Baías e Baronis – KRC Genk 1 vs 3 FC Porto

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foto retirada de JN.pt

Para primeiro jogo, não foi mau. Tendo em conta que estava há dois meses sem ver o FC Porto a jogar, podia perfeitamente ver um jogo foleiro e ficar todo contente por ver a minha equipa a jogar. Houve um pouco de açúcar salpicado por cima do jogo, com o aparecimento de Sami e de Ruben Neves, as exibições seguras de Danilo e Maicon e o toque de bola de Óliver e Tello. Ainda é cedo, como parece evidente, mas gostei da pressão alta e da capacidade de troca de bola a meio-campo, com a salvaguarda de precisarmos de levar uma ou outra pastilha para pôr debaixo da língua quando a bola chegar ao guarda-redes ou quando a defesa estiver mais lenta do que é normal. Vamos crescendo e temos ainda algumas semanas para isso. Sigam as notas:

(+) Sami. Já conhecia o Sami do Marítimo, rápido, agressivo e prático com a bola. Mas não pensei que também ia conhecer Sami, o “eu remato sempre que posso e causo perigo porque sou eu, o Sami”. Gostei muito de ver um avançado a colocar no relvado aquilo que sabe e a ser inteligente para fornecer as bolas aos colegas quando não está na melhor posição. Marcou dois golos e mostrou a Lopetegui que não tem um nome famoso como alguns dos colegas, mas está ali para jogar. Por outro lado…Licá também começou bem 2013/2014…

(+) Óliver. Ui, meu querido, que pés tens tu! Uma espécie de Belluschi com cabelo à Beatle, aproveita todos os benefícios de um centro de gravidade ao nível de uma garrafa de água para rodar com a bola controlada e colocar a bola no local que acha mais indicado. Ainda lhe faltam pernas e entrosamento com uma equipa e um estilo diferentes, mas estou a antever grande luta pela titularidade com Quintero. Sim, ou um ou outro, porque tantos gajos a rodar sozinhos em campo podem causar enjoo nos espectadores.

(+) Ruben Neves. Uma agradável surpresa. Já tinha ouvido falar dele há dois anos, quando me disseram que havia um puto nos sub-15 que ia ser um espectáculo. Não sei o que reserva ao rapaz mas tive a mesma sensação ao vê-lo que tive quando vi Rosicky no Sparta, Lucho nos Olímpicos de 2004 ou João Mário na Sporting B: este não engana. Boa visão de jogo, sentido prático na construção e uma aparente calma em campo que o faz parecer consideravelmente mais velho. Espero que não se transforme num Sérgio Oliveira daqui a dois ou três anos.

(-) Quaresma, um capitão não pode ter atitudes daquelas. Faz uma falta (parva), fica no chão, agarra a bola e pontapeia-a para longe. Really. Um capitão de qualquer equipa não pode ser um gajo que amua com qualquer pequena coisinha, Ricardo. Tem de ser um aglutinador, o primeiro a defender os colegas e o último a sair de campo, mas acima de tudo tem de dar o exemplo. Tem de ser o melhor de todos, a figura para quem os outros olham e tentam emular. Não é um menino petulante que não sabe estar em campo, mesmo que o jogo seja a feijões. Revê lá a tua atitude, rapaz.

(-) Carlos Eduardo. Pensei que o ia ver a 6 mas quando Josué entrou em campo naquela posição, cedo percebi que íamos ter Carlos Eduardo na posição que o “fez” aquando da passagem pela equipa B no ano passado. mas não gostei do que vi, porque o rapaz não fez nada que servisse para justificar que pode ficar no plantel, especialmente com várias opções para aquela posição como parecemos estar a construir. Espero para o ver a jogar numa zona mais recuada, mas não sustenho a respiração até que o faça.

(-) As desconcentrações defensivas. Julen, foi por causa desta e de outras merdas como esta que o Reyes fez hoje que o FC Porto ficou em terceiro no ano passado. Se formos frios e analisarmos os números, houve várias derrotas que surgiram no início do campeonato fruto de idiotices como a do Reyes (no ano passado, para lá do mexicano, também Mangala, Abdoulaye e Otamendi se juntaram ao ramalhete, formando uma quadrologia de estupidez como não há memória) e é uma das coisas que este ano ninguém quer ver. Ninguém, hombre. Quando Maicon e Danilo são os dois melhores jogadores da defesa…acho que está tudo dito.


Ainda é cedo e há muita coisa ainda a corrigir, mas fico satisfeito pelo que vi. Estaremos prontos para a eliminatória da Champions?

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Baías e Baronis 2013/2014 – A equipa B

Acompanhei a progressão da equipa B desde a sua recriação no ano passado e há algo que salta imediatamente à vista e que tem sido habitualmente negligenciado por toda a malta que fala da bola, em particular do FC Porto: a relação com a equipa B é bipolar. Se ganham meia-dúzia de jogos são os melhores do Mundo, não há formação como a nossa, é um Cristiano Ronaldo atrás de cada pedra e os cegos da SAD e do treinador é que não vêem isso; se perdem a mesma meia-dúzia, o projecto visão 611 é uma merda, os scouts são uma merda, os putos são uma merda, os treinadores são uma merda, a aposta na juventude devia ter sido feita há mais tempo ou então era acabar a equipa B porque só tira dinheiro e oferece emprego a jogadores que vieram para cá para dar comissões a ganhar aos elementos da SAD. A habitual esquizofrenia da malta, portanto.

A equipa B é exactamente isso. B. Não é A, não é A2, é B. É uma equipa que intermedeia a passagem dos jogadores que crescem e amadurecem nos escalões de formação do clube para que possam ser testados a um nível profissional, acima das picardias e loucuras da juventude. Serve também um segundo propósito: para dar minutos a jogadores da equipa principal que tenham menos oportunidades de jogar, para que possam manter uma condição física aceitável e ritmo de jogo que propiciem uma fácil entrada para o onze caso seja necessário. Definições auto-wikipedianas aparte, vamos a curtas notas porque a época já acabou há mais de um mês e o atraso torna as análises cada vez menos e menos prementes.

A temporada foi simpática, com alguns momentos de menor fulgor exibicional mas que manteve desde a primeira jornada uma perspectiva de luta e de consistência táctica notável especialmente se tivermos em conta o que se passava na equipa sénior principal. O segundo lugar assenta bem à equipa que muito à imagem do que se passou no Hóquei, acabou por perder os pontos necessários para conquistar o título contra adversários menos cotados. Tanto Luís Castro como José Guilherme tiveram um approach muito similar à gestão activa dos seus homens, com seriedade e a conseguir estabilizar um onze-base a partir do primeiro terço da época, fechando o grupo a um núcleo de 14/15 jogadores que lhes deram todas as garantias de qualidade, com uma ou outra alterações pontuais devido a lesões e/ou castigos. Raramente houve quebras exibicionais grandes ou exageros de vedetismo. Houve esforço, muito esforço e mostrou-se ao país futebolístico que com trabalho duro e inteligência táctica, a água lá chega ao moínho.

A nível de aproveitamento individual, não há como não mencionar Tozé. Foi a confirmação que os adeptos precisavam depois de vários anos de hype gerado e que raramente foi visto em campo pela maioria do povo. Rápido, prático, lutador, continuo a ver nele um possível futuro Alenichev a jogar ao lado de Quintero e Defour, no meio-campo mais pequeno da história do FC Porto. I jest, of course, mas o puto tem talento e foi um prazer vê-lo jogar. O segundo homem que rendeu acima da média de todos os outros foi Mikel. Já no ano passado tinha evoluído, crescido como jogador e adaptado a várias posições em campo, todas no veio central do terreno. É a trinco que mais rende, ocupando o espaço logo à frente da defesa, percorrendo quilómetros na recuperação de bolas perdidas e a servir como principal fornecedor de bola aos criativos (Tozé, Ivo ou Kayembe) ou aos volantes (Pedro Moreira, Leandro Silva – que fortíssimo pontapé tem este rapaz – ou Tomás). Gonçalo Paciência também brilhou a partir do meio da época, tornando-se no foco principal da atenção ofensiva da equipa, servindo como alvo para as deambulações de Kayembe pelo flanco direito. O belga parece ter talento mas creio ainda estar verdinho para andanças mais exigentes. No entanto, o rapaz que mais me entusiasmou foi Ivo, um extremo à antiga, a jogar pela linha, sem medo dos laterais, a funcionar como uma seta apontada à baliza adversária com um bom remate e uma técnica individual acima da média. Era ainda sub-19 e vai para o ano fazer a segunda época na B mas tem tudo para progredir e chegar em breve à equipa principal.

Na defesa Victor Garcia esteve quase sempre bem, rijo a defender e activo no ataque. Rafa, do outro lado, foi alternando a titularidade nos sub-19 e na equipa B e mostrou que sabe marcar livres directos como poucos. No eixo, Tiago Ferreira foi a grande decepção, com muitas falhas e desconcentrações e apesar de ter qualidades suficientes para poder ser uma alternativa em último recurso para subir de nível, não mostrou a qualidade que esperava dele. Quiño, como já referi acima, foi pouco hábil no flanco, tacticamente inexistente e propenso a enormes erros de julgamento e posicionamento que o devem fazer sair do FC Porto sem grande glória.

As notas de destaque da equipa B ficam abaixo:

BAÍAS:
GONÇALO PACIÊNCIA
IVO
KAYEMBE
KADU
MIKEL
PEDRO MOREIRA
TOZÉ
VICTOR GARCIA
BARONIS:
KELVIN
KLÉBER
QUIÑO
STEFANOVIC
TIAGO FERREIRA

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Baías e Baronis 2013/2014 – O treinador

Por onde começar? A beginning is a very delicate time, dizia Herbert, mas o início do FC Porto 2013/2014 foi vibrante, excitante, com uma Supertaça bem ganha, cheia de futebol rápido e simples, de toque constante e velocidade pelos flancos. E pouco depois começou a baixar de nível, a soçobrar contra adversários mais fracos e a exibir aquela enorme inépcia na finalização e infelicidade na criação de jogadas ofensivas que todos vimos. Muita culpa para os jogadores, eles também incapazes de quebrar uma queda que se adivinhava fatal, sem ânimo nem energia para mudar os destinos de tantas partidas lamentadas durante o ano.

Vamos ao treinador. Fonseca chegou com vontade de trabalhar mas com um discurso clicheizado, sem emoção, sem alma. Não o culpo, afinal foi esta a imagem que tinha passado durante o ano anterior em Paços de Ferreira, preferindo esperar por resultados e exibições em vez de privilegiar a falta de retórica. Mourinhos e Villas-Boas não se fazem todos os anos (sim, eu sou dos que acredita que AVB podia ter marcado mais do que apenas um ano épico no FC Porto) e depois de ver a positiva evolução de Vitor Pereira, podia ser que Fonseca conseguisse pôr em campo algo mais que Vitor Pereira tinha colocado, em especial a nível ofensivo, onde a equipa tinha falhado mais em termos exibicionais do que propriamente nos resultados. E começamos com a história do duplo-pivot, da ausência de qualidade nas opções por extremos naturais, a cedência de Iturbe, o desaparecimento de Fucile e Marat, a subida de Lucho no terreno, as falhas defensivas, a desmoralização de alguns jogadores chave e a inexistência de um fio de jogo concreto.

Mas foi um factor que eliminou Fonseca de vez na cabeça do povo portista e que nunca o conseguiria reabilitar aos olhos dos adeptos, por muito que tentasse: as derrotas. Fonseca perdeu jogos demais contra equipas demais, sem dar imagem de uma luta constante para inverter os resultados. Sucediam-se os jogos absurdos, com um FC Porto incapaz de mostrar o querer de outras épocas, em que os jogadores aparentavam contentar-se com empates e não morriam um pouco por dentro com cada jogo que terminava com nota negativa. E o próprio Fonseca não mostrava confiança para ter os jogadores do seu lado em campo, ao contrário do que era anunciado por si nos treinos, nas conferências de imprensa ou nos próprios treinos. Ouvia-o a dizer que o modelo não era o problema, que os jogadores estavam bem dispostos, animados para recuperar os pontos perdidos, apontando sempre para o próximo jogo como “neste haverá uma resposta à altura”. E nunca houve. Perdoava-lhe as falhas defensivas, alguma menor concentração em jogos menos importantes, desde que houvesse mudanças visíveis nos jogos seguintes. Nunca houve. Comecei a criar a imagem mental do treinador na minha cabeça, de um homem que chegava aos treinos, falava com os jogadores e todos diziam “sir, yes sir!”, sem nunca o sentir. Um homem que tinha a crença de ter o plantel do seu lado nunca o tendo. Que acreditava que Lucho era eterno e duraria para sempre submetido a esforços acima do que conseguiria dar, mas nunca percebeu que o argentino ia baixando de nível físico de jogo para jogo e que os adeptos percebiam isso. Achou que Josué e Licá seriam substitutos à altura para Moutinho e James, nunca questionando a sua valia comparativa. Achou que Quintero era jovem, muito jovem, incapaz de calçar em bom nível durante os noventa minutos, mas incapaz de o trabalhar para que tal fosse possível, apostando num 8 transformado em 10 que só pontualmente chegou a passar da mediocridade. Manteve Varela no onze quando se exigia Ricardo ou Jackson quando Ghilas era mais indicado. Puxou Danilo e Alex Sandro até ao limite das suas forças físicas, para os colocar a jogar de novo a meio da semana. Mas acima de tudo, o que o eliminou foram as derrotas.

Se quisermos apontar para um ponto no tempo em que Fonseca perdeu definitivamente o apoio dos adeptos, aqui está ele:

Mas nós temos meio-campo? E defesa? Ataque, talvez? Foda-se, temos uma equipa?! É uma constante de 2013/2014: o FC Porto parece entrar em campo em inferioridade numérica. Muitas vezes dou por mim a olhar para o relvado e a tentar perceber quem é que falta ali no meio e que está a tornar a equipa numa amálgama de jogadores que andam a correr (nos dias bons) de um lado para o outro sem saber onde serão as posições certas para os jogadores certos. É uma espécie de grande jogo de Mastermind, onde o jogador certo está na posição errada (Fernando com alguém ao lado, Josué na ala, Lucho a segundo avançado…), o jogador errado está na posição certa (Defour quando era preciso Lucho, Otamendi em vez de Maicon…) ou ambos (Licá. Só isso). Há uma extraordinária falta de entrosamento, sequências imensas com passes falhados que nos juvenis daria direito a volta ao campo e vinte flexões só com um braço, desmarcações com força a mais ou a menos mas nunca a força certa e remates ao lado, ao poste ou direitinhos ao guarda-redes. Hoje o FC Porto não jogou futebol. Foi uma equipinha banal que não conseguiu e tampouco tentou mudar a sorte de um jogo que tantos querem jogar e que tão poucos têm a sorte de o conseguir. Fomos fracos, de pernas e de espírito, e esta derrota custa ainda mais porque não a tentamos evitar.

Castro entrou calmo, sem pressão a não ser a manutenção da lenta descida para o tormento que esta época se tinha transformado. Algumas boas exibições mas um cagaço na Luz fez-nos perder a Taça, uma meia-hora absurda em Sevilha fez-nos perder a Liga Europa e uma inepta exibição contra dez fez-nos perder a Taça da Liga em penalties, no Dragão. Fez um bom trabalho nos Bs mas o Princípio de Peter lixou-o nos As.

As notas para os treinadores ficam abaixo:

PAULO FONSECA: BARONI
LUÍS CASTRO: BAÍA (pela época nos Bs)

Nota: por algum truque de tecnologia ou desatenção do autor, o artigo foi erradamente publicado em branco. as minhas desculpas a quem pensou que foi um recurso de estilo em tom de metáfora. não foi. foi mesmo trenguice.

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Baías e Baronis 2013/2014 – Os avançados

Se pedirem a dez portistas para mencionar qual seria a composição ideal do ataque do FC Porto 2013/2014, provavelmente receberiam dez respostas diferentes. Jackson, Quaresma (pós-Janeiro) e Varela estariam talvez na maioria das listas mas nenhum deles (nenhum, aposto!) teria um pleno de presenças em todas as putativas linhas ofensivas da equipa. Foram marcados 94 golos, o mesmo número que em 2011/2012 e menos dois golos que no ano passado, e se o facto de raramente termos criado perigo em jogo corrido parece não conseguir explicar a não-diferença nos números, a ineficácia foi um factor determinante na perda de pontos vitais para as conquistas que falhámos.

Foi um ano atípico também pela falta de uniformidade das escolhas de Fonseca+Castro, que pareciam sempre colocar em campo uma táctica que privilegiava o uso de extremos rápidos que poderiam furar as linhas adversárias, para rapidamente percebermos que os extremos em campo não eram rápidos e a maior parte das vezes nem extremos eram. Ricardo e Kelvin, das poucas vezes que jogaram, deram alguma velocidade ao ataque, mas o português leva a melhor sobre o brasileiro, que talvez por ainda se sentir a navegar por cima da tremenda onda de expectativa e aura messiânica conquistada em Maio de 2013, nunca conseguiu uma vida fácil e acabou por jogar um miserável conjunto de 356 minutos nos As (apenas um jogo a titular) e pouco mais nos Bs. Kayembe foi utilizado apenas no final da época, Iturbe fez uma boa pré-época e acabou cedido mais uma vez (para nunca mais voltar), ele que poderia ser um jogador diferente, com velocidade e boa técnica mas que não foi aparentemente considerado vital para Fonseca aquando da separação das águas em plena pré-época.

Licá começou por ser aposta mas a vontade de jogar e o empenho colocado em campo eram diametralmente opostos à capacidade técnica e à adaptação a uma posição que não era a dele e que o rapaz nunca conseguiu esconder as enormes dificuldades que mostrava em todos os jogos que era obrigado a lá jogar. É mais um caso de má avaliação de uma contratação que pareceu interessante de início mas que não se mostrou capaz de assumir a titularidade permanente numa posição em campo para a qual não estava talhado. Josué acabou também por ser utilizado nessa mesma posição, com os mesmos resultados. Do outro lado, Varela passou mais uma época de alguns altos e enormes baixos (exemplos: Baía: “O primeiro golo foi bom (Varela ANTECIPOU-SE ao defesa!!!), mas o segundo é estupendo, com um slalom a aproveitar o espaço que lhe ia sendo dado e qual Messi núbio se aprontou para um remate seco e bem colocado“; Baroni: “Não. Fez. Nada. Mariano González com três litros de vinho e o pé direito amarrado às nádegas tinha feito melhor.“) e valeu-se da experiência para continuar a entrar em campo com a nossa camisola porque, sinceramente, não havia melhores opções no banco ou na bancada.

Quaresma, por seu lado, apareceu mais esforçado que o imbecil molengão que daqui saiu no Verão de 2008, mas continua a ser um jogador bipolar. É verdade que marcou vários golos e deu outros a marcar, mas o estilo “a bola é MINHA” continua a não ter apoio das bancadas a partir do segundo ou terceiro lance desperdiçado pelo egoísmo próprio de alguém que sabe o que fazer com a bola mas raramente percebe que não se podia cingir a isso numa equipa dilacerada pela falta de confiança. E se também é verdade que foi dos poucos que pegou na bola com convicção e tentou fazer algo com ela ao contrário de tantos outros que se limitavam a passar a bola para o lado ou para trás com medo do que poderia acontecer se a perdessem, a verdade mais pura é que Quaresma precisa de uma equipa que o suporte. Nos dois sentidos.

Terminando com os pontas-de-lança, Jackson fez 29 golos nos 51 jogos que disputou, muitos deles deprimentes festivais de desperdício, com lances dignos de entrarem para o Watts da Eurosport pela aparente impossibilidade da falha ser ultrapassada pela expressão de frustração dele próprio e de todos os portistas na bancada e em todas as bancadas do Mundo. Acabou a temporada como melhor marcador do campeonato mas não se livrou de muitas críticas, especialmente por parecer menos empenhado que no ano passado após Falcao se ter lesionado gravemente, o que levou a que muitos adeptos tivessem pensado que se estaria a poupar para o Mundial. A súbita subida de forma de Bacca no Sevilha pode ter ajudado a que Jackson tenha subido de produção (ou tentado, pelo menos), mas apenas os números obtidos justificam uma nota positiva. Ghilas, que tantos adeptos pediram que fosse opção usada mais vezes por Fonseca e Castro, apareceu várias vezes em bom plano mas raramente foi consistente nas exibições. O “homem-dos-cinco-minutos”, como começou a ficar conhecido na bancada, não pôde fazer mais com tão pouco tempo de utilização e a adaptação a uma posição de avançado interior / falso extremo não o ajudou. Gostei do espírito e da luta, mas preferia tê-lo visto mais vezes numa posição mais central.

O quadro-resumo dos avançados fica abaixo:

GHILAS: BAÍA
ITURBE: BARONI
JACKSON: BAÍA
KAYEMBE: BAÍA (pela época no FCP B)
KELVIN: BARONI
LICÁ: BARONI
QUARESMA: BAÍA
RICARDO: BAÍA
VARELA: BAÍA

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Baías e Baronis 2013/2014 – Os médios

Naquele que terá sido o sector mais rodado de todas as equipas do FC Porto desde Oliveira, houve tanta indefinição e incapacidade de manter um fio de jogo que conduzisse à vitória que espanta olhar para estes nomes que aqui estão em baixo e pensar que estes eram os que esperávamos poder suprir a falta de um jogador tão extrordinariamente importante como Moutinho…mas foi o que tivémos e não conseguiríamos nunca substituir o 8 à altura que o rapaz brilhou.

Se Moutinho foi o organizador de jogo do FC Porto durante três anos consecutivos, o ano começou com a opção pelo segundo médio por parte de Paulo Fonseca, que cedo se percebeu que não iria resultar. Cedo, para a malta cínica de fora, que vê os jogos com olho de adepto, porque para o treinador principal do FC Porto havia sempre algo que poderia funcionar no plano teórico, mas nunca o conseguiu traduzir em jogo jogado. As experiências foram muitas e nem vou aqui enumerar todos os meios-campos do FC Porto que alinharam ao longo dos 53 jogos disputados porque a página ficaria pesada e demoraria tanto tempo a carregar que o meu caro leitor rapidamente encheria o balão metafórico e desatava a carregar no botão de refresh com a intensidade de um jovem masturbador dos anos 80 a folhear edições antigas do National Geographic. Se Fernando foi dos poucos elementos que conseguiu destacar-se porque salvou a equipa em muitos jogos da derrota certa (ONZE Baías, a maior parte na primeira metade da temporada, como este, na eliminatória da Taça em Guimarães: Ouve lá, ó maluco, se tu me vieres dizer que fizeste de propósito para marcar aquele golo, meu menino, mando-te dar uma volta ao maior bilhar que encontrares! Mas lá que foi bonito e me fez dar um salto que acordou a minha filha que ia dormitando nos meus braços, lá isso não haja qualquer dúvida. E para lá do que fez nesse lance, foi o que fez em todo o resto do jogo que me continua a fazer crer que está a ser “O” jogador do FC Porto versão 2013/2014, pela luta, pelo posicionamento e pela inusitada inteligência a levar a bola para a frente.), mantendo a intensidade com que disputava cada lance, apenas Defour lhe chegou perto em termos de força e garra colocadas em campo. Mas o belga não é Moutinho, nunca foi e nunca será, e esse selo que lhe foi colado no início da temporada passada foi demasiado para que o rapaz conseguisse mostrar que é um jogador certinho, habituado a receber e rodar a bola para o melhor sítio…mas só isso. É trinco na selecção mas joga bem nessa posição porque tem jogadores na sua frente como Witsel, Fellaini ou Dembelé, fortes como Guarín e dinâmicos como um Lucho nos bons tempos (já lá vamos). A jogar “à Porto”, com um trinco varredor disposto a lutar pelo ar e a despachar pelo chão…não chega. E perdeu muito crédito com os adeptos por ser, convenhamos, honesto ao dizer que preferia sair do que ficar no banco, o que leva sempre a malta a irromper em idiotices tacanhas e proto-xenofobia de trazer por casa. Enfim, o costume. Não o escondo, gosto do rapaz. Escrevi isto no jogo em casa contra o Nápoles: o estupor do tolinho andou a correr em todo o lado como se Derlei e Lisandro tivessem sido juntos e fechados num invólucro de chocolate belga. Esforçou-se imenso e deu o impulso de força e de combatividade que o nosso meio-campo tão desesperadamente precisava há alguns MESES a esta parte.

Lucho foi o maior sacrificado da época e a forma como foi obrigado a jogar perto de Jackson durante vinte e muitos jogos fez com que o argentino, que nunca foi rápido mas sempre foi resistente, fosse abaixo das pernas e não aguentasse um jogo até ao seu final a um ritmo que era incapaz de manter e acima de tudo de o fazer sendo minimamente produtivo. Foi-se perdendo e chegou a um ponto em que os próprios adeptos pediam que o treinador se decidisse: ou o punha a jogar numa posição condizente com o seu talento e capacidades…ou mais valia tirá-lo do onze. Oh inclemência, oh martírio! Acabou por sair a meio da temporada, numa altura que acabou por fragilizar ainda mais a equipa, já de si órfã de referências e líderes. Disse, na altura: “A notícia bateu-me como se tivesse levado um estalo no focinho. Lucho teria comunicado à Direcção que tinha uma oferta do tamanho da Torre dos Clérigos para ir jogar ano e meio para o Qatar e encher os bolsos de uma maneira que o ia obrigar a comprar calças novas todas as semanas. O FC Porto teria aceite a saída e o capitão já não ia jogar contra o Marítimo. Pumba, embrulha.”

Herrera foi um jogador em que depositei alguma esperança mas que raramente conseguiu mostrar o que vale. Melhorou na segunda metade mas a semelhança com um motor start-stop é enervante e não fosse o facto de lhe reconhecer talento, não conseguiria encontrar muitos pontos positivos na época. A exibição no Sporting vs Porto para a Taça da Liga é um bom exemplo: “Tem de ir rapidamente ao médico para perceber se sofre de qualquer forma mexicana de narcolepsia. Há alturas do jogo em que lhe parece parar o cérebro e alhear-se do lance que está a decorrer QUANDO TEM A PUTA DA BOLA NOS PÉS! Não consigo entender-te, coño, palavra que não, mas se não mudas rapidamente a tua capacidade de estar atento 100% do tempo em que estás em campo, vais levar muitas mais notas destas.”.

Quintero foi uma exigência dos adeptos durante vários meses até que se percebeu que ainda tem muito para aprender. Mas ao ver Carlos Eduardo e Josué a desaparecerem gradualmente dos bons índices de aproveitamento que mostraram nos primeiros jogos em que estiveram presentes, o português no arranque da temporada (que até lhe valeu uma chamada à Selecção) e o brasileiro a partir de Dezembro, era notório que a aposta no colombiano poderia ter sido mais constante e a titularidade seria mais natural e poderia ter rendido mais se tivessem apostado mais nele. Josué foi a imagem do jogador à Porto (e do Porto) que jogou demasiadas vezes fora da posição em que mais rende. O facto de ter sido utilizado na ala ou a 10 limitou-o inevitavelmente à condição de fringe player e nunca conseguiu sair do fosso em que parecia entrar quando o jogo não lhe corria bem. Demasiados passes falhados, hesitações em excesso, perdas de bola assassinas. Carlos Eduardo foi pior, incapaz de assumir o jogo quando alinhava numa posição de criação de jogo, onde a irreverência é obrigatória e a intervenção em jogo é essencial em determinados pontos da partida. Já o brasileiro pareceu sempre fisicamente longe do jogo, escondido atrás das marcações dos densos meios-campos que nos enfrentaram esta época. No jogo fora contra o Nápoles: “não merece ser titular do FC Porto neste momento e depois da boa entrada no onze aqui há uns meses, o capital de confiança perdeu-se e a deambulação pelo relvado, escondido dos colegas e longe de qualquer linha de passe, é algo que devia envergonhar qualquer médio criativo. Francamente, o que fez hoje foi o equivalente ao que a minha filha faz diversas vezes por dia. A diferença é que ela tem várias fraldas para mostrar o trabalho realizado.”

Marat quase não jogou, Tozé e Mikel foram usados no finzinho da época…e questiono-me o que lhes teria acontecido se tivessem jogado mais vezes durante o ano. Talvez tivessem perdido a aura de esperança que agora ostentam…

O quadro-resumo dos médios fica abaixo:

CARLOS EDUARDO: BARONI
DEFOUR: BAÍA
FERNANDO: BAÍA
HERRERA: BARONI
IZMAYLOV: BARONI
JOSUÉ: BARONI
LUCHO: BARONI
MIKEL: BAÍA (em grande parte pela época nos Bs)
QUINTERO: BAÍA (pelo talento e potencial mal aproveitado)
TOZÉ: BAÍA (em grande parte pela época nos Bs)

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