É uma vitória de que ninguém se vai lembrar daqui a um ou dois anos, mais uma destas vitórias que não trazem grande alegria a não ser a conquista de três pontos. O Arouca fez o que o FC Porto o deixou fazer (e que foi muito mais do que devia) e vimos mais um episódio da actual subalternização do FC Porto, a baixar o ritmo de tal maneira que se torna difícil terminar o jogo sem um bocejo. Custou-me ainda mais ver o jogo porque estive de cinco em cinco minutos a saltar do sofá sempre que via uma falta marcada contra nós imediatamente depois de ver uma ou outra imagem idêntica a passar em claro do lado contrário. E continuo a achar que o Bruno Amaro é útil para este tipo de equipas, mas merecia que um segurança de um qualquer bar lhe partisse os dentes ao murro. Vamos a notas:
(+) Jackson. Dois golos à ponta-de-lança, que é o que se exige do moço. Mas para lá dos golos (parabéns a Alex Sandro pela jogada no primeiro…alguma sorte, mas tentou e ainda bem que o fez) foi no recuo e no domínio de bola mais perto das linhas do meio-campo, a criar linhas para os colegas e a tentar movimentar a equipa e a abrir os espaços que eram necessários. Mais mexido, mais desperto…mais Jackson 2012/2013, com os mesmos golos. É o que precisamos.
(+) Herrera. Foi o primeiro jogo que vi do rapaz como titular (e a tempo inteiro) e gostei do que vi. Apesar de ocupar a mesma posição táctica, pareceu-me diferente de Defour, apesar de por vezes dar a ideia que não sabe muito bem o que fazer com a bola. Mas sabe retê-la quando é preciso e mostrou sentido prático com vários passes simples e especialmente pelo passe que colocou Otamendi pronto para assistir Jackson para o segundo. Fiquei curioso com a forma como subia pelo lado esquerdo com a bola controlada mas quase sempre com noção de espaço e da movimentação dos colegas. Quero vê-lo a jogar mais vezes.
(+) O golo de Quintero. Clap! Clap! Clap!
(-) A lei do menor esforço Percebo, como já disse há uns tempos, que a equipa ainda não está bem. Há atrapalhação na defesa, desorganização no meio-campo e indefinição no ataque. O que menos me faltava neste momento era que se apoderasse dos jogadores a inércia que pautou grande parte da era Vitor Pereira e que levou a que tantos adeptos se fartassem das exibições cinzentas, das fraquezas competitivas e da incapacidade de produzir melhores espectáculos tanto para os seus como para públicos alheios. E hoje, apesar do adversário ser dos mais fracos que a equipa vai encontrar este ano (colocado ao lado do Arouca, o Áustria Viena é a Holanda de Michels), a verdade é que a equipa voltou a ter uma inércia tremenda, alguma indefinição na construção de lances ofensivos e acima de tudo alguma incapacidade de manter a bola em sua posse. Jogou-se malzinho e a maior parte do tempo entregou-se o jogo ao Arouca. Ao Arouca. AO AROUCA! Não preciso de dizer mais nada, pois não?
(-) A agressividade do Arouca. Fartei-me de ver tudo que andava de amarelo a usar os braços e a empurrar, acotovelar, puxar, pontapear, rasteirar tudo que lhes apareceu à frente. Bruno Amaro e amigos conseguiram desancar em Josué, Herrera, Danilo, Lucho, Jackson…e até Mangala, só para perceberem a forma como podiam fazer o que queriam sem medo de consequências. Bruno Amaro é o actor principal deste filme de pancada, porque desde que o via no Setúbal que passa noventa após noventa minutos com aquela postura nojenta de bater e alhear-se da bola e do lance, ao mesmo tempo que quando recebe um toque mínimo se arremessa para o chão como se tivesse levado um tiro. Era baterem-lhe a sério, palavra.
Paramos outra vez com o campeonato e o próximo jogo do FC Porto é no Dragão contra o Zenit, numa competição que já percebemos ser bem mais complicada do que esta pobre Liga, que tem tantos Aroucas que lentamente me vai aumentando a arrogância e a exigência em relação a uma equipa que pode fazer muito mais do que tem vindo a fazer. Daqui a semana e meia vamos ver se continuamos a este nível…ou se vamos conseguir ganhar aos russos.
EDIT: aparentemente ainda jogaremos no Dragão contra o Trofense antes de apanharmos os russos…mas o destino será o mesmo…ganhar para voltar a ganhar…