Baías e Baronis – Marítimo 0 vs 2 FC Porto

 

foto retirada de desporto.sapo.pt

Simples, simples, simples demais. O jogo ideal para antecipar a final de Dublin, com um ritmo baixíssimo, pouca necessidade de grandes sprints e entradas de carrinho, contra uma equipa macia demais para lutar por um lugar europeu. Como tantas outras por esse Portugal fora. Demos mais uma imagem de qualidade, de respeito pela competição e de clara vantagem em relação a qualquer uma das outras quinze equipas do nosso campeonato e a vitória, tanto no jogo como na Liga nunca poderia ser entregue a outra formação. Cinco estrelas. Vamos a notas:

 

(+) James É claro o ascendente de James na equipa. A forma desinibida com que agora joga, com facilidade no controlo e na visão de jogo, mostra que a gestão do seu esforço e acima de tudo do seu talento foi feita na perfeição. Entrou devagar, devagarinho na equipa, às vezes na ala no lugar de Varela, outras a jogar no meio como ponto mais avançado de um losango central. Mas é óbvio que rende bastante mais quando lhe é permitido bascular da linha para o centro com a bola nos pés e hoje foi notória a diferença entre o James de Setembro/Outubro e o de hoje. Muito bem.

(+) Guarín Continua a provar que todos estávamos enganados quando o considerávamos a pior coisa a sair da Colômbia desde que o Bermúdez jogou no Benfica. O passe para o golo de Varela é excelente mas é acima de tudo a intensidade física e técnica que o vejo a mostrar no meio-campo que faz dele imprescindível na equipa. Se Belluschi começou a época em grande, Guarín vai fazer o mesmo do meio até ao fim. E só lhe falta brilhar na final da Europa League, porque na Taça de Portugal já foi herói no ano passado.

(+) Beto Num jogo em que o FC Porto controlou perfeitamente, disputado quase a ritmo de treino e sem grandes correrias nem exageros físicos, como se queria, acaba por ser curioso escolher Beto como uma figura da partida. Mas a verdade é que o nosso pequeno grande guarda-redes esteve excelente. O Marítimo deparou-se com um rapaz que se nota ter jeito para a coisa e que me continua a dar todo o ar de quem quando era puto preferia jogar à frente mas “os grandes não deixavam”. Beto defendeu tudo o que podia defender, tanto na baliza como fora dela, em remates de longe ou em lances de 1-contra-1, com a mão ou com a cabeça. Merece uma salva de palmas enorme.

(+) Dragões madeirenses O estádio está em obras e leva pouca gente. Mas o pessoal que lá estava era na maioria azul-e-branco, com um apoio constante de início a fim do jogo. Foi bonito de ver tantos portistas que vivem a milhares de quilómetros da Invicta, a vibrar e a merecerem festejar o triunfo da sua equipa, das suas cores, da sua convicção clubística naquele paraíso no meio do Atlântico. Passe a publicidade gratuita, mas se puder dê lá um salto. Vai ver que não se arrepende. E com tantos portistas, o povo só pode ser boa gente!!!

(+) Quase 50% de Portugueses no onze Não é normal hoje em dia no futebol português ver uma equipa com tantos portugueses, excluindo, meritoriamente, o Sporting. Beto, Sereno, Rolando, Ruben Micael e Varela alinharam durante o jogo, faltando Moutinho para passar a metade. É evidente que o jogo inclui algumas opções secundárias, mas todos eles têm vindo a jogar mais ou menos tempo na equipa principal, a titular (Rolando e Varela), como primeira opção em termos de lesões (no caso de Sereno), por opções tácticas (Ruben Micael) ou simplesmente para manter o povo bem-disposto (Beto). Gosto de ver.

 

(-) Otamendi Se no jogo contra o Paços foi Rolando a levar um cartão castanho, hoje a vez cabe a Otamendi. Perdi a conta às falhas que teve durante o jogo, fosse por calcular mal a trajectória da bola ou simplesmente porque lhe saía uma rosca quando pontapeava para a frente. Gostava imenso que Otamendi fosse um líder nos próximos anos de azul-e-branco ao peito, mas um líder, para lá de comandar as tropas no balneário, tem de o mostrar em campo. E Nico, amigo, tens de subir o nível.

 

 

E acabou o campeonato. Vencemos porque ao longo de trinta jogos fomos de longe os melhores, os mais consistentes, os mais lutadores, os mais agressivos e os mais competentes. O recorde que Villas-Boas iguala acaba por ser natural e dos seis pontos perdidos, todos eles me ficam atravessados. Em Alvalade por causa da arbitragem; em Guimarães pelo excessivo relaxamento na segunda-parte; no Dragão com o Paços por falhas defensivas em excesso. Mas não nos foquemos nos pontos perdidos e sim nos ganhos. Foram 27 vitórias, algumas mais sofridas, outras mais fáceis, umas merecidas outras nem tanto, mas foram 27. Parabéns aos jogadores e a toda a equipa técnica. E agora, pensem lá em trazer o copo de príncipe em ponto grande para a Invicta!

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 3 Paços de Ferreira

foto retirada do MaisFutebol

 

Cheguei cedo ao Dragão. Com a bifana da praxe no bucho, fiz o que nunca antes tinha feito e fui esperar pela chegada do autocarro dos novos campeões nacionais. A festa estava mexida, a malta bem-disposta e a alegria pairava pelo ar, com tanta camisola e cachecol azul-e-branca que ocupava todo o campo de visão. Quarenta minutos depois, enquanto conversava animadamente com outro amigo portista, chegaram os rapazes. Falcao na frente, de braço estendido. Fiz o mesmo, bati palmas durante menos de dez segundos e retomei o caminho na direcção do estádio. Feliz, entrei e sentei-me no meu lugar. E o jogo foi o evento menos importante do dia. Vamos a notas:

 

(+) James Talvez tenha sido o melhor jogador da equipa hoje, acima até de Hulk. Técnica excelente, visão de jogo muito larga e abrangente, este rapaz tem tudo para se afirmar na próxima temporada como titular no FC Porto, especialmente se Varela andar tanto tempo no estaleiro…ou se Hulk fôr vendido. Algumas mudanças de flanco com grande inteligência e desmarcações perfeitas, continua a mostrar que rende bem mais no meio do que na ala. Gostei, puto.

(+) Hulk Devia ser proibido. A facilidade com que Hulk passava por vários jogadores do Paços na primeira parte era impressionante, e imagino o que deve sentir um defesa quando vê um tanque em alta velocidade a vir na sua direcção e se apercebe que só o pode parar com tanta frieza como um guarda-florestal finlandês. Marcou um, falhou mais alguns e espero que não tenha feito o último jogo com esta camisola no Dragão. É que a maneira destemida com que entrou em campo e a forma como parecia querer mostrar serviço…soou-me a despedida, sinceramente.

(+) Ruben Micael Está melhor, bem melhor do que na primeira volta. Mais solto, mais empenhado e muito menos fiteiro, distribui jogo facilmente e encaixou na perfeição no improvisado meio-campo de Villas-Boas. Só faltam mais três jogos até acabar o ano e vendo que Moutinho não deve recuperar para jogar na Madeira, será bonito vê-lo novamente a titular na ilha dele. Neste caso, literalmente.

(+) Pizzi Marcar três golos no Dragão é obra, apesar de me parecer que o segundo começa num lance em que há fora-de-jogo, o que em nada retira o mérito ao puto. Tem talento, inteligência, boas desmarcações, técnica individual acima da média e só lhe falta um bocadinho mais de fibra e poder físico para ser uma opção para regressar a Braga no próximo ano. Bom jogador.

 

(-) Nelson Oliveira Não sei se este miúdo tentou acertar no Moutinho. Não sei sequer se percebeu que a entrada que teve podia ter arrumado com o resto da época de um colega de profissão. Nem vou se hipócrita ao ponto de questionar se teve a noção que toda a gente ia começar a ligar o facto de ser atleta do Benfica à patada que espetou no nosso número 8. Mas o coice frontal que desferiu devia ser punida com severidade. Tanto estupor de tanto cuidado e preocupação com o eventual amarelo que Moutinho pudesse levar em Villarreal…e acaba por ficar em risco para a final por causa de uma locomotiva com pitões. Obrigado, Nelson, por fazeres com que tivéssemos de nos preocupar outra vez.

(-) Rolando Não há palavras para descrever o jogo absurdo de Rolando hoje no Dragão. Se pudesse inventar um novo cartão para a arbitragem mundial, optaria pelo cartão castanho, que seria mostrado pelo árbitro a um jogador que, como Rolando, aparentasse ter um evidente excesso de trampa na cabeça. Como se a falha que deu o 2-1 não fosse suficientemente absurda, o nosso 14 continuou a espalhar borrada pelo jogo fora, à imagem do seu colega de posto que hoje esteve melhor que ele. Chega para perceberem o quão gostei da exibição dele, não chega? Precisamos de ti em condições, rapaz, porque tu és o rapaz que põe a loucura do Otamendi em perspectiva até porque tendes a ser um gajo sóbrio, prático e simples. Hoje, não foste nenhuma delas.

 

 

Festejei com o meu povo, com os meus consócios que apoiaram a equipa que tanta alegria lhes trouxe este ano. Foi o adeus ao Dragão, um “até breve” de alguns meses que vai deixar saudades. Deixa sempre saudades. E nem Pizzi com os golos ou Nelson Oliveira com os pitões me estragaram a festa. Porque ali o que interessava era aplaudir a equipa, sentir a vitória com eles, junto deles, por causa deles. Parabéns, malta, a taça é vossa com todo o mérito!

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Baías e Baronis – Villarreal 3 vs 2 FC Porto

 

foto retirada de MaisFutebol

 

Final da Europa League. Foi em Espanha que confirmámos a presença na final, depois de um jogo muito intenso, cheio de pequenos casos, pressão fortíssima do Villarreal durante quase todo o jogo, atraso no marcador, recuperação inteligente e algum relaxamento prematuro que levou a uma derrota que ninguém se vai lembrar como tal no futuro. Vi o jogo na baixa da cidade do Porto rodeado por adeptos portistas que vibravam com cada remate e sofriam com cada cruzamento, e a minha tentativa de ver os dois jogos ao mesmo tempo saiu frustrada porque no primeiro tasco que escolhi como pouso para o visionamento…a SportTV começou a falhar. Nervoso, irritado, em sofrimento, saí de lá para o próximo tasco que encontrei, a correr por entre as ruas do Porto e cheguei ao outro boteco na altura certa, porque tínhamos acabado de empatar. Os nervos não pararam mas no final voltei a ter aquela sensação de calma olímpica e de pensar: “Estamos na Final!”. Lindo. Histórico. Mais uma vez. Notas abaixo:

 

(+) Helton Numa noite destas, em que o resultado estava quase garantido depois da estupenda segunda-parte de há uma semana, poder-se-ia pensar que a equipa ia descansar e que bastava aliviar algumas bolas para a frente e os 90 minutos chegariam num instantinho. Wrong!. Os espanhóis atacaram e pressionaram como se tivessem fogo no rabiosque amarelo, mas apanharam com um fulano que mostrou, apesar dos três golos encaixados, que é um guarda-redes de top mundial. Defesas atrás de defesas, com estiradas de grande nível, saídas perfeitas dos postes e uma tremenda confiança transmitida aos colegas que não o podem culpar em nada nos golos que sofreram. Em grande, capitão!

(+) Guarín O meu mea-culpa para com esta besta colombiana (no bom sentido) continua e não tenho problema nenhum com isso. Fredy ganhou os adeptos a pulso, com uma capacidade de sacrifício e de luta como vi em poucos e a liderar uma equipa quase-órfã de Moutinho com o corpo totalmente dado ao combate. O remate a partir daquele livre directo que o guarda-redes do Villarreal (à imagem de Ladic num jogo da Champions nas Antas contra o Croácia Zagreb, que abdicou da barreira para proceder direitinho ao fundo da baliza para ir buscar a bola que, quiçá furada, lá foi parar depois de um míssil de Doriva) decidiu não necessitar de uma barreira à frente, merecia ter entrado. Tinha sido o golo do ano.

(+) Falcao Passou Klinsmann com os seus 16 golos e tornou-se o melhor marcador de sempre numa edição da Taça UEFA/Europa League. O golo que marcou foi mais uma perfeição de um ponta-da-lança como há poucos e apesar de ter andado um pouco perdido na primeira parte por entre as pernas e a pressão do Villarreal, quando pode mostrar serviço, lá está ele. Fica, rapaz, por favor.

(-) Amarelos Ainda não tinha estacionado o carro e já tinha ouvido as equipas na rádio: Moutinho ia jogar. Apitei sem querer, pelo que peço desculpa ao Yaris (PUB) que ia à minha frente e que ficou visivelmente incomodado. Foi sem querer, caro amigo. Não queria que Moutinho jogasse porque sou um medroso e porque achava que era contra-producente ver o nosso número 8 que joga no centro do meio-campo…a não jogar em condições. É que qualquer movimento instintivo do braço, um puxão ao adversário, um carrinho que desliza mais uns centímetros, qualquer uma destas situações fortuitas pode fazer com que o árbitro espete um cartão da cor da camisola do Villarreal e afastar Moutinho da final. Aceito, mas eu não teria feito o mesmo. Aconteceu a mesma coisa na primeira parte com Falcao (que sorte não ter sido expulso) e na segunda parte com Sapunaru, e foi mais uma fonte de miséria para os meus dedos que já estavam a ser tão mordidos que não mereciam este tratamento. Shame on you.

(-) Lesões de Cebola e Fernando Não havia nada a fazer, mas o azar foi exagerado. É verdade que a equipa parece fresca mas é impossível que tantos jogos em tão pouco tempo não causem mossa nos nossos rapazes. Rodríguez estourou o músculo da coxa e Fernando…nem percebi muito bem, admito. Obrigaram Villas-Boas a “queimar” duas substituições que poderiam ter feito falta no caso de ser preciso mexer mais para o ataque, o que felizmente não foi preciso.

 

 

Não há muito mais a dizer sobre o jogo. Sobrevivemos com duas lesões inoportunas, alguns amarelos no limite, um penalty escusado, vários lances de muito perigo e uma fenomenal exibição de Helton. Cumprimos a estatística ao atingir os 50% de produtividade contra espanhóis este ano. Mas estamos na final. Estamos na final!!!! E não há nada nem ninguém que nos tire esse orgulho, (mais) esse marco na nossa história que vamos tentar transformar num novo troféu em Dublin. Ah, ia-me esquecendo: ESTAMOS NA FINAL!!!!!!

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Baías e Baronis – Vitória Setúbal 0 vs 4 FC Porto

 

foto retirada do MaisFutebol

 

Não há dúvidas quanto à alta qualidade do plantel do FC Porto 2010/2011 e quando me pareceu que a equipa poderia ter alguma instabilidade quando fosse necessário rodar um pouco da estrutura titular, os meninos que disputaram este jogo fizeram tudo para me roubar o resto das dúvidas. Não faço ideia se a época foi preparada por forma a que os jogadores atingissem o pico de forma nesta altura, até porque alguns me parecem cansados, mas o que é verdade é que os nossos rapazes mais cansados parecem bem mais frescos que os mais frescos dos outros. Hoje, para além da excelente exibição de James, Walter, Beto e Sereno, todos eles suplentes ou nem isso, tivemos um ritmo de jogo de um campeão que economiza pouco e que mostra mais vontade de vencer que os próprios adeptos. Eles que são o principal foco da nossa atenção desportiva, os heróis de uma época que está a ser brilhante, são os mais esforçados de todos. E dão-me orgulho vê-los a jogar como fazem e a esforçarem-se como hoje. A vitória era certa. A goleada era provável. Check e duplo check. Notas:

 

(+) James Rodriguez Excelente jogo do colombiano mais jovem do plantel. Assistências (três, meus amigos, que isto agora com colombianos temos de ter mais que uma coisa boa por jogo), bons cruzamentos, magnífica técnica individual e acima de tudo a noção que o puto está mais maduro. Continuo a gostar mais de o ver a jogar no meio mas hoje, a voar pelo flanco, foi um perigo constante para a tremidíssima defesa do Setúbal e mostrou que é um valor cada vez mais seguro no nosso plantel. Varela, põe-te fino.

(+) Walter Gordo sim, mas com golos. É este o Walter que precisamos para o campeonato? Se mantiver o nível de jogo que hoje mostrou em Setúbal, sim. Não é rápido mas mexe-se bem e consegue arrastar bem os defesas a jogar como pivot central, atraindo os adversários para rodar a bola rapidamente para os flancos e surgindo em boa posição no ataque para marcar. Fez um golo mas podia ter feito pelo menos mais dois e fica-me na memória uma excelente desmarcação depois de um cruzamento do Guarín onde espetou com o esférico na trave. Precisa de manter este nível para ser alternativa a Falcao…quando fôr preciso, claro!

(+) Beto Defendeu um penalty. Só isso chegaria para receber um belo dum Baía, mas a postura activa e interventiva durante o jogo fez dele um elemento importante da equipa que hoje goleou o Setúbal no Bonfim. Para além da boa defesa no penalty esteve sempre muito bem a rechaçar bojardas de longe de Pitbull & Cª e entendeu-se bem com a estrutura improvisada da nossa defesa.

(+) Sereno O rapaz passa-se, é verdade. Continua a não saber o que fazer à bola depois de galgar dezenas de metros em grandes piques. Mas não resisto a dar os parabéns ao moço, não só porque consegue arrastar o jogo desde a nossa zona defensiva até à grande-área adversária, mas pelo empenho em campo e pela produtividade elevada (ao seu nível, atente-se) que um central consegue demonstrar enquanto joga como lateral. Não me lembro de ver Otamendi, que hoje esteve de volta às boas exibições, a fazer o mesmo enquanto jogava na selecção argentina naquela hibridização Maradoniana. É verdade que precisamos de um pouquinho mais de “hmmph” num lateral de topo, um pouco à imagem do que Fucile dá ao jogo quando está com a cabeça no sítio, ou Sapunaru…quando está sóbrio, mas Sereno tem-se revelado uma alternativa viável para quando é preciso dar descanso a um ou, neste caso, a todos.

 

(-) Desiquilíbrio na Liga Quando a segunda equipa do FC Porto, composta por jogadores do calibre de Souza, Sereno e Mariano, que por muito esforçados que sejam (foram e continuam a ser) provavelmente nunca chegarão a ter um estatuto de titular, chega a Setúbal e goleia por quatro pazadas a zero…algo está mal. Há equipas, tal como este Setúbal, que não deveriam receber o prémio de figurar na lista dos melhores clubes de Portugal. É pena, mas é verdade.

 

 

Um jogo fácil demais mesmo para as nossas segundas linhas. Quando vi o onze, especialmente o ataque, pensei que o jogo ia ser enfadonho e que estaria mais tempo na conversa com a minha mãe que bem merecia. Acabei por passar mais tempo atento ao que se passava na televisão, mas a minha mãe compreende. Ela não gosta muito de futebol. Muito é favor, não gosta nada. Mas sabe que quando me vê a ver a bola e o meu clube está a jogar, compreende. Porque é mãe. E é minha. E é a melhor de todas. E, puxando a brasa à minha dourada escalada, aposto que se gostasse de futebol, gostava de ver este FC Porto a jogar.

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Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 1 Villarreal

 

 

foto retirada do MaisFutebol

Pela primeira vez desde há muito tempo, não sei muito bem o que escrever. As palavras que costumam sair fluidas, acertadas ou não, parecem presas num bloqueio emocional que sinto a pesar no meu peito. A memória que tenho desta noite vai ficar marcada na minha história de vida como Portista, naquela que foi (mais) uma noite épica no Estádio do meu clube e que me fez gritar, tremer, vibrar, sorrir, suspirar e aplaudir. Há oito anos, frente à Lázio, as sensações foram semelhantes: um golo sofrido, uma reviravolta de garra, crença e bom futebol, terminando numa goleada. No entanto, a união de um povo, a simbiose que se vive entre adeptos e equipa foi hoje posta à prova por uma primeira-parte que foi bem abaixo do que nos habituamos a ver esta época. Mas os rapazes de azul-e-branco, os colegas que mostravam o mesmo empenho com talentos diferentes mas nem por isso menos aplicados, mudaram o destino do jogo para uma jornada que gravou na minha mente um único nome: Falcao. Notas abaixo:

 

(+) Sacrifício e empenho dos jogadores Perder por um ao intervalo. Uma primeira parte fraca. Com quarenta mil nas bancadas a sofrer por eles. Sem pernas. Sem ideias. Este foi o FC Porto que saiu do balneário para uma segunda parte digna de ser mostrada a todo o mundo como exemplo de moralização. Escolhi a imagem acima por esse mesmo motivo: Falcao acabava de empatar o jogo com um penalty e imediatamente trouxe a bola para o centro. Não houve festejos, não houve alegria, um leve e rápido cumprimento ao conterrâneo que estava a seu lado e siga a rusga que se faz tarde. Os jogadores do FC Porto terminaram o jogo exaustos mas felizes. Porque os tais quarenta mil ficaram, mais ou menos gotas de suor, na mesma. Parabéns, rapazes.

(+) Falcao Quatro golos. Quatro lanças, quatro facas, quatro patadas, quatro tacadas. Quatro vezes me fizeste saltar em euforia nas bancadas hoje no Dragão, distribuindo high-fives pelos meus companheiros. E a cada um desses pulos de puro êxtase futebolístico, só conseguia pensar: que privilégio é ver-te a jogar ao vivo. Assistir às desmarcações, às fintas de corpo, aos remates e aos cabeceamentos que fazes e continuas a fazer. Já levas quinze golos marcados na Europa esta temporada e gostava muito de te ver a fazer qualquer coisa de parecido na próxima com a nossa camisola. Uma vénia para ti. Uma não, perdão: quatro!

(+) Fernando A estabilidade defensiva do nosso meio-campo tem muito a dever a este rapaz. Sóbrio, simples, prático, foi o primeiro tampão às movimentações do Villarreal pelo centro e a seguir a Falcao ganhou o prémio de principal jogador do FC Porto durante todo o jogo.

(+) Guarín Na primeira parte o que vi foi uma regressão do nosso Mr.Fredy à distante temporada de 2008/09. Tosco, trapalhão, a passar mal a bola, a pressionar cedo demais e a deixar espaço infindável nas costas. Yuck. Mas apareceu Dr.Guarín na segunda parte, a levar a bola com inteligência, criando espaços para Hulk e Falcao, forçando Borja e Bruno a sairem da zona de conforto do meio-campo e deslizando para o flanco, embatendo contra a parede colombiana que usa o número seis nas costas. O golo que marcou foi brilhante em termos de técnica e de vontade. Ninguém o podia parar naquele momento, nem os queixos de Diego López, nem o magote de defesas que o rodeavam, nem a relva, nem um relâmpago! Obrigado, Fredy, por marcares o golo que deu a volta ao resultado.

 

(-) Primeira parte Foi mau, admita-se. Entramos com medo, sem conseguir rodar a bola, com poucas ideias, a cair no engodo da troca curta de bola e a enervar-se com demasiada facilidade perante o árbitro e a aparente incapacidade de perceber que a pressão não podia ser feita tão alta e tão atabalhoada. Foi fácil demais para o Villarreal e tivemos sorte por não ter apanhado mais que um golo na padiola.

(-) A dicotomia ataque/defesa de Álvaro É um facto inegável: Álvaro é um dos principais municiadores do ataque e é um elemento fundamental na equipa. Mas hoje houve um elemento estranho que se enfiou no jogo como um gigantesco corta-relva num sistema de rodas dentadas e que deu pelo nome de Nilmar. Como Nilmar não defendia, Álvaro só queria atacar. Óbvio, claro como água nas Seychelles. Mas, e é um grande “mas”, como Álvaro estava sempre na frente…Nilmar só atacava. E fazia-o muito bem, furando entre Otamendi e Álvaro e recebendo vários passes a rasgar tanto de Borja Valero como do brilhante Cazorla (que jogador, amigos!) e aparecendo quase sempre a criar grande perigo. O golo do Villarreal era esperado mas completamente evitável.

(-) Otamendi Falhou demais na primeira parte e deixou-me nervoso com o que parecia uma incapacidade crónica de cortar a bola de uma forma prática. Confiou em excesso na capacidade de controlo da bola e esqueceu-se da principal função de um defesa-central: impedir que os avançados toquem na bola. Além do mais teve um Álvaro que andava como um louco no meio-campo adversário e nunca conseguiu fazer a cobertura a Nilmar da melhor forma. Subiu de produção na segunda parte mas não gostei dos primeiros 45 minutos.

 

 

Ainda dentro do Estádio, nos amplos corredores de acesso às bancadas, começou um cântico espontâneo das pessoas que saíam sorridentes das suas cadeiras, ecoando o que tinham gritado minutos antes: “Venceremos, venceremos…venceremos outra vez…o Porto vai ganhar a Taça…como em 2003!!!”. Não sei se a letra tem algum fundo de verdade profética, mas demos mais um passo nesse sentido. Um passo enorme contra uma grande equipa, que nos vai atirar com tudo que tem na segunda mão. Parou a euforia, descansem os rapazes no Domingo porque o que conta agora é o jogo da próxima quinta-feira. Hermanos, vamos a España!

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