Há anos que vou ao estádio e sigo com clássica devoção portista as aventuras e desventuras do meu clube. E desde os inícios dos anos noventa, quando comecei também a frequentar o estádio durante algumas noites a meio da semana, sempre houve uma inevitabilidade que caía sobre a moral e a filosofia da equipa nos encontros anteriores: podendo ganhar o jogo e descansar em campo, é esse o caminho a seguir. E mudam as equipas, os jogadores, os treinadores, o estádio, os sócios…mas não muda a maneira de pensar. Enfim, um jogo como tantos outros, com uma equipa a vencer o jogo depressa e a outra…nem sequer a tentar fazer alguma coisa para mudar. Vitória simples, sem contestação. Notas abaixo:
(+) Varela. Belo regresso do Silvestre, que pareceu dos poucos que esteve com vontade de acabar o jogo com mais suor do que quando entrou em campo. Activo pela ala esquerda, mexido nas subidas de Danilo pelo flanco e activo na entrada para a área e nas tentativas de combinação com Quintero que apesar de diversas em número e forma, poucas sucederam. Varela parece bem-disposto a jogar, com moral, força e vontade de ser titular em todos os jogos. Bem-hajas, Silvestre, continua assim.
(+) Danilo. Esteve sóbrio nas subidas pela ala e aproveitou bem a presença de um Varela muito activo e de um Quintero suficientemente interventivo (na primeira parte) para garantir que aparecia em zonas avançadas vezes suficientes para criar perigo. E esteve bem nas poucas ocasiões que foi obrigado a intervir na defesa, o que chega e sobra para que tenha feito um jogo acima da (baixa) média dos colegas.
(+) Lucho. Fez mais em cinco minutos que Quintero no resto do tempo todo…
(+) Finalmente, gajos na área para as segundas bolas. Ambos os golos surgiram a partir de lances em que o ataque do FC Porto insistiu através de cruzamentos para a área e aproveitou na perfeição as bolas rechaçadas pelo guarda-redes. À presença de Jackson soma-se o vaguear central de Licá e Varela para adicionar corpos na área e aumentar a possibilidade de aproveitar um ou outro ressalto. Finalmente.
(-) O sono e as falhas decorrentes do sono. É muito fácil converter facilidade em estupidez. As tradicionais idiossincrasias dos jogadores transformam-se rapidamente em idiotissincrasias, o povo chateia-se, boceja, aborrece-se e espera pelo próximo jogo. E a lista dos criminosos ensonados é vasta e não tem nomes estranhos: Fernando, Alex Sandro, Otamendi, Mangala…todos eles tiveram momentos de falhas tão estúpidas como evitáveis, numa sequência de imbecilidades que só não enervaram os adeptos porque, francamente, o pessoal já começa a perceber estas coisas dos calendários e entende que há viagens e jogos a meio da semana e selecções e cansaços exagerados.
O que interessa é mesmo a vitória mas um jogo destes, com tão pouco sal, tão aborrecido…compreendo que muita gente tenha vontade de não lá aparecer em dias “destes”, onde se sabe que é pouco provável que haja grandes complicações e que os noventa minutos vão ser um enorme botão de snooze prontinho para ser carregado para evitar o próximo adormecimento.