Baías e Baronis – SC Braga 0 vs 1 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

São estes jogos, nas circunstâncias em que são disputados, com a relva nos dentes e os olhos raiados de vermelho-sangue, que fazem ou desfazem campeonatos. É com a força interior, com a capacidade de esforço e dedicação a uma causa conjunta, lutando contra uma equipa de grande valor que sente o mesmo que nós e luta pelo mesmo objectivo, que se consegue chegar ao ponto mais alto da classificação de uma temporada tão atípica e tão cheia de altos muito altos e baixos demasiadamente baixos. E foi esse FC Porto que vimos hoje na pedreira de Braga, um FC Porto que trabalhou em conjunto, que se uniu nos momentos difíceis e encarou este jogo como uma partida de importância vital para um final que se quer perfeito depois de uma época imperfeita. Foi enervante, difícil, cansativo. E foi nosso.

 

(+) Maicon e Otamendi Mais até que Hulk, os dois homens no centro da defesa do FC Porto foram quase perfeitos nas posições que ocupavam. Tanto o brasileiro como o argentino estiveram em grande na cobertura defensiva, no controlo do ataque do Braga que raramente conseguiu criar perigo para Helton porque não conseguiram passar pela parede que foi formada pela nossa dupla de centrais. Parece estranho ver Otamendi a brilhar a tão grande altura em Braga (no ano passado marcou lá dois golos) depois de o termos visto em tantos jogos a fazer tanta borrada, mas a verdade é que talvez tenha feito a melhor exibição da época. Maicon não complicou, mais uma vez, e apesar de alguns passes falhados no desenrolar de jogadas ofensivas, ajudou muito a equipa com a força e a imponência do jogo aéreo em zonas recuadas. Rolando, rapaz, parece que começas a ficar com os dias contados.

(+) Hulk O herói da noite. Só parou de correr quando não conseguiu mais e mesmo assim foi muito útil a tapar as subidas de Elderson e continua a ser o elemento mais profícuo no nosso ataque, por vários motivos. Porque é por ele que obrigatoriamente as jogadas de ataque têm de passar para que os desiquilíbrios o sejam de facto. Reparem nas duas jogadas que na primeira parte deram remates de Lucho para boas defesas de Quim. E o remate quase sem ângulo que daria o golo do ano e que fez com que Quim fizesse uma das melhores defesas que me lembro de ver na minha vida, de puro instinto e perfeita noção de espaço. Hulk, para além do golo, é importante acima de tudo quando joga a este nível, com força, garra e a complicar pouco. Se conseguirmos ser campeões este ano, o título é em grande parte dele.

(+) Defour Tinha as minhas dúvidas acerca da capacidade do meio-campo do FC Porto aguentar o do Braga sem Fernando no onze. Mas o belga esteve em todo o lado, com garra, esforçado, prático, sem inventar. Não tem e nunca terá a disponibilidade física de Fernando mas compensou essa natural inépcia com um excelente posicionamento, intercepções importantes e saídas rápidas para o contra-ataque com passes bem apontados e boa visão de jogo. Soube quando driblar, quando passar, quando correr e quando parar. Gostei.

 

(-) Álvaro Pereira Não dou um Baroni a Álvaro pela reacção à substituição. Falava com um amigo acerca disso enquanto via o jogo e ambos concordávamos que preferimos ver um jogador chateado por sair quando acha que pode e deve continuar em campo e discordar abertamente do treinador. Não me maça minimamente desde que as coisas sejam esclarecidas a posteriori, mais a frio. Mas Álvaro estava a fazer um jogo tão trapalhão, com inúmeras perdas de bola por mau domínio do esférico, cruzamentos para ninguém e mau posicionamento defensivo. Não fosse a ajuda de James e de Moutinho pelo seu lado e Alan teria sido bastante mais produtivo. Saiu bem.

(-) Kleber Compreendo a opção de Vitor Pereira. Um avançado mais móvel, mais mexido, menos posicional e que pudesse recuar para vir buscar jogo, tudo faria sentido…se Kleber conseguisse estar em jogo mais vezes. Mas foi quase impossível porque o brasileiro não parece assentar bem na equipa, produz muito pouco e perdeu até a loucura dos primeiros jogos em que corria mais do que tocava na bola, parecendo desistir com enervante facilidade dos lances. Custa-me olhar para este rapaz e pensar que era a aposta para titular no FC Porto 2011/2012.

(-) A continuação da saga “Porque é que falhamos tantos passes?” É a mesma história semana sim, semana sim. A quantidade de passes falhados e lances que consequentemente se perdem na sequência dessa inépcia técnica é assustadoramente elevada para uma equipa do nosso nível. Não consigo compreender o porquê de tanto falhanço, de não se conseguir ligar o jogo entre sectores de uma forma consistente, porque gostaria de pensar que as nossas sessões de treino incluem algo mais que umas corridas e meia-dúzia de peladinhas. Palavra de honra que os punha a acertar num poste a distâncias variáveis e quem falhasse tinha de limpar o telhado do Dragão preso só por um fio dental. Era só para ver se os gajos começavam a acertar os passes em condições.

 

Cinco pontos à frente do Braga e doze pontos em disputa. Não os afastámos de vez do campeonato, mas demos uma facada nos gémeos da qual não será fácil aos bracarenses recuperar. Já o Benfica…é outra história. Se os rapazes de vermelho decidirem ir vencer a Alvalade, podemos ter campeonato até ao fim. Raios, mesmo que não consigam ganhar na retrete do Lumiar, também vamos ter época até à 30ª jornada, quando muito até à 29ª. De uma coisa não podemos fugir: o FC Porto está na posição mais que primária para poder garantir o bicampeonato. E hoje, depois do jogo, enquanto me acalmava depois da quarta ou quinta cerveja, fiquei a pensar que este podia ter sido o jogo do título. Bastava termos feito mais três ou quatro jogos com esta intensidade. Merda, custa-me tanto reviver Barcelos, Olhão ou Aveiro…só espero que esse tempo tenha ficado para trás.

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 SC Olhanense

foto retirada de fcporto.pt

À medida que as jornadas vão prosseguindo e o campeonato se vai aproximando do final, os padrões dos adeptos ficam diferentes. Mais altos para alguns, que exigem que a equipa suba o nível e cresça nas exibições, na produção ofensiva e na eficácia defensiva, numa altura difícil e fundamental em que nenhuma falha é perdoada. Para outro grupo de adeptos, os padrões de qualidade baixam e a única coisa que querem é ganhar. Não querem saber se os jogos são maus, se há muitas bolas para a bancada, remates de qualquer lado ou jogadas construídas sem um fio de jogo pensado. O que interessa são os três pontos. Ainda há um terceiro grupo. O que gosta de combinar as duas vertentes, a construtiva e a produtiva. Sou do terceiro. Saí do Dragão satisfeito pela vitória e razoavelmente contente com a exibição. Não foi genial e mais uma vez houve tantas falhas e tão grandes que o Dragão parecia situado nos arredores de Los Angeles. Mas ganhámos e nesta altura é mais importante vencer que jogar bem e perder. Notas, já já aqui abaixo:

 

(+) João Moutinho Tem tido a consistência que permite ao nosso meio campo manter-se competitivo, muito à sua custa. Diria que a equipa do FC Porto hoje em dia está “pendurada” nos pés de Moutinho porque sem a inteligência do português, com a bola e no espaço quando a procura, a equipa andaria à deriva em campo. Moutinho está de novo em grande nível, a jogar simples, com sentido prático e a executar os lances certos no momento certo. É talvez um dos únicos jogadores do Mundo que teria lugar no meio-campo de Guardiola no Barcelona. Talvez não fosse titular mas era menino para fazer uns trinta ou quarenta jogos por ano.

(+) Maicon e Otamendi no centro Os dois centrais estiveram bem perante os avançados do Olhanense que não fizeram um grande jogo muito por culpa dos nossos defesas. Rolando ficou no banco, não sei se por castigo se por opção, mas os factos falam por si: zero golos sofridos, velocidade no passe, agressividade positiva durante o jogo e bom entendimento na cobertura defensiva dos espaços criados pelas subidas dos laterais. Uma pequena nota recorrente: Otamendi falha muitos passes curtos, Maicon falha muitos longos. Tirando isso, estiveram bem.

(+) A vontade de Sapunaru O romeno é um tolo. Ele sabe que é tolo, todos sabemos que é tolo. Mas há qualquer coisa naquela loucura que me entusiasma e perdoo-lhe mesmo alguma inépcia técnica e até o espaço que continua a permitir a qualquer adversário que lhe apareça pela frente antes de lhe tentar tirar a bola. Mas dá gosto vê-lo a correr pelo flanco, a tentar sempre subir no terreno a ajudar o extremo do seu lado, a aparecer na área para cabecear ou a rematar cruzado para a baliza. Dá ideia que está noventa minutos a pensar em marcar um golo e raramente desiste até o conseguir. Quantos mais romenos loucos há por aí? Tragam-nos alguns que bem precisamos.

 

(-) Lucho Há jogos que correm melhor que outros e apesar do golo que marcou, Lucho hoje foi uma nulidade em campo. Foi pior. Falhou inúmeros passes, tirava o pé nas disputas divididas, permitia movimentações dos jogadores do Olhanense muito perto dele sem tentar obstruir a progressão do adversário e raramente foi produtivo com ou sem a bola nos pés. Se fosse outro jogador qualquer, especialmente alguém que não conhecesse, diria que era um tosco. Mas Lucho não é tosco, muito longe disso. Um mau jogo que também poderá surgir da fraca condição física. Saiu bem.

(-) Álvaro Pereira Um jogo fraquinho do Palito, com pouca claridividência no ataque e demasiadas distrações na defesa onde obrigou Otamendi a ir ao seu auxílio muitas vezes, quase sempre com sucesso, felizmente. Álvaro tem sido um jogador importante mas há alguns jogos em que aparece muitas vezes no ataque a criar perigo para a área contrária. Hoje, nem isso, porque sempre que passava o meio campo lá acabava por perder alguns metros à frente. Estranho o facto de ter jogado com a cabeça muito inclinada para baixo, talvez esteja cansado, sei lá. Vai precisar de jogar bastante melhor contra o Braga.

(-) A complacência de Alex Sandro É complicado perceber o que passa pela cabeça de quem quer que seja. Parece fácil visto de fora mas acredito que Alex Sandro não é retardado. Sinceramente acredito. Mas as várias jogadas ridículas que hoje protagonizou nos vinte e tal minutos que esteve em campo foram dignas de registo para a posteridade por vários motivos. Porque um internacional brasileiro como é Alex Sandro que mostra (e já não é a primeira vez) uma atitude complacente com a nossa camisola, sem interesse em jogar, sem força, sem concentração, sem a cabeça no jogo…envergonha-me. E devia envergonhá-lo também. Espero muito mais dele, mas acima de tudo espero que lute. Não o fez.

 

À entrada, subi as escadas de acesso à bancada e um homem com o apoio de duas muletas subia também as escadas com alguma dificuldade, mitigada com o auxílio de um jovem, diria seu neto. Ao lado, um colega que com ele se deslocou ao Dragão dizia-lhe: “Nem sei para que é que você veio, ficava em casa a ver na televisão…”, ao que o sénior lhe responde: “Nada disso, o Porto é o Porto, carago, e enquanto tiver forcinha nas pernas hei-de cá vir sempre que puder!”. É exactamente este o espírito que gosto de ver. Um louvor ao velhote, se fazem favor, porque faz ver a tanta gente que se queixa de tudo e todos e deixa de lá ir apoiar a equipa nos momentos maus, mesmo nas alturas que a equipa mais precisa deles. Fomos trinta e um mil no Dragão. Poucos ou nenhuns assobiaram. Gostei.

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Baías e Baronis – Paços de Ferreira 1 vs 1 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Não foi bom. Não foi aquele FC Porto que estava à espera de ver, que ainda estou à espera de ver desde o início da temporada com algumas honrosas excepções. Este foi mais um entre tantos jogos em que vejo a equipa a definhar na fase crucial do jogo, depois de entrar com alguma sofreguidão e com pouca inteligência, a usar e abusar do jogo directo e das desmarcações aéreas pelas laterais (vá-se lá saber porquê) e com uma tremenda incapacidade de jogar um futebol atraente e criativo. Se a história ainda vier a falar do FC Porto de 2011/2012, será em grande parte com uma expressão: cansados, tanto na cabeça e nas pernas. Pela enésima vez desperdiçámos pontos num jogo que controlamos e a culpa é toda nossa. Cássio fez um excelente jogo, é verdade, mas a quantidade de golos falhados é inadmissível. Vamos às notas:

 

(+) Hulk Merecia mais. Já o disse mais que uma vez que perdoo a Hulk o que não consigo perdoar a outros rapazes, porque a produção ofensiva e as características físicas do nosso Givanildo fazem com que seja um homem que decida um jogo e por isso permito-lhe que tenha desvarios como tantas vezes lhe acontece, quando tenta furar uma parede de cimento humano e não consegue. E depois levanta-se e tenta outra vez. E chateia, mas só quando se percebe que o rapaz deixou de pensar, pôs as metafóricas palas nos olhos e só anda em frente. Hoje teve alguns momentos desses, mas como se viu no golo (uma chouriçada causada por ele), um arranque de Hulk pode ser a diferença entre vencer um jogo e…empatá-lo, como hoje. Fez tudo o que pôde. Sofreu um penalty nítido que não foi marcado (sim, sim, o Sapu também teve aquele lance na primeira parte que podia perfeitamente ser sido assinalado). Tentou muito. Não chegou, mas não foi por culpa dele.

(+) João Moutinho Forte no meio-campo, intenso no contacto e inteligente em posse, tentou mais uma vez pautar o jogo como de costume e conseguiu-o em longos períodos do jogo. Na primeira parte ao lado de Defour (é verdade, o belga jogou! não repararam? é, esteve lá, mas quase nem se notou) e na segunda entre Fernando e Lucho, continua a ser dos poucos que não tem medo da bola e coloca-se sempre pronto para a receber. E depois? Espaço, não há. Linhas de passe, poucas. Remata a 40 metros? Não. Passa para o lado? Que remédio…

(+) Cássio Este fulano, a par do Peçanha ou do Pedro Roma, faz parte daquele lote de guarda-redes que fazem sempre jogos fabulosos contra equipas grandes e abrem aviários industriais quando jogam com equipas “do mesmo campeonato”, seja lá o que isso queira dizer. Quem nos manda ser uma equipa grande? Estupor.

 

(-) As bolas paradas defensivas, mais uma vez Reparem no lance do golo do Paços. Está quase toda a equipa do FC Porto na área. Melgarejo, um gigante de quase um metro e setenta e dois centímetros, salta completamente sozinho no meio do que me pareceram 8 ou 9 jogadores azuis e brancos. Fossem 4. Fosse só um, porra! Estou farto de ver um canto a ser assinalado contra nós e sentir as duas nozes que habitualmente estão da parte de fora a recuarem para o interior do meu corpo, tal é o cagaço que me assola por ver as bolas (as de couro) a voar por cima da nossa área. Muito mau, outra vez.

(-) Perdoem-me o vernáculo: as putas das tabelinhas! Já falei disso várias vezes mas não me calo. O FC Porto transformou-se (e esse efeito agravou-se com a chegada de Lucho) numa tentativa de imitação do Barcelona com as tabelinhas e os triângulos do meio-campo. Só há uma diferença, diria que importante: NÓS NÃO SOMOS O BARCELONA! O James não é o Iniesta, o Hulk não é o Messi, o Moutinho não é o Xavi (talvez seja o mais parecido de todos) e o Rolando definitivamente não é o Piqué. A forma de jogar não pode ser a mesma porque o talento não é o mesmo. Se somarem a quantidade de bolas perdidas neste jogo e em todos os jogos que já fizemos e em que abusamos destes lances…imaginem cada uma dessas situações transformada num remate à baliza. É.

 

Nada está perdido. Que eu trepe a quarenta palmeiras se desisto deste campeonato. Mas é certo e sabido que há sempre qualquer coisa que falha: ou as pernas funcionam e a defesa troca-se toda; ou a defesa está alinhadinha e pronta para o combate e o ataque não marca golos; ou os golos entram mas as pernas falham e mais golos entram…mas na nossa baliza. Nada corre bem, nada parece resultar, as opções tácticas caem por terra, os passes saem pelas linhas laterais e os remates saem pelas de fundo. Mas ainda tenho esperança. Ainda sofro a ver os jogos, ainda continuo a acreditar. E hoje pareceu-me ver alguma crença nos próprios jogadores…até ao golo do Paços. Depois, mais uma vez, a moral caiu a pique. Mais uma moedinha, mais uma voltinha…

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Baías e Baronis – Benfica 3 vs 2 FC Porto

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Ponto prévio: o Benfica ganhou bem. Fez por merecê-lo num bom jogo, sem chatices, sem grandes casos (se bem que aqueles puxões do Luisão na nossa área me incomodam sempre) e criou melhores senão mais oportunidades de golo. O jogo podia ter sido resolvido a nosso favor com um bocadinho mais de inteligência na posse de bola e no desdobramento do contra-ataque, mas concordo que foi justo. É evidente que o joguinho mediático do “isto não nos interessa, o que conta é o campeonato” funciona perfeitamente porque perdemos. Se tivéssemos ganho o discurso seria o mesmo mas o papo era sem dúvida diferente, como se compreende. Ainda assim não fiquei triste, não estou furioso por perder o jogo, não me lamento, não me dói muito. Custa perder contra o Benfica, claro, mas admito, como sempre o fiz, que a Taça da Liga é para ganhar se conseguirmos chegar à final sem sacrificar o resto das competições. Não conseguimos. Meh. Notas abaixo:

 

(+) João Moutinho Mais uma vez a mostrar porque é que é indispensável no FC Porto. Já o era no ano passado mas este ano ainda mais, porque faz o que Defour não consegue na sua posição e ajuda Lucho quando o argentino já se agarra às gâmbeas como hoje a meio da segunda parte. Moutinho correu novamente o jogo todo, sempre a pegar no jogo e disposto a tentar sempre ser o principal impulsionador das jogadas ofensivas e coordenador das defensivas. Se Lucho é uma mais-valia pela experiência e inteligência, Moutinho fá-lo em contínuo movimento com olhos levantados, noção perfeita de espaço e capacidade criativa. É único no plantel. Ah, e aquelas duas jogadas consecutivas “triângulo+R2” à Zidane foram um deleite…

(+) Hulk na primeira parte O FC Porto com Hulk é totalmente diferente do FC Porto sem Hulk. Goste-se ou não do estilo (sou um desculpador do rapaz na maioria dos casos, admito-o), admire-se a técnica ou o egoísmo, a verdade é que é imensamente útil para romper pelo espaço de defesas mais lentos, como hoje no caso de Capdevila ou mesmo com bisontes como Luisão ou anormais como Maxi Pereira (que está para o futebol como o Álvaro está para a economia portuguesa. É bom mas abusa da sorte…) pela capacidade física e velocidade de arranque. Faltou marcar um golo mas deu um a marcar a Lucho e sofreu a falta que deu origem ao segundo. Na segunda parte desapareceu do jogo, cansado e com poucas oportunidades de jogar como gosta porque a opção pelo jogo directo para Janko afastou-o mais do jogo. Merecia mais.

(+) A força e agressividade de Mangala Um central que consiga subir acima de Cardozo e roubar-lhe bolas de cabeça é sempre um jogador útil. E Mangala fá-lo com naturalidade, para além do facto de conseguir subir com a bola controlada como um Pepe mais escuro mas (ainda) sem a loucura do Kepler. Vinte anos tem este rapaz e ainda pode vir a melhorar bastante, porque talento tem ele que chegue e a forma como se antecipa aos avançados e usa o corpo como protecção já é a prova de um rapaz que sabe o que fazer em campo. Só precisa de aprender a passar a bola em boas condições. Ah, e o golo é muito bom, rapaz, continua a saltar assim que ainda te prendem por voares sem comunicar o trajecto às torres de controlo.

(+) Sapunaru ou a vantagem de ter um lateral que sabe subir Entre Sapunaru e Maicon na lateral direita, dêem-me um bêbado romeno em vez de uma bola de bilhar brasileira todos os dias. Gosto de Maicon no meio e gosto de Sapunaru na direita, como gosto de whiskey num copo e caril num prato e não ao contrário. Ia marcando por duas vezes. Anda doente para ver se marca um golo ao Benfica antes de se reformar, o rapaz, mas joga com garra, com fibra, às vezes com pouca cabeça mas sempre com vontade. Vamos ver se assenta no lugar até ao final da época…

 

(-) Kleber Começa a meter pena ver o nosso substituto de Falcao a jogar no FC Porto e admito que foi das apostas mais falhadas dos últimos anos, bem acima de Fabianos e Bolattis. A forma como se atira para os lances sem hipótese de conseguir chegar à bola, atabalhoado, fraco, incapaz de fazer algo de produtivo ou de remotamente ameaçador para a baliza contrária é o suficiente para não poder ser opção principal na equipa. Enerva-me com os lances em que permanentemente reclama falta do adversário só porque usa o corpo para proteger a bola e insiste em arremessar-se para o terreno com os braços esticados e a cara de anjo a olhar para o árbitro como um bébé a pedir leite. Não tem, neste momento, argumentos para ser titular no FC Porto.

(-) A ingenuidade de Mangala O primeiro golo é culpa dele. Ponto. Quando um defesa tem uma bola na sua posse e está numa situação de 2×4 contra si, não pode…repito, NÃO PODE passar a bola para o colega que está rodeado de adversários. O que acontece? Quando a equipa está a começar a subir para receber o passe ou pressionar a zona mais recuada do adversário e tentar ganhar a segunda bola…qualquer perda de bola resulta num desiquilíbrio enorme e em falhas de marcação. Os absurdos comentadores da SIC culparam Álvaro. Não, Álvaro não teve culpa. A culpa é de Mangala. E sê-lo-á mais vezes, como por vezes acontece a Maicon e no passado a Bruno Alves ou Ricardo Carvalho ou Aloísio. As pessoas falham. Têm é de aprender com os erros e Mangala, que cometeu vários desta índole durante todo o jogo, ainda vai bem a tempo para os corrigir.

(-) A soberba de Jesus É raro, como sabem, comentar declarações de técnicos adversários. Mas quando colocaram o meu homónimo em frente ao rapaz da SIC (o “go home, now”, sim, esse mesmo), fiquei a ouvir, ainda a picar uma fatia de presunto com o meu pai. E ouço o treinador do Benfica a dizer que este jogo é que comprova quem é a melhor equipa. Cada cabeça, sua sentença, mas aquela farta cabeleira estará talvez lentamente a pingar tinta para o cérebro. Então o homem que perde quatro dos cinco últimos clássicos antes deste jogo (se somarmos 0-5 no Dragão e 1-2 na Luz para a Liga, 1-3 na Luz na Taça, 2-3 na Luz há umas semanas…comparando com o 2-0 no Dragão para a Taça no ano passado e o 2-2 também no Dragão este ano para a Liga) acha que este é que decide tudo? É como dizer: “Eu faço dieta rigorosa há dois anos!!! Sem contar com as feijoadas que como todas as quartas e umas noitadas de rodízio às terças e sábados, claro!”. A arrogância de Jesus, principalmente nas conferências de imprensa, é insuportável. Se o jornalista que lá estava em frente não fosse aquela bestinha (que depois de Jesus lhe dizer que o Benfica está em três frentes e que a prioridade é a Liga em primeiro e a Champions em segundo…vai-lhe perguntar qual é a terceira…) mas um homem de tomates, tinha-lhe citado estes exemplos. Levava um arroto nos dentes, mas ficava feliz.

 

E agora, pergunto eu? Os rapazes ficaram em condições para jogar no Domingo na Mata Real? Lucho, Moutinho, Álvaro, esses rapazes todos estão aptos fisica e moralmente para serem o que precisamos que sejam? Não faço ideia. Mas sei que não atirámos o metafórico toalhete à relva antes do jogo e fico satisfeito por ver que mais um vez conseguimos dar a volta a um resultado negativo naquele estádio. É de louvar a capacidade de esforço dos jogadores e dou-lhes os meus parabéns por isso. Não gostam de vitórias morais? Esperem até ao final do campeonato e vamos ver se valeu a pena ou não.

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Baías e Baronis – Nacional da Madeira 0 vs 2 FC Porto

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Há jogos assim. Tantas vezes fomos até campos hostis com o apoio de poucos mas bravos portistas e perdemos mas lutamos com galhardia. Tantas outras vezes nos deslocamos a lamaçais ou a relvados de pisos sintéticos e perdemos mas lutamos com galhardia. Hoje, na Madeira, lutamos com galhardia. Sem pernas, sem cabeça, sem entrosamento, sem pernas e sem pernas. Disse sem pernas três vezes de propósito. Porque a ausência de Fernando e a falta de frescura de Lucho e Defour são tão evidentes que me deixam a pensar que as decisões tomadas em Janeiro foram ainda piores do que pensei na altura. Ainda assim valeu-nos São Helton, ele que este ano ainda não tinha tido uma exibição a este nível, a defender tudo de todos, a servir como barreira impossível de transpôr para o Nacional. E ainda bem. Seven to go. Notas abaixo:

 

(+) Helton Lembrei-me daquele jogo em Villareal no ano passado, onde Helton foi o garante da nossa passagem à final da Europa League. O homem esteve realmente em grande, tanto na baliza como fora dela, parecia que havia um íman nas luvas que fazia com que as bolas fossem quase todas lá parar. Alternou defesas excelentes e seguras com outras que foram de puro reflexo e agilidade. As grandes equipas não se fazem sem grandes guarda-redes e em muitos jogos a presença de um guarda-redes que segure vitórias quando a equipa não consegue evitar o perigo para as redes que o homem defende é muitas vezes essencial. Helton continua a ser o melhor guarda-redes a jogar em Portugal.

(+) João Moutinho Foi o único rapaz que correu noventa minutos ao mesmo ritmo e que se esforçou como poucos para vencer o jogo. Notável a quantidade de terreno que o João percorreu hoje à noite, na nossa área, na área deles, à esquerda a tapar as subidas de Álvaro e a cobrir a lentidão de Otamendi, à direita para rodar a bola com Lucho, atrás a trocar com Defour…até bolas de cabeça ganhou, carago! Esteve muito bem e não fosse Helton ter sido a parede que foi (no bom sentido) e Moutinho tinha o meu voto para melhor jogador portista em campo.

(+) Cristian Rodriguez, principalmente na primeira parte Afirmo e reafirmo: Rodriguez perdeu espaço no FC Porto e é caro demais para o rendimento que apresenta. Mas há alguns jogos em que a força e a atitude do Cebola são muito importantes e este era claramente um deles. O uruguaio correu muito e bem, pressionando tanto na esquerda como na direita e mesmo não tendo sido particularmente produtivo (a diferença para Hulk, mesmo nos dias maus, é enorme) acabou por forçar a que o Nacional não conseguisse subir pelo flanco como precisava e como conseguiu apenas na segunda parte, quando o gás acabou. Esforçou-se. Gostei.

 

(-) As perninhas dos nossos meninos Mais um jogo, mais uma exibição pobre no centro do terreno. Lucho não consegue aguentar noventa minutos, Defour esconde-se muito do jogo e Moutinho não chega para tudo. Aliás, não fosse o João e o resto do meio-campo ter-se-ia desfeito como um castelo de cartas atacado por um urso, tal era a incapacidade de James em correr mais de dez metros sem travar para descansar e Janko que estava tão perdido no meio dos defesas do Nacional que mais valia criar raízes. E os defesas? Lindo. Álvaro à rasca, Rolando tão arrastado que só lhe faltava um andarilho para efectivar a transição para a velhice, Maicon displicente e Otamendi…que já é lento por natureza. A entrada de Alex Sandro e Mangala ajudou, mas não chega. Precisamos de sangue novo, fresco, com mais ritmo e mais capacidade para correr. Quem? Não sei. Não sou eu o treinador.

(-) Maicon Parece de propósito, palavra. Um gajo elogia-o numa semana e na semana seguinte lá volta a fazer borrada. Quero acreditar que foi um jogo mau e que a espiral de parvoíce que culminou numa perda de bola após mais uma estupidez em que o Maicas tenta controlar a bola que surge pelo ar…no meio de três adversários (obviamente perdeu-a e Mateus quase marcava) não terá passado de hoje. Mas ver o ridículo da displicência que Maicon mostrou no ano passado, quando tinha de ser Moutinho a dizer-lhe para mandar a bola para fora e não inventar repetiu-se hoje na Madeira e as vezes que as câmaras focaram Helton ou Lucho a avisar Maicon para não se distrair deviam ser todas gravadas e exibidas ao brasileiro pelo menos uma hora por dia. Porque no FC Porto não pode chegar fazer alguns bons jogos e o nível não pode baixar por excesso de confiança. Vai para casa, dorme e amanhã volta ao normal. Obrigados.

(-) É obrigatório fazer tabelinhas? Admito que começo a ficar farto da mesma jogada. Alguns jogadores do FC Porto parecem incapazes de receber uma bola e mantê-la nos pés durante mais de dois segundos, sentindo uma vontade irresistível de a endossar de volta para um qualquer colega…independentemente do companheiro estar ou não tapado por um oponente a pressionar. Resultado? Quase sempre acaba num passe para Helton ou numa biqueirada para a frente…quando não se perde a bola e a nossa equipa, balanceada já para um ataque com apoio dos laterais, acaba por se tramar no posicionamento e o contra-ataque é sempre perigoso. Não chega olhar para o Barcelona e dizer: “sim senhor, gostava de jogar como eles”. É preciso saber como o fazer.

 

Não gostei do jogo. Enervaram-me as constantes perdas de bola, a forma como a falta de pernas afectou o raciocínio e o sentido prático de muitas intervenções directas e movimentações tácticas da equipa. Estive agitado desde os 60 minutos, quando vi que a equipa estava progressivamente a descer no terreno, sem conseguir jogadas de ataque a não ser as biqueiradas para a frente do Rolando para o Janko ou o James. Concordei com as substituições de Vitor Pereira mas creio que foram atrasadas. Já teria sacado o Otamendi há mais tempo porque estava a ver que o Candeias ainda calhava de ter sorte num cruzamento qualquer, o Mateus lá acertava na baliza e não no Helton…e o FC Porto nunca mais conseguiria ir tentar sacar mais que um ponto. Correu bem. Correu muito bem.

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