Baías e Baronis – FC Porto 6 vs 0 Atlético

Não foi mau e francamente jogámos melhor do que esperava, apesar dos primeiros quinze minutos terem sido um bom teste para qualquer pessoa a ver o jogo em casa, sentadinho no sofá com o aquecimento ligado. Fizemos um jogo sério, sem grandes brincadeiras (excluindo o primeiro Baroni e o terceiro Baía, por motivos diferentes) e acabamos por sair com seis golinhos no reportório, o que nunca sabe mal. Um treino decente para o próximo Domingo e a noção perfeita para muita malta que há vários rapazes em baixo de forma e outros que estão a pedir para serem dispensados destes fretes. Enfim. Siga para notas:

(+) Varela. Mais um jogo para me fazer dobrar a espinha e dizer: parabéns, Silvestre, que bela partida tu fizeste! E não fosse o facto de estares a enfrentar o equivalente futebolístico de dez Bolattis e um Kralj, e estaria aqui a tentar arranjar o telefone de meia-dúzia de clubes árabes para lhes dizer que há aqui um internacional luso que destroca futebol como o LeBron dribla uma bola de basket! Muito bem nos dois golos e na inteligência com que controlou a grande maioria dos lances de que fez parte, mas acima de tudo pela forma como pegou na bola sem medo do lateral que apanhou pela frente e tentou várias vezes furar, penetrar, rupturar (sounds dirty, don’t it?) a defesa contrária. Gostei, quero ver o mesmo contra o Maxi e o André Almeida ou lá quem raio vai jogar nos flancos do Benfas no próximo Domingo.

(+) Defour. Excelente jogo do belga, na posição que gosta. E foi dos únicos que fazia aquelas estranhíssimas colocações de pés que a maioria dos colegas parece achar alienígena: recebe a bola, controla-a e envia para outro colega. Uau, que estupor de génio! É assim que Steven joga, simples, prático, sem inventar muito a não ser quando sobe no terreno com a bola (habitualmente bem) controlada, mas mesmo aí procura sempre encontrar o melhor espaço por onde passar o corpo e a melhor opção para onde passar a bola. Apesar de compreender os motivos, tenho pena que queira sair, até porque um médio com esta qualidade e experiência não se encontra facilmente. Mesmo depois daquela parvoíce em Málaga no ano passado.

(+) Kelvin, quando é prático. Há quem goste do estilo. Há quem o odeie. Mas ninguém fica indiferente ao rapaz desde 11 de Maio de 2013, por isso quando pega na bola no relvado do Dragão, centenas pensam que vamos ser campeões outra vez. Nem sempre, mas a verdade é que o rapaz tem talento e quando o aplica na dose certa, é um abre-latas porreiro. Não o vejo como titular no FC Porto, especialmente se Quaresma atinar no flanco e Varela mantiver o nível, mas é muito útil para ter no banco. Só tem de parar de se atirar para o chão.

(-) Danilo e Alex Sandro. Continuo a achar que há jogadores feitos para jogarem em qualquer altura e contra qualquer equipa, ao passo que outros servem para jogos menores e ainda outros que só servem para jogos que acham ser “de jeito”. Danilo e Alex Sandro estão neste último grupo, porque a forma indolente com que encaram jogos “menores” devia ser castigada por um qualquer treinador com uma ou duas corridas à volta da cidade do Porto. Sim, da cidade, não só do Estádio. E deviam fazê-lo com cães raivosos a tentarem morder-lhes os calcanhares. Não é de agora e o comportamento persiste há tantos anos que começo a desistir de perceber algumas destas mentalidades, porque me custa ver outros rapazes na B ou nos sub-19 que davam um anel do esfíncter para jogar noventa minutos pela equipa principal…e estes moços têm essa hipótese e não querem saber. Um treinador que não tivesse medo de apostar na miudagem…já lhes tinha dado férias e deixava de ver aqueles focinhos desesperadamente aborrecidos em jogos de caca.

(-) Josué. Há uma linha ténue que distingue a forma como trato um médio criativo quando falha passes. De uma certa forma não me incomoda que os tente porque sei que vai falhar alguns, por isso incentivo-o sempre a fazê-lo desde que o jogo começa. Mas quando o rácio de passes certos começa a ficar abaixo dos 20 ou 30%, enerva-me. Talvez não seja a maneira mais pedagógica de ver a performance de um jogador…mas eu não estou aqui para ensinar ninguém. Acerta a merda dos passes, Josué.


Seizazero em casa. Nunca é um resultado mau vencer um jogo por uma margem destas, mas se formos a ver a qualidade da equipa do Atlético, só ficamos a perder uma goleada que podia ser histórica. Mantenho a ideia que devemos jogar a sério mesmo contra equipas pequenas, até porque é uma forma de lhes valorizar o trabalho, que por muito ineficaz que seja, ao menos é feito de suor. Hoje, apesar de termos jogado com seriedade e sem facilitar em demasia…nem precisamos de mandar lavar as camisolas.

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Baías e Baronis – Sporting 0 vs 0 FC Porto

Nota prévia: esta crónica vai estar repleta de vernáculo. Assim cheia cheiinha como um prato de bacalhau de Natal com couves e pencas e batatas e molho fervido, como se faz cá em casa. Porque vi o jogo com um nervosismo acima do normal e porque me ia sentindo mais chateado à medida que a partida ia decorrendo. O jogo foi vivo, dinâmico, demasiadamente partido para ser visto com normalidade, apesar da baixa importância da competição. Um clássico é um clássico, goddamnit, por isso a emoção foi crescendo dentro de mim e ia saindo aos poucos sob a forma de insultos genéricos, diatribes descontroladas e palavras avulsas atiradas para o écran. E no final, uma sensação de dever cumprido mas sem a força de outros tempos. Somos uma equipa jeitosa, com pouco talento e demasiados erros, mas que ainda sinto poder ser trabalhada para vencer esta e outras provas nacionais. Enfim, vamos a notas que se faz tarde:

(+) Fabiano. Não há grande volta a dar: o rapaz deu muito bem conta de si e confirmou que é uma excelente opção para funcionar como understudy do Helton. Se tirarmos da vista algumas falhas nos cruzamentos, onde pareceu sempre apontar para a cabeça de Maicon, esteve em grande durante todo o jogo, defendendo tudo que lhe apareceu à frente (e não foi pouco). Com os pés jogou sempre simples e sem inventar, mesmo quando a tarefa não lhe foi facilitada por Alex Sandro que lhe passou várias vezes a bola para tão longe que o rapaz teve de se esticar todo para não fazer cagada. Mas aquela jogada do Carrillo onde Fabiano lhe sacou a bola dos pés, para depois defender um remate à queima do André Martins (creio) e correr para a baliza para se lançar e evitar o golo do Cedric…é estupenda e mereceria um aplauso de pé se lá tivesse estado. Grande jogo.

(+) Os centrais. Quase impecáveis na defesa da área, tanto Maicon como Mangala conseguiram evitar quase todas as situações de perigo pelo ar e pela relva. Maicon esteve excelente nos cantos defensivos, aviando tudo que lhe aparecia pelo ar, e Mangala também muito bem na marcação e no corte de alguns lances perigosos que os jogadores do Sporting, na sua forma oh-tão-rápida de atacar e de lançar bolas lá para o meio, perceberam que não seria por ali que criariam perigo e toca de mandar a bola para as alas onde se saíram bem melhor. Com dois centrais assim…não calça mais nenhum.

(+) Fernando. Enquanto esteve em jogo foi o único elemento do meio-campo portista que conseguiu lutar contra as debulhadoras de verde que por ali andaram e que jogaram mais vezes com os braços e com as pernas sem a bola (e sobre os nossos macios jogadores) do que de facto com ela. E se tivesse um poucochinho mais de talento para saber o que fazer com a bola depois de subir a cavalgar pelo terreno fora…era do carago, isso é que era.

(-) Herrera. Tem de ir rapidamente ao médico para perceber se sofre de qualquer forma mexicana de narcolepsia. Há alturas do jogo em que lhe parece parar o cérebro e alhear-se do lance que está a decorrer QUANDO TEM A PUTA DA BOLA NOS PÉS! Não consigo entender-te, coño, palavra que não, mas se não mudas rapidamente a tua capacidade de estar atento 100% do tempo em que estás em campo, vais levar muitas mais notas destas. O que custa mais é perceber que o rapaz até tem talento e é invulgarmente forte para a constituição física aparentemente débil…mas deita tudo a perder com passes falhados em demasia (e em situações perigosas para a defesa) e esses blackouts pontuais. Acorda, homem!

(-) Os laterais, especialmente a defender. Danilo até tem vindo a fazer uma época jeitosa, mas insiste em falhar consecutivamente no primeiro passe/arranque/sprint ofensivo, desiquilibrando a equipa e tornando-a permeável a contra-ataques rápidos. Diversas falhas defensivas por mau posicionamento, corrigiu e melhorou na segunda parte. Alex Sandro continua a jogar mal, sem garra e sem cabeça, com passes cruzados de trinta metros que estão destinados ao falhanço antes sequer de sairem dos pés dele e incompreensíveis momentos apáticos em que parece esquecer-se da bola. Haverá um vírus Herrera?

(-) Licá. Inconsequente. Sem capacidade de ultrapassar o adversário directo, insistiu em cruzamentos que batiam sem falha no gajo que estava à sua frente. Lutar é giro e tal mas para isso já cá tivemos um argentino (que até marcou um golaço ao Sporting) que fazia o mesmo e pouco mais. Juro que pensei que ia conseguir ser mais do que está a mostrar ser. Parece que me estou a enganar com o rapaz.

(-) A habitual filhadaputice do gamanço. Ora então vamos lá a isso. Já não é de agora que esta merda me fica atravessada (lembro aos leitores esta pérola de aqui há uns anos: http://www.porta19.com/2012/01/basta-me-pensar-um-bocadinho-lembro-me-logo-sempre-saimos-de-alvalade-sinto-como-uma-ourivesaria-na-almirante-reis/) mas parece que há uma insistência divina em fazer com que a história se repita. E acontece sempre no mesmo caralho do mesmo estádio que agora até tem nome diferente mas onde já devíamos estar habituados a ser assaltados quando lá passamos. E raramente são lances parvos de penalties, que só hoje houve praí quarenta reclamações de mãos e saltos e pinchadelas de verdes para a piscina, porque André Martins e Wilson Eduardo devem gostar mais de lamber cricas do que jogar à bola e andam sempre com os dentes a roçar na relva. Mas ao mesmo tempo, esse mesmo André Martins adooooooooooora dar pontapés nos gémeos dos adversários e safa-se com muita facilidade. Uma palavra também para o próximo trinco da Selecção, que é um jogador muito acima da média mas que hoje devia ter levado um vermelhinho por uma trancada que deu no Varela que só não lhe pôs a perna a sangrar porque não lhe acertou em cheio. E esse mesmo Varela, que foi parvinho por responder a mais um encontrão do insurrecto do defesa-esquerdo que joga naquela zona (porquinho mas normal num jogo destes) e levou um cartão amarelo, ficou à espera que o adversário também levasse um da mesma cor, mas nada acontece. E Cedric, no meio das suas quarenta e nove faltas, todas elas reclamadas com mãos na cara e lamentos de virgem fodida por doze hunos, lá se foi safando até ao final. Ou Adrien, que foi ou será lenhador noutra vida e que parece pensar que o futebol se joga acima do joelho, também escapou pelos pingos da chuva dourada que aposto deve gostar. Tudo isto para depois, inclemência nunca única e certamente repetida (como, citando os exemplos do post acima, Maicon, Emerson ou Costinha e as facilitadas de Rui Filipe, Kostadinov, McCarthy, Mielcarski, Seitaridis e Domingos), toca a expulsar Carlos Eduardo por uma falta que tantos, mas tantos, TANTOS FILHOS DA PUTA DO OUTRO LADO TINHAM FEITO ATÉ AÍ! Enerva-me, pois claro que me enerva. Enerva-me porque é sempre a mesma merda com aquela gente. Os que se queixam mais são habitualmente como o defesa que levanta o braço para reclamar fora-de-jogo. A culpa, na maioria dos casos, é mesmo dele.


Empatámos, o que nem se pode considerar um mau resultado tendo em conta que era o jogo mais complicado e que os dois próximos encontros se jogam no Dragão e onde duas vitórias podem selar a qualificação para a próxima fase. Esperava mais da equipa? Sinceramente, não. Tive o que estava à espera, algum controlo emocional perdido, inúmeros passes falhados na saída para o ataque, ineficácia ofensiva e suficiente cobertura defensiva para aguentar um jogo complicado. Meh.

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Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 0 Olhanense

Foi talvez o jogo mais fácil do ano, pelo menos do campeonato. E foi fácil não só pela inepta participação do Olhanense, digno representante da segunda Liga do próximo ano se mantiver este nível de qualidade que mostrou hoje, mas também porque o soubemos tornar fácil. Sem um futebol extraordinário, a equipa foi prática e ofensiva nos momentos necessários, com várias peças em sub-rendimento mas acima de tudo com um rapaz que está a cair bem no goto dos adeptos pela capacidade criativa, desenrascada e inteligente com que tem vindo a jogar e a fazer jogar o FC Porto. Carlos Eduardo é o homem do jogo e é um bom exemplo da forma como podemos aproveitar a equipa B para ir construindo a imagem de um jogador para que ele próprio saiba aproveitar as oportunidades quando lhe são dadas. Vitória grande que podia (e devia, não fosse o guarda-redes do Olhanense defender montes de lances de golo feito) ter sido bem maior. Vamos a notas:

(+) Carlos Eduardo. É diferente de tudo que tinha visto este ano, o que se torna ainda mais importante quando percebo que o faz a partir de uma posição que estava tão necessitada de um jogador mais irreverente que Lucho, perdido em teias defensivas que o faziam perder-se em campo e obrigavam o FC Porto a jogar quase com menos um jogador. Carlos Eduardo, que até começa a fazer lembrar Deco pelo estilo de controlo da bola e pelo remate fácil (e que grande golo marcou hoje), pode ser uma peça importante para a contínua evolução da equipa e acima de tudo para conseguir fazer o que nenhum colega até agora tinha conseguido: um meio-campo ofensivo que desiquilibre quando chega perto da área. Gostei de o ver mais uma vez e estou certo que só perde o lugar que ganhou a pulso se baixar muito de produção.

(+) Fernando. Com Lucho “a seu lado” mas não literalmente na horizontal do agora luso-brasileiro, Fernando solta-se. Há mais espaço, menos Defour, menos Herrera, menos Josué, menos factores que atrapalham a progressão do 25 em campo e essa liberdade, por muitos reclamada desde o início da temporada, nota-se na perfeição quando recebe a bola em balanceamento ofensivo e procura um colega na lateral, levando o jogo mais para a frente, cada vez mais para a frente. Esteve bem na intercepção mas particularmente bem na rotação da bola em posse.

(+) Olha, golos! Já não sabia o que isto era, para vos ser sincero. Sair do Dragão com quatro golos marcados já parecia uma memória antiga que se ia esfumando enquanto o tempo alegremente passa para mim, como o faz para todos, esse cabrãozinho. E ver golos a aparecerem a partir de cantos (mais uma vez, Carlos Eduardo a assistir), ou em remates espontâneos de fora da área, dão um alento extra a um futebol que já foi extremamente pobre mas que parece, a espaços, dar alguma confiança aos jogadores e mostrar que eles são capazes disto e de muito mais. É só quererem e, com alguma sorte, a bola lá vai acabar por entrar.

(-) Lucho. Aí pela metade da temporada de 2007/2008 houve um intenso abaixamento de forma de Lucho, que parecia locomover-se à velocidade de uma vela pousada numa mesa. Hoje, tal como em Vila do Conde e em Madrid, Lucho mostrou-se com muito pouca rapidez de execução, estranhíssimas falhas técnicas e uma quase total inoperância no pautar do jogo ofensivo da equipa. Questiono-me se é um abaixamento momentâneo, se está finalmente a ceder à pressão do PDI ou se ainda se está a adaptar a uma nova posição, mas é neste momento um elemento com produção nula.

(-) Licá. Insisto: o rapaz não é extremo e não me parece uma postura sã insistir em colocar o rapaz a jogar numa ala onde nunca terá o rendimento que procuramos a não ser em jogos que exijam contra-ataques em vez de um ataque permanente e persistente à baliza adversária. Continua esforçado mas as falhas técnicas e a incapacidade de driblar um defesa paralítico fazem dele mais uma peça que está desadequada à posição e que não produz pelo simples facto de não saber como o fazer. Estamos a queimar um rapaz que pode ser útil num futuro próximo, mas nunca a partir da ala.

(-) A opção por Mangala na esquerda. Sou talvez um bocado suspeito, especialmente olhando para a miríade de adaptações que se fazem no futebol actual e pelos louvores divinos que Ferguson recebeu no Manunaite, muito embora tenha sido um dos principais responsáveis por alinhar com defesas compostas por quatro centrais, que me faz uma comichão que nem imaginam. Chamem-me redutor, parvo, leigo, pouco instruído, mas prefiro ver um central a jogar como central e um lateral na lateral. Fonseca, talvez com um enorme cagaço de introduzir ainda mais entropia numa defesa propensa à falha fácil, optou pela “segurança” do francês à esquerda em vez de promvoer Quiño ou Rafa da equipa B. Discordo da opção, a equipa fica manca numa das alas e é triste ver o pobre do Eliaquim a fazer o que podia, com arrancadas tão subtis como uma divisão de Panzers numa loja da Vista Alegre, que só consegue fazer porque é mais forte e tem uma passada mais larga que os adversários. Até pode funcionar, mas nunca funcionará sempre e é uma falta de confiança também nos rapazes que trabalham para conseguirem um lugar quando a “sua” vaga está livre. Assim…mais vale não trabalharem.


A equipa parece estar numa rampa ascendente de forma e especialmente Fonseca parece começar a perceber a melhor forma de colocar as peças em campo. É verdade que Lucho está em baixo e que falta um extremo em condições para poder equilibrar uma formação que age de uma forma mais débil do que pode fazer em campo, mas os erros defensivos vão sendo corrigidos e o meio-campo, apesar de ainda não ter a rotação que é exigida, parece mais intenso na recuperação e mais prático na criação de lances ofensivos. Conseguiremos continuar a jogar decentemente até irmos à Luz? Espero que sim.

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Baías e Baronis – Rio Ave 1 vs 3 FC Porto

É uma vitória que assenta bem e apesar da qualidade do nosso futebol não ter sido nada que me faça lançar foguetório, a verdade é que conseguimos sacar três pontos num campo complicado. O jogo foi melhor, mais solto mas polvilhado por enormes nuvens de incerteza pela lentidão de longos momentos da partida e pela constante intrusão das falhas defensivas, onde Otamendi esteve hoje em grande nível…negativo. As notas explicam melhor, vamos a elas:

(+) A troca (no terreno) do triângulo do meio-campo. Há naturalmente um enorme beneficiado com a cambiante 1-2 do meio-campo: Fernando. Não há dúvida que joga melhor quando está solto, a controlar a “sua” zona sem o atropelo de ter um homem a seu lado nem com a prisão de manter um contacto directo com ele. A verdade é que Lucho joga melhor quando está mais recuado (apesar de hoje não ter estado em grande nível) e o facto de ser ele a ocupar aquela posição faz com que o triângulo vá rodando com a posse de bola, mas é Fernando que aproveita a liberdade da melhor forma. Fonseca, por favor, mantém os gajos neste esquema. Dá muito mais moral aos rapazes.

(+) Carlos Eduardo. Entrou para a equipa cheio de vontade, sem pressão e com fome de bola. Ainda lhe falta ritmo e persiste nalgumas quedas parvas quando perde o controlo da bola e a trajectória que quer traçar. Mas mostra o que Lucho não tem conseguido mostrar nos últimos jogos: pega na bola, corre com ela e mexe com o jogo. É um bom exemplo que este rapaz representa, aquela noção que por vezes uma passagem pela equipa B a ganhar ritmo e a mostrar qualidade fazem maravilhas por um jogador. Com Carlos Eduardo, parece ter funcionado. Espero pelos próximos jogos para confirmar a valia do moço.

(+) Maicon. Está em boa forma e acima de tudo está a jogar simples como aprendeu a fazer em virtude das circunstâncias…diria populares. É isto que eu quero de um central, carago: um gajo alto, forte, que jogue bem de cabeça, marque golos em livres cruzados para a área e limpe a bola da zona defensiva ao biqueiro. Isso é o mínimo que peço e Maicon continua a montanha-russa que tem sido a sua carreira no nosso clube. Nunca será um jogador que põe a malta indiferente. Love him or loathe him, é o central em melhor forma no FC Porto.

(-) Otamendi não está bem. Parece que há sempre um defesa que me vai andar a comer a mioleira durante o ano e nesta altura é o argentino. Já foi Mangala e Alex Sandro tem também papel importante na estupidificação de alguns lances com bola controlada na defesa, mas Otamendi está a bater qualquer um aos pontos porque está a tomar as opções erradas em quase todas as jogadas em que é interveniente. O primeiro golo é culpa sua, pela saída absurda da posição para interceptar uma bola impossível. E só não sofremos um segundo pelo mesmo lado porque Helton defendeu e Maicon cortou para canto. Merecia o tratamento do costume: umas chibatadas do Paulinho, às quais somava um banhinho em alcatrão e uma bela cobertura em penas. E um ou dois jogos na bancada.

(-) Jackson, apesar do golo. Demasiado complicativo e a jogar quase sempre para as costas, sem ver sequer se um colega estava pronto para receber a bola. Marcou o golo, mas espero sempre mais dele do que perder bolas consecutivas e desperdiçar ataques como um ricaço a acender charutos com notas de quinhentos. Implorei a Fonseca que o tirasse a meio da segunda-parte, mas acho que o mister só me ouviu aos 88 minutos. Como de costume.

(-) Licá não pode ser extremo. Não pode. Criou duas jogadas de perigo quando apareceu na pequena área. Não conseguiu um lance decente pela linha. Tem sido uma constante em quase todos os jogos de Licá pelo FC Porto e questiono se pode ter lugar no onze se não cumpre na posição onde é colocado. Gosto do rapaz, luta muito e ajuda a equipa sempre que pode…mas as lacunas técnicas e tácticas podem lixar-lhe a vida a curto prazo.


Vencemos bem mas tive as minhas reservas, especialmente depois de ter reparado que a minha filha estava vestida com um casaco de malha…com riscas verticais verdes e brancas. Agoeirenta, a estuporada, mas ao que parece deu sorte. Sai um casaco vermelho quando formos à Luz!

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Baías e Baronis – Atlético Madrid 2 vs 0 FC Porto

À imagem do que aconteceu há dois anos, onde perdemos por culpa própria a oportunidade de passar à fase seguinte no último jogo, saímos da Champions depois de mais um jogo em que não houve FC Porto suficiente. É já uma conversa de meses e já cansa de perceber a quantidade de passes falhados, desorientação táctica e alguma falta de inteligência e agressividade competitiva que ilustra o que é a nossa equipa na actualidade. Somos pouco Porto para o que gostaríamos de ser e não conseguimos fazer mais por clara incapacidade dos jogadores em lutar contra dificuldades, aliada à intransigência do treinador em alterar um sistema táctico que pouco mais trouxe que inconsistência exibicional e muita falta de capacidade de se impôr aos adversários, grandes ou pequenos. Siga para as notas:

(+) Defour. Elegê-lo o melhor em campo do FC Porto pode parecer estranho mas foi o que mais me entusiasmou, apesar da posição não o beneficiar. Aliás, a posição não o beneficia nem a ele nem a Fernando, mas o belga parece sempre um pouco mais à vontade que o brasileiro quando precisa de subir no terreno. Muito bem nas dobras, saiu quando não merecia…e não faço a menor ideia do porquê.

(+) Jackson. Não marcou mas tentou sempre lutar mais que a maioria dos colegas. Inconformado com o resultado, procurou sempre marcar pelo menos um golo para empurrar a equipa para a frente, ele que passou o tempo quase todo a ser (bem) marcado por Miranda e sem grande espaço para a finalização em condições. Mandou uma bola ao poste, sacou um penalty porque insistiu num lance meio perdido e não merecia que Josué falhasse. Pensando melhor, ninguém merecia.

(-) Não houve “do or die”. Só houve “die”. É a postura, estúpido! Tudo a ganhar, nada a perder a não ser algum orgulho…e onde é que esse lá vai depois das duas derrotas em casa e do empate com o Áustria de Viena. E podemos lamentar as quatro bolas nos postes e dizer que a sorte não quer nada connosco, mas falhámos quando não a procuramos convenientemente. Qualquer adepto fica com uma profunda sensação de vazio quando vê a falta de garra daquela malta. O jogo desenrolou-se a uma velocidade excessivamente baixa, com um ataque em leque à andebol que não furava, não tentava atacar os defesas, raramente rematava e perdia bolas como se o futuro da competição não dependesse da sua posse. Devemos ser, neste momento e em situações de nervosismo mais elevado, o ataque mais lento e menos perigoso da Europa. A táctica não ajuda e o treinador não parece disposto a alterar a esquematização da equipa em campo, usando apenas um médio recuado em vez dos dois que agora coloca lado a lado. E se virem o Atlético, reparam que também usam dois médios à entrada da área…mas o resto do esquema não se pode sequer começar a comparar com o nosso. Uma táctica é mais ou menos ofensiva quando depende dos seus intérpretes, por isso é que os nossos rapazes estão tão estranhamente distantes e vazios de vontade e de capacidade criativa e organizacional. Têm medo e não o conseguem ultrapassar. E isso, ver isso em campo, ver isso em homens que parecem meninos quando jogam contra homens que se mostram homens…é deprimente.

(-) Lucho. Não está bem e nota-se em campo. O posicionamento demasiado perto do avançado-centro parece estar a condicionar os seus movimentos mas El Comandante não está a facilitar, servindo para pouco mais que uma parede que os outros médios usam para tabelar a bola e continuar o jogo lento e horizontal. Não está a conseguir comandar a equipa como todos esperávamos que conseguisse fazer.

(-) Alex Sandro. Mais um belo pedaço de estrume que largaste hoje em campo, Alex. Uma atitude indolente que enerva duzentos monges tibetanos, a postura do “eu finto três gajos sem problema”, mesmo antes de ficar sem a bola. Há jogos em que merece um par de estalos bem dados com a parte de fora da mão. Usando uma soqueira ensopada em cola quente e coberta com vidro moído. No mínimo.


Caímos sem estrondo para a Liga Europa, lugar onde vamos parar apenas por demérito próprio e pela incapacidade de fazer mais do que um mísero ponto em casa. É muito pouco para um clube como o nosso e temos de aprender com os nossos erros, a começar pelo treinador e continuando pelos jogadores. Há poucas oportunidades de causar boas primeiras impressões e tu, Paulo, falhaste. Falharam todos.

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