Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Rio Ave

Pouca gente, pouco futebol, pouca alma. Foi assim a história de um jogo que termina com um resultado muito acima da exibição e que marca mais um degrau na escada que vai levar a que esta época termine sem honra e com pouca glória. Os três golos nascem na segunda parte, depois de quarenta e cinco minutos do futebol mais desgarrado, inconsequente e tristonho que me lembro de ver nos últimos tempos, o que até parece hiperbólico tendo em conta a qualidade de jogo que temos vindo a colocar em campo mas que para os dezassete mil e tal que hoje estiveram no Dragão foi a confirmação que estes rapazes precisam de um homem forte que os ponha na linha. Enfim, valeram Jackson, Quintero e as claques. A notas:

(+) Jackson. Marcou o 19º golo no campeonato 2013/2014 e salvo qualquer tipo de enxurrada de golos de Derley (15) ou Lima (14) nos dois jogos que faltam, confirmou-se como goleador máximo da Liga pelo segundo ano consecutivo. E esforçou-se por isso, para lá do penalty que me parece evidente, porque veio atrás construir jogo, correu para salvar colegas de lances desperdiçados e roubou a bola com vários “carrinhos” que fariam Otamendi ficar orgulhoso.

(+) Quintero. Só entrou ao intervalo mas teve tempo para fazer uma assistência que deu em penalty, uma assistência para o segundo golo e sofreu a falta que originou o terceiro. Não é mau mas podia ser ainda melhor, bastava que alguém começasse a apostar nele como titular em vez dos apagados Josué ou Carlos Eduardo, que não mostram (longe disso!) o mesmo talento e capacidade de jogar de frente para a baliza e para os adversários. Espero muito dele para 2014/2015.

(+) As claques do FC Porto. Sempre a apoiar, os loucos dos Super com um grupo enorme em tronco nu (não estava frio mas também não era tempo para veranear) em louvor contínuo ao clube, notando-se o cuidado de não individualizar os cânticos mas de unificar em torno de um ideal que todos queremos ver sempre mais alto: o FC Porto. Obrigado, malta, pela estupenda manifestação de querer e de portismo. Pelo ano que fizeram, mereciam mais retorno dentro de campo.

(-) Uma equipa derrotada. A imagem do Dragão com menos de metade da assistência, com a celebração de um golo a ser feita com alguns fugazes gritos de euforia de nível subjugado a uma realidade que é bem mais dura, bem mais cruel e oh tão autêntica. Como é triste ver um jogo do FC Porto em que a equipa entra em campo derrotada mentalmente, com o peso de uma época a carregar nos ombros, a frustração que nunca se converte em convicção ou na tentativa de fazer um melhor trabalho mas que explode em lances físicos ou na enervante indolência de quem caminha em passo arrastado para o cadafalso. Josué, Herrera e Defour fizeram exactamente o que um meio-campo não deve nunca fazer, jogando demasiado próximos, sem amplitude de movimentos, fracos no desdobramento e lentos no passe. Os centrais organizavam o jogo (ah, Sir Bobby, se visses isto pensarias que era uma homenagem…) tão mal, obrigados a enviar a bola pelo ar para os colegas que, incapazes de se anteciparem e de levantarem os pés do chão, esse hercúleo esforço só ao alcance de titãs, perdiam a bola e o Rio Ave partia no contra-ataque. Ver Alex Sandro, o melhor exemplo do total desinteresse pelo jogo na primeira parte, a falhar passe após passe a distâncias consistentemente reduzidas (cinco metros, meus amigos, é como acertar no túnel da Ribeira a partir dos azulejos do mestre Resente!), a sair para o ataque e a perder a bola porque nem se dava ao trabalho de a proteger…ou Herrera, que desliga quando tem a bola nos pés e a perde, vez após frustrante vez, para o adversário. Foram tantas as parvoíces e a explicação é tão simples: quando se entra em campo sem nada para ganhar e ninguém para nos corrigir…dá nisto.


E o terceiro lugar está garantido! Huzzah! E a época começa mais cedo mesmo que não joguemos a Supertaça! Huzzah! E os gajos que chegam tarde do Mundial vão fazer com que tenhamos de inventar outra vez para a pré-eliminatória da Champions! Huzzah! Foda-se! Huzzah!

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Baías e Baronis – Benfica 3 vs 1 FC Porto

Dói, dói muito. Dói mais porque a eliminatória esteve ali, ao nosso alcance, por muito que possam reclamar de penalties e jogo rijo e perdas de tempo e fitas. Ali, naquele relvado, estão os culpados de mais um naufrágio nesta eterna travessia do longo oceano de adamastores que se transformou esta temporada. Ali, onde no passado saímos tantas vezes de cabeça erguida para os céus, a mostrar a força da nossa identidade, da nossa imagem, do nosso querer, foi onde caímos com estrondo, sem que tivéssemos tido a cabeça e o coração para evitar a queda. O Benfica venceu bem, foi melhor, mais eficaz, mais inteligente, mais equipa. Nós, ficamos com a imagem de um conjunto de jogadores fracos na cabeça, lentos nos pés e amorfos na alma. Dói, vai doer mais durante meses…e esta puta desta época nunca mais acaba. A notas:

(+) O golo de Varela. Na única vez que Silvestre conseguiu fazer alguma coisa de jeito, foi brilhante. Esqueçamos que passou o resto do tempo em campo a tentar receber bolas pelo ar enviadas pelos colegas ou a fugir da marcação dos adversários sem que conseguisse produção ofensiva digna de um shot de limoncello. O golo é dos bons, desde a finta de corpo à aceleração em flecha para a área, acabando com um remate perfeito pelo meio das perninhas de Artur. Pena que não tivesse feito mais nada durante todo o resto do jogo.

(-) Oh meu Porto da eterna mocidade. O jogo do Dragão ficou marcado por uma terrível falta de eficácia, que nos deixou à mercê do adversário. Hoje, foi a constatação mais evidente de que uma eliminatória a duas mãos tem de ser encarada no primeiro jogo como se todos os lances fossem o último, para que a vantagem possa ser suficiente para aguentar a enxurrada da segunda mão. Não o fez e deixou assim o ónus dessa ineficácia para ser colmatado com uma exibição mais eficiente neste jogo. Sabendo disso, a equipa entrou em campo com algum medo e até Siqueira ter sido (bem) expulso, pouco ou nada fez para tentar marcar um golo. Apanhando-se em vantagem numérica, mandou no jogo. Pegou na bola, rodou-a, criando pouco perigo, mas com a eliminatória empatada cheguei a acreditar que com mais alguma acutilância e velocidade pelas alas, as coisas podiam sorrir para o nosso lado. Veio o golo, de força, de garra, por um homem que nada tinha feito até então mas que poderia servir para agrupar as forças, reunir mais confiança e acabar com o inimigo de uma vez por todas. E…nada. Nada. Um enorme vazio apoderou-se de todos os jogadores, com uma incapacidade de imberbes coitados, sem capacidade para trocar a bola com perigo, perdendo duelos após duelos, desperdiçando lances ofensivos consecutivos em fugazes tentativas pelos flancos, em zonas de debilidade tremenda, sem apoio ofensivo, sem overlaps, sem mentalidade de vitória. Luís Castro não ajudou, tremendo pela primeira vez desde que o vi, enfiando Josué para parar o jogo quando apenas um golo separaria o Benfica do Jamor. Também ele teve medo, medo de uma equipa a jogar com dez, medo de um ataque avassalador de uma equipa com menos um homem, medo do que podiam os outros fazer sem acreditar no que nós conseguiríamos atingir. Josué em campo em vez de Ghilas ou Quintero. Medo, nas faces, nas expressões, nas pernas. Medo de onze contra dez. Mas foram dez homens comparados com onze meninos, dez jogadores contra onze pirralhos medrosos de tudo, desconfiados deles próprios e com a fibra competitiva de uma folha de gelatina ao vento. Quaresma, que caiu nas manhas de Maxi durante todo o jogo. Herrera, que desapareceu sem sequer ter aparecido. Jackson, perdido no meio dos centrais sem que a bola lhe chegasse. Fernando, fraco nos lances divididos (sim, até tu, Reges!). Danilo, a dar mais espaço a Gaitán que um merdas de um lateral de uma equipa amadora. Alex Sandro, sem força nem altura nem posicionamento no golo de cabeça de Sálvio. Fabiano, com culpas no primeiro e no terceiro golo. Mangala, trapalhão e permissivo. Enfim. Tantos e tão poucos, é o que somos. Uma equipa é bem mais que a soma das suas partes e o FC Porto, este ano, poucas vezes tem conseguido ser uma equipa. E isso, meus caros, é o que mais dói. Perder na Luz dói sempre, mas quando se perde desta forma pouco há a dizer e estico-me nesta prosa solta e desligada porque a tristeza vai assumindo a proporção habitual cá dentro e o discurso sai pouco fluido, como o nosso jogo. Já houve tempos em que apagámos a Luz. Hoje, fomos nós que nos apagámos Nela.


Só uma pequena nota: perdemos o campeonato para o Benfica, a Taça para o Benfica e também podemos ter perdido a Liga Europa que o Benfica pode vir a vencer. E a Taça da Liga? Esse miserável troféu…perderemos também para o Benfica?

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Baías e Baronis – Braga 1 vs 3 FC Porto

Para jogo de pré-época tinha sido um espectáculo agradável. Alguns jogadores que nunca jogaram juntos, uma defesa que até nem meteu muita água, um meio-campo com um jogador a jogar com um décimo de gás, outro invisível até marcar um golo (talvez seja uma estratégia…) e ainda outro que tentava tudo e raramente lhe corria bem. Ah, e um ataque que já venceu um troféu este ano. O ritmo foi baixo demais e houve jogadores que estiveram em Braga a passar tempo até o jogo grande de quarta-feira, que se torna cada vez maior quando comparado com o que resta desta temporada que tarda em terminar. E ainda houve tempo para Abdoulaye confirmar que está de saída do clube. Depois de tantos jogos em tudo iguais a este…não haverá outra forma de ver a carreira do senegalês. Notas, num formato um bocadinho diferente, abaixo:

(+) Quintero, pelo golo. Não tenho dúvida que tem talento. Oh se tem. Mas no golo que marcou foi evidente a capacidade de tirar três homens do caminho e fazer com que o guarda-redes não fizesse a mínima ideia para onde a bola iria ser colocada. Eduardo, naquele momento, só percebeu que a bola ia entrar, só não sabia por onde. Tem um toque de bola tão acima da média da equipa que devia ser obrigado a dar aulas práticas a Licá até que o guedelhas começasse a ter de comprar aqueles champôs com cheiro a morte para evitar a queda.

(+) Victor Garcia, pela estreia. Tenho-o visto todas as semanas pelos Bs e não me desiludiu no jogo de estreia pela equipa principal. Afoito na subida pelo flanco, prático a recuar, estável no controlo de bola e sem inventar como Danilo, que nesta altura acaba por ser um ponto positivo na estabilidade da exibição de uma equipa que treme quando perde a posse de bola. Ah, e finalmente alguém que sabe (ou tenta saber) como cruzar uma bola, porque ofereceu dois golos a Jackson e Carlos Eduardo direitinhos para as cabecinhas dos rapazes. Gostei, como tenho vindo a gostar desde o início do ano.

(+) Maicon, pela pachorra. Jogar ao lado de Abdoulaye é equivalente a pisar um campo minado na Bósnia em 1992: nunca se sabe o que vai acontecer quando se vai alegremente saltitando pelo relvado. Ainda assim, o capitão (sim, leram bem) esteve em bom plano, sem inventar bolas ridículas como noutros tempos e dando suficiente segurança à zona recuada, tirando ainda tempo para limpar algumas imbecilidades do colega do lado.

(+) Josué, pela entrega. É verdade que acerta um em cada oito passes para a frente (não fiz as contas, mas não deve fugir muito desse rácio), mas correu imenso e funcionou como um verdadeiro médio-volante, sempre a levar a bola para a frente e a fazer, mais uma vez, o que Carlos Eduardo ainda não entendeu que tem de fazer: criar espaços e ter a bola nos pés mais de meio minuto por jogo, ou em alternativa tentar fazer alguma coisa com ela.

(-) Abdoulaye, por quase tudo. Andou o jogo todo a fazer parvoíces mas a maior de todas foi mesmo a forma como facilitou pela enésima vez, com o guarda-redes na sua plena linha de visão, podendo atrasar a bola ao rapaz…mas decide fazer uma finta de corpo para o centro enquanto corria com o esférico controlado NA DIRECÇÃO DA BALIZA, perdendo a bola para Rafa que felizmente rematou fraco para Fabiano defender com facilidade…*sigh*…mas esta foi apenas um entre muitos outros lances em que um jogador da sua experiência já devia conseguir discernir pela melhor opção possível. E Abdoulaye não o faz, de uma forma consistente e enervante. Chegando ao final da época…é reunir com ele numa sala e dizer: “it’s not me. it’s really you.” E acabar a relação sem que nos tornemos a ver com a mesma camisola.

(-) Licá, pela técnica. Dizia-me um amigo por mensagem que este rapaz, bem como Josué, Carlos Eduardo e Abdoulaye podiam ficar já em Braga porque não tinham espaço no FC Porto. Não discordo de dois ou três nomes, mas eu até gosto do Licá. O rapaz esforça-se e podia funcionar bem em situações de contra-ataque e jogos em que temos de alinhar mais fechados atrás e com malta rápida na frente. Mas mandava-o ao médico primeiro. Há qualquer coisa de errado naqueles pés porque o rapaz é incapaz de controlar a mais banal das bolas que lhe são enviadas e perde tantas jogadas de ataque antes delas começarem que enerva qualquer pessoa. Para lá disso, até parece bom moço.

(-) Fernando, pelo ritmo. Há algumas coisas que detesto ver nos jogos do FC Porto desde aqui há uns anos: Helton a brincar com os avançados, Maicon a fazer passes longos a mais e Fernando a jogar sem interesse. É terrível para a equipa porque sente que o ritmo nunca vai poder ser o de um jogo normal mas é ainda pior para os adeptos, que vêem um rapaz que sabemos ter a fogosidade de doze Jayne Mansfields nos seus tempos mas que neste tipo de jogos…mais parece um Bolatti a Xanax.


Enfim, uma vitória e mais três pontos na luta pelo segundo lugar (amigos, até ser matematicamente possível…yadda yadda) que é na realidade o segurar do terceiro. Pensar que estamos a lutar por meia-dúzia de pontos contra o Estoril já é mau. Perceber que estamos em desvantagem no confronto directo ainda é pior.

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Baías e Baronis – Sevilha 4 vs 1 FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

Pum. Pum. Pum. Pum. Quando me levantei, logo a seguir ao apito final, havia algo que me incomodava, causando desconforto quase físico. Fechando os olhos, imaginei que quatro bacamartes sevilhanos se encontravam a expandir o meu esfíncter até ao ponto de ruptura, sem que me tivesse apercebido de como raio lá tinham chegado. E regressei a um tempo não muito distante, aqui há uns simples meses atrás, em que via o FC Porto a defender como se estivesse no recreio da escola, a correr atrás da bola sem um semblante mínimo de organização, temendo o pior e vendo-o a acontecer à sua frente, não conseguindo fazer nada para o evitar. Hoje, em Sevilha, fomos exactamente o que temos vindo a ser durante quase toda a época. Ineficazes no ataque, amadores na defesa. E caímos com estrondo e com a equipa caiu também o poucochinho resto da moral de uma temporada. A notas:

(+) Quaresma. Perdeu muitas bolas, falhou muitos cruzamentos e não conseguiu ser decisivo. Conseguiu fazer com que o atrasado do Coke fosse expulso e marcou um golo estupendo que já não serviu para absolutamente nada a não ser para entrar na compilação de golos do ano da segunda prova de clubes a nível europeu. Mas foi dos poucos que tentou, ao seu estilo, sempre a olhar para o que *ele* podia fazer, com pouco jogo de equipa e sem a velocidade de outros tempos mas sempre a tentar fazer pela vida com vontade de vencer. Não foi genial, longe disso, mas foi lutador.

(-) Os laterais. Já disse várias vezes que “este foi o pior jogo de Danilo/Alex Sandro”. Hoje é só mais um jogo que trouxe mais um saco cheio a somar à quantidade de imbecilidades que estes dois rapazes têm vindo a fazer este ano. E se Danilo tem estado menos mal durante a época (mal, mas não tão mal como no ano passado), Alex Sandro é o poster-child da idiotice competitiva, perdendo bolas absurdas em zonas proibidíssimas, causando problemas irresolúveis aos colegas, dificultando (sim, DIFICULTANDO) o trabalho do guarda-redes e fazendo uma exibição, mais uma vez, a roçar o absurdo. Danilo, com o permanente pessimismo que o afecta desde que cá chegou, nunca pareceu concentrado no jogo e abriu o jogo com um penalty depois de um carrinho exagerado em plena pequena área. São jogadores de top, dizem-me. Não se têm mostrado como tal.

(-) A fraquíssima mentalidade competitiva. Sevilha, essa cidade de tantas alegrias no passado, escorregou hoje do panteão para um terreno lamacento onde o nosso espírito hoje permanece, afundado depois de uma exibição que teve tanto de fraca como de, lamento dizê-lo, esperada. Dizer que a equipa que venceu o Nápoles é quase a mesma que hoje se apresentou na Andaluzia é uma idiotice como tantas outras, pelo simples facto destes rapazes não conseguirem manter um jogo coerente. Tremem, os pobres, com os infortúnios. Acham que conseguem fazer exibições sofríveis e continuar a brilhar no meio dos outros que outrora envergaram a mesma camisola e mostraram ao Mundo o que é que um clube de uma pequena região de um pequeno país consegue fazer se tiver mentalidade para isso. E hoje, ao ver a lentidão de Herrera na execução, a ausência quase total de Varela e Carlos Eduardo, a incapacidade de Defour em lidar com um meio-campo que nem estava assim tão densamente povoado (já não parecia tão mal ter jogado o Mikel, pois não?), o desânimo de Danilo ou a atitude estúpida e arrogante de Alex Sandro, ou até o desnorte de Mangala e de Reyes, o pouco sentido prático de Kelvin (não terás culpa de jogar tão pouco, mas por favor pára de fintar a bola. essa merda só enerva, acredita) ou o invulgar apagão de Ghilas, tive a perfeita sensação que a época acabou. Temo os jogos contra o Benfica porque a honra está aí para ser defendida mas não vejo nesta malta a força moral para o conseguir. Falha-se demais e lamenta-se demais. Corre-se menos que os outros, sempre menos que os outros, perdem-se lances de ataque consecutivos e baixam-se os braços. Alinhamos com meios-campos eternamente renovados e esperamos frutos de árvores que nem sequer raízes criaram. Este grupo, este penoso e infeliz grupo de jogadores que este ano apoiámos, incentivámos e tentámos elevar a mentalidade para que fossem de novo uma equipa de vencedores, nunca o será. E não o é por culpa própria, porque perdeu jogos demais contra equipas que estão abaixo deles, sem que os preocupasse em demasia. Acabam o jogo e perdemos, ó que raio de coisa, perdemos outro jogo. Os adeptos, da parte de fora, não compreendem. Eu não compreendo. Ninguém compreende.


E agora, meus amigos? Empacotamos o resto da temporada ou vamos tentar limpar a honra nas Taças que sobram? Se tirarmos o jogo de hoje como uma amostra do que se pode fazer, é certinho que o único highlight que vamos ter até ao Verão vai ser mesmo o campeonato do Mundo…

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 1 Académica

Foi giro ver a quantidade de putos no Dragão, vindos das escolas da Dragon Force espalhadas por esse país fora (mais focadas no Norte, pelos nomes que foram sendo chamados pelo altifalante). E que recepção tiveram os jogadores quando entraram para o relvado, que retribuíram com uma primeira parte muito agradável, com algum bom futebol, golos e níveis de criatividade e jogadas ofensivas bem interessantes. E depois foi também a altura do Dragon Force entrar em campo para a segunda parte, porque a grande maioria das imbecilidades que vi nesses segundos quarenta e cinco minutos só podem ser atribuídas à falta de experiência e juventude de miúdos de 12 ou 13 anos. Enfim, não se pode esperar consistência de um grupo que não mostra maturidade. Vamos a notas:

(+) Ghilas. Falso extremo. Parece um conceito tirado do manual de instruções de uma lancha recreativa, mas é de facto a posição que Ghilas ocupou enquanto esteve em campo. Não consegue praticar um futebol fluido como extremo, mas quando joga numa zona mais central, a arrastar o lateral para o meio e a receber as bolas nas suas costas, usa a velocidade e astúcia de avançado para perceber quais são as melhores opções que tem e é muito perigoso nessa função. Perfeito no golo que marcou, estou muito esperançado que tenha a mesma postura e que a equipa aproveite as suas características em Sevilha.

(+) Quintero e Herrera juntos ao centro (na primeira parte). Uma boa surpresa pela forma como trocaram posições constantemente e mostraram que ambos conseguiriam adicionar a tão necessária criatividade a um ataque que anda com muita falta dela. A Académica ofereceu muito espaço na zona central (mesmo, mesmo muito espaço!) e os dois aproveitaram na perfeição, seguindo com a bola constantemente a cambiar de posição e a usar bem o espaço para criar oportunidades para Jackson e Ghilas. Contra equipas mais fortes e com mais unidades a meio-campo (como o Sevilha ou o Benfica)…talvez tenhamos de sacrificar o mexicano pela força e sentido prático de Defour, mas Quintero *tem* de ficar na equipa.

(+) Reyes. Diego “Certinho” Reyes é exactamente o que o médico recomendou para uma equipa cheia de jogadores com mais altos e baixos que uma montanha russa no Dubai. Raramente falha um passe, posiciona-se muito bem perante os adversários e intercepta a bola com classe e muito pouco exagero físico. Continuo a dizer que me faz lembrar Aloísio exactamente por essa forma de cortar a bola…mas talvez seja melhor não continuar a fazer comparações desde que disse que o Carlos Eduardo me fazia lembrar o Deco. Bad Jorge, bad Jorge!

(-) Relaxar em excesso. O jogo teve pouca história mas podia ter sido uma boa exibição ao longo de noventa minutos e só não o foi porque a cabeça dos jogadores mudou-se para a Andaluzia ao intervalo e nunca mais regressou à Invicta. Esqueceram-se de um simples facto que atormenta a mente de todos os portistas há meses: a equipa não sabe jogar descansada e com confiança. Perdem-se em combinações frouxas sem progredir no terreno, assustam-se ao mais pequeno lampejo de pressão adversária, baixam o ritmo para níveis tão inconsequentes como um caracol a atravessar um campo de trigo em pleno estio e atrapalham-se tanto com a bola nos pés que mais parecem polvos a tentar controlar uma bigorna em brasa com os tentáculos. É terrível ver o FC Porto a jogar sob pressão mas consegue ser pior ver o FC Porto a ceder quando ela quase não existe.

(-) Abdoulaye. Já começa a ser complicado perceber o que dizer acerca das exibições do senegalês que veio da nossa formação e que é um bom exemplo do que um defesa central nunca deve fazer. Facilita em demasia nalgumas situações e é excessivo no approach a lances rasteiros, o que faz dele o total oposto de Bruno Alves em termos de altitude a que joga a bola, mas muito similar na agressividade. Falha passes demais a meia-distância mas o pior é que tenta fazê-los para as piores zonas que pode imaginar. Ou seja, uma nódoa na tomada de decisões ofensivas *e* defensivas. Não vejo qualquer hipótese, depois desta metade de época horrível, de o continuar a ver de azul-e-branco na próxima temporada.

(-) Porquê Quaresma e não Kelvin? Não percebi a entrada de Quaresma em vez de Kelvin. Todos temos visto que Quaresma está mais esforçado este ano, mais disposto a ajudar a equipa, até a correr para trás em auxílio defensivo. Mas também todos sabemos que é neste tipo de jogos que Quaresma menos se interessa pelo jogo em si e mais se foca na economia de suor e empenho, preferindo brincar em vez de produzir algo mais prático. E se Kelvin, até por ter tantos dos seus mais directos admiradores nas bancadas que se lembrarão para sempre do que o puto fez em Maio de 2013 como talvez o maior momento das suas vidas portistas, não entra num jogo que estava mais que decidido e pronto para embrulhar e mandar para a Liga ratificar o resultado, ele que deve estar com fome de bola porque não joga nem na A nem na B há meses…então não vejo outra oportunidade para o rapaz este ano.


E se o Benfica vencer esta segunda-feira, o título está matematicamente longe demais para conseguirmos lá chegar. Não é nada que não estejamos já à espera, mas sempre fecha essa porta de uma vez por todas. Ahhhh, to be young and foolish again.

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