falar com o chefe? É que até parece mal ouvir estes portistas de algibeira a assobiar os jogadores que deveriam incentivar, que apoiam e que são os primeiros a aplaudir e a bater no peito em júbilo quando marcam um golo ou brilham com a nossa camisola…e que são também os primeiros a insultá-los e a considerar que não são merecedores de a ostentar. Lixo, meus amigos, lixo humano, e se algum desses estiver a ler as minhas palavras, que pense numa coisa: se é para isto que lá vão, deixem de o fazer. Prefiro ver cadeiras vazias a saber que está lá gente que não merece ser portista.

Foi mau, lento e muito diferente do que se tem vindo a assistir do FC Porto 2010/2011. O cansaço que começou a ser evidente na segunda parte não pode ser explicação para tudo e não fosse a falta de calma de Jaílson e podíamos estar a lamentar a perda de dois pontos que tanta gente no Dragão já começava a prever. Continuo a afirmar que estamos no bom caminho, mas é preciso manter o ritmo sempre de princípio a fim e apenas aqueles 5 minutos no início do jogo deram mostra do que podemos e devemos fazer. Ainda assim mais três pontinhos, vantagem de 8 pontos reassumida e candidatura ao título não beliscada. Avante!

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Baías e Baronis – Rapid Wien vs FC Porto

Foto retirada do MaisFutebol

Sentado em casa no meu confortável sofá, a apreciar um merecido dia de férias, tinha o aquecimento ligado e pensava que bom era estar longe do frio que lá fora fazia. A televisão mostrava já imagens brancas de Viena, do belo Estádio Ernst Happel onde 23 anos antes uma pequena grande equipa portuguesa tinha feito história ao dar a volta a um resultado negativo. Muito diferente foi este jogo, tanto na comparação entre o estatuto das equipas mas também pelo tempo, com a neve a cair inclemente durante 90 minutos, mas a sorte sorriu novamente aos nossos, desta vez de amarelo em vez de azul. Depois do dilúvio de Coimbra e da neve de Viena…aposto que ainda vamos ter de jogar no planalto perto de um vulcão ou numa cratera lunar! Foi um jogo emotivo, nem sempre bem jogado mas que apenas durante dois minutos pareceu ver a balança injustamente desiquilibrada. Ah, e houve a confirmação (ainda era preciso?) de Falcao como um dos melhores pontas-de-lança a jogar na Europa. Vamos a notas:

(+) Falcao  É um dos melhores pontas-de-lança que já vi a jogar. Pronto, está dito. É lutador, é oportunista, tem cheiro de golo e aparece nos locais certos na altura certa. Dos três golos que marcou, todos eles tiveram em comum a capacidade de luta e de nunca desistir das jogadas. Falcao apareceu sempre em grande, sempre a procurar o golo, sempre atento às falhas dos adversários, quer do distraído central ou do guarda-redes mãos-de-manteiga que lhe ofereceu os dois últimos golos. É preciso renovar com ele, oferecer-lhe o que ele quiser, porque é vital na equipa e não há muitos como ele. No Mundo.

(+) João Moutinho  Foi dos mais inteligentes em campo, sempre a tentar arrastar o jogo para os flancos e a falhar menos passes que os colegas. Rodou o jogo sempre que pôde e fez várias faltas nos momentos certos e em locais que não causava perigo. Talvez se tenha adaptado melhor que Ruben e Belluschi mas de qualquer forma foi o melhor do meio-campo portista.

(+) Sapunaru  Sem qualquer dúvida o melhor jogador da defesa portista. Simples, prático, sem inventar nem abusar do passe curto, talvez por ainda se lembrar do que é jogar com neve e frio, o romeno esteve impecável na marcação e na cobertura aos chatinhos alas do Rapid.

(+) Guarín  Estranho, não é? O rapaz jogou bem! Apesar de falhar inúmeros passes, o que é compreensível tendo em conta as condições do terreno, gostei de ver Guarín a varrer o meio campo com a força do seu futebol trapalhão e positivamente agressivo. Foi o jogador que precisávamos na altura ideal.

(-) Helton  O golo do Rapid é totalmente culpa de Helton. A forma como sai a medo da baliza, sem confiança nem em si nem no defesa central que estava à sua frente, podia ter comprometido a estrutura da equipa. Não tem sido hábito falhar tanto como fez hoje, e apesar de se compreender a menor preparação mental para uma partida destas dada a lesão de Beto no aquecimento, não se aceita. Continuo a confiar nele a 100% mas foram estas falhas que no passado lhe fizeram a vida negra com muitos adeptos, por isso convém que não aconteça muito mais vezes.

(-) Pouco sentido prático  A equipa, como foi muito bem interpretado por Pedro Henriques, a comentar em excelente nível na SportTV, denotou uma inadaptação às condições do relvado gelado. A forma como saíram para o ataque, constantemente em passes curtos, levou a imensas perdas de bola pelo centro do terreno que o talento dos austríacos não conseguiu fazer com que criassem perigo para a baliza de Helton. Ainda assim, era penoso ver Fucile, Guarín ou Otamendi a falharem passes simples porque foram práticos. Acredito que Villas-Boas optou por uma aproximação ao jogo que orientou os seus rapazes a serem menos práticos e mais fiéis ao fluxo natural a que estão habituados, mas creio que neste jogo seria mais inteligente um jogo rápido e directo pelos flancos. Correu bem mas se Falcao não estivesse lá nunca se sabe o que poderia ter acontecido.

Quem disser que a vitória foi fácil está a mentir. Nas condições que o terreno oferecia, com a dificuldade de jogar na neve e a apanhar com ela no lombo, só um conjunto de heróis conseguiria aguentar a compostura e com maior ou menor dificuldade chegar à vitória. Marcamos tarde e conquistamos o primeiro lugar do grupo à custa de muito frio, muito gelo e muito esforço. Todos os louros são merecidos para estes rapazes até esta altura, numa altura em que nos fizeram lembrar de Gomes, Madjer e companhia, no deserto gelado de Tóquio, numa longínqua noite de 1987, de onde trouxeram taças e carros como pequeno prémio para uma etapa histórica na vida deles e do clube. Estes também mereciam uma taça, só por este jogo…

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