Baías e Baronis – SC Braga 2 vs 1 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Acontece sempre a mesma merda e não há maneira de conseguir dar a volta a isto. Começo a ver um jogo do FC Porto na Taça de Portugal e no início nem estou muito preocupado, imaginem que até jantei antes do jogo e tudo, tal era a despreocupação com qualquer tipo de desarranjo estomacal que já aconteceu noutras circunstâncias e especialmente noutras competições. E o que se passou hoje não foi diferente, porque pouco tempo depois do jogo arrancar já estava a festejar o golo, a gritar para o Miguel Lopes deixar de ser louco e a insultar o Mossoró. Chateou-me perder este jogo por vários motivos. Pela derrota em si, que de si já é mau num jogo do FC Porto; por ter acontecido da forma que se viu, com algum azar e pouco discernimento; mas principalmente porque podíamos ter feito mais quanto a isso. Não há garantias que a primeira equipa tivesse conseguido vencer como no fim-de-semana passado, mas teríamos tido melhor hipótese de controlar o jogo ao passo que com a equipa alternativa (e jovem) que Vitor Pereira apresentou…não era tão fácil. Enfim, restam-nos três competições mas tínhamos todas as condições para estarmos ainda em quatro. Vamos a notas:

 

(+) Defour Muito forte na marcação no meio-campo, a fazer frente a Custódio no campo da recuperação da bolas mas principalmente a funcionar como principal homem na rotação da bola para a endossar para James na melhor condição possível para que o colombiano conseguisse fazer o que habitualmente faz. Raramente o conseguiu, mas o belga passou o jogo todo a trabalhar para a equipa, escondido das luzes da ribalta mas constante na capacidade de trabalho e organização do meio-campo, bem escudado por Fernando e adjuvado por Castro, mais lutador mas quase sempre menos claridivente.

(+) Castro Começo como acabei o parágrafo anterior. Castro é lutador mas quase sempre menos claridivente que os colegas de equipa, mas é um elemento que pode ser muito útil em vários jogos e hoje foi um deles. Teve algum azar em ser expulso mas o segundo amarelo acaba por ser bem exibido tendo em conta o critério seguido ao longo da segunda parte. Até então, Castro foi um elemento em permanente actividade, talvez acertando vezes demais nas pernas dos adversários do que devia. Lutou, é verdade, mas tem de ter um bocadinho mais de calma quando já tiver um amarelo no lombo…

(+) Otamendi e Mangala À imagem do que tinham feito no jogo do campeonato, tanto um como outro estiveram muito bem, com Otamendi num nível ainda superior quando comparado com o colega do lado esquerdo da defesa. O argentino continua em excelente plano tanto na intercepção como na saída com a bola controlada (com uma ou outra falha), e o francês persiste na rigidez defensiva, no bom controlo de bola e insiste em juntar-se à frente para ajudar o ataque sempre que pode. Infelizmente nenhum dos dois conseguiu evitar os golos do Braga mas não tiveram qualquer culpa em nenhum deles.

 

(-) Kleber e Atsu Estou farto de Kleber. E nem se trata tanto da incapacidade de conseguir enfiar uma bola na baliza, mas pela nulidade de produção para a equipa que o brasileiro insiste em apresentar quando é chamado à titularidade. O golo contra o Nacional foi apenas isso, um golo, mas se olharmos para as correrias que faz durante o jogo, quase sempre sem direcção planeada, a fazer uma pressão sobre o adversário que não era aceitável num meiinho de escola. Mau poder de salto e inteligência táctica para perceber quem deve municiar quando está de costas para a baliza. Acabou, rapaz, perdeste o pouco capital de confiança que ainda tinhas comigo. E Atsu hoje perdeu vários pontos na luta pela titularidade e deu-me razão quando digo que ainda não é “jogador” suficiente para lutar contra Varela pela titularidade. Lento, nervoso, incapaz de resolver um lance com força e determinação e simplesmente passando a bola para trás, sempre para trás. Falhou uma prova importante.

(-) O auto-golo de Danilo É só mais um exemplo da displicência com que Danilo faz o “approach” à grande maioria dos lances durante um jogo. O meio-termo de Moutinho ou Lucho é o ponto perfeito da aplicação da força adequada aliada à concentração na recepção de bola e no passe subsequente com a consideração quanto ao melhor ponto de destino da mesma. E Danilo não parece estar nem atento nem concentrado nem preocupado com nenhuma delas. Já dura há muitos jogos esta forma desleixada com que vejo o titularíssimo defesa-direito (quem viu jogar Miguel Lopes hoje percebe o porquê de ser suplente/reserva) se acerca da bola e hoje foi a cereja em cima de um cupcake aziago.

(-) Falta de experiência Vitor Pereira arriscou na rotação e apesar de ter ficado perto de tudo ter corrido bem, a verdade é que tinha tudo para não acontecer. Havia pouco “calo” nos rapazes que estavam em campo, a organização lá atrás não foi a melhor possível e notaram-se algumas falhas nas compensações defensivas especialmente quando Miguel Lopes se lembrava que tinha deixado o gás ligado no fogão e o mesmo fogão estava, aparentemente, na meio-campo do Braga. Perdemos quando Abdoulaye saía com a bola controlada e a perdia deixando o lento Otamendi a cobrir o contra-ataque do Braga: perdemos na posse de bola com tranquilidade porque esse é um conceito estranho para Miguel Lopes; perdemos com Fabiano nas reposições de bola; perdemos com Atsu a não conseguir segurar a bola na lateral e a pressionar pouco na defesa do flanco; e perdemos, finalmente, porque faltava autoridade no controlo do jogo. Faltavam os titulares, Lucho, Moutinho, Varela, Jackson. É um sinal negativo para Vitor Pereira não assumir que a segunda linha consegue carburar ao mesmo nível que a primeira. Por isso é que se chama…segunda linha.

(-) Mossorós e Micaéis Não desperdiçava urina para apagar o Mossoró se o anormal estivesse em chamas à minha frente. Consegue exactamente o objectivo que parece determinado em atingir quando entra em campo: enervar os adversários, o árbitro, os adeptos, os seguranças, todo o Mundo em seu redor. É um hóbitezinho nojento que merece todo o lixo orgânico que lhe possa ser atirado para cima enquanto estiver a dormir e qualquer tipo de lama radioactiva tem uma concentração de plutónio menor do que ele merecia. Havia de lhe nascer uma mina pessoal em cada testículo. E o Micael vai pelo mesmo caminho, pela impossibilidade de se manter de pé durante mais de dez segundos sem reclamar uma falta e fazer aquela carinha de chorão que me começa a enervar. Ainda bem que já não é nosso jogador.


E mais um ano em que Vitor Pereira não passa aos quartos da Taça. Não sei se quer começar uma espécie de rotina à Jesus para se fazer de coitadinho anos mais tarde mas para ser sincero não me parece. Tivemos algum azar, bastantes excessos de Olegário nos amarelos que se fizeram notar na segunda parte (compreensível mas ainda assim exagerado), algumas decisões incorrectas (o penalty é mais fogo de vista com a mão nos calções que de facto um puxão que arraste o jogador…e palavra de honra se este não é daqueles que não se marcam em tantos e tantos cantos consecutivos, seja em que campo for…mas ainda assim é passível de ser assinalado) mas acima de tudo muita incapacidade na altura de gerir um jogo que se estava a transformar numa peça complicada. Enfim…até para o ano, Jamor!

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Baías e Baronis – SC Braga 0 vs 2 FC Porto

foto retirada de publico.pt

Aparentemente, tivemos sorte. O golo de James apareceu vindo do nada, quando quase todos os portistas já estavam a contar com dois pontinhos perdidos e lamentados, porque tínhamos feito o suficiente para os sacar, mais o do empate. Mas o Braga esteve bem, altivo, pressionante e mostrou que é um clube grande. Mas tivemos sorte, é verdade. O remate de James bateu num dos melhores jogadores em campo e Jackson aproveitou bem a falha do Salino (que poético ter acontecido a um homem que já não devia estar em campo, várias foram as patadas que Xistra, como de costume, ignorou). Foi sorte. Até houve um penalti contra nós que não foi marcado (e devia). Foi muita sorte. E também foi sorte, mas para o Braga, não termos enfiado logo duas pazadas à Dona Brites mesmo nas nalgas dos de Braga logo no início do jogo. E também foi sorte para o Braga terem ficado com onze gajos em campo durante todo o jogo. Mas a sorte, aquela que dá frutos, também se trabalha. E o jogo foi rijo, bem disputado, com (ou contra?) um árbitro que tomou muitas decisões no mínimo não-salomónicas e com um adversário que deu a luta esperada e caiu quando já não merecia. Tivemos sorte. Fizemos por isso. Vamos a notas:

 

(+) Otamendi e Mangala Não gosto de ver Otamendi a jogar do lado direito da defesa, acho-o lento demais para compensar as ausências de Danilo e prefiro vê-lo do outro lado. Mas hoje, para me contrariar, esteve impecável na intercepção e continua a saber pegar na bola e arrastar o jogo para a frente pela relva. Serve como ponto de contacto com o meio-campo (Fernando e/ou Moutinho) e é o homem com cabeça mais tranquila na nossa zona defensiva. Vou repetir: é o homem com cabeça mais tranquila lá atrás. É estranho dizer isto, mas é a verdade. E ao lado dele, a aproveitar o pé esquerdo para jogar nessa mesma zona, Mangala. Mangalhador. Mangaleiro. Mangalão. Excelente na antecipação, no corte rápido pelo chão e pelo ar, está muito melhor no posicionamento e acima de tudo na agressividade, que temi pudesse ultrapassar o seu talento. Nada disso, pelo menos por agora. Maicon vai ter trabalho a meter-se entre estes dois…

(+) Helton Nas alturas certas, nos momentos adequados, qualquer bola que veio na direcção da nossa baliza foi interceptada pelas luvas de Helton, que salvou tudo o que tinha a salvar. Pelo ar, pelo chão, fora da baliza, em cima da linha de baliza, quase dentro da baliza (!), Helton esteve em todo o lado e mais uma vez foi o guarda-redes que o FC Porto precisava num tipo de jogo que é tão importante ter um guarda-redes que possa safar eventuais falhas dos defesas. Helton hoje defendeu tudo. Nada mais há a dizer.

(+) Os golos de James e Jackson Um orgasmo, foi o que foi. Porque é nestas alturas, em que o jogo que está empatado a zero está a entrar nos “golden years” e a luz já se começa a ver ao fundo, quando os suplentes já entram depois de aquecerem tempo demais e só servem para queimar tempo…e nestas mesmas alturas, quando um puto colombiano com primeiro nome inglês se lembra de mandar um tiraço à entrada da área e faz um rapaz exultar num apartamento bem longe de Braga. E o golo de Jackson, curiosamente outro colombiano com primeiro nome inglês, pôs-me a saltar e a ganir para o ar em festejos enormes, exactamente por ter feito o contrário do que tinha vindo a fazer até aí: mudou de direcção e rematou em vez de continuar a correr no mesmo sentido. Excelente.

 

(-) A definição de loucura Einstein disse que a definição de loucura é tentar fazer a mesma coisa vezes consecutivas e esperar resultados diferentes. E tomemos como exemplo as atitudes de Atsu e Jackson durante o jogo, em que tentaram passar por Salino e Douglão respectivamente, usando sempre as mesmas artimanhas que não tiveram grande arte e quase nenhuma manha. Tanto um como outro simbolizaram os principais problemas do FC Porto neste jogo e em vários outros que não conseguiu ter a capacidade física e mental para furar as barreiras adversárias de uma forma individual. E temi que voltássemos a esse paradigma da arrogância ali em alguns momentos durante o jogo porque vi alguma atrapalhação e demasiadas bolas perdidas. Há que continuar a manter os jogadores focados no jogo de equipa e abdicar de jogadas individuais quando não há condições de sucesso provável.

(-) Xistra Já cá faltavas, Carlos. Uma arbitragem absurda, com inúmeras decisões a serem tomadas em sentido contrário perante situações idênticas, que só serve para enervar os jogadores e para confirmar que até pode ser bom rapaz, mas como árbitro é uma nódoa. O penalty até acaba por ser dos lances mais perdoáveis porque é quase impossível de ver sem ser em câmara lenta (mas não tragam a merda das novas tecnologias, Deus me perdoe se eu não estou de acordo com o Rui Santos…), mas veja-se o caso do final da primeira parte, em que depois de Alan ter tentado pregar o pé de Varela à relva, elevando o banco portista em protestos e queimando-se ali pelo menos 40 ou 50 segundos, Xistra decide não só não dar amarelo ao pseudo-Predator, mas permitir que Moutinho coloque a bola no local para marcar o livre…e mandar toda a gente para o balneário. Ismaily mas principalmente Salino e Alan, abusaram de belos momentos de pancada durante o jogo todo e Salino então com várias entradas a pé juntos, acabou por levar amarelo…aos 87 minutos. Xistra consegue reunir consenso entre quase todos os adeptos: é mau para todos.


A primeira (e mais importante) barreira de Braga está ultrapassada e um dos jogos mais difíceis de todo o campeonato foi ganho com todo o mérito, contra onze fulanos de vermelho e um de amarelo. Custou-me ver o jogo todo e recebi várias repreensões da zona do sofá no meu lado direito onde a benfiquista residente assistia ao jogo. Aparentemente o vernáculo que saía da minha boca era um tanto ou quanto exagerado para um Domingo à noite, ainda mais com o Natal tão próximo: “A culpa é daquele filho da puta!”, e percebia o que estava a fazer. Não quis saber. E garanto que não houve vernáculo em nenhuma das bolas que entraram na baliza do Beto, só um grito de “GOLO!” como que a reproduzir o que um amigo me enviava por SMS. Soube bem. Sabe sempre bem.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Dínamo Zagreb

foto retirada de desporto.sapo.pt

Começo pelo Dínamo: não me lembro de ver uma equipa tão fraquinha a jogar na Champions, palavra. Pouco discernimento defensivo, um saco de jogadores no meio-campo e um ou outro ataque muito de vez em quando é o pouco que estes rapazes tiram de um jogo inteiro. E o FC Porto deixou-se ir no balanço da não-necessidade de acelerar acima de uma velocidade de cruzeiro que nos assenta bem e que ninguém poderia esperar que fosse assim tão diferente. Ganhámos bem, sem qualquer dúvida, com bons golos e uma ou outra jogada agradável, mas foi acima de tudo um exercício de treino, com jogadores a passo e sem se chatearem muito com o resultado ou com problemas de eventuais lesões. E não me importei nadinha porque o jogo contra o Braga está aí à porta e as prioridades, hoje à noite, estiveram bem trocadas. Mais uma vez, foi uma vitória fácil contra uma equipa medíocre e que nos assenta bem. Notas abaixo:

 

(+) Moutinho Xissa, miúdo, que belo jogo fizeste tu hoje! Para lá do livre directo (muito bem marcado), foi na luta que Moutinho esteve acima da média dos colegas (acima até do seu nível tradicional), porque recuperou muitas bolas não só pelo posicionamento mas pela luta e pela atitude. Não é à toa que os adeptos adoram vê-lo com a nossa camisola e continuo a afirmar que foi dos melhores negócios que fizemos desde que sou portista, porque é muito raro o jogo em que Moutinho está em campo a mais. As coisas podem não lhe sair sempre bem, pode falhar passes consecutivos, ocasionalmente escolher mal o timing da corrida ou da desmarcação, até pode rematar ao lado ou por cima. Mas quando João Moutinho está em campo, o FC Porto é diferente. E quando João Moutinho joga como fez hoje, inteligente, perspicaz, lutador, criativo (o calcanhar para Varela…upa upa!), o FC Porto é melhor.

(+) Mangala Muito bem na cobertura de espaços e na transição pela lateral, foi prático quando era preciso ser prático e raramente deu um metro que fosse aos avançados que lhe caíam na sua zona de cobertura. É muito alto e usa bem a força e a estatura para lutar contra o oponente directo, vencê-lo no corpo-a-corpo e sair para o ataque para tentar o desiquilíbrio. Nunca será um excelente lateral mas se fosse a Vitor Pereira, pelo menos enquanto Alex Sandro não tiver ritmo (especialmente agora contra o Braga e depois…contra o Braga), mantinha o francês na esquerda.

(+) Jackson Excelente no domínio e posicionamento para recepção da bola, correu que se fartou e lutou com todos os adversários que lhe tentaram, quase sempre sem sorte, tirar-lhe a bola. Não parece muito forte mas tem uma estupenda capacidade de choque, recebendo pancada de criar furúnculos nas costas e ombros e omoplatas e em todo o torso superior e mantendo-se estóico de pé e com a bola controlada. Foi quase sempre mal servido mas quando conseguiu alguns espaços para rematar também não foi eficaz. Merecia um golo.

 

(-) Lucho Marcou o primeiro golo, é verdade, mas durante o resto do período que passou em campo esteve “off”. Muitos passes falhados mas acima de tudo muitas transições perdidas em alturas quando podíamos e devíamos partir para ataques mais rápidos e quando a bola chegava a Lucho, as coisas paravam, travavam, amoleciam, definhavam. Não esteve mal ao ponto de ser criticado, mas também me pareceu um pouco cansado. Teve um jogo fraquinho e notou-se. Foi bem substituído.

(-) Dínamo Zagreb ou o estado do futebol croata Uma simples frase deve chegar para ilustrar o que quero dizer: o Dínamo de Zagreb, ESTE Dínamo de Zagreb, é hepta-campeão da Croácia e lidera a actual edição da Prva HNL (a Primeira Liga deles) com dez (!) pontos de avanço ao fim de 16 jogos. Uau.


Mais um milhão e mais três pontinhos para o saco, num jogo simpático, uma exibição q.b. contra uma equipa fraquinha. Surpreende-me ouvir gente a dizer que os gajos ainda criaram perigo e até podiam ter ganho, quase como se fosse um sacrilégio parar um bocadinho e descansar até o jogo de Domingo, esse sim bem mais importante que este. E afinal de contas o PSG acabou por ganhar à equipa do gordo, por isso é mesmo para decidir o primeiro lugar em Paris. E valerá a pena? Com equipas como o Milan e o Real Madrid em segundo lugar? São piores que Barcelona ou Manchester United? Não sei que vos diga.

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Baías e Baronis – Nacional da Madeira 0 vs 3 FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

Estava à espera de um jogo mais difícil, mais pelos problemas do nosso próprio plantel do que do deles. Muitas ausências e demasiados jogadores a viajar durante a semana faziam da rotação quase um factor obrigatório. E Vitor Pereira arriscou, aparentemente, porque uma equipa com um ataque Atsu/Kleber/Iturbe para um jogo fora contra o Nacional da Madeira é um risco bastante grande, tendo em conta que o jogo era eliminatório e as coisas nem sempre correm bem. Mas correram e acima de tudo fica-me a ideia que deverá ter ficado na cabeça de todos que viram o jogo: esteve sempre controlado. A defesa parecia composta por jogadores maduros e o ataque parecia vivo, dinâmico (ainda que um pouco trapalhão) e acutilante. Vencemos bem e merecemos estar nos oitavos. Notas abaixo:

 

(+) Lucho É uma diferença ver uma equipa de gente pouco experiente a jogar sem bússola que os oriente enquanto navegam por mares acidentados (ma non troppo, porque o Nacional é fraquinho), mas quando o comandante é…El Comandante, as coisas piam mais fininho que um castrati depois de levar um pontapé nos tomates metafóricos. Paradoxal, eu sei, just go with it. Lucho tem nível, classe, elegância. Mas tem, acima de tudo, a experiência e a inteligência competitiva que lhe permite estar em campo e fazer com que todos olhem para ele e tentem perceber o que é que o líder pretende e o que é que terão de fazer para receber a sua aprovação. Lucho é tão importante para o FC Porto 2012/13 como Deco era em 2003/04. Não preciso de dizer mais nada, pois não? Ah, esperem. GOLAZO!

(+) Atsu Rápido, prático, eficiente, as duas assistências que teve foram cada uma delas um sinal ao treinador que o miúdo ganês está ali sempre pronto para jogar. Sempre muito activo em qualquer um dos flancos, mostrou que não está acomodado com o lugar no banco (pelo menos enquanto Varela estiver a jogar em bom nível como tem feito) e que tem sempre algo a dar à equipa, mesmo quando vinha atrás ajudar a defesa, sempre a pensar em mostrar-se disponível para ser um jogador de equipa. É o nosso melhor suplente (de longe) e tem tudo para ser titular a médio-prazo.

(+) A mentalidade dos que têm algo a provar Ao contrário do que aconteceu no jogo contra o Santa Eulália, desta vez os rapazes que não são normalmente primeiras opções estiveram bem, quase todos. Miguel Lopes talvez tenha sido o que jogou menos bem, mas além de Atsu ter feito um excelente jogo, também Kleber esteve muito esforçado, Castro interventivo tanto a “oito” como a “seis”, Iturbe continuamente a procurar rasgar as defesas em diagonais interessantes e Fabiano sempre seguro (bom na baliza e fora dela, menos com os pés, como podem ler abaixo). Mangala e Abdoulaye já não entram para estas contas pela titularidade nos últimos jogos, como é evidente. Talvez a presença de Lucho e Defour no meio tenham ajudado a que tivesse visto os jogadores mais concentrados, mais motivados e acima de tudo mais seguros, mas a verdade é que gostei do que vi.

 

(-) As reposições de bola de Fabiano Foram quase sempre uma borrada os passes de Fabiano para a frente e o que mais me surpreendeu foi o facto dos piores passes terem sido os que foram feitos com calma, tranquilamente, sem pressão dos adversários e apenas com o factor técnico a ser o diferenciador da bola ir ou não ter com um colega. Raramente ia. Fabiano é bom na baliza, grande como a albufeira do Alqueva e pode vir a ser o nosso guarda-redes num futuro próximo. E para o ser de pleno direito tem de melhorar o passe, tanto o curto como o longo.

(-) Os Claudemires e os Marçais São todos uns merdas duns jogadores. Um mínimo toque, uma leve brisa de Verão e os camelos estão logo no chão. E reclamam, com tudo, com todos, por tudo e por nada. E tanto árbitro português, com medo de lhes ser apontada a mínima falha, apitam como doidos quando um destes pseudo-jogadores guincham num qualquer campo e se atiram para o relvado como se tivessem levado um tiro de um sniper. É gente de fraca fibra moral, sempre a tentar enganar, com medo de sequer tentar um lance em que possam ter sorte ou exibir valia. Os exemplos de Claudemir ou Marçal são do tipo de jogador que deviam ser cuspidos do futebol.


Estava à espera de um jogo mais complicado mas estou muito satisfeito com a resposta dos jogadores de rotação, de alternativa aos principais. Seguimos em frente na Taça e até era giro fazer o próximo jogo em casa, mas o que me fica deste jogo, o pouco que me fica deste jogo, é mesmo alguma esperança que temos mais do que apenas 13 ou 14 opções para o onze titular. Há mais qualidade no plantel e só precisam de ter vontade de jogar. Hoje tiveram. Ainda bem.

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Académica

foto retirada do MaisFutebol

A tarde estava fria na Invicta. Nos arredores do Dragão sentiam-se já os aromas das castanhas a crepitar nos fogareiros de alguns balcões ambulantes que trabalhavam para manter o carvão em brasa e aquele maravilhoso fruto a tostar, torrar, arder. E o povo perto do estádio passeava bem-disposto na praça mesmo perto das entradas, famílias com crianças a correr, com cachecóis ao pescoço e camisolas no corpo, visitavam a Loja Azul, sorriam, conversavam, confraternizavam. Um ar natalício pairava pelo ar e o jogo não fugiu muito dessa onda. Foi conseguido, não tenhamos dúvidas, mas a custo. Com dificuldades na ruptura e na criação de espaços, a equipa nunca desistiu de procurar o golo apesar da inacreditável quantidade de passes falhados que resultaram em jogadas inconsequentes. Uma vitória perante uma boa Académica que defendeu rija e atacou pouco, com um golo a cair do céu como uma prenda…lá está, natalícia. Vamos a notas:

 

(+) A calma perante a adversidade O estilo não agrada a toda a gente, como sabemos. A capacidade de controlar um jogo e manter um ritmo estável, com os compassos certos para as alturas adequadas, com acelerações pontuais que não levem a que a equipa se desfaça e se note uma desagregação táctica a níveis de um qualquer Couceiro. E admiro a forma como a equipa se tem conseguido controlar e unir como um grupo que sente que estão presos uns aos outros e ficam felizes por isso mesmo, como durante o jogo de hoje quando nada parecia correr bem na construção de lances ofensivos. Vi Moutinho a coordenar as peças no meio-campo e a falhar recepções e passes laterais; Mangala a insistir na ajuda ao ataque e a não conseguir passar da mediocridade; Danilo a tentar fintar quatro jogadores da Académica de cada vez e a forçar tabelinhas com Lucho que nunca funcionariam; Jackson a controlar a bola e a ter de recuar vinte metros com a bola para descobrir uma linha de passe no meio do centro do terreno controlado pela Académica. E não vi a equipa a partir-se ao meio pela parte fraca porque nenhum dos jogadores, os titulares e os três (muito jovens) suplentes, nenhum deles cedeu ao facilitismo do jogo ofensivo rápido e directo. Manteve-se a trocar a bola e a aplicar os princípios de jogo que o treinador lhes transmite. Gostei, para lá de ter funcionado melhor ou pior.

(+) O centro da defesa Estou a ficar impressionado com a calma de Abdoulaye perante situações de pressão. Parece que o rapaz é feito de algum tipo de aço que não verga, não enferruja, não parte. Ainda tem muito a aprender e só daqui a um bom número de jogos é que vamos poder perceber se ali está um líder a sério que possa ser um futuro patrão da nossa defesa, ou se estamos a criar ondas a mais depois de duas centenas de minutos de jogo. Já o moço argentino ao lado dele está em excelente plano, com discernimento na posse de bola e boa noção de quando deve ou não subir no terreno. E acima de tudo, temos dois centrais que não têm medo de nada nem ninguém. Ainda hoje Otamendi, quando colocado perante a oportunidade de uma bola dividida com um qualquer adversário, não hesitou em raspar as coxas na relva (como o homem gosta de entradas de carrinho, e ainda bem!) e meter os pés ao barulho. Só me dá vontade de gritar para alguns rapazes que tiram o pé com medo das lesões: “Estão a ver? Estão a ver aquele tolo?! É assim que todos deviam jogar, carago!”. Precisamos de jogadores assim, desde que joguem ao nível que têm vindo a fazer nos últimos tempos.

(+) O golo de Moutinho Palavra que pensei que a bola fosse para fora, tal foi a direcção que o remate me parecia que levava quando saiu do pé direito do João. Ele, que até então estava a fazer um jogo fraco, com muitos passes falhados, indecisão na posse e uma terrível dose de azar nas decisões binárias do passa/corre. Mas o remate foi um brilhante pedaço de futebol, um naco de inspiração pessoal que me catapultou da cadeira com os braços no ar a gritar “golo!” e a cantar a cover do La Bamba que Moutinho já sabe que toda a gente vai cantar, quer marque, quer não. Hoje mereceu-a, mas só pelo golo.

 

(-) As consistentes falhas nos passes Até compreendo que falhem alguns passes longos; que o Abdoulaye aponte para o Varela e a bola vá ter ao James ou ao Jackson; que o Moutinho tente furar pelo meio de quatro pares de pernas só para ver a última gâmbea a interceptar a pelota; ou que Danilo arranque uma tabelinha com Lucho que acabe por não funcionar porque o passe sai curto ou longo demais. Compreendo perfeitamente, desde que aconteça de uma forma pontual e não como neste jogo contra a Académica, principalmente na primeira parte. Fraquíssimo índice técnico nos passes, tremenda displicência de alguns rapazes na forma como recebiam a bola (Mangala e Danilo fartaram-se de fazer más recepções e deixaram a bola passar por eles vezes demais) e muitos “picos” na forma como arrastavam a bola para a frente. Treinos específicos, técnicos ou mentais. Ou ambos.

(-) Não matar o jogo às vezes dá cagada O golo da Académica (piu, Helton, porra, grande piu) enervou os adeptos, que temem sempre que atrás do primeiro golo vem sempre um segundo…mas a equipa não pareceu abanar. Gostei de os ver sem tremer, a jogar com calma e tranquilidade na posse de bola, mas tudo era evitável na cabeça e no coração da malta que está sentado a ver o jogo no estádio ou em casa ou no café ou seja lá onde estiver a ver o jogo. E aposto que poucos dos que estavam nas frias bancadas, quando viram o golo da Académica (piu, Helton, raios, porra, gaita, gremlins, piu, PIU!), ficaram descansados e a pensar que não haveria qualquer problema até ao final do jogo e nada mais poderia acontecer de mal à nossa equipa. Mas o principal problema é que antes, durante dez ou quinze minutos, houve várias oportunidades de matar o jogo que foram desaproveitadas uma atrás da outra e que podiam ter transformado o final do jogo num autêntico passatempo para os adeptos a tentar adivinhar quem ia entrar e para o lugar de quem. O normal, em jogos deste nível. Azar? Talvez. Mas depois do que vi este ano em Vila do Conde já não tenho certezas de nada…


jogos mais complicados que outros, mas os adversários também ajudam a que os jogos tenham esses factores de dificuldade. E a Académica hoje fez um jogo bem fechado mas não defenderam apenas em número. Fizeram-no em estrutura, com bom planeamento no posicionamento dos jogadores no meio-campo e apesar de pouco fortes no ataque, foram o adversário mais complicado que apanhámos no Dragão neste Liga. E o próximo jogo do campeonato é em Braga…

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