Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Sporting CP

foto retirada de desporto.sapo.pt

Perto do final do jogo, já depois do segundo golo ter finalmente entrado na baliza do Sporting, as claques começaram a entoar a música do costume. “Outra vez, outra vez, campeonato c’o caralho outra vez…”, e o estádio cantou, como quase sempre faz quando o Sporting nos honra com a sua visita e sai daqui habitualmente a pedir almofadas para sentar o rabinho dorido no autocarro. E cantei com eles, com alegria, até que um dos meus colegas de bancada disse a melhor frase da noite: “É mesmo verdade, as músicas clássicas são as melhores!”. Pumba, embrulha. Dá sempre gosto vencer um clássico, mas este teve o dom adicional de enervar um estádio inteiro pela nossa falta de capacidade de impôr um ritmo consistente e forte de início a fim contra uma equipa que está muitos níveis abaixo da nossa. Custa-me ver brincadeira e um quase desprezo pelo adversário quando o resultado está a um lance fortuito de passar de positivo a negativo. Ainda assim foi uma boa vitória, com menos brilho que na quarta-feira contra o PSG mas ainda assim uma vitória com todo o mérito. Notas abaixo:

 

(+) Otamendi Quase perfeito nos cortes e nas intercepções, fez com Maicon e depois Mangala uma dupla praticamente intransponível no relvado do Dragão. Estava em todo o lado pelo chão e pelo ar, ajudou a pressionar à frente e tapou o que era preciso com o vigor habitual que por vezes é exagerado mas hoje esteve na medida certa. Firme na saída com a bola controlada, foi no lado direito da defesa que melhorou quando Vitor Pereira (bem, depois de ver que Mangala não se estava a adaptar bem a ocupar a mesma zona de Maicon) o trocou para essa posição e foi o melhor em campo do FC Porto.

(+) Helton Mais uma vez, como tinha feito em Faro e Zagreb, foi o guarda-redes que uma equipa grande precisa, porque está poucas vezes em acção mas fê-lo sempre com segurança e impediu que o Sporting marcasse sem ser merecido mas que poderia ter colocado dificuldades indesculpáveis à nossa defesa. Duas grandes defesas e várias saídas da baliza marcaram-no como pivotal na vitória de hoje.

(+) O golo de Jackson Começo a achar que marca os golos mais difíceis e falha os fáceis, mas mais uma vez fez uma obra de arte digna de passar em todas as televisões do Mundo acima de qualquer golo de Ronaldo ou Messi. O controlo da bola na coxa, a inflexão do corpo e o calcanhar em pleno voo foram inesquecíveis para quem tiver estado hoje no Dragão. Se ao menos conseguisse fazer o mesmo em jogadas…vá, normais…e tínhamos aqui uma pérola. Assim…ainda tem muito que provar.

 

(-) Baixar o ritmo cedo demais O jogo de hoje deixou-me nervoso sem necessidade e esse é o pior tipo de nervosismo que posso ter durante um jogo para lá de um ou outro jogador lesionado e a chuva que me pode molhar no regresso a casa. É aquela atitude de “cagão”, como se diz no Norte, de quem olha de cima para baixo sem o respeito que o adversário merece e não procura chegar a um patamar de qualidade que seja condizente com o valor das duas equipas, é essa arrogância negativa que me chateia. Porque um bom resultado de um a zero rapidamente se transforma num infeliz empate graças a um remate fortuito ou um lance azarado do guarda-redes, e ainda há uma semana tivemos um excelente exemplo disso mesmo, em Vila do Conde. E a culpa não pode parar nos jogadores, porque Vitor Pereira não conseguiu colocar os rapazes a jogar com a intensidade que mostraram na passada quarta-feira contra o PSG durante mais que os primeiros vinte minutos, em que estivemos novamente bastante bem. Das duas uma: ou Maicon é o líder espiritual da equipa e quando não está em campo há um relaxamento natural graças à falta do “pastor”, ou os gajos olharam para o Sporting e não o temeram. Mas têm sempre de temer o adversário, ou no mínimo darem-lhe o benefício da dúvida. Hoje fomos arrogantes e tomamos o jogo como ganho antes disso acontecer. Não gostei.

(-) Danilo Está-me a começar a preocupar o rendimento de Danilo na lateral-direita. Constantes desconcentrações no flanco, persistentes falhas no passe e pouca audácia a subir no terreno colocam uma pressão extra na utilização do brasileiro em detrimento de Miguel Lopes que é menos jogador mas muito mais consistente e lutador. Danilo tem de subir a produtividade sob o risco de começar a ser “queimado” pelos adeptos e já sei por experiência que não será fácil recuperar a imagem perante os adeptos.

(-) Sporting É fraquinho, este Sporting, e nem as perenes reclamações contra arbitragens lhes safa a imagem de uma equipa desorientada, com poucas ideias e com jogadores sub-aproveitados. A um meio-campo forte em nomes mas fraco em produtividade e um ataque que pouco cria apesar da velocidade de Carrillo, o posicionamento de Wolfswinkel e a técnica de Pranjic juntam-se dois centrais com mais corpo que inteligência e dois laterais que sobem o suficiente para intimidar mas nunca passam da mediania. Cedric talvez seja o melhor jogador deste Sporting, o que é dizer muito.


E agora, mais uma paragem para selecções e duas semanas sem jogos do meu clube. Chateia-me, mas é assim que o campeonato está estruturado. Talvez funcione para a recuperação de Maicon e Alex Sandro, titulares indiscutíveis neste FC Porto 2012/2013, e deixe descansar alguns jogadores que passaram uma semana intensa com as nossas cores. Que não haja lesões e o desgaste das viagens seja colmatado por um regresso em condições à competição. Por agora descansemos. As emoções voltam em breve.

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Paris Saint-Germain

foto retirada de fcporto.pt

Ibrahimovic é a personificação do Arcanjo Gabriel? Otamendi tratou de lhe cortar as asas (e os pés e se chegasse aos dentes, também iam). Verratti é o novo Pirlo/Rijkaard/Michel? Moutinho meteu-o naquele bolsinho de guardar o isqueiro. Sakho é o futuro líder da defesa francesa à imagem de Thuram? James deu-lhe dois ou três nós que o pôs à procura dos rins no relvado. Van der Wiel é o futuro do futebol holandês? Varela fintou-o e depois Alex Sandro fintou-o outra vez. E riram-se dele e para ele. Acima de tudo e acalmando um pouco a arrogância, só quero dizer que não temos que ter medo de boas equipas, porque também somos uma delas. Jogámos com convicção, inteligência e acima de tudo vontade de vencer, sem exageros e vedetismos. Uma equipa solidária, firme e unida. Só faltou acertar mais uma ou duas vezes na baliza para ser perfeito. Não somos geniais, mas somos competentes. E devíamos ser competentes como hoje em todos os jogos que disputamos…mas isso é conversa para outro dia. Hoje só há tempo para celebrar uma excelente exibição numa bela noite para o nosso clube. Notas abaixo:

 

(+) Fernando Vergo-me na sua presença, senhor Reges, pois a brilhante aura da sua exibição paira ainda por cima da minha cabeça como se tivesse sido atingido por um relâmpago de intensidade acima da média. Esteve perfeito no posicionamento, na intercepção e na capacidade de jogar simples e prático, como quase sempre faz quando está com a cabeça no sítio. Roubou montes de bolas ao adversário e rodou-as sempre no sentido certo, com a dose certa de força e a percepção perene da situação da sua equipa e do adversário. Dizia-me o Dragão Crónico, com quem costumo ter o prazer de partilhar os jogos em casa, que não compreende como é que este rapaz ainda por cá anda e não houve nenhum clube europeu que o viesse buscar. Nem eu, meu amigo, nem eu…

(+) Varela Quando penso que já não me pode surpreender, Varela fá-lo. Apesar de um falhanço tremendo num 1×1 contra o guarda-redes do PSG, que nestes jogos dá vontade de bater no autor da ignomínia, a entrada de Varela em campo foi tremenda e ate os próprios franceses devem ter ficado surpreendidos com a vontade do Silvestre em forçar o flanco esquerdo. Recuperava bolas, jogava nas tabelinhas e acima de tudo mostrava um empenho em quase todos os lances que me deixou eufórico e cheio de vontade que Varela volte à forma de 2009/2010, quando cá chegou. Saiu esgotado para a entrada de Atsu, com um aplauso como já não recebia há muitos meses. Totalmente merecido.

(+) MoutinhoUma excelente exibição do nosso João, sempre a pegar na bola em zona recuada e mesmo sem conseguir lançar os ataques como gostava graças ao lento avanço da equipa em campo conseguiu ser um pivot no meio-campo a partir do qual nasceram quase todas as jogadas perigosas do FC Porto. Normalmente virado para o lado esquerdo, com Lucho também muito bem a seu lado, Moutinho entendeu-se muito bem com Alex Sandro e Varela, enquanto as pernas do português aguentaram e continuou a entender-se magnificamente bem com Atsu (que entrou com uma garra notável, parabéns, puto!) por aquele flanco. Mas foi no centro, nas triangulações de primeira com Fernando e Lucho, que Moutinho mais brilhou, pondo os jogadores do PSG atrás de bola com os olhos, nunca lhe conseguindo chegar sequer perto. Excelente.

(+) James Não teve uma grande noite e no início do jogo apagou-se perante a força da entrada de Varela. Sim, foi o que acabei de dizer, fechem a boca. As coisas não lhe corriam bem, a bola prendia na relva e naquelas miseráveis partículas de azoto no ar, as malditas. Não parecia ser a sua noite, mas apareceu mais solto na segunda parte e o golo que marcou foi completamente merecido, porque ao contrário do que vi já muitas vezes James a fazer, desta vez nunca desistiu, só parou quando não teve pernas para mais.

(+) A dupla de centrais À primeira vez que a bola chegou perto da nossa área aos pés de Ibrahimovic, imediatamente o sueco sentiu a presença da Ceifeira a seu lado. Mais concretamente por detrás, porque Nicolas Otamendi tratou de lhe dizer que estava ali e não admitia parvoíces. Belo. Algumas falhas pontuais não mancham uma excelente exibição de ambos, com Maicon a jogar nitidamente nervoso depois daquela gigantesca ingenuidade em Vila do Conde, mas Otamendi deu-lhe a confiança que precisava para crescer durante o jogo e acabar em grande. Secaram quase sempre os avançados do PSG. Nada mais lhes foi pedido.

 

(-) Defour Entrou mal, o belga. Não conseguiu manter o ritmo que Lucho até então tinha imposto, mas as pernas cederam e a entrada de Defour era essencial, mas não correu bem. Perdeu várias bolas, fez passes fracos e nunca conseguiu estabilizar o meio-campo como Lucho, deixando que os franceses conseguissem subir frequentemente até à nossa área, felizmente sem causar mossa de maior. Um mau jogo no meio de vários bons.


Fim de tarde a meio da semana na Invicta? Check. Camisola do FC Porto no lombo? Check. Trânsito a fazer parecer que estavam a atirar benfiquistas abaixo da ponte do Freixo? Check. Carro estacionado no meio de novecentos outros perto da Velasquez? Check. Café tomado no Bom Dia? Check. Poucas variantes podem fazer com que o meu destino não fosse o Dragão, em jogo de Champions. Digam o que disserem, mas estes jogos são especiais, há um ambiente no ar que não se nota nas outras tradicionais partidas de competições menores, porque esta é a grande. É a minha mais melhor preferida, de longe. E com uma partida jogada a este nível com um resultado positivo…que mais pode um portista pedir?

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Baías e Baronis – Rio Ave 2 vs 2 FC Porto

Há qualquer coisa nestes jogos pré-Champions que me chateiam muito. Os jogadores metem menos o pé, lutam com menos intensidade e parecem sempre querer descansar cedo demais. Hoje foi mais um desses infelizes exemplos tão usualmente portugueses (e particularmente portistas), em que há um relaxamento exagerado à sombra de uma vantagem mínima. Acontece há anos e por muito que mudem os jogadores, o treinador, a relva ou o adversário, a mentalidade continua a mesma. Perdemos dois pontos por demérito nosso mas também porque o Rio Ave nunca desistiu e teve um Tarantini em grande…com o FC Porto a permitir que houvesse facilidades a mais em duas situações mas também em tantas outras que não deram golo por sorte. Não percebo como é que se continuam a perder pontos nestas jornadas e é uma pena. Notas abaixo:

 

(+) Miguel Lopes Um golo e uma assistência. Não se pode pedir muito mais a um lateral direito, especialmente depois de alternar na titularidade com o que deveria ser a escolha evidente para entrar no onze-base da equipa. Esteve sempre activo, interventivo, com a tradicional agressividade mas sempre a tentar ajudar a equipa e levá-la para a frente. Não foi por culpa dele que o FC Porto hoje empatou em Vila do Conde.

(+) Alex Sandro Estou a ficar fã do rapaz. Não só pelas subidas através do flanco esquerdo mas pela inteligência que vai mostrando em posse de bola, pela forma como parece estar a evoluir no futebol europeu que tem um nível físico e de exigência ao nível do posicionalmento táctico que não é habitual no Brasil. É rápido (já o viram a rodar sobre o próprio eixo? excelente!), coloca-se bem e continua a exibir-se a bom nível.

(+) Tarantini Dois golos, mas se o primeiro foi um aproveitamento de um inesperado AVC do nosso melhor central, o segundo é um remate estupendo de fora da área, sem hipótese de defesa. Estupor.

 

(-) A displicência de Maicon É a imagem mais evidente do que não se deve fazer e que é martelado na cabeça dos miúdos desde as escolinhas: “Quando sais da área com a bola controlada, não podes perdê-la. Mais vale uma biqueirada para a frente do que arriscar um golo do adversário.” Maicon contrariou o que tinha vindo a ser o normal nele desde há muitos jogos, em que optava tradicionalmente por não se chatear com bolas controladas ou o raio que a valha e mandava o esférico até a praia mais próxima. Não o fez e foi mais um daqueles lances que eram perfeitamente escusados para uma equipa de topo. Se tivesse mandado a bola até o meio-campo adversário…talvez tivéssemos vencido o jogo. “Se”. Pois.

(-) Incapacidade de manter o jogo controlado É verdade que temos jogo para a Champions na quarta-feira. Sim, vem aí o Paris Saint-Germain e o Ibrahimovic e o Thiago Silva e o Verrati e o raio que os parta, mas preocupa-me muito mais que a equipa desperdice dois pontos que podem ser vitais mais lá para a frente contra um adversário que não nos pode deixar com os pistons na mão por causa de uma merda de uma bola perdida à entrada da área e que leva o povo a tremer durante mais dez minutos. Acho que Vitor Pereira fez as substituições certas na altura certa porque optou por refrescar nome por nome com jogadores que pudessem subir um pouco o nível, colocando um gajo rijo no meio-campo e o Varela na frente. Mas a equipa perdeu-se, caiu, fraquejou e PERDEU agressividade com a entrada de Fernando. PERDEU! Não admito isso, não consigo compreender como é que se pode ficar a olhar para um jogo em que a vantagem é tão curta que a mínima falha pode fazer com que se fique a correr com os nervos a raiar os olhos enquanto se tenta procurar um destino que já deveria ser nosso. Fico lixado.

(-) Atsu Tem de fazer muito mais. Sei que é novo e já estou farto de ouvir as piadinhas sobre o “Messi ganês”, porque é aquela tradicional elevação dos nomes mediáticos para que lhes seja colocada uma pressão que não precisam e que muitas vezes não conseguem aguentar. Atsu é um rapaz talentoso, explosivo, rápido, prático…mas hoje em Vila do Conde pareceu um qualquer Varela depois da lesão. Não chega.


Compreendo que há jogos maus. Há alturas em que os jogadores não conseguem jogar em condições apesar de haver mais talento do que seria necessário aplicar para vencer um adversário que é aguerrido mas não pode assumir o jogo durante tanto tempo sem que ripostemos com a tranquilidade que uma equipa campeã deveria sentir. Dois pontos, mais dois pontos perdidos e acima de tudo a noção que é preciso ter mais cabeça na gestão das vantagens. Dois-zero? Talvez dê para acalmar o ritmo. Um-zero? Não. Nunca. O campeonato vai ser longo, amigos…

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Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 0 Beira-Mar

Foi fácil, demasiado fácil. O Beira-Mar, apesar da interessante posse de bola (por nós permitida) na primeira parte, não conseguiu fazer um mínimo exigível para colocar dificuldades a uma equipa do FC Porto que parece confiante, com um jogo estruturado e com evidente capacidade para desenvolver um futebol bonito e com a possibilidade de subir o nível quando é necessário. E hoje quase não foi, porque o jogo durou apenas até ao terceiro golo e o que se seguiu foi um bocejo de trinta minutos intercalado com o golo de Maicon (bela cornada) e um ou outro pormenor de Iturbe, a somar à sequência de parvoíces de Mangala que mostrou que ainda está muito verde para alguém que, aparentemente, saiu direitinho de uma máquina de clonar Pepes. No final, um jogo agradável, três pontos no saco e a noção contínua que equipas como o Beira-Mar, enquanto continuarem a defender quando perdem por três…nunca mais saem do ponto onde estão.. Notas abaixo:

 

(+) A tranquilidade na posse de bola Defour, Moutinho e James formaram o meio-campo de hoje e mostraram o porquê de conseguirmos ter uma superioridade tão evidente. A pseudo-dispensa de um trinco como Fernando, mais agressivo e menos posicional que Defour, leva a que a bola flua bem melhor no centro do terreno. Mas é especialmente a ausência de Hulk que faz com que o espírito da equipa seja obrigatoriamente diferente, com um posicionamento mais recuado e acima de tudo com uma posse de bola mais tranquila e mais controlada. O jogo torna-se menos directo e depende mais da rotação dos jogadores e da bola entre os jogadores. E isso é o mais importante de tudo. O FC Porto não está mais forte sem Hulk. Está mais paciente, forçou-se a ser mais pausado e menos irreverente. Gosto.

(+) James Principalmente no meio-campo, James mostrou que pode vir a ser um jogador fora de série, diferente do que tivemos nos últimos anos e um activo a valorizar enquanto cá está. É diferente do “10” Diego e muito diferente do “10” Deco. Um golo (com sorte, é certo) e duas assistências (a segunda, de cabeça para Varela, é excelente) são os números que ficam depois de uma partida em que mostrou que também sabe lutar, também sabe ir ao chão e tirar a bola aos adversários, também percebe o que precisa de fazer para brilhar para os adeptos e acima de tudo perante o Mundo que o observa. Provavelmente será inclinado novamente para a ala, mas se jogar sempre assim solto e bem-disposto…voltamos a ter o puto em grande.

(+) O golo de Jackson Uma obra de arte, a perfeição futebolística em dois toques de um rapaz que precisava de se redimir depois da “Grande Borrada de Zagreb”. Continua a ser uma excelente parede para os colegas terem um ponto de referência na frente, mas pareceu mais afinado na área, mais pronto a jogar de frente para a baliza, como lhe pedimos. Mas o golo…xissa, homem.

 

(-) A excessiva dureza de Mangala Agora percebi o porquê de Abdoulaye ser convocado! Mangala, a suprir a lentidão de Otamendi para as subidas de Alex, até parecia uma boa escolha, mas havia sempre a possibilidade de ser expulso aos 10 ou 15 minutos de jogo. Pode ter sido só um jogo em que o rapaz passou mal a noite a sonhar que gajos de amarelo e preto lhe tentavam violar a namorada, mas o que é certo é que acertou em tudo que viu. E sempre com virilidade em excesso, com mau timing na intercepção e fraca noção de controlo de espaço. Pior: não acerta um passe em condições que não seja para o lado. Tem de melhorar muito a técnica e a capacidade defensiva no 1×1.

(-) Bolas paradas defensivas Já falei muitas vezes nisto e continuo a insistir: é preciso melhorar nas bolas paradas defensivas. Quase sempre que há uma bola a sobrevoar a nossa área, há qualquer tipo de problema que se apodera dos jogadores porque decerto lhes falta uma vitamina qualquer que os ajude a saltar. Vinte e tal pés no chão não serão a melhor maneira de defender cantos…

(-) O buraco no meio-campo Vitor Pereira, na conferência de imprensa, disse o seguinte: “É claro para mim que, jogando com ele a 10 e apenas dois médios, perdemos consistência.”. Toda a razão. Com o triângulo a manter dois vértices atrás e um jogador solto pela frente, nota-se um certo despovoamento no topo do meio-campo defensivo que se faz notar especialmente a defender ataques rápidos. Vi situações de 3×3 vezes demais no jogo de hoje e fosse contra uma equipa mais inteligente e não sei o que teria acontecido.


Para terminar, foco-me outra vez no Beira-Mar. Uma equipa que passa grande parte do jogo todo enfiada no meio-campo, com uma táctica árvore-de-natal limitada a 50 metros, não merece mais que uma descida de divisão e uma demolição do estádio. Treinadores como Ulisses Morais continuam a insistir na mentalidade do “perder por poucos não é mau” e impedem que os clubes que defendem sejam mais, façam mais, vivam mais. Definham, como o espírito dos seus líderes. Tenho pena.

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Baías e Baronis – Dínamo Zagreb 0 vs 2 FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

Estava invulgarmente nervoso antes de começar o jogo. A ausência permanente de Hulk, a temporária de Fernando, o arranque na Champions e o trânsito de terça-feira pareciam fazer crescer o pessimismo cá dentro, e ao ver o FC Porto a entrar em campo de branco (côr do azar em equipamentos desportivos, por muito que fosse bonita – e era! – a nossa nova indumentária. Mas a forma como o FC Porto mandou no jogo na primeira parte, perante um adversário fraco mas combativo, foi suficiente para me ir acalmando. O golo surgiu com naturalidade depois de alguns ameaços, e não fosse aquele recuo absurdo da equipa no terreno durante a segunda parte e teria passado um bom final de tarde. A vitória é inquestionável e vi bons sinais que podem ser trabalhados para uma equipa pós-Hulk que nos pode vir a dar as alegrias que queremos ter. Uma vitória fora na abertura da Champions. Feels good. Notas abaixo:

 

(+) Defour Com a linha de ataque bastante longe dos homens do meio-campo, Varela encostado à linha e James em terra de ninguém, coube aos médios desempenhar o papel principal. E com Defour em campo, o que perdemos em força e capacidade posicional pela ausência de Fernando, acabamos por ganhar em inteligência com a bola e na rotação da mesma pelos melhores caminhos possíveis. Não escondo que gosto do rapaz e adorei vê-lo a criar jogadas ofensivas com inteligência, funcionando como tampão para as subidas de Moutinho (apagado) e de Lucho (cansado) durante noventa minutos de intensa luta e capacidade física. Marcou o golo que descansou os adeptos e não havia outro em campo que mais tivesse feito para merecer.

(+) Alex Sandro Excelente nas subidas pelo flanco, mais na primeira parte que na segunda, entendeu-se muito bem com qualquer um dos colegas que descaiu para o lado esquerdo, usando-os como muleta para arranques rápidos, agressivos e quase sempre consequentes. Tem de ganhar alguma inteligência competitiva para saber quando deve manter a pressão e quando precisa de recuar para a posição natural, mas a versatilidade, técnica e postura ofensiva fazem dele um titular indiscutível no FC Porto 2012/2013. Só precisa de continuar a melhorar.

(+) Helton Fez o que os grandes guarda-redes têm de fazer: defendeu pouco, mas tudo. E ainda teve duas biqueiradas bem apontadas para a frente que James e Kleber quase o tinham creditado como um dos melhores nas assistências para golo da primeira jornada da Champions.

(+) A atitude de Lucho Soube do falecimento do pai de Lucho apenas depois do jogo, mas não posso deixar de prestar as devidas condolências ao nosso capitão. Não pode ser fácil manter a mente limpa num momento tão difícil e é exactamente aqui que se vê o quão profissional um jogador de futebol tem de ser para conseguir alhear-se do simples facto que antes de tudo, é um homem como qualquer outro, que chora, ri e ama. E Lucho, com o golo que marcou, prestou a homenagem dele ao homem que lhe deu a vida. E também lhe deixo o meu obrigado.

 

(-) O último passe Compreendo a atitude de manter a posse de bola enquanto se espera por um espaço entre as linhas do adversário. Os passes não são particularmente estelares entre os jogadores mais recuados, mas lá se vai conseguindo arrastar o jogo devagar, devagarinho para zonas mais avançadas…até que…entra o proverbial leão mouco em campo e toca de mandar um cruzamento para a bancada ou um passe em profundidade mais fundo que o Kursk. Esta estratégia só pode funcionar a longo prazo se o último passe for, em bom inglês, “with pinpoint accuracy“. Caso contrário vamos ter muitas jogadas bem construídas sem um final condizente.

(-) Bolas paradas A ineficácia voltou. Não que alguma vez tenha estado ausente, mas parece axiomático que o FC Porto não consegue defender um canto sem que haja um surto de explosões miocárdias pelos corações portistas espalhados pelo mundo. É certo que não somos a equipa mais alta da Europa, mas o Barcelona também não é e raramente sofre golos de canto ou treme tanto quando a bola sobrevoa a área. E ano após ano continuamos na mesma. Quanto às bolas paradas ofensivas, é um desperdício constante de livres à entrada da área, cantos a favor, cruzamentos com possível perigo…tudo deitado fora. É uma pena.


Um jogo não é o suficiente para perceber se o estilo está a mudar ou se o que vi foi apenas um momento pontual contra um adversário de tipificação pouco adequada ao que vamos apanhar no resto dos jogos da Champions. Mas vi alguma inteligência na gestão da posse de bola, uma noção certa de quando subir e quando recuar, com uma perspectiva resultadista que não me incomoda em nada neste tipo de competições. É para ganhar, antes de jogar bem, e quem pensar o contrário é um lírico. Três pontos de cada vez. É esse o caminho.

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