Simples, simples, simples demais. O jogo ideal para antecipar a final de Dublin, com um ritmo baixíssimo, pouca necessidade de grandes sprints e entradas de carrinho, contra uma equipa macia demais para lutar por um lugar europeu. Como tantas outras por esse Portugal fora. Demos mais uma imagem de qualidade, de respeito pela competição e de clara vantagem em relação a qualquer uma das outras quinze equipas do nosso campeonato e a vitória, tanto no jogo como na Liga nunca poderia ser entregue a outra formação. Cinco estrelas. Vamos a notas:
(+) James É claro o ascendente de James na equipa. A forma desinibida com que agora joga, com facilidade no controlo e na visão de jogo, mostra que a gestão do seu esforço e acima de tudo do seu talento foi feita na perfeição. Entrou devagar, devagarinho na equipa, às vezes na ala no lugar de Varela, outras a jogar no meio como ponto mais avançado de um losango central. Mas é óbvio que rende bastante mais quando lhe é permitido bascular da linha para o centro com a bola nos pés e hoje foi notória a diferença entre o James de Setembro/Outubro e o de hoje. Muito bem.
(+) Guarín Continua a provar que todos estávamos enganados quando o considerávamos a pior coisa a sair da Colômbia desde que o Bermúdez jogou no Benfica. O passe para o golo de Varela é excelente mas é acima de tudo a intensidade física e técnica que o vejo a mostrar no meio-campo que faz dele imprescindível na equipa. Se Belluschi começou a época em grande, Guarín vai fazer o mesmo do meio até ao fim. E só lhe falta brilhar na final da Europa League, porque na Taça de Portugal já foi herói no ano passado.
(+) Beto Num jogo em que o FC Porto controlou perfeitamente, disputado quase a ritmo de treino e sem grandes correrias nem exageros físicos, como se queria, acaba por ser curioso escolher Beto como uma figura da partida. Mas a verdade é que o nosso pequeno grande guarda-redes esteve excelente. O Marítimo deparou-se com um rapaz que se nota ter jeito para a coisa e que me continua a dar todo o ar de quem quando era puto preferia jogar à frente mas “os grandes não deixavam”. Beto defendeu tudo o que podia defender, tanto na baliza como fora dela, em remates de longe ou em lances de 1-contra-1, com a mão ou com a cabeça. Merece uma salva de palmas enorme.
(+) Dragões madeirenses O estádio está em obras e leva pouca gente. Mas o pessoal que lá estava era na maioria azul-e-branco, com um apoio constante de início a fim do jogo. Foi bonito de ver tantos portistas que vivem a milhares de quilómetros da Invicta, a vibrar e a merecerem festejar o triunfo da sua equipa, das suas cores, da sua convicção clubística naquele paraíso no meio do Atlântico. Passe a publicidade gratuita, mas se puder dê lá um salto. Vai ver que não se arrepende. E com tantos portistas, o povo só pode ser boa gente!!!
(+) Quase 50% de Portugueses no onze Não é normal hoje em dia no futebol português ver uma equipa com tantos portugueses, excluindo, meritoriamente, o Sporting. Beto, Sereno, Rolando, Ruben Micael e Varela alinharam durante o jogo, faltando Moutinho para passar a metade. É evidente que o jogo inclui algumas opções secundárias, mas todos eles têm vindo a jogar mais ou menos tempo na equipa principal, a titular (Rolando e Varela), como primeira opção em termos de lesões (no caso de Sereno), por opções tácticas (Ruben Micael) ou simplesmente para manter o povo bem-disposto (Beto). Gosto de ver.
(-) Otamendi Se no jogo contra o Paços foi Rolando a levar um cartão castanho, hoje a vez cabe a Otamendi. Perdi a conta às falhas que teve durante o jogo, fosse por calcular mal a trajectória da bola ou simplesmente porque lhe saía uma rosca quando pontapeava para a frente. Gostava imenso que Otamendi fosse um líder nos próximos anos de azul-e-branco ao peito, mas um líder, para lá de comandar as tropas no balneário, tem de o mostrar em campo. E Nico, amigo, tens de subir o nível.
E acabou o campeonato. Vencemos porque ao longo de trinta jogos fomos de longe os melhores, os mais consistentes, os mais lutadores, os mais agressivos e os mais competentes. O recorde que Villas-Boas iguala acaba por ser natural e dos seis pontos perdidos, todos eles me ficam atravessados. Em Alvalade por causa da arbitragem; em Guimarães pelo excessivo relaxamento na segunda-parte; no Dragão com o Paços por falhas defensivas em excesso. Mas não nos foquemos nos pontos perdidos e sim nos ganhos. Foram 27 vitórias, algumas mais sofridas, outras mais fáceis, umas merecidas outras nem tanto, mas foram 27. Parabéns aos jogadores e a toda a equipa técnica. E agora, pensem lá em trazer o copo de príncipe em ponto grande para a Invicta!