Baías e Baronis – Marítimo 1 vs 0 FC Porto

Comecei o dia na tradicional futebolada semanal com os amigos. Perdi. Cheguei a casa e fui ver o resultado do Newcastle vs Sunderland que se tinha então disputado sem que pudesse ver em directo. Perdemos e com números gordos (0-3). Com calma, continuei o meu dia e assisti ao Barcelona vs Valência na esperança que a sorte pudesse mudar. Perdemos (2-3) e perdemos bem. A partir daí, só o FC Porto poderia salvar o sábado em termos de competência futebolística. Foda-se. Há dias que mais vale não sair da cama, palavra. Vamos à nota, sem Baías e com um único Baroni que nem precisa de título:

“Entirely justified boos and abuse accompanied the half time whistle after a stunningly inept display from the home side that lacked strength, application, leadership, pace and desire. Quite simply, we did nothing properly. A raft of alleged international players not only showed little appetite and no desire to chase lost causes, but also a criminal lack of commitment and talent. Poor decision-making across a jittery back four was echoed by bone-headed attempts at crossing and passing, while the departure of our dead ball expert made free kicks and corners a total waste of time. (…) The atmosphere was apprehensive and scarcely got any better on a day when a collective uplift from the team was desperately required. Those clad in black and white though chose to post a woefully clueless performance that wouldn’t have been acceptable in a pre-season friendly, let alone a match of this magnitude.”.

Este texto (partes a bold escolhidas por mim) foi retirado de um site de apoio ao Newcastle United, em tudo parecido com o meu mas com muito mais informação e dedicação à causa do clube. Foi escrito depois da derrota de hoje com o Sunderland, rival de sempre, que mencionei acima. Espelha na perfeição aquilo que se passou hoje na Madeira, como se uma onda de mau tempo futebolístico se tivesse abatido sobre as cabeças dos adeptos dos dois clubes, como ambos somos. Tenho a certeza que um site idêntico mas com as cores blaugrana terá os mesmos sentimentos e a mesma frustração. Por cá, chegámos finalmente a um jogo em que tudo correu mal, menos os jogadores. Esses, quase não correram, nem mal e muito menos bem. Foi um jogo deprimente, digno dos jogadores que actualmente envergam aquela camisola sem que a sintam e sem enfrentar um adversário sem medo, com uma estratégia delineada que orgulhe os adeptos e que não nos envergonhe como hoje aconteceu na Madeira. Mais, não consigo compreender como é que ao fim de trinta jogos oficiais se assiste a uma partida em que não parece haver empenho da grande maioria dos jogadores no desenrolar de noventa minutos de pseudo-futebol em que a apatia é universal e onde a força, raça e determinação que é uma imagem de marca do nosso clube é atirada para a lama com uma banalidade que nos destrói por dentro. Os jogadores que hoje vi de azul-e-branco não são do FC Porto. São clones, amarrados na inspiração que não têm, presos a um futuro em que não acreditam e que se deixam desarmar e ludibriar pelo mais normalíssimo dos adversários, uma equipa que não precisa sequer de jogar muito bem para nos vencer e para o fazer sem sentir grandes dificuldades na demanda. Ver Jackson só, sem apoios, a ser obrigado a descair para o flanco para poder criar espaços enquanto espera pelos colegas…ver Danilo e Alex Sandro a facilitar na defesa e a subir sem critério, sem força, sem vontade…ver Josué mais preocupado em entradas fora de tempo e a falhar passes que um miúdo das escolas é obrigado a acertar antes de poder voltar para o conforto dos pais…ver Quaresma a tentar vez após frustrante vez uma finta com a velocidade que não tem…ver Defour totalmente fora de posição e sem conseguir tapar o mais banal ataque do Marítimo sem ser com falta…ver Varela a escorregar uma, duas, mil vezes…ver Maicon e Mangala a deixarem-se constantemente antecipar pelos adversários…ver Carlos Eduardo perdido, a atirar-se para o chão sempre que podia para arrancar uma falta e a reclamar quando o árbitro não a marcava…entre tantos outros exemplos que poderia ter citado e que se passaram em campo, foi penoso assistir ao jogo até ao final. Hoje tive vergonha de dizer que aquela malta, comandada por um treinador que pouco tem mostrado dentro e fora de campo para poder ser o líder que uma equipa de topo necessita, é a nata do plantel do FC Porto.


Há mais uma coisa que me preocupa: teremos batido no fundo em termos de moralização dos adeptos e da qualidade do futebol exibido? Espero que sim…mas temo que não.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 2 Marítimo

Não sou o maior fã da Taça da Liga, como aposto que nenhum portista será. Mas hoje houve realmente emoção e um espectáculo bastante interessante para quem não for um adepto do FC Porto, que trouxe alegria e entusiasmo a uma prova que tem tanta razão para existir como um nazi que viola focas-bébés. Ah, mas dizem-me que foi um jogo de futebol. Não me pareceu. Foi uma competição desportiva de um qualquer desporto em que uma equipa que consta ser superior à outra, pelo menos em nome, não pareceu querer mostrá-lo em campo. Continuamos a ser uma equipa débil a agir como onze jogadores independentes, raramente funcionando como um grupo. Enfim, venha a mourada. Andemos até às notas, adiante:

(+) Josué. Marcou um dos penalties mais difíceis da carreira dele, porque desenganem-se aqueles que acham que um jogador tem é de jogar e marcar e acabou. Fui um dos que estive num épico Portugal vs Holanda nas Antas, quando recuperámos de uma desvantagem de dois golos para empatar com um penalty marcado pelo Figo já em tempo de descontos, com quarenta mil a gritar na bancada. O outro marcou. Este também. Acabo aqui as comparações porque o Figo não é portista e perde logo aí toda a vantagem que poderia ter. Para além desse lance, Josué mostrou mais em campo que Defour durante todo o jogo e quis dizer a Fonseca que ele é o sucessor de Lucho em campo, pelo menos nos próximos tempos. Sobre El Comandante falo daqui a uns dias…

(+) Os adeptos. Não haja dúvida: ainda há esperança no Dragão. As claques estiveram noventa e pico minutos a incentivar os jogadores, a puxar pelos adeptos, transmitindo toda a força dos milhares que lá estiveram e de todos os outros que estavam por fora a torcer pela equipa. Vi o jogo em diferido e tive pena de não ter lá estado, porque seria mais um dos que gritariam para os jogadores subirem, para lutarem, para terem calma e sentirem o nosso apoio. A única grande exibição da partida esteve nas bancadas.

(-) É só isto que temos para mostrar ao mundo? É fácil perceber o que achei de um jogo quando há apenas um Baroni e nem é atribuído a um jogador. A qualidade de jogo do FC Porto é baixa demais para justificar uma posição cimeira no nosso futebol e/ou a conquista de qualquer troféu. Em Portugal há um estilo predominante de futebol em passe, com uma velocidade relativamente baixa mas onde há em grande parte das equipas suficiente capacidade técnica para que se possa manter a bola na posse dos jogadores durante algum tempo até que os mecanismos que se treinam durante a semana possam entrar em acção. E aí, seja por um fácil overlap do lateral, uma combinação a meio-campo ou um entendimento com o(s) avançado(s), o jogo teoricamente flui e criam-se lances de perigo. No FC Porto 2013/2014 (e ainda mais em 2014), tem havido uma pressa excessiva em enviar a bola para o ponta-de-lança, solitário no meio de vários oponentes, mas que é alvo das boladas dos colegas desde os defesas até aos médios. Os extremos, que lhe poderiam colocar a bola em condições com maior facilidade, raramente o fazem. E falhada qualquer estratégia (existe?) pensada para o sucesso, avança-se para o lance individual, com um rácio de sucesso a tender para zero. Hoje foi mais um bom exemplo disto, tantas foram as bolas inconsequentes enviadas para a frente (e algumas lateralizações absurdas, como de costume) e os falhanços nas jogadas de 1×1. É muito pouco para o que um clube como o FC Porto deveria mostrar e arriscamo-nos a que, como já tem vindo a ser hábito, qualquer equipa que tenha mais de meio palmo de testa consiga chegar ao Dragão e pensar que pode ganhar o jogo, como o Marítimo ia fazendo hoje.


Se este foi um Marítimo “suplente” e vamos apanhar com o Marítimo “titular” no próximo fim-de-semana…da maneira que estamos a jogar com os nossos “titulares”, talvez valha a pena meter os “suplentes”…

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Setúbal

É uma constante que começa a ser cansativa em largo número de jogos que vejo ao vivo no Dragão. Uma vitória por números simpáticos e bons golos, sem golos sofridos…mas a exibição peca por escassa. E digo que começa a ser cansativa porque já ocorre há tanto tempo que se tornou uma espécie de hábito triste sair daquele palácio ao futebol com uma sensação que podíamos ser tão mais do que actualmente somos. Vencemos bem, com que o Setúbal a criar uma única oportunidade de golo para a nossa baliza (que Helton defendeu muito bem), mas o futebol é fraco, com pouco discernimento e a quantidade de passes falhados e jogadas desorganizadas é tão grande que não consigo perceber o que é que se pode fazer para melhorar. Vamos a notas:

(+) Varela. Para além do golo que marcou, estupendo e tão pouco característico neste paradoxo que é o nosso Silvestre, foi a capacidade de esforço durante todo o jogo, com excelentes jogadas individuais e de envolvimento com Alex Sandro pela esquerda. É sempre estranho dizer que Varela foi esforçado e as palavras que aqui escrevo podem ser retiradas na próxima semana com uma tirada de impropérios dirigidos ao número 17, mas hoje, como aconteceu várias vezes este ano, foi o melhor jogador da equipa. Uau. Uau mesmo.

(+) Carlos Eduardo. Quando pega na bola e a leva controlada em progressão, é um dos poucos que consegue arrastar uma equipa atrás de si…e se os colegas de facto o acompanhassem na correria e lhe dessem mais linhas de passe quando cavalga pelo meio-campo adversário, poderia ser ainda mais produtivo. Defende pouco e recua muito menos que James ou Deco faziam para vir buscar a bola à zona defensiva (isto para comparar 10s), mas consegue ser muito produtivo em menos espaço de terreno e acima de tudo é um gajo prático e brinca pouco quando não precisa de o fazer. Ah, e que grande golo marcou hoje!

(+) Mangala Marcar aquele latagão do Cardozo não deve ser fácil e nem Maicon nem Mangala conseguiram a 100% parar o paraguaio, mas Mangala esteve acima do colega da defesa (que como de costume começou com a tremideira depois da primeira falha) pela forma prática e rápida com que levou várias bolas da defesa até ao meio-campo, entregando-a a um colega em tempo certo e com a força adequada. Sim, leram bem, fez bons passes e não tentou (sempre) fintar todos os adversários incluindo os que estavam no banco, apanha-bolas e foto-jornalistas. Diria que é o único central do FC Porto que merece ser titular sem termos de pensar duas vezes.

(-) Lucho. Josué, em meia-dúzia de minutos, fez mais do que Lucho no jogo todo. Não sei se bebeu um ou dois cálices de espumante para celebrar o 33º aniversário antes do jogo, mas é triste perceber que o nosso capitão está a atravessar um momento mau, tão mau que o resto da equipa perde tanto com a sua presença ausente que o meio-campo parece estar em permanente inferioridade numérica quando Lucho está em campo. Nunca foi o jogador mais agressivo dos diversos plantéis de que fez parte, mas desde há alguns meses está muito lento de movimentos e incapaz de meter o pé numa bola dividida, acabando por funcionar quase exclusivamente como uma parede que recebe a bola no centro do terreno e a faz rodar quase sempre para trás. Fosse outro jogador e não usasse a braçadeira que usa e um treinador com tomates já o tinha tirado do onze.

(-) A falta de vontade de fazer mais e melhor. Aquela primeira meia-hora da segunda parte foi terrível. Imensos passes falhados, jogadas sem imaginação, pontapés para a frente e uma deficiente capacidade de trocar a bola no meio-campo adversário sem conseguir progressão no terreno sem ser pelo envio da bola pelo ar para Jackson que, sozinho, estava mais complicadinho que o costume e perdia bola após bola. Fico deprimido quando vejo que basta ao adversário subir um pouco no terreno e pressionar os centrais e um dos laterais…e logo se começam a acumular erros por falta de confiança e por uma absurda incapacidade de manter a calma. É verdade que falta muito apoio dos médios e dos extremos (quem?) que não descaem para criar linhas de passe e se mantêm estáticos à espera que o jogo seja movimentado pelo ar ou em lateralizações de cinquenta metros. Coisas fáceis, portanto. Dá trabalho jogar bem, não dá? Parece que sim, e é exactamente isso que deixa os adeptos entediados com estas semi-exibições.

(-) O fair-play é sobrevalorizado. Há poucas coisas que me fazem ter respeito por Jorge Jesus. O cabelo, a atitude de tasqueiro, a cagança quando vence, o mau perder quando não vence e o facto de ser treinador do Benfica não o tornam uma personagem fácil de admirar para um portista. Mas houve uma coisa que a homenagem portuguesa à Bonnie Tyler disse aqui há uns anos e que eu louvo e devia ser usado também pelos nossos treinadores sem excepção: quando um jogador adversário está no chão, os nossos jogadores não devem parar o jogo para que o rapaz seja assistido. Não duvido que é pouco provável haver unanimidade nesta corrente de pensamento e é evidente que há nuances (fracturas expostas, uma orelha fora da cabeça, por exemplo…) e até nos pode voltar para morder no rabinho, mas estou farto de ver jogadas ofensivas a serem paradas porque X ou Y se lembrou de cair depois de um lance dividido. Já perdemos lances demais por inépcia, estou farto de os perder também por bom-samaritanismo.


E pronto, com maior ou menor qualidade lá conseguimos igualar o resultado dos rivais e continuámos na perseguição. E a forma prática de pensarmos que só dependemos de nós é só uma falácia que nos lixa a perspectiva e nos prepara mal para um futuro desaire. Acham que estou muito pessimista?

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Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 0 Penafiel

Abençoada box com DVR que tenho ali ao lado da televisão e que juntamente com a app que tenho no telemóvel me permitiu gravar o jogo todo mais alguns programas subsequentes, porque por causa da paragem do jogo estava a ver que não conseguia ver a partida completa. Foi o jogo possível com as condições ridículas do terreno, que no fundo se resume a isto: quatro-zero, alguma eficácia, uma assistência de letra, um golo de cabeça do Quaresma e placards publicitários a voar no meio do campo. Exacto, foi isso. Notas, já já aqui abaixo:

(+) Quaresma. Marcar um golo (de cabeça, senhores, e com intenção!) no primeiro jogo depois de voltar é simpático mas acima de tudo é a forma como Quaresma encara os defesas de uma forma que poucos fazem no nosso passado recente que me faz sorrir um bocadinho. Sim, já não é o mesmo de antigamente, mas o toque de bola está lá e se conseguir meter algum respeito aos adversários que ficam a pensar o que vai sair daqueles pés…já não é mau de todo. Reservo a resposta às minhas dúvidas sobre o regresso do rapaz ao clube para o próximo Domingo.

(+) Fabiano. Pode parecer estranho dar uma boa nota a Fabiano num resultado de 4-0 a nosso favor, mas o rapaz esteve muito bem em quase todas as situações (largou uma bola depois de um livre mas tem a desculpa da bola molhada e da chuvada absurda que caía naquele momento), especialmente nas saídas rápidas a cobrir o posicionamento mais subido dos defesas. E é exactamente isso que se pede a um guarda-redes de uma equipa grande, que esteja sempre atento, rápido a sair dos postes e que não invente quando vai cortar a bola. Fabiano fez tudo isso e começa a dar-me segurança vê-lo na baliza. Helton, amigo, podes ter aí finalmente o teu sucessor.

(+) Ghilas. Trabalha imenso, este estupor, apesar de parecer gostar mais de jogar de costas para a baliza do que de frente, o que pode ser extremamente útil se jogarmos com dois avançados (Ghilas amortece para Jackson, remate, golo!) na área. Corre muito, usa bem o corpo e tem técnica suficiente para jogar mais do que cinco minutos de cada vez…mas se insistir em rematar pouco, ao contrário do que fez na pré-época, acaba por perder para o colombiano que é mais rematador e bem mais eficaz. Ainda assim, gostei de o ver e a “rabona” para o golo de Jackson é…indicador e médio juntos com o polegar a tocar nos lábios, fazer som de beijo…voilá.

(+) Jackson. Dois remates, dois golos. Um com o pé, outro de cabeça. Perfeito.

(-) Adaptar quando há outras soluções. Não gosto de ver Ricardo a lateral-direito. Não tem posicionamento defensivo adequado, tem pouco corpo para o choque directo e entende-se mal com o central que joga a seu lado, o que é compreensível mas perigoso. Apesar das várias mudanças que Paulo Fonseca fez na equipa, especialmente do meio-campo para a frente, questiono-me se não teria valido a pena deixar Ricardo no banco e Varela de fora, para Victor Garcia entrar para o lugar de Danilo. Acontece-me o mesmo quando vejo Mangala a jogar a lateral-esquerdo, por outros motivos, porque o francês sabe defender mas ataca como um urso pardo a correr atrás do último coelho da floresta, mas do lado direito temos um lateral promissor na equipa B que pode e deve ser aproveitado. A questão é: quando?

(-) As chuvadas. Assim não dá, amigos. Aposto que o animal que controla a meteorologia lá de cima olhou para baixo e pensou: “Ah, meus caros, vou-vos punir pelo jogo parvo do passado Domingo! Sorvam as minhas lágrimas, muahahahahha!”. Acho que deve ter sido qualquer coisa como isso.


Meh. Um resultado destes e a sensação de que…who really cares? Sim, é mais uma competição, mas não é nem de perto suficiente para a malta se entusiasmar por aí fora. Ainda assim, foi um jogo minimamente decente com o temporal que caiu no Dragão e a ultrapassagem ao Sporting também acaba por ser interessante para manter o FC Porto no topo do grupo. O jogo contra o Marítimo decide tudo e apesar de não dependermos só de nós, temos boas hipóteses de vencer esse jogo e esperar que o Sporting derrape em Penafiel. Mas…meh.

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Baías e Baronis – Benfica 2 vs 0 FC Porto

foto retirada de MaisFutebol

Estou há quarenta minutos com esta página aberta num tab separada das outras enquanto vou pesquisando livros usados sobre a guerra civil americana na Amazon. Estou por isso oficialmente deprimido. Foi uma tarde dura, com um jogo do FC Porto que esteve abaixo do que esperava e que mostrou pela enésima vez este ano que não conseguimos ter um andamento que sirva para mais que vitórias mais ou menos sofridas contra equipas de meio da tabela em Portugal e alguns confrontos europeus contra rapazinhos nórdicos ou moldavos. O Benfica não fez um jogo extraordinário, longe disso. O FC Porto é que não jogou nada. Nadinha. Vamos a notas:

(+) Fernando. Pode ser questionável dar a melhor nota do FC Porto a Fernando, ele que esteve tantas vezes fora da posição, chegando inclusive a ser um dos que pressionou Oblak quando mais ninguém lá saía. E foi esse o problema, porque Fernando quis ser três jogadores ao mesmo tempo: um trinco, um médio box-to-box e um organizador de jogo. E só leva a melhor nota porque tentou por tudo fazer com que o meio-campo do FC Porto não se desfizesse como uma folha de papel vegetal na Foz durante a semana que passou. Tentou e falhou, mas tentou com aquele fogo nas ventas e a atitude de fúria que tanta falta faz nesta equipa (quase que sorria quando se dirigiu a Soares Dias, como de costume, para reclamar de costas e braços bem erguidos)…mas teve poucos que o acompanhassem.

(+) Varela. Foi dos poucos que pareceu que queria tentar qualquer tipo de entendimento com o lateral e correu imenso durante o jogo, apesar de ter estado sempre com pouco apoio da parte dos colegas. Depois da expulsão de Danilo foi vê-lo a tentar fazer o flanco na maneira habitual, tosca e trapalhona, mas com uma pitada extra de esforço que merecia ter tido outra ajuda do resto da equipa.

(+) O respeito a Eusébio. Acho que posso falar por todos os portistas quando digo que só nos lembrámos do Eusébio durante o jogo porque o vimos sem cessar nas costas das camisolas do Benfica. Aliás, vimos demasiadas vezes as costas dos jogadores deles, tantas foram as oportunidades em que nos ultrapassaram em velocidade…mas adiante. O minuto de silêncio foi isso mesmo. Um minuto. De silêncio. Como devia sempre ser (e que cumpro sem falar quando o vivo num estádio), antes da imbecilidade das palmas tirar a solenidade toda de tantos momentos similares. Gostei.

(-) Mas nós temos meio-campo? E defesa? Ataque, talvez? Foda-se, temos uma equipa?! É uma constante de 2013/2014: o FC Porto parece entrar em campo em inferioridade numérica. Muitas vezes dou por mim a olhar para o relvado e a tentar perceber quem é que falta ali no meio e que está a tornar a equipa numa amálgama de jogadores que andam a correr (nos dias bons) de um lado para o outro sem saber onde serão as posições certas para os jogadores certos. É uma espécie de grande jogo de Mastermind, onde o jogador certo está na posição errada (Fernando com alguém ao lado, Josué na ala, Lucho a segundo avançado…), o jogador errado está na posição certa (Defour quando era preciso Lucho, Otamendi em vez de Maicon…) ou ambos (Licá. Só isso). Há uma extraordinária falta de entrosamento, sequências imensas com passes falhados que nos juvenis daria direito a volta ao campo e vinte flexões só com um braço, desmarcações com força a mais ou a menos mas nunca a força certa e remates ao lado, ao poste ou direitinhos ao guarda-redes. Hoje o FC Porto não jogou futebol. Foi uma equipinha banal que não conseguiu e tampouco tentou mudar a sorte de um jogo que tantos querem jogar e que tão poucos têm a sorte de o conseguir. Fomos fracos, de pernas e de espírito, e esta derrota custa ainda mais porque não a tentamos evitar.

(-) Otamendi. Há vários jogos que não andava bem e tinha sido encostado por Fonseca. Na altura, Maicon calçou as botas e fez um ou dois bons jogos, fazendo que todos pensássemos que os dois Ms seriam a solução defensiva que iria formar o eixo da zona recuada nos próximos tempos. Hélas. O argentino voltou à equipa e voltou às borradas. Às vezes dá a ideia que está totalmente desconcentrado em jogo, tais são as constantes falhas de discernimento posicional que mostra, ocupando vezes demais o espaço de Mangala e falhando nas subidas parvas a tentar pressionar o segundo avançado, deixando um buraco enorme que foi (bem) aproveitado por Markovic e Rodrigo. Somem-se a quantidade ridícula de passes curtos falhados e temos um caldinho de proporções épicas a tramar-lhe a boa imagem que recuperado no ano passado. Já foi o melhor defesa do FC Porto. Neste momento, nem no banco o quero.

(-) Lucho. Completamente engolido pelos três Eusébios que estiveram no meio-campo do Benfica (não resisti à piada, sorry), conseguiu perder a bola várias vezes pelo simples facto de não ter actualmente uma velocidade mínima de execução para poder ser titular. A braçadeira está a agarrá-lo ao lugar mas pela forma como a equipa se tem vindo a exibir, questiono a utilidade do actual capitão. Ou são todos otários e não sabem fazer o que ele manda…ou ninguém lhe liga. E a segunda é muito mais grave.


Perder três pontos é mau, mas podia ter sido pior. Da forma como a equipa estava a jogar, ainda por cima com apenas dez jogadores em campo, só um Benfica incapaz e desinteressado falhou o que poderia ser uma goleada para lhes saciar a sede. Perder três pontos é mau mas a nível da resolução do campeonato…são “apenas” três. Custou-me mais empatar em Belém e no Estoril, porque jogámos sensivelmente o mesmo que hoje mas o adversário tinha uma valia várias ordens de magnitude abaixo da nossa. Perder três pontos é mau. Perder um único ponto com o Benfica é só depressivo.

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