Foto retirada de www.fcporto.pt |
Dei comigo por várias vezes a meio do jogo a dizer: “Porra, estamos a jogar bem melhor do que estava à espera!”. Foi uma exibição muito agradável, com excelentes trocas de bola entre jogadores teoricamente menos entrosados, somando alterações a meio-campo mas mantendo uma facilidade de mutação de posições e de subidas com boas compensações. Muitos plurais, peço desculpa. O resultado, criado na primeira parte, foi gerido de forma prática e eficiente na segunda, com Hulk e Moutinho a poderem descansar um pouco na segunda, já que depois do trabalho estar feito não era preciso muito mais correria. Decepcionou-me um pouco a fraca resposta do Beira-Mar…só espero que no sábado estejam iguais ao que mostraram hoje. Vamos a notas:
(+) Walter Não podemos comparar o rapaz a Falcao. Tem um estilo diferente, uma velocidade diferente, paga um escalão diferente nas portagens, em suma, é diferente. Mas lá vai começando a marcar alguns golos…não, corrijo, continuando a marcar golos ao melhor estilo Faríasiano. Mexeu-se bastante melhor hoje na frente de ataque, com um golo, uma assistência e um remate que deu para Fernando espetar uma sarda das antigas na baliza Norte. O brasileiro (de 20 anos, recorde-se) está com garra, com vontade e com algum faro. Com Falcao de fora por algum tempo e alguma aparente renitência em entrar à tolo no mercado de inverno (que agradeço), parece que Walter está a tentar afirmar-se como uma alternativa credível. Ainda bem.
(+) Fernando Um tiraço para o fundo das redes e uma exibição bem acima do que fez no último jogo em que interviu. Foi prático, rápido a subir no terreno e aproveitou a sorte de ter um meio-campo fraquinho à sua frente para entrar como queria pelo terreno inimigo e trocar a bola bem mais à frente do que seria previsível. Cabe a Villas-Boas optar entre ele e Guarín…sim, custou dizer.
(+) Hulk Foram só 45 minutos, sem marcar um único golo. Parece pouco tendo em conta a recente produtividade do brasileiro, mas a quantidade parva de remates que fez à baliza do Beira-Mar (um dos quais originou o primeiro golo) chegou para marcar a diferença. Fez o suficiente para sair ao intervalo satisfeito pelo que fez.
(+) Emídio Rafael Marcou. Sim, marcou. Para além disso fez o jogo mais decente com a nossa camisola, mais concentrado e com menos nervos, o que me faz crer que ainda pode ser alternativa. Com Sapunaru como titular indiscutível à direita e Fucile longe da melhor forma, a titularidade em Aveiro pode ser uma boa oportunidade de confirmar o crescendo de forma. Isto, obviamente, se Villas-Boas o escolher para o flanco esquerdo da defesa em detrimento do uruguaio…
(-) Isqueiros, telemóveis e afins Há algumas vantagens em ver o jogo pela televisão. Para além das repetições e de conseguir estar na presença auditiva de uma das maiores grafonolas da televisão portuguesa (o Sr.Santos, entenda-se), é possível observar alguns pormenores que não é possível vislumbrar ao vivo. Hoje, reparei em isqueiros e telemóveis que foram discriminadamente arremessados para a zona do relvado onde se encontrava o guarda-redes do Beira-Mar, provenientes da Superior Sul do Dragão. Porquê, perguntarão? Não sei. Nunca sei. Só sei que quando vejo esse tipo de actos, a primeira imagem que me surge na moleira é a do início do 2001 de Kubrick: símios, a usarem um osso como arma, a manifestarem a sua indignação da maneira mais indigna possível. Chamem-me pedante à vontade, mas alguém que não tenha problemas mentais profundos e que vá para um jogo de futebol para atirar objectos para o relvado só pode ser tratado à pancada ou com choques eléctricos.
(-) Ruben Micael Palavra que não entendo. Um jogador que no ano passado não deslumbrou mas mostrou sempre ser competente, com uma clarividência acima da média e uma capacidade de passe e de criação de rotinas ofensivas…transformou-se num rapaz medroso e a mostrar talento para pouco mais que rodar a bola para o sítio mais fácil sem subir no terreno, sem rupturas, sem força, sem garra. Está muitos furos abaixo do que pode e sabe fazer, mas qualquer coisa se passa para que mostre tão pouco em campo.
Não há muito a dizer sobre o jogo de hoje. A vitória do Nacional frente ao Gil Vicente acabou por condicionar as nossas hipóteses de apuramento por isso o que podíamos fazer era colocar o pé a fundo e tentar fazer com que a vitória fosse nossa para ainda termos alguma esperança na passagem às meias-finais. E esperar que o Beira-Mar não se queira vingar no sábado, porque esse jogo é bem mais importante que este que hoje se disputou.