Baías e Baronis – Sporting 1 vs 0 FC Porto

Está a ser difícil arrancar esta crónica. Não pelo resultado em si, apesar de ter surgido de um lance irregular, ou pelo penalty que nos foi roubado quando Cedric empurrou Jackson, nem mesmo pela expulsão (outra, injusta, em Alvalade, uma de TANTAS e TANTOS LANCES ONDE FOMOS PREJUDICADOS NAQUELE CAMPO…mas estão a ver-me a lançar uma demanda pela purificação da visão dos árbitros? Juízo, amigos, porque não sei ser intelectualmente desonesto nem sportinguista, que aparentemente são cada vez mais verdadeiras redundâncias), mas pela sensação que podíamos perfeitamente ter ganho o jogo se tivéssemos sido um pouquinho mais eficazes. Só um bocadinho. Bastava um dos lances de Jackson, o remate de Varela, o petardo de Quaresma ou a oportunidade de Ghilas, bastava um desses ter entrado e não estaria aqui a coçar a cabeça para perceber o que é que me está a moer o estômago. Perdemos sem grandes culpas para lá dos inúmeros passes falhados, e apesar do Sporting ter exibido melhor futebol (especialmente na segunda parte), mantenho a ideia que deveríamos ter saído de lá com pontos. Um ou três, já não sei. Vamos a notas:

(+) Quaresma (especialmente na primeira parte). Continua a ser um gajo muito esforçado, diametralmente oposto ao que estaria à espera quando regressou em Janeiro. Mantém o estilo pessoal de “guloso”, passando pouco e tentando muito mas mesmo não tendo a capacidade de outros dias, lá vai insistindo enquanto tem pernas para isso e os vários nós que deu em Cedric foram mais que merecedores de um golo, que a trave tratou de lho negar. Com Varela com a produtividade equivalente a uma garrafa de água vazia em campo, Quaresma é o grande municiador do ataque do FC Porto, já que Quintero continua a sentar-se no banco. Se calhar só pode ser titular um gajo começado por “Q” em cada jogo. Deve ser regra da Liga, é isso.

(+) A expulsão de Fernando. Pode ser um Baía duvidoso, o aplauso a uma expulsão, ainda por cima uma que foi puxada pelo adversário e que resultou perfeitamente como o colombiano quis que funcionasse. Mas o gesto é necessário para mostrar à equipa que tem de ser dura, que nunca pode virar a cara à luta e que tem de combater as atitudes “inteligentes” dos adversários com os dentes cerrados e sem permitir esse tipo de facilidades. Teve azar porque Proença decidiu (exageradamente, na minha opinião) expulsá-lo, mas aprovo a atitude.

(-) Inacreditáveis falhas no passe. Compreendo que os rapazes estivessem nervosos. Até sou capaz de entender a falta de confiança que possa haver sabendo que o Sporting jogava em casa, num estádio cheio e com uma fome de títulos que faz com que um sírio num campo de refugiados pareça um americano suburbano. Mas vamos lá ver uma coisa. Quando o primeiro conjunto de passes começa a falhar, eu compreendo. O segundo, compreendo. Ao terceiro, ainda compreendo. A partir daí deixo de compreender e começo a questionar a sanidade mental da maioria dos jogadores. Hoje foram muito poucos os que se salvaram de uma espécie de milagre do passe falhado, em que cada jogador do FC Porto, especialmente da zona defensiva (excluo Danilo porque não esteve tão mal como os outros) onde Mangala, Abdoulaye, Alex Sandro e Fernando passaram a grande maioria do tempo, foram incapazes de sair de uma zona de pressão alta, com cinco jogadores do Sporting em permanência a procurar impedir passes correctos e transições eficazes para o ataque. E o FC Porto transformou-se numa equipa de bairro com a agravante de não mostrar a agressividade que um qualquer Atlético Raismafodense exibe em campo. A ausência de confiança transformou-se em excesso, onde todos pensam ser Beckenbauers e o alívio para longe parece sinal de derrota antecipada que nenhum quer admitir já ter acontecido há muito tempo. Não há ninguém que lhes ponha a mão no pescoço e diga: “Meu menino, acerta-me ali com a bola naquele poste que está aí a uns quinze metros. Cada bola falhada, siga uma voltinha ao campo. Não, não estou a brincar.”?

(-) A lesão de Helton. A par da lesão de Derlei em Alverca em 2003, onde rodou para receber uma bola e encostou-se sozinho por seis meses, foi talvez a lesão mais ridícula que me lembro de ver. Ao que parece será uma rotura total do tendão de Aquiles, o que não pode trazer boas notícias para o resto da temporada e receio que o possa afastar mesmo do futebol. Seja de que lado sopre o vento, boa sorte, capitão!

(-) Alex Sandro. Sem ritmo, sem cabeça, sem grande vontade para correr a apoiar pelo flanco, está a fazer uma época miserável quando comparada com o que fez no ano passado. Este jogo foi apenas mais um onde o brasileiro nunca conseguiu ser um jogador normal, fraquejando ao mínimo toque na bola, incapaz de a controlar em condições e a exibir-se com uma ausência quase total de velocidade e de empenho na disputa dos lances. Falta uma alternativa decente naquele flanco.


O campeonato estava complicadíssimo e agora parece mesmo inatingível. Nada que surpreenda qualquer adepto do FC Porto, tendo em conta o percurso nesta época, por isso resta-nos apostar nas restantes competições, todas a eliminar. Mas há uma inegável falta de capacidade de concentração e calma em campo que parece não conseguir desaparecer…

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Napoli

Enquanto passeava pelos arredores do Dragão, nas horas que antecediam a partida, acompanhado por um grupo de vários lusos e quatro americanos, que por cá andam a trabalhar no mesmo sítio que eu e que acedi a acompanhar até ao jogo, ia vendo o ambiente e dizendo aos estrangeiros: “não me parece que seja um jogo especialmente bonito e bem jogado. vai ser duro mas acho que vão achar que a atmosfera dentro do estádio vai ser morna e que o jogo em si não vai ser nada de especial.”. Estava, como é hábito, completamente equivocado. Foi um jogo tenso, difícil, com um Nápoles firme e prático nas trocas de bola e com extrema facilidade em lançar bolas nas costas dos nossos defesas. Mas o FC Porto, este FC Porto de Luís Castro que começa a mostrar algo de diferente do de Fonseca, este FC Porto parece diferente, mais audaz, mais inteligente e acima de tudo muito mais lutador. Fomos homens, hoje, fomos gente a sério e conseguimos uma vitória (a primeira na Europa este ano) com alguma sorte e azar à mistura para os dois lados mas que nos pode embalar para um final de época bem melhor que o arranque. Vamos a notas:

(+) Defour. Aplaudi-o de pé quando Luís Castro o tirou e fez entrar Herrera, que o afastou do onze durante muitos (demasiados?) jogos. Steven esteve em grande, a lutar todo o jogo num meio-campo que foi mais móvel pela sua presença. E que presença, amigos, porque o estupor do tolinho andou a correr em todo o lado como se Derlei e Lisandro tivessem sido juntos e fechados num invólucro de chocolate belga. Esforçou-se imenso e deu o impulso de força e de combatividade que o nosso meio-campo tão desesperadamente precisava há alguns MESES a esta parte. Os últimos dois jogos que fez pelo FC Porto foram talvez os melhores que já o vi a fazer com a nossa camisola e só espero que as pernas aguentem e este derradeiro push do rapaz para ser convocado para o Mundial seja premiado com o mérito que ele está a fazer por merecer.

(+) Espírito de sacrifício e luta. Já tinha saudades de ver um FC Porto a fazer pressão, não muito alta mas constante na intercepção de linhas de passe e acima de tudo no posicionamento e reposicionamento do meio-campo (a defesa é outra história e vai dar muito mais trabalho a reestruturar, táctica e mentalmente) mas também na entre-ajuda das peças no relvado. Apesar de Carlos Eduardo parecer um elemento perdido quando temos a bola e Varela ter estado num jogo diferente dos colegas, o resto da equipa esteve sempre a um ritmo muito alto e sem fugir às responsabilidades de uma eliminatória europeia contra um dos melhores clubes desta competição. Estaremos a recuperar o “velho” FC Porto? O tempo o dirá.

(+) O público do Dragão. O Dragão não encheu, longe disso, mas a forma como o público apoiou a equipa desde o início do jogo foi notório, como se uma nova simbiose estivesse a ser encontrada entre equipa e adeptos, muito por culpa dos jogadores e da forma como o treinador mostrou que queria vencer o jogo por mais que um golo, mostrando-o bem nas substituições que fez. O povo gostou e mostrou que percebe o estado da equipa, apoiando-os sempre que um lance do Nápoles causava mais perigo para Helton (bom jogo apesar de uma ou duas tradicionais parvoíces que o capitão tende a cometer em jogos europeus) e incentivando o grupo nas saídas para o ataque. Houve muitas bolas trocadas entre os laterais e não ouvi um único assobio. Gostei.

(+) Reina. Vai. Defender. Ao. Caralho. Se não fosses tu, o Fernando tinha marcado um golo extraordinário, meio segundo depois de eu gritar: “não chutes, foda-se!”. Chutou. E o ‘panhol defendeu. Cabrón.

(-) Varela. Esteve em campo? Não o vi, sinceramente, porque estava tão entusiasmado a ver o FC Porto a movimentar-se tão bem com as peças distribuídas elegantemente no relvado, que nem percebi que Luís Castro o trocou com Quaresma a meio da primeira parte para ver se Silvestre conseguiria fazer alguma coisa de jeito com Danilo pelas costas (e para que o cigano deixasse de se desentender com um brasileiro…para se começar a desentender com o outro). Não funcionou muito bem e Varela passou quase completamente ao lado do jogo. Temo que possa ter passado mais um dos tradicionais picos exibicionais que duram 3 ou 4 jogos, para termos um Varela trapalhão, lento e complicativo durante mais 4 ou 5. Espero que não, caso contrário mais vale colocar lá Ghilas, esse Zamboni argelino que corre como uma debulhadora mas…ao menos corre.

(-) Carlos Eduardo. Passou tempo demais preso de movimentos, sem procurar a bola e escondendo-se no meio dos jogadores de amarelo como se tivesse medo de mostrar a tromba para ser visto por um colega. Continuo a não gostar de o ver a 10, apesar dos bons dois primeiros jogos que aí fez e acho que teria a ganhar se jogasse como 8…mas com Defour a jogar desta maneira ninguém o tira da equipa.

(-) Tantas falhas. Não critico as oportunidades falhadas, algumas por azar (Quintero), outras pelo cabrón do Reina (Fernando e Jackson). Critico o tempo excessivo para reposicionamento das unidades defensivas, critico a incapacidade de entendimento entre Quaresma e Danilo, critico os passes centrais de Maicon, critico as distracções de Mangala e critico também as imbecilidades pontuais de Helton, que deve sonhar em aparecer no Watts da Eurosport ou em compilações de “Piores erros de guarda-redes” no youtube. Há melhorias na equipa e são nítidas pelo futebol que apresentamos hoje, mas há ainda muito caminho a percorrer até que possamos falar de uma equipa consistente ofensiva e defensivamente. Especialmente esta última.


Um-zero não é um excelente resultado mas se tivermos em conta as oportunidades claras que houve para ambos os lados, foi bem melhor que um putativo 3-2 ou 4-3. E a verdade é que se conseguirmos jogar em Nápoles com esta força e a capacidade de manter a bola nos pés…e se marcarmos um golinho antes deles…podemos perfeitamente passar aos quartos de final. Who’d have thunk it?

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Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 1 Arouca

Ninguém esperaria uma exibição fabulosa, um hino ao futebol ou uma total recuperação psico-motora do que tem vindo a ser o FC Porto versão Paulo Fonseca. A vitória é justíssima mas diria que os quatro golos podem ser exagerados pela qualidade do futebol que mostrámos desde o golo do Arouca até ao petardo do Quaresma, porque se excluirmos a inteligência e talento de Quintero, as boas corridas de Danilo e a capacidade de esforço de Defour, vi muita parvoíce, muito medo da bola e mais uma vez tremendas desconcentrações defensivas que me fazem temer pelo jogo de quinta-feira contra o Nápoles. Como dizia o Dragão Crónico enquanto saíamos do Dragão: “Saímos daqui depois de ganhar quatro a um…e não ficamos satisfeitos.” Nunca estamos satisfeitos, meu caro, e ainda bem. Vamos a notas:

(+) Defour. Merecia ter marcado um golo este louco deste belga que esteve hoje numa forma soberba, cheio de vontade de levar a equipa para a frente e de aproveitar a oportunidade que lhe foi dada. Dá uma vivacidade completamente diferente ao meio-campo quando comparado com Herrera e a forma prática com que recebe bem a bola e a endossa (normalmente) com critério na direcção do colega em melhor posição para a receber. Funciona muito bem como médio volante e continuo a preferir vê-lo nesta posição, que depende em grande parte dos seus colegas do meio-campo, porque um Fernando atrás de si dá-lhe a calma suficiente para fornecer mais bolas para os flancos ou para o médio mais criativo. Acho que teria muito a ganhar com um jogador como Quintero a titular e creio que se poderiam complementar muito bem sem haver sobreposição de movimentos, algo que acontece muitas vezes com Carlos Eduardo (mais 8 que 10). Quero vê-lo a titular em Alvalade.

(+) Quintero. Um dos meus colegas de Porta perguntava incessantemente: “Mas expliquem-me porque é que este gajo não joga?!”. E dou-lhe razão, especialmente se estiver com o sentido prático e inteligente que mostrou hoje. Revolucionou completamente o jogo e mostrou em meia-dúzia de segundos o que Carlos Eduardo falhou redondamente em quase todo o tempo que esteve em campo, com passes finos e medidos na perfeição, a jogar como um 10 puro, recuando apenas para se recolocar e para avançar pelo melhor caminho. Esteve brilhante a espaços e claramente acima da média no resto do tempo, só resta saber se conseguirá manter este ritmo quando (não “se”, mas “quando”) for chamado à titularidade.

(+) O jogo simples dos primeiros trinta minutos. Uma metáfora do majestoso reino dos computadores serve para este tópico. Sabem aquelas alturas em que um computador se começa a arrastar, seja por falta de espaço em disco ou porque se começaram a instalar tudo que é programinhas e programecos, que fazem tudo desde renomear ficheiros com gestos da córnea até rastrear o fluxo de tráfego na auto-estrada mais central de Kuala Lumpur? Nessa altura, o que é preciso na grande maioria das vezes, é apagar tudo e reinstalar o sistema. Foi o que Luís Castro fez, regressando a um meio-campo com um trinco, um volante e um criativo (à imagem do que implementou no FC Porto B), usando o lateral subido para dar apoio ao centro quando necessário, procurando também o overlap com os extremos de uma forma prática e sem inventar. Acima de tudo…sem inventar. E funcionou, pelo menos durante os primeiros trinta minutos, altura em que o FC Porto jogou simples, sem embelezar as jogadas, prático na rotação da bola, com Fernando a servir como primeiro organizador de jogo, Defour a correr para abrir espaços e conduzir a bola, Varela a trocar bem com Danilo e Jackson na área para receber. Depois do golo do Arouca nada voltou a ser como dantes, pelo menos até Quintero entrar…mas aí o jogo estava bem diferente.

(-) A dupla de centrais. Em todos os anos que vejo futebol, não me lembro de ver uma dupla de centrais tão nervosa, tão propensa a erros e tão completamente descoordenada como esta que hoje jogou. Podia ir buscar emparelhamentos antigos, imaginando Lula e Díaz nos tempos de Oliveira ou Ricardo Silva e João Manuel Pinto com Fernando Santos, talvez até Stepanov e João Paulo com Jesualdo. Mas quaisquer umas dessas duplas empalideceriam ao ver a quantidade de idiotices que Maicon e Abdoulaye hoje cometeram (não fizeram, cometeram, para soar mais criminoso) num jogo contra uma das equipas mais fracas da Liga. Passes falhados em dose industrial e uma tremenda incapacidade de jogarem com um mínimo de calma e concentração necessárias, exagerando nos lances de controlo de bola em zona recuada e com a inevitabilidade das desgraças, a começar a pontapear o esférico como loucos quando o cagaço se começou a instalar nas suas cabeçorras depois de várias ocasiões em que falharam e quase permitiram o empate ao Arouca. E se Abdoulaye já nos habituou a uma dose regular de imbecilidades, esperadas de um homem que creio não vir a ser mais que um “fringe player” na equipa, já o facto de Maicon insistir em deixar que a sua própria insegurança se faça sentir em jogo (especialmente depois das últimas duas épocas em que andou a tentar subir a pulso na estima do povo e procura ser titular absoluto na equipa), faz dele cada vez mais uma opção de risco. Já agora, o Reyes vai ficar eternamente a adaptar-se ao nosso futebol?…

(-) Carlos Eduardo. Jogo muito fraquinho do brasileiro, apesar do bom golo que marcou, com uma execução estupenda em plena área do Arouca. O golo não é tudo, como é evidente, especialmente no jogo de estreia do treinador que já o conhecia e o “trabalhou” na equipa B no início da temporada, e Carlos Eduardo não fez quase nada que melhorasse a sua imagem que está a definhar jogo após jogo perante os adeptos. Má movimentação em campo, pobres decisões no passe e excessivo alheamento nos lances ofensivos da equipa, acaba por ser quase o contrário de Ricardo Quaresma, sempre com vontade de ter a bola, esteja ou não em boas condições para a receber e para conseguir fazer alguma coisa de jeito com ela. Está a “pedir” para perder o lugar para Quintero.


O vírus Fonseca, que parece ter afectado uma grande parte dos jogadores, ainda está por aí e parece complicado virmos a fazer uma recuperação milagrosa em tempo recorde. Houve bons momentos, mas ainda há muito trabalho e a malta que aí vem na quinta-feira não é um Arouca. É um bocadinho melhor.

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Baías e Baronis – Guimarães 2 vs 2 FC Porto

O minuto 85 é a imagem perfeita para alguém que queira perceber o que é o FC Porto 2013/2014. Incapazes de sair de uma zona de pressão por parte do adversário, a zona defensiva cometeu falhas atrás de falhas quando tentava movimentar a bola numa transição para o ataque que nunca saiu porque a bola não saía dali. Alex Sandro, Fernando e Maicon foram lentos a afastar a bola, fiando-se na sua capacidade de controlar o esférico, sem linhas de passe, sem movimentação ofensiva para receber a bola e começar uma fase de construção que se espera de uma equipa grande. Mais uma vez desperdiçámos uma vantagem de dois golos para perder mais dois pontos e acabar quase definitivamente com a esperança em vencer o tetra-campeonato. E não merecemos mais que isso, especialmente pela segunda parte que fizémos, digna de um clube pequeno, com mentalidade pequena. Quanto descemos, meu Deus. Notas abaixo:

(+) Ghilas (na primeira parte). Com características completamente diferentes de Jackson, é o avançado que precisamos neste momento pela força que mostra e pela movimentação agressiva que coloca ao dispôr da equipa enquanto está em jogo. Teve azar por não ter conseguido marcar na primeira parte (uma bola à trave e um cabeceamento a roçar no poste) mas conseguiu o remate que deu origem ao segundo golo e agiu sempre com determinação, raça, entusiasmo e vontade de jogar. Para primeiro jogo como titular na Liga não se podia pedir muito mais. Baixou de produção na segunda parte porque a equipa não agiu como tal e talvez porque não tenha ritmo para muito mais que 45 minutos…é o que acontece a um jogador que joga 4/5 minutos de cada vez…

(+) Danilo. Continua a ser dos poucos que se esforça para conseguir mais do que os miseráveis resultados e más exibições que os colegas têm protagonizado. Tem vindo a melhorar na primeira fase de construção dos lances ofensivos e está mais atento na defesa, só não tem culpa que a maior parte do sector defensivo esteja a dormir durante todos os jogos…

(-) Abdoulaye e Maicon. Um jogo completamente absurdo do senegalês, que nunca conseguiu assentar a cabeça de forma a poder ter uma atitude normal em jogo. Hesitações a mais, falhas na marcação a Maazou e um nível de agressividade quase sempre excessivo que fez com que nada lhe corresse bem porque nunca tentou jogar…normalmente. Tudo que fez foi em força e sem cabeça, desde o amarelo que levou às inúmeras desconcentrações que deixavam os jogadores do Guimarães sem problema a jogar contra uma defesa que nunca pôde confiar nos foras-de-jogo do adversário porque Abdoulaye lá estava sempre a facilitar, totalmente desenquadrado da equipa. Maicon, a seu lado, de quem espero sempre mais, foi o Maicon dos maus dias que têm sido bem mais que os bons nesta época. Distraído, displicente e sem velocidade suficiente que nem a inteligência posicional (que tem) lhe valeu. Um jogo muito mau de ambos.

(-) Herrera, Carlos Eduardo…e até Fernando. Foram incapazes, especialmente na segunda parte, de manter a bola controlada durante tempo suficiente para que a equipa se conseguisse organizar em condições. Fernando falhou muito na marcação à entrada da área e na cobertura dos espaços, mas Herrera e Carlos Eduardo foram inexcedíveis no desperdício e na incapacidade de impôr um jogo com consistência e acima de tudo força física e mental. Carlos Eduardo está num momento horrível e Herrera está um perfeito anti-Castro: joga sempre a um ritmo baixo demais para este nível e quando apanha Andrés ao quadrado e outros que tais, raramente consegue safar-se por cima. O nosso meio-campo é a principal razão, táctica e física, pelos maus resultados da equipa, cada vez tenho menos dúvidas disso.

(-) Quaresma. Lembro-me de uma frase que já se ouviu tantas vezes nas bancadas do Dragão: “Leva-a para casa, caralho!”. Exagerou nos lances individuais e apesar de raramente lhe apontar o dedo quando é dos poucos que tenta, a verdade é que há muitas alturas em que o jogo colectivo parece que lhe passa ao lado. Hoje foi uma delas, porque raramente passava a bola aos colegas em situações de perigo, optando por ser ele próprio a levar a equipa às costas. O Quaresma de 2007 talvez conseguisse. O de 2014 já não consegue e devia ter noção disso.

(-) Porque raio convocar Jackson?! Não consigo entender o porquê de convocar um jogador para depois o meter em campo quando se vê à distância que não está em condições, físicas e mentais, para disputar um jogo deste nível e com previsíveis dificuldades e para o qual era necessário um homem forte e capaz de lutar por um resultado essencial. Juro que não entendo.


Não baixo os braços, nunca o faço, mas começa a ser complicado mantê-los lá no alto“. Disse isto depois do jogo contra o Estoril. Não tenho nada a acrescentar.

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Baías e Baronis – Eintracht Frankfurt 3 vs 3 FC Porto

foto retirada de desporto.sapo.pt

Há quem diga que o futebol é um desporto aborrecido, cheio de pequenos e grandes nadas e que os resultados acabam na maioria das vezes com um golo para uma equipa e nenhum para a outra. E até pode ser verdade…mas às vezes acontecem jogos destes, em que há incerteza no resultado, emoção a rodos e uma invulgar capacidade de sofrimento que levou qualquer portista a entrar em quase demência com a parvoíce da própria equipa, ao mesmo tempo que se excitava com a vontade de ganhar que os jogadores mostravam e que o nervosismo e a disposição táctica quase os impediam de conseguir. E daqui a uns anos posso dizer: “E aquele jogo que fomos fazer a Frankfurt? Porra, que me ia dando um enfarte!!!” Uff. Escapelizemos, então:

(+) Danilo. Esforçadíssimo, fez o flanco todo durante…o jogo todo e foi dos que nunca desistiu, o que me deixou completamente surpreendido porque já disse várias vezes no passado que acho que o rapaz precisa de incentivos permanentes e se tivermos de pagar mais algum para o moço ir ao psicanalista, podemos recuperar mentalmente um jogador que se deixa ir abaixo com qualquer infortúnio que lhe aconteça. Mas hoje, ao contrário do que é normal, Danilo tentou sempre levar a equipa para a frente e lutou com poucos para que o jogo lhe corresse bem, e correu. E quem dera que consiga manter este ânimo, esta vontade durante todos os jogos que disputa.

(+) Mangala (pelos golos). Porque até para um latagão como o francês, marcar dois golos de cabeça em plena área de uma equipa alemã não é para todos. E porque compensou as falhas atrás com uma eficácia na frente que nos valeu a passagem aos oitavos. Muito bem, Eliaquim, sempre a marcar pontos para o mercado de Verão!

(+) Aleluia! Atitude! Quaresma corria na frente, com Fernando a controlar o meio-campo atrás (Fonseca, por favor, deixa o rapaz a jogar sozinho, por favor, oh POR FAVOR!) e Varela a sprintar pela ala. Sim, continua e palpita-me que continuará a haver extraordinárias descompensações na zona do meio-campo e defesa, onde aparecem três homens a cobrir o espaço onde está a bola, abrindo linhas de passe facílimas para o adversário, mas hoje houve algo que não tinha havido na primeira mão e muito menos no Domingo: houve querer. Os jogadores do FC Porto mostraram que queriam vencer o jogo e mesmo depois de várias contrariedades (empatar depois de estar a perder por dois…para logo sofrer o terceiro, é dose) conseguiram lutar com as forças que tinham apesar da pouca cabeça que enfiaram no jogo. Ao menos isso, para que não se lhes possa apontar mais nada sem ser a adesão a um sistema táctico e a uma disciplina de jogo que, francamente, não compreendo.

(-) Jackson. Uau. Simplesmente…uau. Deve ter sido o pior jogo que Jackson fez com a nossa camisola, tal foi a quantidade ridícula (e risível, para os adversários) de bolas perdidas, mal controladas e desperdiçadas. Rematou sempre ao lado, às vezes *demasiado* ao lado para um jogador que é excelente em frente à baliza mas que está perdido quando tem de recuar e não encontra um elemento a quem possa endossar a bola, algo que acontecia frequentemente no ano passado com Lucho, James ou Moutinho, e como este ano fica abandonado na frente, procura fazer as coisas sozinho. Ui. Não. Não, Jackson, por favor não. Está em baixo de forma e nota-se na sua postura e atitude em campo. Acorda, homem!

(-) Carlos Eduardo. Mais um bom monte de merda de iaque que saiu dos pés deste rapaz, aparentemente mais preocupado em perder a bola do que de facto a criar algo de produtivo. Perdeu já a boa imagem dos primeiros jogos que fez a titular, muito por sua culpa, na medida em que o posicionamento táctico parece o que um perú algemado a chegar ao dia de Acção de Graças na América, cheio de vontade de fugir mas sem espaço para onde o fazer. O terceiro golo do Eintracht tem grande influência sua, desfazendo uma defesa que estava já inclinada para a frente com um passe fraquíssimo para o centro do terreno, facilmente interceptado pelos alemães. Se Quintero não joga agora…não faço ideia porque será.

(-) Falhas defensivas. Sai mais uma fornada quentinha de estupidez e desconcentração para a equipa do FC Porto! Se formos a compilar um worst-of dos lances defensivos desta temporada, temos um dia inteiro de videos para ver e apreciar, especialmente se não formos adeptos e/ou sócios. Apenas Danilo se safou hoje, porque Alex Sandro esteve quase sempre distraído e mal apoiado a defender e os centrais foram consistentemente ultrapassados em astúcia e altura pelos alemães. Desconcentrados, mal posicionados, sem sentido prático, fica na imagem aquele lance em que Mangala, tentando proteger a bola para Helton recolher, dá um toque mesmo antes do guarda-redes apanhar a bola…e sai mais um livre directo que é meio golo e só não foi completo por sorte. Somemos o corte em cima da linha de Varela, as IMENSAS falhas de Maicon (nos dois primeiros golos, por exemplo) a lentidão de Herrera e o mau posicionamento de Carlos Eduardo e temos aqui um caldinho maravilha. Ah, Porto, onde está a tua defesa que fez nome pela Europa fora?


E agora? Nápoles. E vamos já assumir que somos underdogs para este jogo, porque Hamsik não é Meier, Higuain não é Joselu, Inler não é Schwegler e Callejón não é Aigner. Nem falo do Mertens e do Pandev. Yeah, we’re fucked.

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