Baías e Baronis – Beira-Mar 1 vs 2 FC Porto

Vi a primeira parte calmo e a segunda parte no limite de um ataquinho nervoso. A vitória não podia pertencer a outra equipa que não ao FC Porto, mas os números são tão curtos para o que fizemos hoje em Aveiro que me deixa incomodado por não ver um zero à direita do dois no placard. Enfim, o que interessa neste tipo de jogos é sempre a vitória e mesmo a gestão antecipada (a partir dos 75 minutos oferecemos tempo demais a bola ao adversário) não a impediu. Não me posso focar só naquele último lance com Élio a apontar para canto em vez de para a baliza, mas o que é verdade é que as injustiças acontecem tantas vezes no futebol que já me enjoei de perder pontos em jogos que deviam ter sido ganhos e que por causa de um ressalto ou uma falha individual acabam por tramar o resto do bom trabalho que se fez durante o jogo. Correu bem e gostei de ver os nossos miúdos a jogar hoje na relva molhadíssima de Aveiro. Siga para as notas:

 

(+) James Excelente jogo do nosso colombiano-maravilha, em todos os sectores onde apareceu, fosse na ala a abrir espaços para as corridas de Hulk, no centro do terreno a pautar o jogo ou à entrada da área a finalizar. Surpreendeu-me pela disponibilidade física, o esforço que colocou em todos os lances e a atitude de nunca desistir de todas as bolas em que esteve envolvido. Um excelente golo e acima de tudo a imagem de um jogador que tem tido altos e baixos esta temporada mas que parece começar a mostrar qualidade suficiente para ser titular indiscutível no FC Porto. Para já, já o conseguiu.

(+) Fernando Pensei em dizer que me custa estar consistentemente a dar Baías ao Fernando, mas o que é verdade é que os tem merecido. Para lá de todas as bolas que recuperou no meio-campo, tem um movimento que faltou a Moutinho e a Belluschi hoje à noite em Aveiro: a colocação do corpo para proteger a segunda bola quando ela surge proveniente da área e o momento de pausa no jogo para reorganizar ideias, recuperar posições e retomar o ataque. Foi o médio mais inteligente da equipa. Estou sóbrio, garanto.

(+) Álvaro Pereira Com Maicon a fingir que gostava muito de ser defesa-direito e a tentar por tudo mostrar serviço, as diferenças para Álvaro são abismais. Apareceu constantemente no apoio ao ataque e facturou uma assistência para o segundo golo do FC Porto, mas é principalmente no arranque dos lances ofensivos que se mostra mais importante. Arrasta consigo um defesa quando invariavelmente envia a bola para Moutinho/James no centro do terreno e zarpa por ali fora à procura da tabelinha, desiquilibrando instantaneamente a equipa adversária. Faz isso há anos e ainda ninguém o conseguiu parar. Estou a gostar de o ver jogar.

(+) Rolando Um raro Baía para o nosso internacional luso, com todo o mérito. Sem culpas no golo do Beira-Mar (Maicon foi o principal réu porque não atacou a bola como devia e deixou “o chinês”, como foi nomeado insistentemente pelos tele-comentadores cabecear à vontade), Rolando esteve impecável durante todo o jogo, sem falhas nem hesitações. Ao contrário do colega do lado, que não esteve mal mas continua a falhar passes em demasia, Rolando esteve quase sempre bem, com passes bem medidos e soube impôr o jogo físico quando sentiu que era necessário. Gostava que jogasse sempre assim.

 

(-) A ineficácia. Outra vez. Falhar tantos golos como fizemos hoje não é nenhuma novidade e a culpa não é de Vitor Pereira, de Villas-Boas ou de Jesualdo, para citar os últimos três treinadores da nossa equipa. Nem sei se será dos jogadores em si, talvez seja uma questão de mentalidade de todo um campeonato e, já que estou numa de extrapolação, de todo um povo. Porque todos nós que jogamos um futebol de pura carolice aos sábados à tarde ou domingos de manhã, todos nós falhamos golos porque a brincadeira apodera-se do nosso sentido prático e não resistimos a fazer um cabritinho ou um atraso de calcanhar para o guarda-redes. E quando estamos a ganhar por três ou quatro, até nem me importo muito. Mas quando um jogo está com o resultado ainda incerto e a diferença é pouca, quando se entrega o jogo ao adversário e se falham tantos golos como hoje…é o equivalente a meter gasolina enquanto se mantém alegremente o cigarro aceso no canto da boca. Pode correr bem e a bomba não explode. Mas também pode correr mal, e depois ficamos a lamentar porque raio tínhamos de fumar naquele momento.

(-) Xistra e os desculpadores A grande maioria dos jogadores do Beira-Mar (e alguns do FC Porto, é verdade), passaram o jogo a cair. Mas o que pareciam jogadas banalíssimas de contacto eram paradas por Xistra, um dos árbitros mais enojantes do nosso futebol, com amarelos parvos e aquela atitude de “pois é, rapaz, tem de ser” que tanta febre me faz. O pior de tudo eram os comentários na SportTV, onde qualquer falha do árbitro era desculpada com o tradicional “ah, mas realmente o árbitro está a ver a jogada e temos de perceber que é difícil”. E era sempre difícil, mesmo quando o árbitro estava a olhar para a bola e a ver perfeitamente o que se passava. Não eram propriamente Valdemares, porque não se sentia ali nenhum anti-portismo primário, mas é uma atitude que apesar de compreender, não concordo que seja aplicada quase a 100% dos lances como o foi hoje em Aveiro.

 

Ao mesmo tempo que consigo perceber como é que conseguem falhar tantos golos e criar tantas situações de perigo sem que se consiga enfiar a bola lá dentro, custa-me muito entender que se tente gerir uma vantagem de um golo quando parece evidente que a nossa defesa não pratica um futebol do mais estável que já se viu, longe disso. Depois do jogo contra o Zenit, o empenho foi notório, a força e garra dos jogadores parece de volta para ficar, mas já há vários anos que deixei de tentar fazer sentido às gestões de jogo quando damos a bola ao adversário e ficamos à espera do que possa vir a acontecer. Acontece com os meus amigos a jogar à bola aos sábados de manhã. Não aceito que o mesmo ocorra ao FC Porto, porque foram já tantas as situações em que vi uma vitória num jogo de 80 minutos a transformar-se num empate aos 90. Hoje, quase que acontecia o mesmo aos 95. Não pode ser.

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Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 0 Zenit

foto retirada de record.pt

Não estive hoje à noite no Dragão, mas sofri como se tivesse estado. Aquela sensação de “E se?” que se apodera neste momento do meu corpo e da minha mente é de fraco consolo para a tristeza que vai inundando o coração. Porque sei, como a grande maioria dos portistas, que não foi neste jogo que saímos da Champions, mas nos dois jogos contra o APOEL em que pelo misto de facilitismo, desânimo e falta de empenho acabamos por marcar este jogo como decisivo quando não o devia ter sido. A forma como encaramos este jogo, com toda a garra e a alma que vi em campo, era assim que devíamos ter jogado naqueles dois jogos (e contra este mesmo Zenit na Rússia) e não estaríamos agora a re-agendar compromissos para limpar as quintas-feiras à noite à espera da Liga Europa. O Neuer russo que hoje esteve no Dragão ficou-se a rir, juntamente com o amigo Danny e a besta do árbitro espanhol. Nós, não o podendo fazer, seguimos em frente para o lado, sem medo e com um novo espírito. Qualquer jogo em que se perde o que se perdeu hoje e o povo termina a aplaudir a equipa é um sinal de empatia, uma conjugação de esforços para levamos a equipa de novo às vitórias. Parabéns à malta que lá esteve, leu exactamente o que eu estava a pensar quando acabou o jogo, em que só conseguia dizer: “Aplaudam os rapazes, aplaudam os rapazes que eles não têm culpa…”. Vamos a notas:

 

(+) A vontade No jogo da Rússia contra este mesmo Zenit, disse: “Imaginem um caracol asmático e sifilítico a correr ao lado do Usaín Bolt. Foi aproximadamente essa a imagem que o FC Porto deixou transparecer hoje no Estádio Petrovsky. Lentos, sem força, sem intensidade competitiva sequer para a Taça da Liga, quanto mais para a prova mais importante de clubes a nível europeu, os nossos rapazes hoje desistiram de lutar por razões que só podem ser reduzidas a três hipóteses prováveis: alheamento total da imagem que passam para o exterior, com uma arrogância e soberba que os levou a assumir que este jogo seria fácil; incompreensão do modelo de jogo; ou a terceira…falta de pernas.” Precisaram de mais de dois meses para mudar esta imagem terrível que tinha ficado queimada na retina dos adeptos que assistiram pouco impávidos e definitivamente nada serenos a essa exibição abaixo de medíocre em Setembro deste ano. Esta noite no Dragão viu-se uma equipa que nunca desistiu e que tentou com todas as forças que tinha, com um misto de nervosismo e impaciência, nunca conseguindo acalmar o stress que era quase palpável na fria noite do Dragão. Hulk falhava passes mas Moutinho e Fernando recuperavam as bolas. James perdia a bola mas Maicon ou Djalma surgiam por trás dele a forçar a pressão e a subir de novo com a bola na sua posse. Foi bonito de ver Álvaro a subir pelo flanco e Defour a ajudar, Moutinho a fazer a bola rodar e Otamendi a cortar. Foi bonito ver o FC Porto a jogar, mais uma vez, como tantas vezes fez no ano passado. Mas se a bola não entrou, a culpa é de todos e todos a assumem. Somos uma equipa de novo.

(+) Malafeev, o Neuer russo Não creio que tenha havido um único dragão que tendo estado sentado nestas mesmas bancadas no dia 5 de Março de 2008 não tenha feito o paralelismo entre a exibição de Malafeev de hoje e a de Neuer na altura. Remates de longe de Hulk ou Moutinho, à queima-roupa de James ou frente-a-frente com Djalma, o russo esteve em grande nível e acabou por ser o principal responsável pelo apuramento do Zenit para os oitavos da Champions. Voou para todos os lados, saiu muito bem da baliza e tapou todas as brechas que os defesas iam permitindo. Estupor.

 

(-) A ineficácia É no mínimo curioso que tenha passado meses a reclamar pela falta de capacidade de criar lances de ataque, como aconteceu contra Feirense, APOEL (x2), Paços de Ferreira ou Académica…e chegar a este ponto e lamentar que tenhamos criado tantas e mudar o enfoque da crítica para as falhas na concretização. É um sinal evidente que a equipa está a crescer, mas as arestas que surgem para limar agora são as mesmas que tanta gente tinha preconizado no início da temporada: a falta de um concretizador na área. É óbvio que as jogadas são criadas, mas por vezes, apesar de soar a cliché, falta presença na área, alguém que possa prender um ou outro central e impedir que saiam como loucos a bloquear as jogadas de James ou Hulk pelo centro. Estamos a canalizar em demasia o jogo para a zona central e não temos lá ninguém para apanhar os ressaltos quando as bolas não entram à primeira, como foi o caso hoje à noite. A rever.

(-) Hulk Exageradamente lento, com imensos passes falhados e sem conseguir furar pelos defesas que vendo-o a jogar numa zona mais central acabaram por lhe tapar os espaços todos e raramente lhe davam um mínimo de tempo para controlar a bola e seguir em progressão. Insisto que o homem não rende tanto no centro e ainda que tenha sido usado como “isco” para os defesas permitindo que o resto dos colegas o acompanhem um pouco mais atrás, neste tipo de jogos acaba por se apagar e o FC Porto perde uma das principais armas em velocidade e imprevisibilidade ofensiva. Hulk torna-se um ponta-de-lança mediano e não ajuda a equipa, pelo contrário.

(-) Danny É um merdas. Um autêntico merdas. Estou-me a cagar para o mijar metafórico, palavra, mas perdi-lhe o respeito quando se picou com o banco do FC Porto e passei os últimos dez minutos a gritar para o Maicon lhe deixar os gémeos à vista e lhe mijasse para o perónio quando chegasse perto dele. “Te gusta, coño?”. Era o que eu lhe diria, depois de lhe dar uma patada na traqueia. Fez-me febre, palavra.

 

O facto das regras ditarem que o terceiro classificado da Champions tomba para a Liga Europa é um completo absurdo. Dá uma vantagem competitiva a essas equipas, perpetuando as desigualdades e no fundo desconsiderando as outras formações que passaram a fase de grupos da segunda competição, tratando-as com o escárnio de quem olha para o futebol de cima para baixo. A UEFA é assim, como o Mundo, onde os grandes tratam mal os pequenos porque podem. Tendo isto tudo em conta…não há nada a fazer senão tentar ganhar a Liga Europa e aproveitar enquanto as regras não mudam, porque as águas devem ser separadas de uma vez por todas. Ainda assim…enquanto não são…força, rapazes, cá estaremos para ouvir aquela música parva. A Champions fica para o ano que vem.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 2 SC Braga

Imaginem-se num jardim zoológico. Estão em frente a uma certa zona onde alguns belos espécimens do mundo animal brincam alegremente, com os dotes que Deus lhes deu aplicados ao convívio salutar entre aqueles de que gostam e conhecem. Para lá das tradicionais brincadeiras entre os membros da mesma espécie, reparam que há uma empatia entre os bichinhos que surge após uns minutos de estranheza comum mas que gradualmente vai transparecendo para o exterior, surpreendendo os observadores, que já não iam ao zoológico há tanto tempo e só os vendo pela televisão não estavam habituados a ver os animais a interagir com um grau de maturidade a um nível tão interessante. Entretanto, tão distraídos estavam no meio desta utopia, nem reparam nos macacos da jaula que estava uns metros ao lado e são surpreendidos quando os mesmos símios procedem a atirar dois grandes montes de fezes na vossa direcção. Não vos acertam em cheio, mas houve alguns salpicos que quase manchavam a vossa experiência. Se a metáfora falhou redondamente, a culpa é vossa, porque isto foi o que vi hoje à noite no Dragão. Notas abaixo:

 

(+) Hulk É o jogador mais importante do FC Porto neste momento, porque vai conseguindo mascarar alguma ineficácia ofensiva da equipa através das jogadas individuais. Depois de uma primeira parte relativamente ineficaz, Hulk conseguiu marcar o primeiro de cabeça depois da melhor movimentação de equipa dos 45 minutos iniciais (com Defour e James ao barulho) e na segunda parte subiu ainda mais a produção com o segundo golo (excelente remate) e a assistência para Kleber marcar o terceiro. Kleber, aliás, que só tem a lucrar com um Hulk criativo e prático, que não aconteceu na primeira parte principalmente pelo excelente jogo dos centrais do Braga, que o forçavam a desviar-se constantemente para longe da baliza e a perder ângulo de remate. Quando teve oportunidade de aparecer pelo flanco a história foi diferente, para melhor. Acabou o jogo exausto e o penalty que cometeu é exemplo disso, já que a forma como se lançou como um tolinho sobre o jogador do Braga é ridícula, só explicável quando o jogador já está de rastos fisica e mentalmente. E teve sorte em não ser expulso…

(+) Fernando Importantíssimo na cobertura defensiva, parece que temos o Fernando a 100% depois do início de época menos produtivo, com Vitor Pereira a procurar alternativas entre outros jogadores do plantel, desde Moutinho a Souza, nenhuma delas com o mesmo nível de produtividade competitiva que Fernando entrega à equipa. É surpreendente que muito embora possamos estar desde 2008 constantemente a reclamar que Fernando é um elemento que já deu o que tinha a dar à equipa, que é preciso outro, melhor, mais maior grande, um Patrick Vieira (que se arranja facilmente como todos sabem), pronto. E Fernando está sempre lá, sempre humilde e trabalhador, com momentos menos bons mas quase sempre com empenho e luta e alma. Essencial.

(+) Moutinho Um belíssimo jogo de Moutinho, finalmente. Parece um pouco diferente do João do ano passado na medida em que tenta mais passes de ruptura e mantém menos tempo a bola nos pés, o que lamento mas tendo em conta o estado de ansiedade da equipa e a vontade de matar os jogos mais cedo até consigo compreender. No entanto, para lá da pequena mudança de estilo, esteve muito bem no meio-campo, a rodar o jogo para os sítios certos, abrindo espaços para Álvaro quando estava no lado esquerdo e rasgando o campo em passes bem medidos para Hulk e Djalma, do lado direito. Teremos o nosso 8 de volta? Pelos dois últimos jogos, tudo indica que sim.

 

(-) Maicon na primeira parte Vitor Pereira pode estar ainda a castigar Fucile pela exibição na Rússia, mas a verdade é que Maicon, por muito que tente e se esforce para ser uma opção válida para a equipa, obviamente não será na lateral direita que se vai afirmar, por muito que o nome ajude. Maicon só é sinónimo de defesa direito no Internazionale e a forma como se deixa antecipar por extremos velozes ou outros que nem por isso, como foi o caso de Paulo César hoje no Dragão, é sintomática de um jogador que luta, mas não sabe nem tem características morfológicas para ser um jogador que nos dê garantias de alta qualidade naquela posição. Melhorou na segunda parte, mas não foi bom.

(-) Público na substituição de Defour Inexplicável e surpreendente, ao nível de ouvir os adeptos do Braga a mandarem o próprio treinador para o sinónimo fálico que todos conhecem. Defour, cansado e claramente em baixa de rendimento depois de uma boa primeira parte, foi bem substituído por Souza para refrescar o meio-campo. Nada de especial…a não ser para tanta gente que aparentemente não consegue perceber que quando um rapaz está estourado não consegue render e que a equipa estava a precisar de uma injecção de força no centro do terreno. São estes os mesmos adeptos que aplaudiam quando Raul Meireles, qual relógio suíço, saía TODOS os jogos por volta dos 70 minutos ao som de aplausos, fazendo tanto ou menos que Defour fez nos últimos dois jogos? É difícil de compreender esta malta.

 

Duas já estão, só falta a terceira. Desde o absurdo resultado de Coimbra que se estabeleceu oficiosamente entre os sócios que os três jogos seguintes iriam ser responsáveis pela manutenção ou não de Vitor Pereira no comando. Não sei se é a verdade como a SAD a vê, mas sei que a maioria dos portistas que estavam de fora, por muito que pudessem ou não concordar com essa mesma premissa. O que é certo é que o futebol praticado pós-Taça tem sido bem superior ao que tinha vindo a ser exibido até então. Não faço ideia, mais uma vez, se tal se deve a Pinto da Costa, aos jogadores ou ao próprio Vitor Pereira. Mas as coisas parecem estar a ganhar um formato de normalidade, por muito que os nossos padrões de exigência estejam num ponto bem mais baixo do que é habitual…

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Baías e Baronis – Shakhtar Donetsk 0 vs 2 FC Porto

 

foto retirada de UEFA.com

Dois pontos prévios: 1) não vamos com este resultado pensar que tudo está bem, o mundo é um mar de rosas sem espinhos e os glúteos mantém-se sempre firmes com a idade. Não está e temos ainda muito que melhorar. 2) A vitória foi nossa depois de um jogo muito difícil contra uma equipa tecnicamente muito acima da média, numa cidade com frio de bater dente e após uma exibição que pareceu a tempos trôpega, noutras alturas enérgica e ainda noutras trapalhona. Houve pressão alta mas foi atabalhoada. Houve muitos remates mas quase todos tortos. O que houve, e já não via há muito tempo, foi espírito de entre-ajuda e solidariedade entre os jogadores, a cobertura de sectores desguarnecidos pelo colega mais próximo e não fosse a incapacidade de fazer mais de três passes seguidos quando os jogadores estão pressionados e o jogo teria sido menos sofrido. Gostei do que vi e só espero que não tenha sido uma vez sem exemplo mas que seja o fim do início do nosso anunciado fim. Notas abaixo:

 

(+) Hulk O que o rapaz correu!!! SOZINHO!!! COM TRINTA E CINCO UCRANIANOS ATRÁS DELE!!! Vamos lá com calma, peço desculpa pela exaltação. Hulk correu por três avançados, até porque hoje para vermos Djalma – esforçado mas pouco mais – e James – ver abaixo – tínhamos de olhar para Hulk e recuar quarenta metros. Marcou o golo numa situação em que pela primeira vez, ao fim de 79 minutos, surge sozinho…mas a vinte metros da baliza e sem adversários pela frente. Foi lutador, abnegado, esforçado, um verdadeiro jogador à FC Porto, como há semanas (meses?) não via. Fica-me memória aquele lance na linha final depois do canto mesmo aos 89 minutos, em que é pressionado por dois ucranianos e sai da marcação para construir a sequência de eventos absurdos que deu o segundo golo. Continua assim, Hulk, por favor.

(+) Helton Mais não podia fazer o nosso capitão hoje na Ucrânia. Defendeu tudo o que pôde e o que não pôde, tratou o poste. Muito em jogo, especialmente com os pés, não teve uma única falha e segurou quase todos os remates de longe que chegavam à baliza do FC Porto, especialmente no início do jogo. Se tivéssemos sofrido um golo no arranque da partida, o mais provável é que nesta altura estaríamos a lamentar a nossa sorte, o que mostra que um guarda-redes seguro é meio caminho andado para uma clean-sheet. E não se pode dizer que tenha tido muita ajuda dos defesas…

(+) Fernando Tapou bem a zona central do meio-campo e quando se tem de olhar para trás e ver um Nico Otamendi que só se lembrava de mandar charutos para o céu e passar a bola à queima com vários adversários em cima, era difícil conseguir fazer mais que servir como penúltima barreira (tantas vezes última, infelizmente). Foi rijo, duro, viril e, como de costume, uma bosta no passe. Tem de melhorar muito nesse sect…e já digo isto há tanto tempo que perdi a esperança, sinceramente.

(+) Defour na primeira, Moutinho na segunda O belga foi sempre inteligente com a bola nos pés, conseguiu fazer mais e melhor do que Moutinho também fruto de um posicionamento mais avançado que lhe permitiu servir como a primeira linha de pressão do meio-campo. Na segunda parte, Moutinho pegou mais no jogo e conseguiu pautar o jogo como gosta de fazer, com calma, tranquilidade e a saber o que fazer e, ainda mais importante, quando o fazer. O passe do João para o primeiro golo é perfeito.

 

(-) James Inerte, inconsequente, passou a vida a deslizar pela relva. Literalmente, porque patinava como um Pluschenko colombiano no relvado da Donbass Arena. Lento demais na decisão do passe, parecia estar a treinar sozinho no Olival tal era a displicência com que brincava no meio-campo, o que lhe fez perder várias bolas de possível contra-ataque e deixou Hulk a correr sozinho na frente porque nunca lhe deu o apoio que era necessário. Está-me a desiludir bastante.

(-) Otamendi O puto colombiano pode-me estar a desiludir um pouco, mas Otamendi está a ser uma enorme desilusão. Não consigo perceber a quantidade absurda de passes ridículos, falhas na marcação e hesitações com a bola que o argentino mostra jogo após jogo e é muito mau para quem estava nos meus planos para ser o próximo líder da defesa portista. Vejo-o consistentemente com um perede nervosismo quando tem a bola nos pés e parece optar quase sempre pela pior escolha. Rolando, que continua a ser um rapaz simpático mas que nunca seria titular no FC Porto aqui há uns anos, é actualmente ao lado de Otamendi um tipo estável, de confiança, a quem se pode entregar a chave do cinto de castidade da filha primogénita. Não sei o que terá de acontecer para o rapaz melhorar, sinceramente.

 

Ufa. Falta uma vitória para o apuramento e este grupo, tornado difícil não só pelo equilíbrio entre as equipas mas pela capacidade defensiva do APOEL e da nossa paupérrima forma no Chipre e na Rússia, afinal ainda está pronto para ser ultrapassado. Só dependemos de nós e era o mínimo exigível para uma equipa como a nossa, que quer marcar, que quer ganhar e que acima de tudo precisa de estabilidade e de vitórias como o Duarte Lima de alibis. Teremos ganho algum equilíbrio emocional na Ucrânia tal como aconteceu em 2008? No domingo já o podemos confirmar.

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Baías e Baronis – Académica 3 vs 0 FC Porto

Há muito a dizer sobre este espectáculo de horror travestido de jogo de futebol. Foram noventa minutos de uma inépcia completa de quase todos os jogadores do FC Porto para conseguirem impôr um mínimo de organização de jogo, para honrarem a camisola que ostentam e mostrarem aos adeptos que são os mesmos do ano passado. A somar a esta aparente parvoíce competitiva temos Vitor Pereira, que defendi durante tanto tempo e que desejava ardentemente que conseguisse pegar no leme do que parece ser um Titanic azul-e-branco a caminho de uma fossa profunda, mas que estou a ver que a tarefa, hercúlea de início, se está a revelar quase impraticável. Parece ser mais fácil ver o Toy bem vestido ou a Paris Hilton como Ministra da Saúde do que ver o FC Porto a jogar em condições, sinceramente. A única nota está já aqui em baixo:

 

(-) A maldita letargia É verdade que os todos os golos surgiram de erros defensivos. O primeiro porque Rolando se lembrou de cabecear a bola direitinha para o caminho do jogador da Académica e o segundo porque Maicon parece pensar que o futebol deixou de ser um jogo de contacto físico e alheou-se do lance para ficar a pedir uma falta que não existiu. Estes lances definiram o jogo e o terceiro, apesar de já não fazer mais nada pelo jogo a não ser colocar mais um belo dum calhau no nosso destino na Taça deste ano, também veio de (mais) um passe parvo de Fernando. Mas analisemos os golos, porque é fácil a partir daí perceber os nossos males. No primeiro, Rolando, distraído, sem noção do posicionamento dos colegas, cabeceia para onde lhe apetece e lança Sissoko para a entrada da área. Mau, como má tem sida a época de toda a defensiva, quase sempre mal colocados e com pouca intensidade na colocação no terreno. Foquemo-nos agora no segundo, que resume numa só imagem um dos dois grandes problemas actuais do FC Porto: Maicon a receber um mínimo contacto e a reclamar com o árbitro em vez de se recolocar e lutar pela bola. Houve luta? Nada. Houve empenho? Nenhum. Houve mais interesse na bola e em recuperá-la para impedir o ataque contrário? Mais uma vez, não. E tem sido isto, jogo após jogo, onde quase todos os jogadores falham no ponto mais básico de exigência dos adeptos: a transpiração pode ultrapassar momentos de menor inspiração. E o terceiro golo? Fernando falha um passe fácil a meio-campo. Se fosse Moutinho, Belluschi, James, Varela, Defour ou qualquer outro, ninguém se surpreenderia. Porque as falhas sucedem-se a um ritmo assustador e incompreensível, os domínios de bola parecem tão simples como ganhar um jogo ao Nadal com um garfo de sobremesa a fazer de raquete, um banal cruzamento é complicado como tocar o Rach 3 com as mãos amputadas e com três litros de vodka no bucho e um passe, seja curto ou longo, é tão difícil como trepar o Evereste com o Malato às costas. Vitor Pereira é culpado de pouco, mas também não nos podemos alhear de mais um falhanço táctico em vários níveis, que “partiram” a equipa de tal forma que ninguém se entendia dentro de campo. Mas é na incapacidade de despertar a malta da letargia em que parecem ter afundado que Vitor está a falhar mais e os adeptos já desistiram. Só uma grande devoção ao clube faz com que continue a haver portistas a ver a sua equipa a jogar por esses relvados fora, porque se a qualidade de jogo fosse o único chamariz para os espectadores se deslocarem aos estádios, onde jogasse o FC Porto soariam grilos e voariam folhas soltas de jornais. Porque não haveria lá sequer uma alma para os ver.

 

A eliminação da Taça acaba por ser o menor dos males desta noite de Coimbra. A imagem que fica, de jogadores cabisbaixos, tristes, com uma intolerável falta de inteligência táctica, capacidade técnica e espírito de sacrifício, de empenho, de luta, é tudo o que não consigo associar ao meu clube. Estes mesmos jogadores, geridos por outro homem aqui há outros meses, mostravam o total oposto desta paupérrima exibição e punham-me o peito para fora com orgulho. Continuo a atribuir algumas das culpas a Vitor Pereira, pela aparente incapacidade de gerir estes talentos, mas eles, os jogadores, são os principais culpados. Porque se o treinador não consegue fazer com que eles se exibam ao seu nível, eles próprios parecem desinteressados em contrariar a letargia que os possui. Resultado? Um enorme deserto para atravessar, para eles, para nós, para todos os Portistas. E sem oásis no horizonte.

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