Baías e Baronis – FC Porto 5 vs 0 Paços de Ferreira

20150201 - FC PORTO - FC PAÇOS FERREIRA

Mas que bela noite se passou no Dragão neste frio e primeiro Domingo de Fevereiro! Bom futebol, troca de bola com elevado critério, algum jogo entre-linhas (algo que não se via de uma forma consistente desde os tempos de Vitor Pereira), alguns bons golos e uma equipa do FC Porto à procura de um resultado que desse o suficiente retorno a uma moral que se quer sempre melhor e que o jogo da Madeira acabou por atirar ao Atlântico. Vamos a notas:

(+) Quaresma. Um jogo muito positivo, mais uma vez, a entender-se bem com Danilo e com Herrera (quando o mexicano aparecia a apoiar os colegas do flanco) e em constante movimentação para receber a bola e agir como um jogador do seu nível deve fazer: pôr o talento em campo sem esquecer a equipa. Mas o momento alto (altíssimo, raios, everéstico!) foi o seu segundo golo, que me deixou de braços erguidos para o céu como uma espécie de Cristo-Rei preso a uma corda de roupa. Levantei-os e não os baixei até que pudesse gritar o nome do cigano que tem tanto de enervante como de genial (como todos os génios, diria), mas que hoje colocou vinte e tal milhares de almas em êxtase com aquele monumento. Golo do ano. E se fosse o Ronaldo a marcá-lo, amanhã abria os telejornais.

(+) Óliver. Corriam aí 80 e poucos minutos e se alguém tirasse uma fotografia ao relvado com a objectiva exposta durante algum tempo, via poucos traços de movimento com nuances azuis-e-brancas. Mas veria com toda a certeza um pequeno trilho de luz e cor a voar no flanco esquerdo do nosso ataque. Óliver Torres, que depois de uma primeira parte menos exuberante entrou para a segunda com autoridade e um espírito de trabalho e pressão alta como poucos têm vindo a mostrar. E lembro, para os menos atentos, que este rapaz é o tal que está emprestado e que não temos hipótese nenhuma de o comprar a não ser que o Atlético de Madrid o queira vender a preço de saldo. O que parece tão provável como o Maicon aprender a jogar simples (ver abaixo).

(+) A pressão alta. O que mais notei na forma como o FC Porto tem vindo a encarar os últimos jogos é a simplicidade de movimentos no ataque. Bola para o lateral, sobe para o extremo, espera pelo overlap, chega? não chega? volta para trás, roda para o meio, segue do outro lado. Não me incomoda que demorem algum tempo a executar ou que haja poucos remates à entrada da área (talvez devesse haver menos aversão ao risco nessa zona, mas isso é outra conversa), só quero que tenhamos a bola e descansemos com ela controlada. Mas agradou-me imenso, quando perdíamos a bola, ver o meio-campo a subir para pressionar os jogadores contrários, desde os médios aos defesas e incluindo o guarda-redes, com a força de várias unidades a juntar-se num colectivo que obrigou o Paços a cometer muitos erros não-forçados (ah, ténis, nunca me abandonas) e a projectar a tremideira nas decisões que tomava. É assim que se arruma um jogo destes logo desde início, porque quando se rouba a bola ao adversário…há menos hipótese de sermos surpreendidos, não há?

(+) O livre de Tello. UM GOLO, RAPAZ!!! UM GOLO, RAPAZ!!!!!!!!! Parabéns, muito bem marcado, excelente! Agora de bola corrida, fazes favor. Obrigados.

(-) Tanto golo desperdiçado. Aos vinte minutos, o meu colega do lado abriu a mão em cima da minha perna. Sem tocar, acalmem-se. Apenas quis mostrar com aquele gesto que já tínhamos suficientes oportunidades falhadas para que o resultado que acabou por ser o final já o pudesse ser por aquela altura. Entre os centros de Quaresma, hesitações de Herrera e remates de Jackson, só por mérito da equipa em nunca desistir até chegar a um valor decente no algarismo por baixo do nosso logotipo no écran gigante é que conseguimos atingir o objectivo. E os golos que se falham podem ser tão importantes noutras alturas, contra equipas mais inteligentes e bem mais eficazes…como o jogo contra o Benfica mostrou aqui há uns meses. Ou já se esqueceram disso?

(-) Maicon. Insiste, como um adolescente de uma família democrata-cristã que decide tatuar “Hasta la victoria, siempre!” no peito, em fazer com que os adeptos o odeiem só por ser como é. E jogo após jogo vêem-se as idiotices e as displicências que não consegue sacudir porque é mais forte que ele. Não dá para apenas cortar a bola, tem de a picar por cima do avançado; não consegue aliviar um lance perigoso, tem de sair a jogar com a bola controlada; não sabe ser prático, tem de ser bonito. E esquece-se que ninguém precisa que seja um galã de filmes dos anos 50. Bastava que fosse um Van Damme. Nunca vai conseguir ter o apoio incondicional dos adeptos se persistir nestas falhas.


Com a Argélia eliminada teremos Brahimi de volta na próxima partida. E agora, quem sai do onze?

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Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 1 Académica

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Interessante, o jogo de hoje no Dragão. Mostrou o FC Porto com uma imagem personalizada como Lopetegui pretende, com as trocas de bola bem feitas na zona recuada, movimentações interessantes no meio-campo e jogo pelas alas para tentar abrir o adversário. E também mostrou o FC Porto na sua vertente mais aborrecida, com movimentações interessantes no meio-campo e jogo pelas alas para tentar abrir o adversário…raramente o conseguindo. É este o nosso futebol em Janeiro de 2015, com valores extremos de posse de bola mas alguma falta de audácia para conseguir transformar essa posse em algo que de facto dê frutos. Apesar dos quatro golos, claro. Mais abaixo, siga para as notas:

(+) Jackson. Ultrapassou Hulk e transformou-se no melhor marcador da história do Dragão. Longe dos valores de Gomes, Jardel ou até do papá do rapaz que hoje o substituiu, é um nome que vai ficar para sempre associado a golos. E raramente são banais, dos que nos esquecemos tão depressa como um prato de bifes de perú grelhados com pouco sal. São estes como os de hoje (especialmente o segundo), que fazem com que tenha ganho a reputação do “gajo que marca os difíceis e falha os fáceis”. Sem os exageros de uma análise a quente, é um ponta-de-lança quase completo, bom de cabeça, tecnicamente excelente e com jogo de equipa para vender em alta cotação. Parabéns, puto.

(+) Ruben Neves. Já que falamos em putos, temos aqui um espécimen de elevadíssima qualidade que colocámos este ano na primeira linha dos Jorges Mendes sequiosos pelo novo grande talento. Temos por isso um menor (a sério, o puto só tem mesmo 17 anos, confirmem no zerozero como eu tive de confirmar) que mostra talento e qualidade de execução ao alcance de poucos no futebol mundial e cada vez menos cá pelo burgo. A forma como joga de cabeça levantada, mantendo a noção de uma estratégia completa, faz do relvado um tabuleiro de Risco onde planeia a próxima incursão com inteligência, critério, capacidade criativa e espírito de sacrifício. Meu Deus, a forma como o rapaz lateraliza a bola é de fazer Pirlo corar, de sentar Gerrard no banco de suplentes e de mostrar a Matthaus como se joga à bola. Estou a ser exagerado? Dêem-lhe uns aninhos e logo veremos.

(+) Gonçalo. Celebrou o primeiro golo no Dragão como o seu pai festejou tantos e tantos outros golos que marcou nas Antas, com o braço estendido de baixo para cima em arco vitorioso, com um sorriso a cobrir as entusiasmadas feições de quem parece gostar do que faz. Entrou, rematou, marcou e ainda sacou um penalty. Tudo com classe, força e boa noção técnica. Precisamos de mais avançados? Do we bollocks!

(+) Tello. É verdade que falhou vários golos. Sim, vários. Demasiados. Uns mais fáceis que outros, mas ainda assim falhou. Mas mostrou-se muito mais activo que noutros jogos, muito mais dinâmico e pronto para investir contra a baliza adversária. É um Tello assim que quero ver, que todos queremos ver, um Tello que jogue no espaço, nas zonas que o oponente deixe abertas e por onde pode passar com velocidade e, talvez um dia, voltar aos golos. Já falta pouco…espero.

(+) Quintero. Na ala com ou sem espaço? Inútil. No meio sem espaço? Quase bom. No meio com espaço? Fucking genius.

(-) José Ángel a defender. Activo no ataque, forte nas investidas pelo flanco…terrível a defender. Posicionamentos constantemente falhados, algumas enormes hesitações nas bolas aéreas e um certo facilitismo perante jogadores rápidos que lhe apareciam pela linha. Uma espécie de Fucile 2011/2012, para ser gráfico.

(-) A automatização do recuo. Aborrece-me o constante uso deste recurso de estilo futebolístico que começou (não me esqueço) quando Lucho regressou. Há uma permanente vontade de devolver os passes para os colegas e uma exasperante falta de audácia ofensiva individual em prol do colectivo, mesmo que esse colectivo aposte em jogadas de apoio que só funcionam em situações de plena rotação da bola por todos os jogadores, com mais horizontalidade que um dia de ressaca depois de uma valente noite de copos. Percebo a ideia mas falta-lhe um desequilibrador (como Brahimi) para evitar que se jogue para passar tempo. Bolas bem passadas pela relva, ao menos isso temos ganho em relação ao ano passado…

(-) Académica. Se qualquer página de apostas de desporto da bet365 estiver com odds em condições, deve dar à Académica uns 5000000-1 para ganhar o campeonato. Não sei como é que conseguem sacar um ponto sequer de qualquer jogo onde entrem em campo, com tamanha falta de capacidade ofensiva e inúteis tentativas de fechar linhas sem que se tenham de preocupar muito com ataques. Atacar. Bah, coisa de fracos. Merecem sair da Taça da Liga, mereceram sair da Taça de Portugal (contra o gigante Santa Maria da AF Braga) e se há justiça no Mundo, vão merecer sair da Liga.


Et voilá, venha de lá o Marítimo. Meias-finais garantidas, a final está aí mesmo à beirinha e não acredito que o próximo jogo contra os homens de vermelho e verde na Madeira dê tantos golos falhados como o do passado Domingo. Nem com onze Tellos em campo!!!

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Baías e Baronis – Marítimo 1 vs 0 FC Porto

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Às vezes há jogos destes. Uma equipa passa 5000% do tempo a atacar, tem montanhas de oportunidades para marcar um golo mas é incapaz de atravessar aquela barreira para registar um miserável golinho que possa fazer com que a fortuna deixe de ter alguma coisa a ver com os destinos que se criam e se fazem do rolar de um esférico de couro numa superfície de relva. E a outra equipa, tolhida e recolhida numa falange grega, aparece do outro lado uma única vez e marca. Eficácia quase perfeita. Mas a culpa do resultado ter sido aquele que vêem em cima não é de mais ninguém senão nossa. Vamos a notas:

(+) Quaresma. Foi inconformado com o resultado do início ao fim e nunca deixou de tentar furar a barreira defensiva do Marítimo pelo ar ou pela relva. Nem sempre bem na decisão final dos lances, foi pelos seus pés que nasceram algumas das mais perigosas jogadas de ataque e só por algum azar (e um excelente dia de Salin) não conseguiu marcar pelo menos um golo.

(+) Ruben Neves. Depois do que o vi a fazer contra o Braga na quarta-feira, vê-lo a fazer meia-hora de alta intensidade, aparecendo em zonas adiantadas enquanto segurava o meio-campo (apenas com Óliver ao lado) e tentando o remate que o fizesse repetir o que tinha feito na primeira jornada do campeonato quando marcou ao Marítimo na estreia na Liga…foi mais que evidente que não fosse a maior fisicalidade de Casemiro e Ruben seria titular de caras no FC Porto. Pecou na finalização, infelizmente.

(-) Os golos falhados. Houve tantas oportunidades de engatar para um jogo de goleada que nem faz bem começar a lembrar as bolas que podíamos ter enfiado lá para dentro. Várias defesas de Salin com diversos graus de dificuldade, mas a mais fácil de todas foi uma em que a minha filha, olhando para o guarda-redes do Marítimo no chão depois de agarrar a espécie de remate a metro e meio que Martins Indi executou, com a bola a sair à velocidade de uma tartaruga tetraplégica, disse em voz alta: “nanar!”. Sim, filha, o guarda-redes podia estar a dormir que até assim agarrava aquilo. Unbefuckinglievable.

(-) A construção de jogo demasiado lenta. A opção por Quintero no flanco fez com que Óliver desaparecesse do jogo durante toda a primeira parte e só a entrada de Tello fez com que o espanhol começasse a ter alguma influência na partida. Mas para lá dessa infeliz opção de Lopetegui, que privilegiou a criatividade de dois elementos que flectissem para o centro desde as posições de falsos-extremos, foi na lentidão da construção que começámos a perder o jogo. Uma primeira parte passada em ritmo de treino, com muita bola trocada de lado para lado e pouca incisividade no ataque à baliza. Sabem porque é que o Benfica venceu por quatro e nós não conseguimos sequer lá meter um? Sim, para lá do absurdo guarda-redes do Marítimo que jogou contra eles. É que a forma como o ataque surge rápido e a movimentação dos jogadores se mostra perante uma defesa cheia de pernas com outras pernas em constante movimento e na velocidade do desenrolar das jogadas. Já não é o primeiro jogo em que se nota que há muita posse de bola, muito controlo do meio-campo mas muito poucas iniciativas de ataque vertical com critério de socar a baliza, de a agredir com as forças que todos querem ter e raramente mostram em termos de sentido prático e eficiente. Houve demasiados passes laterais, excessivas brincadeiras com a bola, incessantes pausas para reposicionamento e poucos, muito poucos remates em condições. Aquela frase a que me referi depois do jogo contra o Belenenses, em que um ou outro remate à entrada da área podiam dar em golo, não entrou na cabeça dos jogadores. E o problema é que raramente foi tentado.

(-) Os desnecessários passes longos. Estou a ver o jogo e começo a sentir veias a pulsar no pescoço. Mais uma vez, pela ridícula enésima+1 vez, lá vai Maicon ou Casemiro puxar a culatra atrás e sacar de um passe de 50 ou 60 metros, just for the sake of it. Não percebo se são indicações de Lopetegui, para que uma equipa que quer construir lentamente consiga de um momento para o outro criar um desequilíbrio rápido numa mudança de flanco, mas os actores que desempenham esse papel são de terceira linha porque a bola muito ocasionalmente faz o trajecto adequado e chega ao destino de uma forma correcta. É enervante, palavra.


O campeonato estava tramado e agora ficou pior, independentemente do resultado que o Benfica consiga em Paços de Ferreira. Seis pontos são tramados de recuperar e nove são muito mais difíceis de roubar. Hélas, não podemos culpar ninguém senão os nossos próprios peitos.

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Baías e Baronis – Braga 1 vs 1 FC Porto

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Retiro o que disse quando afirmei que os jogos da Taça da Liga são um bocejo. Bocejo os tomates! E não fosse o simples facto de ter tido uma espécie de arbitragem trazida do quarto círculo do inferno e podia ter sido um jogo ainda mais emocionante, desde que houvesse mais que uma equipa em campo. Assim, limitámo-nos a ver os incessantes ataques do Braga, a baterem com a certeza de um relógio atómico num rapaz que fez de tudo para que nada penetrasse a linha de golo à frente da qual costuma trabalhar. E fica a luta, o espírito de sacrifício de uma equipa que foi dilacerada por um imbecil calvo que só ficou por ali porque talvez tenha ganho alguma vergonha no focinho. Vamos lá às notas:

(+) Helton. Isto de meter putos na Taça da Liga dá para descobrir algumas pérolas do nosso plantel. Hoje deu-se a conhecer um rapazola brasileiro, pouco mais velho que eu, com uma elasticidade fora do normal, reflexos dinâmicos e certeiros, elevação correcta, perfeição nas saídas e uma presença de espírito que humilha um qualquer Dino Zoff. Não sei se vai ter grandes oportunidades no futuro próximo, mas é bom saber que o nosso terceiro guarda-redes está pronto para entrar em campo a qualquer altura para ajudar a equipa, como disse na memorável flash-interview em frente a um jornalista da TVI que só por vergonha não lhe pediu um autógrafo. Afinal, não é todos os dias que um miúdo de 36 anos mostra que é melhor que todos os outros guarda-redes, em campo e fora dele.

(+) O resto da equipa do FC Porto. Foram micro-heróis, só porque o jogo não tem impacto. Ou melhor, especialmente porque o jogo não tem impacto. E foi um prazer estar confortavelmente sentado no sofá a ver Ruben Neves a correr com a mão na coxa, a dar tudo sem poder dar nada; ver Ángel a voar pela linha com a velocidade de quinze Tellos motivados, depois de interceptar sei-lá-quantos cruzamentos do Agra no seu flanco; ou Campaña, que pouco acrescenta à equipa ofensivamente, a desfazer a barba toda enquanto corta mais um remate de Alan ou trava um passe de Danilo no centro; e que dizer de Gonçalo Paciência, que jogou a interior-esquerdo uns largos minutos para ajudar a equipa a reequilibrar-se depois de estar com oito jogadores de campo; ou de Marcano, que correu uns bons 50 metros com a bola controlada pelo flanco direito só para que a equipa se pudesse soltar um pedaço e descansar meia dúzia de segundos antes de tentar rechaçar a próxima vaga de ataque; e Ricardo, a apanhar com o imbecil do Tiago Gomes e com o Rafa a tentar passar por ele ao mesmo tempo; e Herrera, que entrou e lutou com inteligência desde o primeiro segundo que pôs as botas no relvado. Todos estes foram grandes, os oito jogadores de campo mais os quatro guarda-redes que parecíamos ter na baliza, e vão ficar na memória dos portistas que viram este jogo, pelo espírito que mostraram em campo e pela dedicação a uma causa em que nem eles acreditam. Mas em Braga, hoje, jogou-se mais que um jogo da fase de grupos da Taça da Liga. Jogou-se o orgulho ferido de um grupo. E ganharam. Mantenham essa união, rapazes, é só o que vos peço.

(-) Tello. Inepto em frente à baliza, não foi o homem que precisávamos de ter na frente de ataque pelo simples facto de andar pelo campo com medo e incapaz de lutar pelas (poucas) bolas que lhe apareciam pelos pés ou pelos pés dos outros. Pedia-se um Lisandro, um Derlei, um cão raçudo que perseguisse carteiros de vermelho e branco com fios de baba a oscilar ao vento e dentes ameaçadoramente cerrados. Não foi. Foi um menino e fez com que Agra ou Pedro Santos, parvinhos com a filosofia “é para ali que eu sei, deixa-me correr que eu chego lá” fazer com que Tello parecesse tão distante de um homem que passou os primeiros anos da sua carreira no Barcelona. Estás a ser uma pequena desilusão, Cristian.

(-) Reyes. Asneirada atrás de asneirada até à asneirada que Cosme achou por bem gravosa ao ponto de o expulsar. No entanto, não contesto a falta que veio na sequência de uma camelice a que só faltaram duas bossas para que Diego, o pior mexicano do FC Porto 2014/2015, mostrasse o porquê de ter tão poucas oportunidades como titular no clube onde actualmente está. Passes falhados, intercepções mal medidas, inúmeros lances perdidos, faltas desnecessárias e um nervosismo que faz pensar como raio chegou a ser capitão do Club America quando por lá andava. Muito mau, rapaz.

(-) Este tipo de arbitragens trigger-happy. É fácil ser árbitro em Portugal, porque dá mais trabalho escrever no filho da puta do livrinho do que de facto ter a pedagogia para pôr ordem em vinte e tal nouveau-riches em campo. Há uma falta? Saca-se amarelo. Há uma falta mais perto da área? Saca-se amarelo. Há paleio dos jogadores a seis centímetros do bigode? Saca-se amarelo. E se o jogador se arma em parvo, saca-se vermelho. Porque sim. Não há inteligência para a acção correcta, não há uma tentativa de se impôr pelo respeito e pela simplicidade de processos e de decisões. Há puxar de galão, especialmente quando não é necessário, como um pai que não quer saber dos filhos para nada desde que não questionem a sua autoridade e aí está o caldo entornado com o cinto a sair das calças e os rabos quentes em seguida. E Cosme Machado é mais um entre muitos que preferem estragar um jogo que estava a ser vivo mas não violento, agressivo sem estupidez, rijo sem malícia. E é sempre a mesma merda do problema do critério, sempre o amarelo dado ao gajo que merece mas nunca repetido ao rapaz que merece na mesma na jogada seguinte. Há discrepância de neurónios, há um ziguezaguear de ideias e uma inconsistência de atitude que só pode ser premiada de uma forma: com uma excelente nota dada pelo observador. Enfim, põem-se a jeito.


O empate foi o menos mau dos possíveis resultados em Braga mas a forma como foi conseguido, com suor, garra, espírito de sacrifício e tenacidade encheram-me de orgulho. A palavra já está batida depois das declarações de Lopetegui e do NGP, mas mantenho o que disse. Orgulho. E bem merecido.

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Baías e Baronis – Penafiel 1 vs 3 FC Porto

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Há campeões feitos de luta e outros de talento e a mistura dos dois normalmente faz com que uma equipa seja ainda melhor. E hoje naquele tremendo lamaçal em Penafiel, os rapazes foram obrigados a um tipo de jogo que não lhes agrada. A bola não rola no relvado, há demasiadas bolas divididas e o futebol que se consegue produzir não passa do medíocre. Mas também é nestes jogos que uma equipa que se quer campeã tem de mostrar que tem força de espírito e capacidade de sacrifício para ser prático, simples e eficaz. E foi o que fomos, com mérito e acima de tudo muito trabalho. E com Jackson. E Óliver. Upa. Vamos a notas:

(+) Jackson. Os orgasmos vocais de Freitas Lobo durante o jogo foram perfeitamente justificados. O capitão estava a jogar a um nível superior a todos os outros colegas e adversários e notava-se na forma como controlava a bola e a fazia rodar por zonas onde ninguém parecia conseguir ficar sequer com os pés bem assentes no chão. Estupendo na ajuda ao meio-campo, excelente no recuo para zonas de controlo da posse de bola ofensiva, foi mais um bom jogo do colombiano. Ah, mais um golo, como de costume, ao qual se soma o início da jogada do terceiro que é simplesmente genial.

(+) A entrada de Marcano. Fez-me lembrar alguns dos nossos velhos nomes naquela zona recuada (um André ou um Paulinho, até um Emílio Peixe, vejam lá) que jogaram tantas e tantas vezes em relvados exactamente nas mesmas condições que este e que tiveram o mesmo approach pragmático: homem não passa, bola vai para longe. E Lopetegui viu que Casemiro, já com amarelo, estava a baixar de produção e optou pela entrada do espanhol que passou o resto do jogo a despachar tudo que tinha sequer um lampejo de poder vir a criar perigo para a baliza. Foi, como tinha sido já noutros jogos e nas mesmas circunstâncias, o homem certo na posição certa.

(+) Casemiro. Duas assistências e um jogo positivo deste rapaz que não convenceu ainda os adeptos (eu incluído) mas que hoje esteve em bom plano. Foi duro quando foi preciso e apesar de ter saído relativamente cedo da partida (aos 65 minutos) fez o suficiente para se mostrar a um nível bem superior ao que tinha vindo a fazer nos últimos jogos.

(+) O espírito de sacrifício. Ainda bem que Brahimi não esteve neste jogo, porque a produtividade não teria sido muito provavelmente acima de um painel solar nas grutas de Santo António. Mas quem produziu neste jogo foram aqueles que conseguiram lutar, que não tiveram medo de ficar com as camisolas e os calções ensopados em água e lama e que nunca viraram a cara nem as pernas à luta. Toda a linha defensiva esteve bem, Herrera e Óliver no meio-campo estiveram com força e empenho e apenas os dois extremos pecaram por não conseguirem drenar o campo tão rapidamente quanto seria necessário. Não era jogo para eles.

(-) O início da segunda parte. A equipa tremeu um bocadinho com o golo do Penafiel e houve alguns momentos em que se tornava enervante a quantidade de lançamentos laterais próximos da área que o adversário pôde fazer, porque a bola parecia que não saía daquela zona. Lopetegui estava a ficar doido no banco (os guinchos quase se podiam ouvir aqui em casa a algumas dezenas de quilómetros…) e apenas depois de Marcano ter entrado é que a equipa conseguiu estabilizar a cabeça e recomeçou a jogar futebol. O possível, claro está.

(-) O cagaço do Tello. Há dois lances que me enervaram com a força de uma entrada de carrinho do Mozer. Nos dois lances, tal como já aconteceu inúmeras vezes esta temporada, há pontos em comum: o jogador adianta demasiado a bola, o jogador encolhe-se com medo do contacto físico e o jogador é Cristian Tello. Não me convence mesmo nada vê-lo a titular do FC Porto especialmente nesta fase da temporada, onde não produz o suficiente para justificar que tenhamos mandado Kelvin para o Brasil ou que mantenhamos Ricardo encostado a sonhar em ser lateral direito. Até Ivo, na equipa B, produz muito mais que Tello actualmente nos As e não tenho qualquer dúvida na minha cabeça que o espanhol só tem jogado porque chegou do Barcelona e o nome fala mais alto que os números em campo. Infelizmente.


Uma boa série de vitórias é sempre positiva, especialmente quando os jogos têm potencial para se transformarem numa miséria como este ou como já tinha sido o jogo contra o Boavista em casa. Nesse, não conseguimos. Neste, fomos bem melhores. Ainda bem.

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