Baías e Baronis – Vitória Guimarães 0 vs FC Porto

 

First things first: foi um jogo fraco de ambas as equipas. Entramos com alguma força mas rapidamente a velocidade perdeu-se e voltamos à organização lenta, arrastada e inconsequente que é o habitual quando se colocam Rolando e Otamendi a trocar a bola a 60 metros da baliza contrária. Como o meio-campo não está nem com metade da capacidade física do ano passado, quando se encontram equipas que defendem com onze, como mais uma vez o Vitória se apresentou (ficou-lhes marcado o jogo da Taça, porque se abriram um bocadinho…e 6 pantufadas lá entraram), as dificuldades aparecem. Juntemos a desinspiração de Hulk e Varela e a ineficácia de Kléber…e só se ganha este jogo com uma bola parada. Muito trabalho pela frente mas uma coisa ficou de positivo: ganhamos um dos jogos mais tramados do campeonato. Vamos a notas:

 

(+) Helton Esteve todo o jogo a controlar a defesa e mandou em tudo o que lhe apareceu à frente, com defesas mais ou menos complicadas e muitas bolas pelo ar agarradas quase sempre com facilidade. Acima de tudo foi a confiança que transmitiu aos colegas na defesa, aquela voz de comando que qualquer defesa precisa de ouvir para jogar no pleno das capacidades, especialmente quando ainda não estão com os níveis físicos ideais. Bem a todos os níveis, até quando tentou acalmar João Paulo, num lance em que o ex-companheiro de equipa estava suficientemente nervoso para ser amarelado. Bem, Helton, muito bem.

(+) Otamendi Um jogo excelente do argentino, que faz com Rolando a melhor parceria possível que temos no plantel. Sai bem a jogar, com a bola controlada, e só precisa de ter mais calma na distribuição longa para melhorar a eficácia no jogo. É daqueles gajos que vemos na defesa e sabemos que garantem segurança quando os jogadores contrários desatam a subir desenfreados pelo relvado fora, porque Otamendi mantém a postura e intercepta bola atrás de bola usando bom posicionamento e instinto de quarto-defesa. Gosto deste moço.

(+) Fucile Mais uma boa exibição à imagem do que fez no jogo da Supertaça, Fucile esteve bem no flanco e melhor quando vinha ajudar ao centro. Responsável pela marcação a Faouzi ou Targino, nunca se deixou intimidar por nenhum dos extremos adversários e lutou como sabe. Facilitou pouco (uma ou duas bolas perdidas no meio-campo adversário a partir dos 80 minutos, nada de perigoso) e salvou várias bolas perto da linha. Não sei se Álvaro está a ser poupado porque ainda pode vir a sair ou porque não está com força para aguentar um jogo ao “seu” ritmo, mas Fucile por agora serve e bem.

(+) João Moutinho Melhor que na Supertaça, conseguiu ter bola durante mais tempo e fez muito mais com ela do que no passado Domingo. Pegou no jogo atrás do meio-campo e notou-se a maior liberdade dada pela força de Guarín (enquanto houve força de Guarín) que João aproveitou para subir com a bola e reger o jogo como a equipa precisa que faça. Com a indefinição quanto ao seu futuro, continua a ser penoso pensar que podemos ficar sem ele. É que não há substituto à altura no plantel e dificilmente haverá no mercado. Defour? Não faço ideia, nunca o vi a jogar…

 

(-) Ineficácia ofensiva O puto é novo, eu sei. E é novo aqui no clube, também sei disso. Mas não pode falhar o que falhou, com um remate que parecia ter sido pontapeado por um três-quartos dos All-Blacks. Podemos somar a incapacidade de Varela em chegar à linha (esteve melhor, mas não esteve bem) e Hulk a ser persistentemente bloqueado por Anderson Santana (um dos jogadores mais enervantes que me lembro de ver, ao nível de um Heinze ou de um Marcelo. hmm, parece que tenho alguma coisa contra laterais-esquerdos do Real Madrid…) e o resultado é a impossibilidade de criar jogadas de perigo para o adversário. É preciso ser mais prático, mais ritmado, menos previsível. Dizer é fácil, eu sei…

(-) Pouca rotação de bola no meio-campo Compreendo que a rotina não esteja ainda bem implementada, para mais com um elemento novo, outro que ainda não tem pernas para um jogo inteiro e apenas o “cérebro” a funcionar em pleno. Mas é preciso recomeçar a rodar a bola no meio-campo contrário ao invés de fazer o mesmo no nosso. E mais, os médios é que devem rodar a bola, não os centrais, porque essa foi uma das causas da intensa quebra de produtividade em 2009/2010, a incapacidade de levar o jogo para o meio-campo adversário e a contínua perda de tempo na troca de bolas a distâncias absurdas da baliza.

(-) Muita falta de ritmo Ainda não há pernas para a pressão que se quer fazer, mais uma vez é compreensível. Os joelhos ainda tremem, os músculos não estão quentes o suficiente para as tensões de noventa minutos, a velocidade é baixa e o discernimento não consegue ultrapassar a falta de força. É preciso aguentar com esperança que rapidamente vamos conseguir subir o nível, porque os desafios já começam a aparecer e o plantel ainda não está fisicamente capaz de responder como os adeptos desejam.

 

Uma nota rápida para a arbitragem. O penalty é daquelas faltas que todos os árbitros vêem mas nunca marcam porque acontecem em cantos onde os jogadores todos se puxam uns aos outros. Neste caso foi demasiado ostensivo para deixar passar e o Sapu nem tocou no defesa do Vitória, por isso a decisão parece-me correcta. E sim, diria isto mesmo que fosse na outra área. Quanto ao resto do jogo, é preciso melhorar mas estou convencido que quando a malta aguentar mais que 70 minutos sem “rebentarem” das pernas, vamos ver a rotação no meio-campo como o fizemos aqui há meia-dúzia de meses. Hope springs eternal…

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Nunca mais publicas a crónica, homem!

“On an occasion of this kind it becomes more than a moral duty to speak one’s mind. It becomes a pleasure.”

Oscar Wilde – The Importance of Being Earnest

 

Um amigo, depois de ler os Baías e Baronis do jogo contra o Vitória de Guimarães, perguntou-me porque é que eu demorava tanto tempo a colocar o post online, até porque as pessoas podem ficar com a ideia que ando a recolher ideias e opiniões de outros blogs e da imprensa para fazer com que a crónica seja mais universalmente aceite. Para lá do tempo que é necessário colocar de lado para escrever de facto a análise ao jogo, há vários outros factores que atrasam a publicação, como neste caso a viagem interminável para sair da zona do estádio.

Em primeiro lugar, procuro sempre abster-me de ler o que quer que seja sobre o jogo, sejam opiniões de bloggers, comentários em jornais ou noutros sites ou até ideias de amigos sobre o que se passou. É por isso que muitas vezes acabo por cometer falácias não intencionais nas análises, especialmente quando vi o jogo ao vivo. Já quando assisto ao desafio na têvê, não ouço nada mais que os bitaites dos comentadores e tento não me deixar influenciar por eles, tanto os bitaites como os comentadores. Por isso tudo o que lêem, concordem ou não, sai da minha interpretação dos eventos.

Quando o jogo se realiza no Dragão, por exemplo, depois de sair do estádio e chegar ao carro/metro ainda falta a viagem até casa e a somar a isso há sempre um período de estabilização e de arrefecimento, para evitar que saiam insultos ou elogios exagerados fruto das emoções do jogo que acabou de acabar. Nos jogos que vejo via TV, a fase de “pousio” mantém-se, e em ambos deverá ser somado o tempo de uma mais-que-provável refeição, porque só muito raramente estou a comer enquanto o jogo está a decorrer e uma refeição com o sistema nervoso alterado não funciona muito bem no meu estômago. Ainda por cima acho que dou tempo para as ideias assentarem, para analisar mais a frio o que se passou no jogo e para perceber se é ou não meritório o chorrilho de parvoíces que são semanalmente debitadas nessa rubrica.

Fica o disclaimer. Qualquer reclamação, sabem onde é o guichet.

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Vitória Guimarães

foto retirada do Maisfutebol

Fui a Aveiro bem disposto e saí de lá com o mesmo espírito. Uma final é uma final e não há espaço a jogos espectaculares nem a exibições fabulosas. O que interessa mesmo nestas alturas é a vitória, e se o jogo calhar de ser mais feio, não fico incomodado por causa disso se a taça no final acabar nas nossas mãos. Hoje, depois de saudar o autocarro da equipa ainda no exterior e à medida que me ia aproximando do meu lugar na bancada, vestido na minha camisola de 1996 (adidas, revigrés e telecel. ah, nostalgia!), era essa a forma como pretendia mergulhar no jogo. No entanto, além das excelentes jogadas com que começamos a partida, há ainda algumas coisas a melhorar, particularmente na zona defensiva. O ritmo de jogo foi de final, de contenção e de segurança, mas quase era deitado por terra pela mesma pessoa que proporcionou as duas grandes explosões de alegria. Sim, vou bater no Rolando, logo depois de o elogiar. Vamos a notas:

 

(+) Souza Como Fernando parece estar a ser encaminhado para fora do clube com a mesma discrição de um remate do Hulk, Souza aparece como o principal candidato ao lugar. E se continuar a fazer jogos como o de hoje, não vai ter dificuldade em sujar equipamentos todas as semanas. Impecável na intercepção, rijo e agressivo q.b., foi o trinco que precisávamos e ainda ajudou nas saídas com a bola dominada, rodando fácil para os colegas principalmente para Fucile, do lado esquerdo. Pareceu um jogador motivado, diferente, mais controlado e menos impulsivo. Espero para ver mais alguns jogos mas a evolução é notável.

(+) Rolando (os golos) Um central goleador, como Rolando, não é usual. Dois golos numa final ainda menos, e Rolando apareceu no local certo por duas vezes e deu o troféu à equipa. Acaba por ser um rapaz que não tendo uma movimentação muito agressiva na área adversária consegue ainda assim descobrir o local correcto para corresponder aos cruzamentos que são bombeados para a área, muitos deles com a precisão de um passe de letra do Sonkaya. Muito bem no ataque (abaixo vem a desancadela).

(+) Fucile Mais um jogo de querer, de garra interminável do meu uruguaio preferido. Se tivesse um pé esquerdo remotamente decente ainda podia ter somado mais à performance, porque o corredor foi todo dele já que Varela insiste em produzir pouco mais que uma abóbora de chuteiras, e Fucile arrastou o jogo todo enquanto pôde, furando pelo corredor fora, ganhando bolas pelo chão e pelo ar. Apesar de se notar a diferença para Álvaro que é mais prático, mais rápido e cruza bastante melhor, Fucile continua a ser um jogador que deve ser mantido no plantel pela versatilidade e espírito de luta que coloca em todos os lances. Quando não se arma em parvo, claro.

(+) Sapunaru À imagem do colega do outro lado, Sapu devia ser um case-study para o futebol nacional. Quando cá chegou era a representação física de um “choninhas”. Simples, tímido, e pouco audaz, parecia ser mais um rapaz para ser encostado depois da fogacidade de Bosingwa. Entra o “túnel-gate” e uma viagem de avião com a selecção com álcool ao barulho, e Sapunaru transformou-se. Hoje em dia pega na bola e faz o corredor até ao fim, apesar de na primeira parte ter ficado preso pela presença de Targino (um dos jogadores mais sobre-valorizados do nosso futebol desde o Cadete), mas mal arranjou um ou outro espaço era ver o romeno a voar baixinho pelo flanco fora. Depois do jogo, é vê-lo a pedir uma bandeira à claque e a levá-la para o campo como se fosse portista desde pequenino. Soube ganhar o apoio dos adeptos e continuará a tê-lo, desde que se mantenha com a sobriedade que nos habituou. Dentro e fora de campo, porque um vodkoólico merece sempre o meu apoio.

(+) A letra de Hulk É raro ser tão “menina saltitante” a analisar os jogos, mas não resisto: o cruzamento para o primeiro golo foi uma obra de arte.

 

(-) Rolando (as falhas) Ora cá vamos então: não sei se foram os dois golos que lhe deram a volta à cabecinha, ou se é fã de numerologia e de teorias de coincidência cósmica, mas se excluirmos os golos, Rolando foi uma granada sem cavilha hoje à solta no Municipal de Aveiro. Falhou vezes demais em zonas perigosas, e não fosse o par de golos tão importantes que marcou e teria um Baroni ainda maior. Atrasos mal calculados, passes de risco, reacção lenta demais para a rapidez dos avançados contrários…falhou mais que Maicon, o que só por si diz tudo. Como nem todos os jogos vão contar com um “bis” de Rolando, espero que tenha sido um jogo acidental e acidentado em todos os sentidos.

(-) João Moutinho Quando não joga bem, o FC Porto não joga bem. Moutinho esteve hoje abaixo do normal, falhando tanto no timing dos passes como na escolha dos caminhos certos para pisar com a bola, o que é estranho e pouco habitual. Acho mesmo que é a primeira vez que dou um Baroni ao nosso João, o que torna ainda mais incomum esta exibição apagada. O calcanhar para o cruzamento de Hulk é excelente, mas o que me fica do jogo é a incapacidade de ruptura e de rotação de bola a que Moutinho nos habituou, e a equipa sofreu com isso porque Ruben, com toda a boa vontade que mostrou, nunca conseguiu produção suficiente para si…e para substituir o colega.

(-) Adeptos do Vitória Que raio de gente é que se vai embora do estádio ANTES da equipa subir ao palco para receber a medalha?! Durante o jogo cantam e apoiam, mas quando a equipa acaba por não obter o resultado que gostavam de ver, “vamos embora que se faz tarde e depois está trânsito”? Já no Jamor tínhamos sido brindados com esta visão, um enorme grupo de adeptos amuados com a vida e com o mundo, incapazes de demonstrar o carinho pelos jogadores que tão ostensivamente exibem antes e durante do jogo. São falsos, hipócritas, que só estão bem quando vencem e deitam tudo fora quando perdem. É gentinha com g pequeno.

 

Mais uma Supertaça. Com esta já vamos em dezoito que vão estar no museu em Abril de 2012, mas esta simboliza mais que isso. Mostra que o estilo de jogo não mudou, os jogadores são os mesmos e sabem que têm de continuar a difícil tarefa de vencer e convencer, porque o nível do ano passado não vai ser esquecido pela maioria dos adeptos. Uma boa parte dos que estiveram este Domingo em Aveiro não voltarão a ver o FC Porto a jogar esta temporada, mas eu e muitos outros vamos continuar a assistir aos jogos tanto fora como no Dragão, e gostei de ver que o nível se manteve. É preciso subir o rendimento e recriar hábitos de jogar contra equipas que defendem com onze, mas as bases estão sólidas. Ainda bem.

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 2 Olympique Lyonnais

foto retirada de olweb.fr

Quem começa um jogo de treino como este com um golo sofrido contra o fluxo ofensivo que se via na altura, consegue recuperar, marcar o golo do empate e passa o resto dos quase 80 minutos a tentar marcar o segundo com jogadas bem estruturadas, excelentes trocas de bola e conjugando incisividade no ataque com inteligência e rigidez na defesa, não merecia perder. Mas é o que acontece quando se falham muitos e muitos golos contra uma equipa que tem estaleca de Champions’, quem falha, morre. E se somarmos a esta eficácia mortífera algumas distracções de rapazes que têm de melhorar os níveis exibicionais em vários degraus, as coisas complicam-se. A derrota não me preocupa absolutamente nada, nem deve preocupar nenhum portista que tenha visto o jogo. Porque, meus amigos, hoje jogámos muito e bem. Vamos a notas:

 

(+) Fucile Um jogaço. O flanco esquerdo foi sempre dele e ajudou Varela (que pareceu melhorzinho no início mas acabou por perder força rapidamente) a pressionar o adversário. Ganhou montes de lances pelo ar (sim, estou a falar a sério) e foi o melhor jogador da equipa, o mais estável e mais consciente que o jogo podia ser a brincar mas era aqui que ia marcar pontos para ser titular. Enquanto Álvaro continua de férias, Alex Sandro na Selecção e sem termos noção da sua valia, Addy a saltar à corda ou seja lá o que fôr que o impede de ser opção e David ainda muito verde para este nível, Fucile é por mérito próprio titular do lado esquerdo. Alguém quer honestamente abdicar deste rapaz, desta garra e força de vontade aliada à versatilidade, por muito que às vezes apeteça esbofeteá-lo quando se arma em Dani Alves? Eu não. Fica, rapaz.

(+) Hulk Está a falhar muitos golos mas os remates parecem estar a ir mais vezes à baliza. Continua fortísismo nos arranques e a técnica individual está no ponto, Hulk tem tudo para continuar a ser o elemento desiquilibrador do nosso ataque. É quase audível o tremer nas pernas dos laterais adversários quando o rapaz lhes aparece pela frente, e a facilidade com que remata de qualquer lado com uma potência absurda é uma mais-valia que dá campeonatos.

(+) Souza Está diferente, não há dúvida. Mais prático, com melhor posicionamento (apesar do golo de Lisandro ter sido parcialmente culpa dele, porque ainda não percebeu que tem de acompanhar um avançado com a facilidade de remate do Licha especialmente quando se dirige para a entrada da área, nada que duas vergastadas não resolvam) e acima de tudo uma melhor noção de quando transportar a bola e quando a passar. Caso Fernando continue a jogar ao nível de um Fernando Aguiar lobotomizado, é o titular naquela posição para o início da época.

(+) Pressão alta Sou um apoiante céptico das vantagens da pressão alta e contínua. Por um lado é excitante ver a nossa equipa a carregar com a vontade e raça que hoje mostraram, a chatear os jogadores adversários em permanência e a forçar bolas recuadas para o guarda-redes e a obrigar ao erro na outra equipa. Por outro lado, é extremamente exigente a nível físico, tem de ser seguido por eficácia no contra-ataque para ser rentável e acima de tudo não pode resultar num “meiinho”. Até agora tem resultado e as perdas de bola da equipa contrária têm aumentado exponencialmente, mas há espaço para melhorias, especialmente na estrutura de pressão que tem de deixar de ser individual ao jogador e transformar-se numa zona pressionante em bloco. O que é que é preciso para isso acontecer? Tempo e trabalho. As bases, pelo que vejo, estão bem lançadas.

(+) Lisandro Marcou um bom golo, facilitado pela ausência de Souza que estava sem dúvida distraído por um qualquer bando de pássaros que esvoaçavam nos ares de Genebra (deixem-me pensar que foi por causa disso e não por ainda se estar a adaptar à posição), e não festejou. É daqueles pequenos gestos que não custam nada e que valem muito. Continuas a ter um fã aqui no Norte de Portugal, Licha.

 

(-) Fernando Não querendo entrar pelas cansativas teorias que apontam Fernando como mais um desertor e traidor à pátria-azul-e-branca, vou optar por um avanço diplomático. Postulo que o rapaz que ocupou a posição “6” nos últimos três anos, não tendo desaprendido toda a evolução desde que chegou ao FC Porto, não está bem. Admito que seja em parte por motivos físicos devido à entorse que o tem impedido de treinar continuamente nos últimos tempos, mas por outra parte talvez haja qualquer motivo psicológico que o esteja a afectar, porque nesta pré-época já acumulou mais erros ridículos que em dezenas de jogos consecutivos que fez com a nossa camisola. Depois da estúpida perda de bola no jogo contra o Rio Ave que levou ao penalty e golo do adversário, hoje dominou a bola directamente para os pés do adversário. Perceber que Souza comete menos erros que Fernando nesta altura da temporada e que é um candidato mais adequado à titularidade deveria ser o suficiente para que o 25 se aperceba que caso não seja vendido até 31 de Agosto vai ser difícil recuperar o lugar. Porque neste momento, Fernando nem no banco devia estar.

 

Foi um bom ensaio para a Supertaça. É verdade que perdemos e que houve uma ou outra falha que podem comprometer a integridade defensiva e que vão dar a bloggers não-portistas um verdadeiro “field day” em piadas e insinuações quanto à forma como os golos foram sofridos e como há tremuras incompreensíveis na nossa até agora impecável armadura. Se não viram o jogo, qualquer um desses comentários é parvo e malicioso. Não há vitórias morais, como se sabe, mas esta derrota foi um belo treino físico, táctico e acima de tudo mental, que confirmou o onze-base para o primeiro jogo oficial da época e que deu a Vítor Pereira um novo crédito: as coisas não mudaram muito desde o ano passado. E no Domingo, em Aveiro, vamos confirmar esta premissa com o primeiro troféu. Força, rapazes!

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Peñarol

Foi mais um tradicional jogo de apresentação aos sócios, que não dá para perceber muito sobre o que está mal mas já dá para ver algo que já parece estar a correr bem. O adversário não era nenhuma equipa de meter medo, mas o regresso ao Dragão fez-se com o ritmo esperado para esta altura do ano, apesar de se notar uma ou duas experiências na estratégia: a pressão um pouco mais alta, ainda feita a meio-gás porque as pilhas não estão carregadas a 100%; a tentativa falhada de um 4-1-3-2 com Varela a jogar no lado esquerdo do meio-campo, que não funcionou fundamentalmente porque o nosso Silvestre ainda está na forma com que terminou 2010/2011. O resto foi o normal, num final de tarde a fazer inveja a tanta praia por aí fora, com muita malta que raramente vai ao futebol a aparecer no estádio pela primeira vez e a gozar um final de tarde soalheiro de Julho na proximidade daqueles que todos esperamos venham a dar grandes alegrias ao povo. Assim seja. Vamos a notas:

 

(+) Kleber Na cadeira ao lado, o meu companheiro de Porta dizia que este era o novo Lisandro. “Todos os golos que ele marcar vão ser em esforço, vais ver”. Não sei se concordo. Parece-me mais um Falcao que um Lisandro, mas o mais provável é ser mesmo um Kleber, tenha ele o estilo que venha a mostrar. Muito esforçado, é verdade, mas a funcionar bem como pivot, recuando de costas para a baliza para proteger a bola e alimentar os médios/extremos, foi muito importante na primeira parte porque para além de marcar o golo passou todos os primeiros 45 minutos a correr atrás de tudo que mexesse e que fosse esférico (ainda bem que o Walter estava no banco) ou que vestisse de preto-e-amarelo. Gostei do que vi, quero ver mais.

(+) Hulk Não esteve muito inspirado no 1-contra-1, mas foi como de costume o principal motor do ataque do FC Porto. Está em forma e com garra, parece mesmo que já está com rotação equivalente a dois ou três meses de competição. O facto de não conseguir passar algumas vezes pelos laterais que apanhou pela frente não me preocupam. Sinceramente é das coisas que lhe vou perdoando porque um jogador na posição dele e com as responsabilidades que tem na equipa deve merecer alguma margem de liberdade para fazer o que lhe apetece. De mim tem-na em quantidade suficiente, desde que não invente demais…

(+) Souza Parece estar melhorzinho, mas continua a parecer que se distrai com muita facilidade, o que na posição em que joga pode ser um bocadinho perigoso como se pôde ver com o Fernando contra o Rio Ave (era dar-lhe dois bananos naquele focinho…). Mas parece estar a querer mostrar serviço, com bom posicionamento e vários cortes bem feitos. Precisa de melhorar o jogo aéreo caso Fernando saia e Souza seja a primeira opção para aquela posição, mas continuo a ver um Guarín versão 2009…

(+) Os pés de Kelvin O jogo estava aborrecido, com a malta já relativamente entediada com a pouca velocidade dos rapazes de azul-e-branco (e a pouca vontade do Peñarol em fazer alguma coisa de jeito, admita-se). E então, entrou Kelvin. A jogada que deu o terceiro golo deixou a malta a sorrir e não há ninguém no estádio que não tenha ficado surpreendido com o rápido jogo de pés do puto e a facilidade de finta rápida e curta. É novo e ainda deve ir rodar um ano para se habituar a este novo ambiente. É que fazer isto num jogo a feijões é uma coisa…fazer o mesmo em Guimarães ou em Paços de Ferreira, e qualquer Hiarleanderson vai-lhe tentar partir as pernas.

 

(-) Varela Continuo a achar que está lento demais e com poucas ideias. Vamos precisar de um Varela em grande para atacar a temporada, mas acima de tudo quem deve sentir necessiadade de brilhar é o próprio Varela. Este ano, com as opções extra que temos para os flancos e com James já assente no plantel, Varela vai ter de subir o nível físico e exibicional. Ele tenta, não há dúvida, todos vêem que tenta, mas as pernas não parecem estar a reagir da melhor forma. Vou esperar por uma melhor fase para o rapaz voltar a mostrar tudo o que sabe.

 

Ninguém que esteja habituado a estes jogos de apresentação estava à espera de grande coisa, mas o espectáculo acabou por ser agradável, principalmente na primeira parte e no final da segunda. Ainda faltam duas semanas para o primeiro jogo oficial e até lá o trabalho ainda vai ser fisicamente desgastante e tacticamente exigente, mas as pedras principais estão lançadas. Diferenças do ano passado? Até agora, as principais estão nas camisolas…

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