Baías e Baronis – FC Porto 0 vs 1 Estoril

Ainda a subir a alameda, depois do jogo, ouvia um miúdo que caminhava atrás de mim, rodeado por um casal que estimei serem os progenitores do infante. A dada altura, num discurso excitado, o puto dizia: “Ó pai, ó pai, e quando eles começaram a cantar ‘Fonseca, cabrão, pede a demissão!’ é que foi”, para logo ser interrompido pelo pai, admoestando-o para não dizer palavrões. Talvez pela associação fácil, virei os pensamentos para Fonseca e para a forma como tem vindo a não-gerir a equipa, as expectativas e as exibições. A equipa continua desorganizada, os jogadores cabisbaixos e as exibições absurdamente más, mas palmas a partir do banco tornam tudo pior, transformando-se em imagem de chacota e levam à irascibilidade dos adeptos, incapazes de perceber como é que nada parece correr bem. É difícil ser adepto do FC Porto em 2014. Vamos a notas:

(+) Quaresma. Dos poucos que tentou, ainda que à sua maneira, fazer com que as coisas fossem um pouco diferentes do que até aí tinham vindo a ser. E não foi por culpa dele que perdemos o jogo, ele que rematou, cruzou, tentou fintar os homens do Estoril para colocar a bola em Jackson (quem?) ou Ghilas, quase sempre sem sucesso mas sem desistir. Foi a imagem da frustração transferida dos adeptos, que viam nele um dos que podia dar a volta às coisas. Não conseguiu, mas não foi por falta de tentativas.

(-) Fonseca, os ovos do Fonseca, a forma como o Fonseca pega na sertã e a omelete toda fodida do Fonseca A esperança não morre mas vai definhando ao longo de tantas semanas de mau futebol, perdendo o controlo das funções corporais enquanto se transforma uma equipa que sabia jogar (algum) futebol, por muito que pudesse ser um estilo que não agradasse a todos, mas que hoje é uma imagem parva do que outrora já foi e já mostrou que podia continuar a ser. A bola parece um corpo estranho, que dói ao toque e amedronta em posse, os adversários agigantam-se na mente dos jogadores e a desorientação em campo é tão evidente e tão confrangedora que apetece mandar todos para casa e trazer uma equipa nova, sem medos e temores mil mas com vontade de jogar. O que temos hoje em dia não é mais do que uma carcaça de uma equipa, com um treinador incapaz de se fazer ouvir, de mostrar o que sabe e de convencer um único adepto que é o homem certo no lugar certo. É certo que não temos dois jogadores essenciais que tínhamos no ano passado e que davam estabilidade à equipa (mais Moutinho que James, é certo), mas não engulo essa teoria “per se”. O plantel pode não ser forte, mas são muitos jogos exactamente como este, sem rumo, sem organização a meio-campo e sem um estilo de jogo vincado e consistente, que marcam a diferença entre um qualquer Estoril e uma equipa como tem de ser o FC Porto. Fonseca tem culpas óbvias neste estado a que chegamos. O fio de jogo é inexistente e assenta na bola pelos extremos com os laterais em fraco auxílio, lento, sem ideias, sem organização. O meio-campo é triste, preso, sem elasticidade para a marcação ou para a pressão, alta ou baixa (vi hoje várias vezes dois ou três jogadores a tentar tirar a bola sem sucesso a um adversário, deixando espaços enormes na zona recuada e jogadores livres para receber a bola), que permite que qualquer oponente consiga trocar a bola sem qualquer problema no nosso meio-campo, onde só não criam mais perigo porque a maior parte deles não sabe muito bem o que fazer com tanta facilidade por nós oferecida. O ataque é frouxo, onde Jackson está incapaz de apontar para a baliza, Ghilas parece um elemento fora do seu meio e apenas Quaresma e Varela, a espaços, conseguem algo de produtivo. E Fonseca hoje conseguiu pior que na 5a feira, onde tirou Fernando e destruiu o resto do pseudo-centro do terreno: retirou Josué, sem grande sucesso no jogo mas dos poucos que tentava lutar para a equipa subir e recuperar a bola, para introduzir Carlos Eduardo (que infelizmente nada trouxe de novo), deixando Herrera em campo, que tinha estado quase sempre ausente do jogo. Pior de tudo é a falta de crença. Os jogadores não acreditam neles, nos colegas e no treinador. Os adeptos não acreditam nos jogadores nem na equipa que os dirige. E não sei muito bem quem é que acredita que Fonseca ainda conseguirá fazer alguma coisa de positivo esta época. Eu, aqui para nós que ninguém nos ouve, também não acredito.


Não baixo os braços, nunca o faço, mas começa a ser complicado mantê-los lá no alto sem ser para fazer uma prece a qualquer Deus que me ouça para dizer: “Ajuda-me, Big Barbas!”…

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 2 Eintracht Frankfurt

Uma noite europeia é sempre diferente dos confrontos internos e por muito que tentemos assimilar a ideia de que somos actualmente um clube grande, a verdade é que…não é verdade. Somos um Porto curto, tão incapaz de manter um fio de jogo consistente como de impôr algum respeito para lá do nome na Europa em 2013/2014. Para lá de todas a (des)organização que aconteceu cá fora, que tratarei noutro post mais tarde, foi lá dentro que demos mais uma vez a imagem de um clube que se está a desagregar e a desligar dos seus adeptos, começando pela equipa, que é incapaz de captivar a atenção de outros tempos e que se vê envolvida numa espiral descendente de contínuo empobrecimento. Vamos a notas:

(+) Herrera. Foi dos poucos que em campo pareceu mostrar algum discernimento colectivo e que procurou levar a equipa para a frente com alguma convicção e inteligência, especialmente na primeira parte. Bom na condução da bola, melhor nos passes laterais e na criação de espaços onde os alemães permitiam e não fosse a quase total inoperância dos laterais e dos colegas do meio-campo e ataque, Herrera teria brilhado mais.

(+) O golo de Quaresma. Vi o cigano a apontar a mira para o canto mais longínquo da baliza e nessa fracção de segundo pensei: “Lá vai mais uma bola c’os cornos!”. Enganei-me e de que maneira, porque o remate foi estupendo, perfeito, indefensável para qualquer guarda-redes no mundo. Genial, rapaz…e das poucas coisas de verdadeiramente produtivo que fizeste em campo.

(+) Os 4(0?) mil alemães. Estacionei com alemães perto, tomei café ao lado de alemães, desci a alameda sempre acompanhado por alemães, esperei cá fora com centenas de pessoas onde estavam dezenas de alemães e vi o jogo rodeado de alemães. Ordeiros, simpáticos, casais e grupos de amigos conversavam alegremente sempre com cervejas na mão, esperando pelo jogo enquanto vestiam as suas cores e animavam o final de tarde na Invicta. E durante o jogo, onde pelo menos quatro mil que pareciam dez vezes mais gritavam e apoiavam a equipa abafando os milhares de tristes portistas (grupo no qual me incluo), independentemente do resultado ou da forma como o jogo estava a decorrer. É impossível pensar que alguma vez conseguiremos ter um espírito similar com todo o estigma moral do tradicional latino, mas temos de conseguir olhar para os gajos e dizer: “Parabéns, caríssimos. Tiveram a festa que fizeram por merecer.”.

(-) Falta de atitude, incapacidade de manter uma postura consistente, completa desorganização táctica, FALTA DE ATITUDE, ausência de liderança dentro e fora do campo, fraquíssima capacidade técnica, insistência no individual em detrimento do colectivo, FALTA DE ATITUDE, excessivas facilidades permitidas na defesa de bolas paradas, desaparecimento dos laterais ofensivos, brincadeira em zonas perigosas, medo do conhecido e pavor do desconhecido, FALTA DE ATITUDE, enervante e inconsequente sofreguidão no ataque, alarmante falta de entrosamento táctico no meio-campo, pouca capacidade de gerir a posse de bola, inexistente estratégia de jogo, FALTA DE ATITUDE, assustadora falta de capacidade de sair de situações de pressão alta, substituições tardias e reactivas, absurda dependência em jogadores-chave, FALTA DE ATITUDE, lentidão na rotação de bola a meio-campo, pouca criatividade no ataque, inexplicável ausência de um médio que saiba o que fazer com a bola em zonas avançadas, desânimo perante dificuldades, descrença nas próprias capacidades e FALTA DE ATITUDE. Acho que está tudo dito.

(-) Se os do sofá não aparecem, só ficam os portistas. Diz muito sobre um clube, como me dizia um companheiro de Porta e co-blogger do BibóPorto, quando numa noite de eliminatória europeia estão meia-dúzia de milhares de adeptos do clube da casa e quase tantos do outro lado. Podem atirar-me com todas as desculpas possíveis (antecipo já o pedido de desculpas aos que estão incluídos neste grupo e que não puderam mesmo ir ao estádio), porque os bilhetes eram caros e estava a chover e frio e afinal dá na televisão e havia tanto trânsito e estou resfriado e tive de ficar a trabalhar até tarde e não pude mesmo, acredita. É nestas noites que as massas deviam acorrer em força ao Dragão para apoiar a equipa quando ela precisa deles para os incentivar e dar o ânimo que claramente não tem. E é também nestas noites que se notam os portistas doentes que vão ao estádio a não ser que estejam entrevadinhos ou se lhes tiver morrido o cão, porque as caras são as mesmas, os sorrisos e olhares trocados são das pessoas que se conhecem e reconhecem umas nas outras e onde a cumplicidade ultrapassa as amarguras de um mau jogo disputado por uma pseudo-equipa. O clube, digo eu, e os seus adeptos, deveriam estar acima disso. Para muitos, os fair-weather fans, só quando há convites para os camarotes ou todos os astros se alinham para que seja um jogo perfeito, só aí é que lá aparecem. Sou arrogante? Sim, sou. Especialmente nestas alturas.


E agora, minha gente? É para ir ganhar à Alemanha? É? Mesmo? Não acredito, para vos ser sincero. Qualquer esperança que tinha de ver um FC Porto forte este ano caiu ao chão neste jogo. Cá dentro ou lá fora.

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Baías e Baronis – Gil Vicente 1 vs 2 FC Porto

A gestão de expectativas é interessante quando se trata de uma equipa grande. Imaginemos que este tinha sido um jogo disputado nas épocas de Mourinho ou de Villas-Boas e todos estaríamos a louvar a capacidade de esforço e a vontade de jogar e de conquistar mais três pontos num relvado (só teórico, porque Barcelos pareceu atacado por toupeiras) complicado. Assim, podemos pensar que terá sido um jogo suado, não particularmente bem jogado mas onde estivemos sempre por cima e que apenas vencemos pela margem mínima porque mais uma vez falhamos várias oportunidades de golo claras. Mas foi uma boa vitória, vista seja por que prisma. Os jogadores nunca desistiram, esforçaram-se e trabalharam para um resultado melhor do que conseguiram. Vamos a notas, com melhor disposição que tem sido costume:

(+) Varela. Man of the match, sem dúvida, não só pelos golos mas pela forma como arrastou a equipa para a frente, muitas das vezes sem sequer conseguir levar a bola junto com ele, porque as malditas toupeiras saíam das tocas e apanhavam-lhe o esférico. O primeiro golo foi bom (Varela ANTECIPOU-SE ao defesa!!!), mas o segundo é estupendo, com um slalom a aproveitar o espaço que lhe ia sendo dado e qual Messi núbio se aprontou para um remate seco e bem colocado, sem hipótese para Facchini. Quis ver a repetição porque quase não acreditava que tinha entrado, muito menos que tinha sido o Silvestre a fazer aquela jogada toda. Bem, muito bem…pelo menos até Quinta-feira.

(+) Herrera. Cada vez parece mais adaptado e mais “presente” em campo, raramente se escondendo por detrás dos adversários e procurando activamente a bola, algo que não acontecia aqui há uns meses. Continuo a gostar de o ver a controlar a bola e a levá-la para a frente com bom critério, inteligência táctica e um estilo gingão à Alex Sandro que assusta um pouco mas que rapidamente se percebe que a bola está controlada, o espaço patrulhado e a visão aberta para o próximo passe. Tem de trabalhar um pouco mais o remate mas é actualmente o único jogador titular no meio-campo do FC Porto para lá de Fernando.

(+) Helton. Mais um par de defesas excelentes, numa mancha depois de um livre marcado (bem) muito depressa e que nos apanhou distraídos, e principalmente quando Abdoulaye se lembrou de proteger (mal) a bola em plena pequena área. Não teve culpa no golo mas as poucas vezes que foi obrigado a trabalhar esteve impecável.

(-) Mangala Um jogo off para o nosso Eliaquim. Falhou de uma forma consistente na primeira parte, com mau timing no approach a várias jogadas, passes com força a mais ou a menos mas raramente com a intensidade certa. Acabamos por não sofrer à sua custa mas foi inferior a Abdoulaye durante todo o jogo, o que é dizer muito.

(-) O senhor do (demasiado) apito. Ponto assente: Quaresma arriscou e muito quando se mandou como um puto mimado às pernas de Luís Martins e se fosse expulso não me surpreenderia nada. Mas o resto da exibição do árbitro foi exagerada nos apitos, a insistir em assobiar sempre que um jogador do Gil ia ao chão e algumas das vezes em que um dos nossos fazia o mesmo, algo que aconteceu (milagre!) menos vezes do que é habitual. Ah, e o golo do Gil é precedido de uma falta onde o avançado empurra Alex Sandro na pequena área…algo que foi assobiado tantas e tantas vezes durante o jogo. Se vai apitar a tudo…que apite a tudo.


Alguma esperança ganha depois deste jogo? Talvez. Gostei do espírito de luta e da percepção que todas as bolas eram para disputar até serem ganhas. Vamos continuar neste registo? Quinta-feira veremos.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Paços de Ferreira

Enquanto escrevo e ouço o vento lá fora a soar como se um esquadrão de 767s estivesse continuamente a rondar os céus da minha casa, questiono-me do porquê de ter saído do conforto do lar para enfrentar os elementos, empenhadíssimos em travar uma batalha sem tréguas contra a pobre raça portuguesa, e deslocar-me até ao Dragão para ver um FC Porto que semana após semana continua a exibir as mesmas dificuldades, os mesmos problemas e sem mostrar grandes soluções para os resolver. O resultado é enganador porque pode indiciar para alguém que não tenha visto o jogo que houve bom futebol, jogadas de entendimento e uma equipa que se exibiu a um nível acima da média. Desengane-se pois, caro leitor. Foi uma bela merda, mais uma vez. Notas, se o vento permitir, aqui abaixo:

(+) Herrera. Está a ser interessante ver a evolução do mexicano. Continua com alguns momentos em que lhe pára o cérebro mas intercala-os com um sentido prático apurado no meio-campo e na definição de lances ofensivos. Trabalha muito e parece querer estar sempre em constante movimentação, pressionando o adversário e ajudando a defender para tapar as subidas dos laterais (hoje apareceu várias vezes a tapar o corredor de Alex Sandro) com alguma eficiência. Quero continuar a vê-lo a jogar e mesmo percebendo que nunca será um Moutinho, ao menos que consiga ser o box-to-box que precisamos há algum tempo.

(+) Helton. Uma defesa elástica depois de um grande remate de Seri (este puto que foi nosso no ano passado, algum motivo decente para o termos despachado para Paços?! temos alguma coisa contra marfinenses?!) e mais algumas defesas de bom nível, incluindo uma mancha a remate de Bébé ainda na primeira parte. Segurou a vantagem e esteve seguro, não se pode pedir mais. Teve apenas uma falha, talvez por causa do vento e da chuva (se soo a desculpadista…ponham-se no lugar de um guarda-redes a jogar com um temporal destes e depois falamos), em que socou a bola para trás mas os defesas livraram-no de ficar com o rabo quente.

(+) Licá. É verdade que os números podem enganar, já que esteve em campo apenas doze minutos, mas a grande diferença está exactamente aí: no timing da sua entrada em jogo. Não se colou à linha e jogou numa zona mais central onde esteve mais “solto” e sem precisar de se prender a aplicações tácticas e outro tipo de nuances que, francamente, não tem mostrado conseguir assimilar. Assim é que Licá pode ser útil, recuando para ajudar no meio-campo ao mesmo tempo que joga numa espécie de “inside-forward”, no espaço criado pelas movimentações mais atabalhoadas que um adversário a perder e desesperado por tentar marcar habitualmente concede. Assim, ainda pode dar mais alguma coisa que as habituais perdas de bola e dribles infrutíferos pela linha.

(-) Josué Uma lata cheia de trampa, foi o que fizeste hoje, meu caro. Não me lembro de te ver a acertar num único passe decente a não ser para Varela num fora-de-jogo que na altura me deixou dúvidas. Passes atrás de passes com má direcção, mau discernimento do posicionamento dos colegas, força desajustada da necessidade e uma movimentação a meio-campo tão inepta que raramente recebeste a bola em condições mesmo não estando a ser marcado em cima. Em suma, como diz o Waldorf sentado ao meu lado (eu, como já devem ter percebido, posso ser o Statler), “este gajo pode ser um box-to-box jeitoso, mas nunca um organizador de jogo!”. Concordo.

(-) Uma equipa cheia de medos e vazia de ideias Três exemplos simples conseguem descrever o FC Porto de hoje: Danilo recebe a bola na lateral, vê Quintero no meio e Quaresma pela sua direita com linhas de passe fáceis e possivelmente eficazes, mas opta por procurar a zona central, envolvendo-se no mesmo percurso acidentado do costume com três adversários, um dos quais lhe tira a bola com facilidade e o defesa-direito não consegue recuperar a posição, abrindo espaço no corredor direito para o contra-ataque adversário; Abdoulaye vê Danilo na diagonal, tapado por um jogador do Paços. À imagem de Maicon aqui há umas semanas, não pode deixar de ver que se lhe tenta endossar a bola, esta vai ser facilmente interceptada por um adversário. Opta então por um passe para…you guessed it, Danilo, com a força de cinco Guaríns, que vai directamente para fora, saindo pela linha uns bons quatro metros ao lado do brasileiro; Varela, num contra-ataque em que está como de costume sozinho, enfrenta três jogadores do Paços de cabeça enfiada no chão e sente Alex Sandro uns bons vinte metros atrás de si. Progride no terreno sempre a encostar-se para a linha lateral, devagar, devagarinho, até que não sabendo o que fazer com a bola, em vez de rodar para trás e atrasar para o colega, tenta fintar os três…e não passa do primeiro. Este tipo de lances acontecem com maior frequência do que seria admissível em escalões de formação onde os putos ainda não têm sequer um mínimo brotar de pilosidade facial. Fonseca, do banco, aposto que estava a aplaudir e a incentivar os rapazes. Paulo, isto já não vai lá com palavras fofas.

(-) Quem é que vai apanhar este temporal…para assobiar?!A uma dada altura, vários segundos depois de um fora-de-jogo ter sido apontado ao ataque do FC Porto e os resmungadores oficiais terem acalmado a excitação, ouviu-se na minha bancada uma voz forte e solitária: “FODA-SE!”. Pouco tempo depois, começaram os assobios. Não sei se foi o senhor grunho que despoletou a turba, mas a partir daí foi uma parvoíce sempre que algum jogador perdia a bola. Um assobiador caseiro é tão útil num estádio de futebol como um terceiro testículo: só atrapalha.


E depois do derby da capital? Ficaremos a depender só de nós? Tem a palavra o Sporting.

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Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 1 Estoril

Continua a ser difícil ver o FC Porto a jogar sem ficar extremamente nervoso e a entrar num remoinho de insatisfação e desespero geral pelo estado do nosso futebol. Hoje foi mais um exemplo de uma equipa desconexa, com pouca inspiração individual e uma confrangedora falta de motivação, agressividade e vontade de praticar um futebol consistente, inteligente, prático, digno do clube que todos aqueles jogadores representam. Salvaram-se alguns do fogo que parece lavrar continuamente por debaixo dos rabinhos colectivos e a passagem às meias-finais aparece caída de um lance quase perdido em que Ghilas aparece finalmente numa zona de finalização, ele que passou o pouco jogo que teve encostado a uma das alas. Não vejo quase nada que me motive no FC Porto actual. A notas, que se faz tarde:

(+) Quaresma. Todos sabemos que gosta de jogar sozinho, que opta pelo lance individual em virtude do enorme talento que tem e que assume os lances na pele porque acredita que consegue ser a mais-valia que todos queremos que seja. Mas hoje trabalhou para o grupo, para o colectivo, mantendo a veia individualista que o caracteriza mas tentando entender-se com Danilo (desentendendo-se várias vezes) mas sempre a procurar a baliza e a produtividade acima da baixíssima média da equipa. Esforçou-se e merece aplausos por isso.

(+) Herrera (na segunda parte). Há qualquer coisa de estranho e fascinante no jovem Hector, que de um momento para o outro um jogador lento que se arrasta em campo e falha simples passes de dez metros se transforma num rápido box-to-box que recolhe a bola em zonas recuadas e percebe as deambulações dos colegas para lhes endossar a bola de uma forma correcta, com passes pesados e dirigidos na perfeição e que ajuda a movimentar o jogo ofensivo de uma forma simples e prática. Se durasse um jogo inteiro a esse nível seria titularíssimo.

(+) Danilo. Esforçou-se e há que lhe dar mérito por isso. Surgiu várias vezes em zonas adiantadas pronto para rematar e tentou corrigir alguma falta de entendimento com um dos jogadores mais complicados de agregar em tarefas colectivas que temos e tivemos nos últimos dez anos. Falha muitos passes e perde bolas em demasia no approach ao ataque, mas se melhorar nesse aspecto podemos finalmente ter um defesa lateral direito que suba no terreno em condições.

(-) Mais uma vez, onze gajos, zero equipa Começo a compreender um bocadinho sobre futebol ao passar dos treze anos, quando Carlos Alberto Silva comandava então os nossos destinos em campo. Segui com a segunda vinda de Ivic, admirei a chegada de Robson, tentava perceber as opções de Oliveira, as hesitações de Fernando Santos, a ultra-defensividade de Octávio e a rigidez táctica de Mourinho. Estranhei a chegada de Del Neri, agoirei a saída de Fernandez, cuspi veneno com Couceiro e enervei-me com Adriaanse. Aborreci-me com Jesualdo, exultei Villas-Boas e quase adormecia com Vitor Pereira. Mas este FC Porto, esta pseudo-equipa que vejo semana após semana com as nossas camisolas, consegue colocar-me num estado de ansiedade do qual dificilmente sairei até que consiga ver algum lampejo de estrutura, de futebol organizado e em que os jogadores estão de facto a interpretar um guião teórico através do talento que todos têm e que parece andar fugido como um católico na Inglaterra da virgem Isabel. Somos um pedaço de gelatina num ventoso e lacrimejante dia de Outono, em que o sabor dos componentes se perde ao primeiro sinal de contrariedade, onde um jogador vale por si e poucos fazem com que o grupo valha como tal. Fracos. Somos fracos de corpo e mente e não tardará muito até os azares começarem e os resultados falarão por si, como até agora têm vindo a fazer.

(-) A contínua escolha de Licá como “extremo” O rapaz não é extremo, Fonseca. Não é. Por muito que o queiras usar como tal, não é. Não consegue receber a bola na linha e controlá-la para prosseguir a jogada. Não é bom no 1×1, não cruza bem e claramente não faz diagonais com a bola dominada. Estar sempre a colocá-lo nesses impróprios lugares é desfazer a imagem do jogador que luta sem produzir e apanha assobiadelas sem merecer.


Benfica na Taça. Benfica na outra Taça, se nos deixarem jogar. Benfica no campeonato. Raios, até podemos apanhar o Benfica na Liga Europa. É Benfica a mais, sinceramente.

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