Baías e Baronis – Arouca 1 vs 3 FC Porto

É uma vitória de que ninguém se vai lembrar daqui a um ou dois anos, mais uma destas vitórias que não trazem grande alegria a não ser a conquista de três pontos. O Arouca fez o que o FC Porto o deixou fazer (e que foi muito mais do que devia) e vimos mais um episódio da actual subalternização do FC Porto, a baixar o ritmo de tal maneira que se torna difícil terminar o jogo sem um bocejo. Custou-me ainda mais ver o jogo porque estive de cinco em cinco minutos a saltar do sofá sempre que via uma falta marcada contra nós imediatamente depois de ver uma ou outra imagem idêntica a passar em claro do lado contrário. E continuo a achar que o Bruno Amaro é útil para este tipo de equipas, mas merecia que um segurança de um qualquer bar lhe partisse os dentes ao murro. Vamos a notas:

(+) Jackson. Dois golos à ponta-de-lança, que é o que se exige do moço. Mas para lá dos golos (parabéns a Alex Sandro pela jogada no primeiro…alguma sorte, mas tentou e ainda bem que o fez) foi no recuo e no domínio de bola mais perto das linhas do meio-campo, a criar linhas para os colegas e a tentar movimentar a equipa e a abrir os espaços que eram necessários. Mais mexido, mais desperto…mais Jackson 2012/2013, com os mesmos golos. É o que precisamos.

(+) Herrera. Foi o primeiro jogo que vi do rapaz como titular (e a tempo inteiro) e gostei do que vi. Apesar de ocupar a mesma posição táctica, pareceu-me diferente de Defour, apesar de por vezes dar a ideia que não sabe muito bem o que fazer com a bola. Mas sabe retê-la quando é preciso e mostrou sentido prático com vários passes simples e especialmente pelo passe que colocou Otamendi pronto para assistir Jackson para o segundo. Fiquei curioso com a forma como subia pelo lado esquerdo com a bola controlada mas quase sempre com noção de espaço e da movimentação dos colegas. Quero vê-lo a jogar mais vezes.

(+) O golo de Quintero. Clap! Clap! Clap!

(-) A lei do menor esforço Percebo, como já disse há uns tempos, que a equipa ainda não está bem. Há atrapalhação na defesa, desorganização no meio-campo e indefinição no ataque. O que menos me faltava neste momento era que se apoderasse dos jogadores a inércia que pautou grande parte da era Vitor Pereira e que levou a que tantos adeptos se fartassem das exibições cinzentas, das fraquezas competitivas e da incapacidade de produzir melhores espectáculos tanto para os seus como para públicos alheios. E hoje, apesar do adversário ser dos mais fracos que a equipa vai encontrar este ano (colocado ao lado do Arouca, o Áustria Viena é a Holanda de Michels), a verdade é que a equipa voltou a ter uma inércia tremenda, alguma indefinição na construção de lances ofensivos e acima de tudo alguma incapacidade de manter a bola em sua posse. Jogou-se malzinho e a maior parte do tempo entregou-se o jogo ao Arouca. Ao Arouca. AO AROUCA! Não preciso de dizer mais nada, pois não?

(-) A agressividade do Arouca. Fartei-me de ver tudo que andava de amarelo a usar os braços e a empurrar, acotovelar, puxar, pontapear, rasteirar tudo que lhes apareceu à frente. Bruno Amaro e amigos conseguiram desancar em Josué, Herrera, Danilo, Lucho, Jackson…e até Mangala, só para perceberem a forma como podiam fazer o que queriam sem medo de consequências. Bruno Amaro é o actor principal deste filme de pancada, porque desde que o via no Setúbal que passa noventa após noventa minutos com aquela postura nojenta de bater e alhear-se da bola e do lance, ao mesmo tempo que quando recebe um toque mínimo se arremessa para o chão como se tivesse levado um tiro. Era baterem-lhe a sério, palavra.


Paramos outra vez com o campeonato e o próximo jogo do FC Porto é no Dragão contra o Zenit, numa competição que já percebemos ser bem mais complicada do que esta pobre Liga, que tem tantos Aroucas que lentamente me vai aumentando a arrogância e a exigência em relação a uma equipa que pode fazer muito mais do que tem vindo a fazer. Daqui a semana e meia vamos ver se continuamos a este nível…ou se vamos conseguir ganhar aos russos.

EDIT: aparentemente ainda jogaremos no Dragão contra o Trofense antes de apanharmos os russos…mas o destino será o mesmo…ganhar para voltar a ganhar…

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 2 Atlético Madrid

Já não me lembrava de uma derrota caseira para a Champions, especialmente na fase de grupos. Tive mesmo de ir ao zerozero para confirmar que desde o Chelsea em 2009 não tinha havido uma única equipa a mandar-me para este fosso de infortúnio e tristeza em que me vi enfiado esta noite. E foi com todo o mérito que o Atlético aproveitou duas oportunidades das várias que criou para nos empurrar para trás com alguma inteligência, talento e espírito de sacrifício mas acima de tudo a argúcia de perceber que este FC Porto é tacticamente demasiado macio e desorganizado para poder causar perigo a não ser por lances fortuitos ou remates de longe. É um FC Porto pequeno, sem ideias na construção de jogo e com uma incapacidade assustadora de criar lances de perigo e de manter a bola controlada mais de alguns segundos perante pressão adversária. Perdemos e perdemos bem, com ingenuidades que se pagam muito caro a este nível. Análise abaixo:

(+) Fernando. Foi o melhor jogador do FC Porto porque me pareceu dos únicos que se mostrou interventivo naquilo que melhor sabe, na intercepção de lances ofensivos do adversário e na tentativa de impedir que os médios trocassem a bola no meio-campo. As trocas com Defour nem sempre funcionaram bem (hoje mais por culpa do belga que insistia em vaguear de uma forma mais horizontal do que era necessário e para a zona onde estava o brasileiro) mas ajudou a cortar vários lances de ataque que poderiam ter sido perigosos. Tentou subir com a bola controlada e ajudar o ataque, da forma tradicionalmente trapalhona do costume, mas foi a defender que melhor esteve. E numa derrota é dizer muito.

(+) Os primeiros trinta minutos. Parecia um novo FC Porto, com vontade de empurrar o adversário para trás, intenso na recuperação de bola no meio-campo contrário, sobrando Mangala e Otamendi para receber no centro e rodar rapidamente para os lados. Defour mexia-se bem, Danilo e Alex Sandro jogavam abertos nos últimos trinta metros, Josué entendia-se com Jackson e Lucho aparecia como primeiro tampão. O golo surgiu em boa altura e não tivéssemos começado a recuar e a entregar a bola ao adversário e poderíamos ter tentado marcar pelo menos mais um. Não conseguimos. Foi pena.

(-) Alex Sandro. Talvez o pior jogo que me lembro de o ver fazer pelo FC Porto. Parece estranhamente amorfo nas saídas para o ataque, com paupérrimo domínio de bola, incapacidade doentia de furar pelo meio de três ou quatro adversários e uma inacreditável ausência de critério no passe de meia distância. Horrível.

(-) Varela. Horrível foi também o jogo de Varela, que incrivelmente ficou até ao final do jogo em campo quando a sua produção foi tão baixa que fez lembrar Mariano González de pernas partidas. Controlo de bola nulo, fez lembrar o Varela de meio da época, tal era a inépcia para conseguir reter a bola na sua posse para a partir daí fazer alguma coisa de jeito. Entendeu-se mal com Danilo, tapou mal o flanco e estragou várias transições ofensivas da equipa, perdendo a bola em zonas perigosas. Se Varela é um dos poucos extremos com que contamos, temos de pensar em mudar radicalmente a estratégia da equipa.

(-) O ataque à andebol e a desconstrução táctica da equipa. Durante grande parte da segunda parte, vi o FC Porto a atacar como se fosse um guarda-chuva aberto com o cabo apontado a Courtois e os jogadores colocados nas pontinhas de metal que estão ao fundo das varas. A bola era passada de lado para lado, lenta, com pouca progressão, rodando devagarinho de jogador para jogador sem que houvesse alguma hipótese de furar uma equipa que defendia em três linhas. Havia poucas ideias mas acima de tudo uma desorganização dolorosa de ver, com médios a sobreporem-se uns aos outros, extremos que não o são a tentarem fazer o que não conseguem através de zonas que não dominam. Os passes simples que falhamos em todos os jogos são ainda mais notados quando há pouco espaço e quando a equipa parece desmoronar com o mínimo de pressão contrária, o que resultou num jogo em que Helton esteve muitos mais minutos com a bola nos pés do que qualquer dos avançados da sua própria equipa. Juntemos um Lucho sem capacidade física, uma notável incapacidade de retenção de bola por Jackson e Varela (e Licá, depois de entrar), dois laterais com medo de subir e um Josué que depende em excesso de tabelinhas e que parece que tem medo de dominar a bola, protegê-la e não pontapear o adversário sem critério depois de a perder…e temos o caldo todo no chão. A equipa está em desconstrução, com uma mudança de filosofia depois de três anos a jogar fundamentalmente da mesma forma, com níveis diferentes de velocidade entre Villas-Boas e Vitor Pereira. Paulo Fonseca pode estar a tentar mudar a equipa, mas não o conseguirá a curto-prazo e o FC Porto não consegue aguentar este tipo de mutações tão radicais, sem extremos na linha e com dois médios defensivos que ainda não perceberam onde e como jogar. E a sua reactividade tardia não ajuda a compensar a falta de proactividade durante o resto do jogo. Mas isso fica para mais tarde, noutro post mais a frio.


Uma derrota é sempre um motivo para parar e pensar. Uma derrota que surge no seguimento de várias más exibições…deixa-me desanimado. Só posso esperar que as coisas melhorem em Arouca. Hope springs eternal, indeed.

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Vitória Guimarães

Depois de sair do estádio, enquanto esperava que uma enorme carga de água cessasse de cair do céu da Invicta (bem-vinda, chuva tão nossa e tão ubíqua cá no burgo), ia ouvindo as conversas e havia três pontos de concordância geral entre o povo que discutia o jogo que tinha acabado de presenciar, que apresento aqui como citações mais ou menos precisas e com vernáculo corrigido: “Eu não vi penalty nenhum!”, “E aquele cabrão do avançado? Que trave!” e “Se jogarmos assim na terça-feira, estamos tramados…”. Concordo com todos e adiciono que a equipa parece perder clarividência, criatividade e organização à medida que os jogos vão avançando. Vencemos, é certo, mas foi caído do céu, como a chuva. Notas abaixo:

(+) Mangala e a luta com Maazou. Foi de longe o duelo mais interessante do jogo e só esse simples facto dá para perceber o quão aborrecido e pouco intenso foi o resto do jogo. Ainda assim, a forma como os dois “vinte-e-dois” se bateram, pelo ar ou pelo chão, foi o motivo de maior empolgamento dos adeptos, que viam ali uma fugaz escapatória ao deserto de ideias e às contínuas falhas técnicas e tácticas que a equipa exibiu. Mangala saiu quase sempre vitorioso, mas o canastrão que este ano chegou a Guimarães foi um dos adversários que lhe deu mais trabalho este ano (mais até que a luta contra Cardozo no jogo de Setúbal) e o francês superou o nigerino em quase todas as oportunidades.

(+) O espectáculo inicial das claques. Ninguém pode ficar indiferente ao ENORME pano que cobriu toda a Superior Norte e mais um pedaço da lateral, com nomes eternos da nossa história como faces num Mount Rushmore versão FC Porto. Nicolau de Almeida, Monteiro da Costa, Pedroto e Pinto da Costa foram elevados a heróis pelos adeptos, no tamanho que mereciam. Mais, só uma estátua. Parabéns, caríssimos co-adeptos.

(+) Josué. Marcou o penalty com calma. Ainda teve mais um remate perigoso…e não tivesse falhado setecentos passes durante o jogo e teria tido maior destaque. Como assim não foi…fico pelo elogio ao jogador que nos deu a vitória.

(-) Apatia, descoordenação táctica e falhas individuais em demasia. Parece ser contra a intuição natural de alguém que gosta de futebol, mas a verdade é que à medida que o tempo vai avançando e as ideias de Paulo Fonseca vão sendo naturalmente entendidas e adaptadas pelos jogadores, a equipa vai jogando pior. Falham-se muitos passes, democraticamente oscilando entre os curtos e longos, mas com uma percentagem de acerto abaixo do que seria uma exigência mínima. Há conceitos de base que insistem em ser atirados para canto pela maioria dos jogadores (Licá, protege o raio da bola em drible…Alex, olha para o lado a ver se vem alguém…Varela, tenta não tropeçar nos próprios pés quando recebes a bola…só para citar alguns) mas o que mais incomoda continua a ser a apatia. Há um alheamento da bola, uma tentativa de perceber em campo a melhor forma de agir enquanto o jogo decorre, sem que se consigam ver resultados práticos. Sim, Quintero tem uns pés que parece um Hagi moreno e com gel na trunfa, mas continua a ser jogador com mentalidade de vedeta em equipa pequena. Um bom elemento para um Fulham, um Hannover ou um…Pescara, onde tem mais alguns gajos que corram o que ele opta por não correr. Lucho está menos mal e vai tentando coordenar os movimentos dos colegas, mas nem ele parece entender o que é necessário para dinamizar a equipa. Fernando joga perto demais do centro da defesa, os laterais tardam a subir e fazem-no com pouco apoio, os extremos estão ineficazes, inexistentes e indolentes e Jackson parece amorfo, sem a capacidade de controlar a bola de costas e de rodar para uma ala onde, compreenda-se, raramente tem uma linha de passe. Juntemos a isto as trocas entre o médio mais avançado e um dos falsos extremos sem que haja progressão com bola, conquista de terreno ou qualquer perigo para a defesa contrária. O overlap dos primeiros jogos desapareceu, as linhas de passe não surgem porque não há magia no Mundo que as crie sem que os rapazes trabalhem para isso. Há gente a mais nalgumas zonas (meio-campo defensivo em ponto de construção) e a menos noutras (entrada e laterais da área). Há confusão, desorganização, desatenção, há tanta coisa mal que vou desesperando sempre que saímos em posse para o ataque. Há pouco tempo para construir uma equipa do início, mas temos de tentar corrigir alguns dos problemas para evitar males maiores.


Num jogo em que se celebrou o 120º aniversário do clube, os adeptos mereciam mais. E ninguém se chatearia muito se a segunda parte tivesse sido igual à primeira, com um ou outro golo a dourar o espectáculo e a dar a vitória à equipa. Para nos rirmos todos um bocadinhos e partilharmos com sonoras gargalhadas os pedaços de passado que vivemos em conjunto. It was not to be. Talvez no futuro possamos olhar para trás e rir destes momentos. Mas o presente, esse não dá para grandes sorrisos.

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Baías e Baronis – Estoril 2 vs 2 FC Porto

foto retirada do maisfutebol

Fomos roubados hoje na Amoreira. Os adeptos portistas que lá se deslocaram, juntos com os que viram pela televisão, os que não puderam ver o jogo em directo e os que nem sequer viram o jogo de propósito (sim, meus caros, há muitos portistas assim), todos eles foram despudoradamente assaltados hoje à noite. Roubaram-nos a alma. Tiraram-nos a estrutura que tínhamos, a inteligência competitiva, a capacidade de resistir a uma pressão que empurra com a força de um infeliz sem-abrigo que dorme ao relento em noites de inverno. Pilharam a calma de uma defesa férrea que oxidou e não parece resistir a semi-equipas e avançados lutadores mas pouco mais. Pior, roubaram-nos um meio-campo que betumava buracos e abafava contrariedades com espírito de luta. Ah, e houve um penalty marcado fora da área e um putativo golo em fora-de-jogo. Nem liguei. Foi mais triste ver o FC Porto incapaz de lutar e de o fazer com convicção. Perdemos os primeiros pontos por culpa própria e ainda custa mais quando assim é. Notas, tristes, abaixo:

(+) Lucho. O capitão continua em alta e mostra em campo que a inteligência habitualmente vence a voracidade competitiva. El Comandante não tem pernas para muito, mas controla a bola com a genialidade de poucos e se tivesse malta com vontade de o acompanhar com estoicidade táctica e desejo de vitória permanente, não estávamos agora a lamentar a perda de dois pontos. Lucho em 2013/2014 joga mais à frente com uma perspectiva ofensiva dedicada quase em exclusivo ao jogo de frente para a baliza, ao contrário do que se tinha visto no passado recente, com a perspectiva de criar os espaços na frente que possibilitem aos avançados receber a bola em condições. Houvesse mais como ele…

(+) Licá. Lutador e esforçado como poucos, foi dos poucos que conseguiu ter a clarividência de avançar com a equipa para a frente e recuar quando era necessário. Marcou o primeiro golo porque acreditou que a bola passava…e passou. Tem mostrado melhores pormenores técnicos de base (domínio, passe…) mas é no espírito de luta que ganha, por exemplo, a Varela, Marat ou Kelvin, e continuaria a apostar nele para titular.

(+) Fernando. Falhou muitos passes mas foi esforçado e ao contrário de alguns colegas mostrou que não está bem quando perde sequer uma bola, que fará várias. Não se sente bem no esquema táctico, é evidente pela postura em campo, mas tenta compensar no que pode. E é deste tipo de gajos que precisamos, dos que ficam fodidos quando as coisas não correm bem. Acredita, miúdo, adapta-te e vais ver que rendes muito mais.

(-) Otamendi. Há-de haver qualquer merda que estejam a meter-lhe no mate que lhe anda a comer a cabecinha. Nos últimos jogos tem sido uma sucessão de parvoíces e apesar de não ter tido culpa no pseudo-penalty, fez o suficiente nos outros lances para ser colocado a apanha-bolas no próximo treino. Sim, é argentino e empiricamente espera-se sempre alguma instabilidade emocional e competitiva nestes moços, mas tem sido uma peça a menos. Mangala também não esteve bem, mas ainda assim conseguiu ser melhor que o colega, que podia/devia ter sido expulso ainda na primeira parte e que falhou com a consistência de um bloco de betão armado na maioria dos lances onde esteve envolvido. Esperam-se melhores dias.

(-) Organização táctica e fibra moral Somos uma equipa pequena, neste momento. Somos reactivos em vez de activos e parecemos ter regredido a uma fase no primeiro ano de Vitor Pereira (para ser mauzinho, até podia dizer que tínhamos voltado ao tempo de Octávio em termos de construção de jogo) onde os centrais chegavam ao meio-campo e olhando para a frente procediam a enviar a bola para a frente sem grande critério, esperando que algum arcanjo descesse do céu e colocasse a bola na baliza. Há uma lei de menor esforço vigente no FC Porto em Setembro de 2013, onde o meio-campo recuado não se entende, os extremos não o são ou não agem como tal, os laterais parecem distraídos e sobem pouco (ao contrário do que fizeram na Supertaça, por exemplo), o avançado parece alheado do jogo e não recua para os locais de recepção…e nem começo a tentar perceber o que transformou dois belos centrais em defensores tão permeáveis nestes últimos jogos. Acima de tudo falta ânimo, garra, vontade. Foda-se, falta muito ânimo, muita garra, muita vontade. Eu e todos os portistas queremos ver os azuisibrancos (ou só brancos como hoje) a chegar primeiro às bolas, mesmo que a equipa adversária seja mais rija, mais viril, mais bruta. Quero-os ver a arrancar relva com os dentes de fúria, a pontapear postes depois de falharem um remate, a empurrar o apanha-bolas de um qualquer adversário para acelerar o jogo. Não tenho visto nada disso nos últimos três jogos. Três. O primeiro, perdoa-se. Ao segundo, questiona-se. Ao terceiro já parece de propósito.


Abanei, mais uma vez, mas não caio. Não caio, caralho, não me deixo cair perante adversidades. E a inconsistência táctica e exibicional tem de ser corrigida com trabalho, com cada vez mais trabalho e com a construção de uma equipa que sirva para enfrentar dezenas de equipas como o Estoril e vencer sem problemas. E nos jogos grandes é nosso dever fazer o mesmo, ou morrer a tentar. Não caio. Não vamos cair.

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Baías e Baronis – Áustria Viena 0 vs 1 FC Porto

foto retirada de MaisFutebol.pt

Vencemos o jogo e essa é a parte mais importante e a que fica para a história e que vai constar de inúmeros compêndios de estatísticas, em papel ou online. Mas quem assistiu à partida viu uma equipa europeia, com jogadores de técnica abaixo da média e uma estratégia e mentalidade competitiva mesquinha e de fraca estirpe…a defrontar o quinto classificado da liga austríaca. Foi mau, destruiu a minha moral e abafou por completo qualquer ilusão que pudesse ter que esta iria ser uma época descansada e que alguns dos maus vícios que foram adquiridos nalguns jogos do ano passado poderiam já ter desaparecido. Não. Ainda lá estão. Só gostei dos três pontos porque a exibição foi deprimente. Notas:

(+) Lucho. Exactamente há um ano atrás (confirmei agora via zerozero), Lucho mostrava o tipo de profissional que era (e é) ao jogar em Zagreb na primeira jornada da Champions pouco tempo depois de saber a notícia da morte do pai. Há um ano atrás, usando a terceira camisola exactamente como fez hoje em Viena, marcando um golo e orientando a equipa à vitória dentro de campo, Lucho serviu como a extensão natural do treinador no relvado e mostrou que a equipa estava unida e pronta para jogar com ele ao comando. E hoje foi mais um episódio da campanha “Lucho a Presidente”, onde o argentino pareceu o único que estava em campo com a cabeça bem assente nos ombros, com capacidade técnica afinada, coordenação táctica e agressividade a igualar o adversário. Marcou um, podia ter assistido mais um ou dois, mas nenhum dos seus colegas o acompanhou.

(+) O sentido prático de Mangala / O floreado de Marat. Porque cada um se quer no seu sítio. O francês viu a bola saltar em frente a ele e notando que o adversário vinha perto, pumba para a bancada; o russo deixava que os adversários caíssem sobre ele, tirava um da frente com uma finta curta de pés e jogava para um colega logo para a receber a seguir, perdendo o tempo necessário para desorientar o oponente. Ambos estiveram bem em várias ocasiões.

(-) Não sei o que chamar à primeira meia-hora do FC Porto. Não sei se foi do equipamento tão branco que parecia criminoso sujá-lo. Talvez tenham pensado que ia ser fácil e viram-se à rasca para conseguir mudar a mentalidade. Estava frio ou húmido ou sei lá o que raio aconteceu. Mas não percebo. E o que vi foi do pior que me lembro de ver há algum tempo, a fazer-me recuar ao inverno de São Petersburgo onde Vitor Pereira se deixou cair com estrondo depois da idiota manápula de Fucile o fazer ir prá rua mais cedo, ou o cincazero que sabemos dar mas também soubemos apanhar em Londres de onde Jesualdo saiu vergado e curiosamente Fucile fez mais um dos piores jogos da sua carreira. Mas não demonizo mais o meu homónimo, ele que hoje nem tem culpa nenhuma. Hoje, ao contrário desses jogos, a vitória ficou do nosso lado mas à custa de Lucho que finalizou aquela que terá sido talvez a única jogada interessante do encontro. O resto foi uma sucessão de idiotices, passes falhados, domínios de bola a rivalizar com o de um qualquer poste de electricidade, escorregadelas, remates falhados e faltas desnecessárias. Poucos ficaram longe da poça de lama que pareceu encher o cérebro da equipa, tal era a dependência nas tabelinhas mal feitas, a espera por jogadores que não apareciam no ataque, só para perder a bola e ficar à espera dos jogadores que deviam tapar a defesa. O centro do terreno esteve mal, tanto Fernando como Josué, com demasiados passes falhados e descoordenação táctica. Na defesa Mangala lá se safava mas Nico estava louco, Danilo adormecido e Alex Sandro a brincar demais. No ataque Varela era lento, Licá e Jackson inconsequentes e tecnicamente inúteis. E a falta de agressividade foi o mais inexplicável de tudo, com os austríacos a chegarem consistentemente à bola antes dos nossos. Foi mau demais e não consigo reduzir a exibição ao facto de ser a estreia na Champions. Gostava de o fazer mas não consigo. Hoje o FC Porto desiludiu-me, apesar da vitória.

(-) Otamendi. Vai ser um ano longo, ah vai, se continuas a fazer a quantidade de imbecilidades que hoje parecias incapaz de evitar. Cortes deficientes, atrasos medrosos, passes absurdos para o centro…houve um que chegou a uma zona onde estavam três gajos do Áustria e…nenhum do FC Porto num raio praí de vinte metros. Fiquei a pensar que o Nico precisa de óculos. E de Xanax. E de um par de estalos. Do Mangala. De mão fechada.

(-) Josué. Não pensei alguma ver dizer isto sobre Josué, mas o que vi hoje foi um rapaz displicente. Lento, constantemente a deixar-se antecipar pelos adversários pelo simples facto de cravar os pés no chão e esperar que a bola viesse ao seu encontro. Não gostei de o ver no lugar de Defour porque simplesmente não fez o que o belga tem vindo a mostrar: movimentação constante, toca-e-passa com a bola nos pés e acima de tudo passes adequados e simples. Josué não fez nada do que atrás referi.


Estava renitente. Agora, depois do jogo, estou pessimista. Pode ter sido só o primeiro, que serviu para desflorar alguns rapazes e todos sabemos que o primeiro pode ser complicado. Mas não explica tudo e acima de tudo exacerba alguma inexperiência que nos pode vir a tramar no futuro. Os próximos jogos o dirão.

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