Baías e Baronis – Marítimo 2 vs 1 FC Porto

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Deve haver um mau-olhado qualquer naquela ilha. Três jogos, zero vitórias e apenas dois golos marcados para quatro sofridos. É isto que levamos da Madeira este ano, um pecúlio tão fraco e em grande parte por culpa própria, porque não fomos o que podemos e devemos ser em nenhum desses três jogos. Se o primeiro jogo contra estes fulanos foi marcado pela falta de eficácia na frente e o encontro com o Nacional nos deixou sem pernas e sem força para reagir à velocidade do adversário, este combinou esses mesmos factores com alguns erros defensivos e uma tremenda falta de criatividade a meio-campo. E mais um ano passa sem conseguirmos vencer este caneco. Não fosse o anunciado desinteresse e começava a ser ridículo. Vamos a notas:

(+) Maicon. Um Baía a Maicon em 2014/2015 é algo que deve ser celebrado porque na maioria dos jogos acabou por hesitar em colocá-lo na lista abaixo do (-) grande ali a meio do post. Mas hoje o capitão esteve muito bem, activo e interventivo na defesa e a subir no terreno pelo lado direito como…Danilo. Interessante ver o calmeirão a furar com alguma velocidade na área contrária, ele que é tão lento a executar na própria área. Há coisas que não se explicam, realmente.

(+) Helton. Sem culpa em nenhum dos golos, foi em noventa minutos o que Fabiano não conseguiu ser numa época inteira: um guarda-redes adiantado, a jogar com os pés com a naturalidade de quem o faz há tantos anos com graus variáveis de eficácia mas sempre com talento e a entregar a bola rapidamente para os colegas prosseguirem o jogo. Por favor continua na baliza, rapaz.

(-) Moles, em vários sentidos. Sinto uma dificuldade tremenda em perdoar a segunda derrota contra os mesmos fulanos. Houve ineficácia na frente, inoperância no centro, infantilidades nas laterais e tremideira na relva. Mas o que houve mesmo foi o que se tem visto desde o início do ano e é algo que não creio conseguirmos superar esta época: quando o meio-campo adversário é mais forte fisicamente, o resto da equipa colapsa. E começa rapidamente por secar os homens que jogam na mesma zona e que se acanham perante adversários mais fortes e mais dinâmicos. Danilo e companhia fizeram o que lhes apeteceu, recuperaram inúmeras bolas e forçaram a que o FC Porto tivesse de recorrer vezes demais a lateralizações e lançamentos aéreos para os quais não temos jogadores minimamente talhados. É fácil inferirmos que a falta de capacidade para criar perigo pelo centro resulta da força do meio-campo do Marítimo, portanto. Junte-se a mentalidade fraca de uma competição que não interessa aos adeptos (nem aos jogadores, infelizmente) e a relativa proximidade do hiper-jogo contra o Bayern e temos uma receita para o fracasso que se viu hoje. Falhámos por culpa própria e os jogadores deviam rever a forma de encarar este tipo de partidas. E estes são os mesmos que venceram em Penafiel ou no Bessa, que lutaram com tudo o que tinham para sacar a vitória com dez contra o Arouca há umas semanas, quase sem pernas mas com coração. Estou convencido que o jogo de segunda-feira contra o Estoril contará outra história, mas a de hoje foi triste por nossa culpa.

(-) Os laterais As jogadas de maior perigo do Marítimo apareceram depois de cruzamentos de Ruben Ferreira do lado de Ricardo e pelas investidas de Marega e de Edgar Costa pelo corredor de Angel. E ambos estiveram mal, desconcentrados e sem a inteligência emocional e competitiva que se exige para um jogador do FC Porto, seja em que competição for. Se Ricardo peca pela contínua inadaptação às tarefas defensivas posicionais (mantenho que assumir que será um lateral direito em condições é utópico e só resulta do facto do rapaz correr muito pelo flanco. O Tello faz o mesmo, querem usá-lo como defesa?) que hoje deram origem ao lance do penalty – que é bem sacado pelo adversário mas que não me deixa dúvidas quanto ao facto de ter existido – já Angel tem de fazer mais. É certinho quando sobe com a bola pelo flanco, mas o posicionamento defensivo, especialmente a passividade com que vê bolas a passar por cima da cabeça como um pirralho de 8 anos num jogo de baseball, é desesperante. Danilo já saiu e Alex pode ir pelo mesmo caminho. Haja mercado, porque estes dois não me dão garantias de poderem dar conta do recado. Hoje, pelo menos, não deram.

(-) Aboubakar Não é Jackson e nunca será. E não pode tentar sê-lo nem podem tentar transformá-lo em algo para o qual não está talhado. Podem, mas esperar resultados imediatos é como sonhar em levar o Messi para Chaves e só porque as camisolas são parecidas esperar que ele lhes passe a bola. Aboubakar é passe e corta, é tabelinha rápida, é velocidade em transição com a bola, é 1×1 em força e em progressão. Não é uma parede que receba a bola, a controle nos pés e a endosse redondinha para os colegas. Especialmente se estiver tão sozinho na frente de ataque e seja obrigado a recuar vinte metros para encontrar um colega. Produção nula do camaronês hoje na Madeira.

(-) Óliver Completamente fora de jogo hoje, incapaz de se soltar da pressão dos madeirenses e demasiado complicado na altura de soltar a bola. Beneficia quando tem um médio que consegue manter a bola na sua posse e ao mesmo tempo progredir no terreno (como Herrera), função que Evandro apenas desempenha a espaços e com muito esforço mas pouca capacidade de abrir espaços para lá dos que ele próprio cria. Pareceu-me fisicamente bem mas falhou o sentido prático do costume.


Abril, o tal mês de todas as decisões, começa mal. E se nos pusermos a jeito como fizemos hoje, pode acabar muito pior. Esperemos que não.

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Baías e Baronis – Nacional 1 vs 1 FC Porto

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Os bombos. Os cabrões dos bombos deviam ser proibidos, barrados da entrada em qualquer estádio de futebol pós-1980s, onde a malta do Minho (Famalicão, Tirsense e amigos) trazia quarenta adeptos e o que pareciam 700 bombos para a bancada e davam cabo dos tímpanos de qualquer ser humano, bem mais que o Sr. Lourenço e a sua corneta. E estes, na Madeira, com aquele vibrar fatídico que aponta o caminho para a morte, a rampa que dá acesso aos domínios de Hades e do qual estivemos tão periclitantemente perto, são dos piores que me lembro. E o som do tambor continua, marca o passo e a marcha que não conseguimos manter, numa equipa que tem tanto de talento como de cansaço e pressão acumulada e que cedeu hoje depois de tantos jogos estóicos, soçobrando perante uma equipa com mais força, mais agressividade e muito menos a perder. Não foi mau, podia ter sido melhor. Vamos a notas:

(+) Tello. Muito bem em quase todo o jogo mas especialmente na primeira parte, onde para lá do golo fez meia-dúzia de boas jogadas de entendimento com Danilo que podiam (e nalguns casos deviam) ter tido melhor aproveitamento. Foi o Tello que me dá gozo ver jogar, um rapaz cheio de audácia ofensiva, sem parar, em constante movimentação pelo flanco e a fazer diagonais sempre que possível. O golo é exemplo disso, aproveitando uma jogada em tudo idêntica feita pouco tempo antes, optando por trocar as voltas aos defesas e rematar sem defesa possível. Ágil e rápido, é assim que Tello tem de continuar. Acabou o jogo exausto.

(+) Danilo. Fez com Tello um flanco direito de criar inveja a muitos clubes por essa Europa fora, com uma empatia quase perfeita na temporização e no endosso da bola, a fazer com que o outro lado, por muito que Alex Sandro tenha tentado (e tentou, oh se tentou!), nunca conseguiu funcionar com Brahimi como o compatriota fez do outro lado do campo. E ainda mandou mais um petardo ao poste. Merecia ter entrado.

(+) Quaresma. Fez em vinte minutos o que Brahimi não conseguiu fazer nos outros setenta. Inusitadamente objectivo no 1×1, foi mais prático, mais inteligente e criou várias situações de perigo (apesar dos cantos, quase sempre mal marcados, não é, Ricardo?) que podiam ter dado golo se não estivéssemos novamente em dia não na finalização. E é a prova que é melhor tê-lo no banco para que entre cheio de força, porque apesar de não poder fundamentar com uma base estatística, parece ser melhor aproveitado nestas circunstâncias.

(+) Helton. Há uma diferença muito grande com Helton em vez de na baliza do FC Porto. A facilidade com que o jogo flui mesmo passando pelos pés do guarda-redes não tem rival em Portugal e poucos terá pelo Mundo fora, fazendo com que a bola saia rápida, prática e prontinha para os jogadores de campo prosseguirem com o seu trabalho. A somar a isso teve duas ou três saídas complicadas bem resolvidas e um voo a defender um livre directo que ia direitinho para a baliza. Mais uma bela exibição.

(-) O estouro físico. Pouco antes do golo do Nacional, começou-se a notar. Herrera, que até tinha feito uma primeira parte jeitosa, começava a falhar passes. Alex Sandro continuava a correr mas com um ritmo mais baixo. Marcano parecia que estava pronto a vomitar e Brahimi perdia-se na 400ª rotação sobre o seu próprio eixo. No final do jogo, por muito que os rapazes tentassem, já não havia mais nenhuma gotinha para espremer da camisola e as pernas não respondiam, os joelhos dobravam a custo e a cabeça já tinha desaparecido. Mérito para o Nacional por ter (quase) conseguido aproveitar a nossa quebra física, compreensível depois dos esforços dos últimos tempos, mas há que fazer descansar algumas peças-chave num ou noutro jogo. Se for possível, claro.

(-) A ineficácia ofensiva, mais uma vez. Não condeno a falha defensiva que deu origem ao golo porque foi fruto de um lance inteligente e de um posicionamento globalmente deficiente, não havendo um culpado mas vários. Condeno sim a aparente impossibilidade de marcar mais que um golo com várias situações de remate fácil travado pela lentidão de Herrera, a trapalhice de Aboubakar e o nervosismo de Quintero. Somem-se mais uma bola na trave e outra no ferro e temos mais um jogo em que criámos oportunidades que chegasse para sairmos da Madeira com um sorriso nos lábios. Não conseguimos em grande parte por culpa própria.


Hoje perdemos dois pontos. Sim, podíamos ter perdido três. Até podíamos ter sido goleados. Mas também podíamos ter feito o mesmo e a meia-dúzia de quilómetros do outro estádio onde aqui há uns meses perdemos outros três. A ilha definitivamente não nos dá sorte em 2015…

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Arouca

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Lentidão, expulsão, reorganização, PENALTY!, calma, concentração, GOLO!, luta, suor, sofrimento, HELTON!, tranquilidade, PRIIIIIIIIIU, paz, descanso, massagens, sono, cama, amanhã há mais. Há dias em que a pressão se torna tão intensa e as pernas incapazes de responder que me questiono se estará alguma força divina a conspirar para que não sejamos campeões. Tudo nos acontece, desde as lesões de elementos-chave, aos dilúvios que impossibilitam o futebol, aos menores rendimentos de algumas peças importantes, e hoje às expulsões de guarda-redes numa zona tão próxima do meio-círculo como da baliza. Vamos lutando e vamos sofrendo até a gorda cantar de vez. Notas já aqui em baixo:

(+) Helton. É inegável a empatia do brasileiro com os adeptos e se houver justiça no Mundo e os joelhos do homem aguentarem, será o titular até final do campeonato. Ajuda a equipa e transmite confiança com o jogo de pés, com a elasticidade com que aborda os lances (salvou o golo do Arouca num voo estupendo) e com a inteligência emocional e a “ratice” que há tanto tempo peço que os nossos jogadores tenham. Todos estes factores fazem dele titular e não se fala mais nisso. Desculpa, Fabiano, mas há que saber quando fomos derrotados.

(+) Quaresma. Lutou desde o primeiro minuto e saiu esgotado quando a equipa precisava de mais velocidade pelo flanco e quando Brahimi, também cansado, ainda conseguia manter a bola nos pés tempo suficiente para ir deixando o relógio passar. Quaresma foi a imagem de um jogador “dos nossos”, que nunca vira a cara à luta…apesar dos adversários lha terem tentado virar à força, como no lance do penalty não assinalado (é que nem falta foi…se não achou que tinha havido contacto, não seria pelo menos jogo perigoso?!) ou em vários outros onde foi puxado e obstruído como única forma de impedir o seu progresso. Assistiu Aboubakar e ainda falhou mais um ou dois golos por mérito do guarda-redes. Bom jogo.

(+) Marcano. Destaco o espanhol pela facilidade com que parecia aparecer a saltar com os avançados contrários, ao contrário do seu colega de posição (ver abaixo), e como desarmou os atacantes do Arouca pelo chão e pelo ar de uma forma consistente e simples, sem inventar nem decorar os lances. Curioso pensar que aquele que era originalmente o teórico quarto posicionado na luta por um lugar se assume agora como titular indiscutível e a grande perda para a primeira mão dos quartos da Champions. É a prova evidente que com trabalho e simplicidade de processos qualquer um pode ser titular. Basta mostrar que tem valor para isso.

(+) Luta e espírito de sacrifício. Não foi bonito. Não foi bom. Não foi agradável. Não foi fácil. Mas foi o jogo possível para uma equipa que se viu a jogar desde o quarto de hora com dez, depois de um jogo desgastante fisica e mentalmente na passada terça-feira. É fácil arranjar desculpas para a falta de acuidade ofensiva ou para as constantes falhas nos passes a rasgar e na ai-tão-estuporada forma como cedemos o meio-campo ao adversário, mas a perspectiva manteve-se intacta de início a fim. Era um jogo para ganhar. E a equipa manteve-se fiel aos princípios quando pôde e lutadora quando não era possível. Lutou e correu e trabalhou sempre com o intuito de guardar a vantagem, subalternizando-se a um Arouca que tinha muito transpiração e pouca inspiração. E nós rebatemos esses dois vectores do jogo ao nível que era necessário. Casemiro, Alex Sandro, Herrera, Aboubakar e tantos outros terminaram o jogo exaustos mas cientes que tinham feito o seu trabalho. O aplauso das bancadas no final da partida foi o prémio merecido.

(-) Fabiano. O jogo fora da baliza não é o seu ponto forte e nunca o será. E este tipo de saídas parvas, que já nos custaram dois pontos este ano no Estoril, são exactamente o tipo de eventos que fazem dele um homem que não dá segurança necessária para um guarda-redes de uma equipa que durante tantos anos se habituou a ver nomes que nem seria preciso pensar muito para concluir que estávamos tranquilos lá atrás. Com Fabiano esse cenário raramente acontece e mais cedo ou mais tarde há uma ou outra falha que lhe tolhem ainda mais a moral e a reputação. Hoje, com a expulsão (certa, na minha opinião, porque com ou sem Ricardo na cobertura, em jogo corrido é uma decisão que aceito sem problema) e o lance que lhe deu origem, Fabiano perdeu-se aos olhos dos adeptos, que preferem ver Helton de muletas na baliza do seu clube.

(-) Indi. Relembrem-me lá quanto é que pagamos por ele? Por um internacional holandês que não ganha UMA ÚNICA PUTA DUMA BOLA DE CABEÇA AOS ADVERSÁRIOS? UMA, PARA AMOSTRA!!! E não era propriamente uma equipa de Janckers, carago! É inegável que tem força e parece que sabe o que quer quando sobe com a bola controlada, mas cedo se mostra nervoso e tão propenso a erros como um Stepanov alcoolizado. Com Maicon e Marcano a marcar pontos consecutivos, não vejo hipótese do Bruno Martins “ora cá vem a bola, deixa-a bater, ora raios” Indi voltar a ser titular tão cedo. Pelo menos até Maicon se lembrar de fazer uma finta de corpo a um adversário em cima da linha de golo, à Mangala. Se calhar nem assim.

(-) A entrada de Tello. Um flashback para os meses de Setembro/Outubro, em que Tello não se fazia aos lances, adormecia em campo e mostrava tão pouco que me fez questionar o porquê da sua contratação se o nível exibicional não subisse. Sei que esteve em Espanha por motivos familiares e o pai estará enfermo, mas se não estava em condições para jogar, devia ter dito ao treinador e pedido para ficar de fora. Caso contrário, não há desculpa para deixar o lateral passar por si várias vezes e pela incapacidade de pressionar para ajudar a equipa a tapar o flanco. Um one-off, espero.


Três pontos. Sofridos, suados. Uff.

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Baías e Baronis – FC Porto 4 vs 0 Basileia

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Estou rouco. Rasguei a garganta toda em cada um dos golos do FC Porto, desde as curvas de Brahimi e Herrera às pazadas de Casemiro e Aboubakar, foram pérolas que me ergueram pelo ar num Dragão cheio de euforias mil e com uma harmonia que só uma grande noite europeia pode trazer. É complicado atirar com os clichés sem que nos venham bater no focinho mais tarde, mas este foi um jogo quase perfeito, apesar da lesão de Danilo. Teve de tudo: excelentes trocas de bola, olés, brutalidade defensiva, mudanças de flanco perfeitas, um guarda-redes voador, laterais em lados trocados e golos estupendos. Excelente, meus caros, ex-ce-len-te! Vamos às notas:

(+) FC Porto. Obrigado, meus caros. Obrigado por uma noite de futebol que me fez saltar, que me enervou e me obrigou a gritar para dentro do campo, a insultar adversários e a louvar os vossos esforços. Obrigado, Herrera, por teres subido a produção e por mostrares que me engano muitas vezes quando digo que não sabes rematar uma bola. Obrigado, Casemiro, por aguentares os meses de Setembro e Outubro onde te chamei gordo e lento e em geral uma fraca amostra de ser humano. Obrigado, Aboubakar, por não levares a mal ficares no banco porque o Jackson tem mais calo nisto. Obrigado, Neuer…perdão, Fabiano, por decidires hoje mostrar ao Helton que também sabes jogar adiantado. Obrigado, Alex Sandro, por não trocares os pés quando te trocaram de lado. Obrigado, Maicon e Marcano, por estarem tão atentos e jogarem tão simples, tão bonito, tão prático. Obrigado, Evandro, por saberes esperar fora do campo e por saberes esperar também dentro dele. Obrigado, Brahimi, por mostrares que os livres directos voltam a ser uma oportunidade para marcarmos golos. Obrigado a todos pelo que fizeram hoje, onde um badocha careca na bancada do Dragão voltou a ser um menino, a abraçar o pai e a saltar com os golos como se fossem os primeiros que via na sua vida. Obrigado pela excelente noite que me encheu de orgulho. Não percam este espírito, só têm a ganhar com isso.

(+) Golos em remates de fora da área. Os ingleses costumam dizer: “when it rains, it pours“, que traduzo livremente para: “quando começarem a rematar de fora da área, entram logo quatro de uma vez“. E hoje foi um maná de remates, cada um melhor que outro, com golos geniais dignos de figurar nas listas de melhores do ano. E ainda ficou na memória mais um tiraço de Casemiro e outro de Aboubakar. Chiça que vocês quando se lembram de me dar razão, rapazes, não brincam em serviço!

(+) Casemiro. A única exibição individual que merece destaque para lá do colectivo. Um jogão do brasileiro, o único no meio-campo que conseguia lutar com o corpo perante os badochas suíços e que conseguiu perante a maior capacidade técnica e jogo mais subido e pausado de Herrera e Evandro. Inteligente no posicionamento, lutador no choque e estupendo no corte, fez um jogo quase perfeito com a quantidade de bolas que recuperou, as vezes que surgiu a dobrar os colegas em zona defensiva e a força que transmitiu ao confronto físico com os brutinhos dos adversários que enfrentou. Ah, e marcou um dos melhores golos de bola parada que vi ao vivo. Só isso.

(-) A lesão de Danilo. Não reparei na queda do rapaz porque fiquei a olhar para Fabiano. Cedo deu para perceber que nada se passava com o guarda-redes (que é um fiteiro bem acima da média, admita-se) e quando virei os olhos para Danilo, vi-o inerte no relvado. Passam logo imagens de Foé e Fehér pela mente e arrepiei-me ao pensar que o rapaz podia ter sofrido algo bem pior que uma comoção cerebral. Ainda bem que não é grave. Podia perfeitamente ter sido.

(-) Os lenhadores suíços e a arbitragem novamente amiga. Nunca estive em Basileia, mas deve ser uma localidade com uma notável ausência de árvores, pelo menos nos sítios onde estes moços passarem. Samuel, o líder do bando de assassinos suíços e sem dúvida detentor de livros inteiros com os esqueletos de armário dos árbitros por esse continente fora (uma espécie de Maxi em versão Europeia), jogou aproximadamente 150 minutos a mais numa eliminatória com dois jogos e não consigo entender porquê. Mas não foi o único, porque os amigos do Walter decidiram mais uma vez aproveitar toda a facilidade que o árbitro (outro) lhes concedeu, arrastando pés pelo chão e elevando a entrada de carrinho a uma forma de arte marcial. E depois a puta da cereja mijona em cima do bolo. O lance que dá origem à falta de onde apareceu aquele monumento do Casemiro é notável. Um homem do Basileia no chão, com os colegas a ignorarem-no como se faz a um sem-abrigo numa paragem de autocarro. Seguem com a bola sem qualquer problema, até que a perdem…e Tello, sem saber muito bem se haveria de sprintar ou de enviar a bola para fora (na dúvida, corre, rapaz, corre como o Forrest!!!), apanha mais uma machadada suíça…e ainda é insultado pelo adversário por não ter fair-play. A lata que é preciso ter para aquela atitude é de gente com tomateira de aço e uma gigantesca falta de fibra, à qual se pode somar o árbitro, incapaz de mostrar autoridade perante tamanha falta de nível. Pensem duas vezes antes de elogiar a cultura cívica dos centro-europeus. Muitos são desta laia, gente que merece receber jactos de urina pela traqueia abaixo.


Quartos de final da Champions. Ahhhhh, sabe bem conseguir ser grande nos grandes momentos.

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Baías e Baronis – Braga 0 vs 1 FC Porto

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Um jogo tramado contra uma equipa tramada cheia de jogadores tramados num estádio tramado. Se disser “tramado” mais uma vez pode ser que ganhe uma raspadinha. A verdade é que não houve tantos tramados como se imaginaria, ou se houve foi por culpa própria. Sim, o Braga corre muito. Claro, o Braga é rijo. Óbvio, o Braga joga em contra-ataque. Mas não correu assim tanto. Não foi assim tão rijo. Quase não contra-atacou. O que sobra do jogo? Uma vitória arrancada com (mais) um golo em 1×1 de Tello, a lesão de Jackson e a percepção que os rapazes estão com ganas de continuar mas continuam com pouca imaginação na altura de criar lances ofensivos. Vamos às notas:

(+) Casemiro. Às vezes é preciso jogar assim. Duro no contacto físico e certeiro no controlo da zona central, onde Pedro Tiba (um cabrãozinho que dá vontade de esbofetear até ficar com a mão em sangue, bem como Pedro Santos. Qualquer Pedro que jogue no Braga, pronto) e Danilo se dispunham como unidades mais agressivas e que Casemiro ajudou a tapar. Não esteve tão bem contra Ruben Micael (e não imaginam o quão estranho é escrever esta frase) mas foi acima de tudo pela inteligência nos últimos minutos que o brasileiro brilhou. Sacou pelo menos três faltas a jogadores do Braga, no equivalente centro-campista da dupla lateral+extremo na linha à espera que os minutos passem, ganhando lançamentos atrás de lançamentos. Às vezes é preciso jogar assim. E Casemiro, hoje, fê-lo na perfeição.

(+) Marcano. Certinho, direitinho, eficaz, prático…é o central perfeito para acompanhar um outro que seja líder. Maicon não o é e nunca o será porque é demasiado falível em lances fáceis (hoje esteve bem, com uma ou outra falha pontual que não deixaram preocupação) e o exemplo de Marcano parece sair direitinho do manual “Como ser Aloísio em dez simples lições”. Impecável no corte, sem inventar no passe e acima de tudo a transmitir uma tranquilidade que faz com que seja o central número um nas escolhas de Lopetegui. Ou nas minhas, pelo menos.

(+) Tello. Esforçado e eficaz. Quem vir este Tello e fizer uma comparação com o mesmo fulano que usava o mesmo número na camisola aí por volta de Setembro/Outubro arrisca-se a sofrer uma lesão na espinha tal é o efeito de chicote que receberá na base do pescoço. Este Tello é que devia ter andado por cá desde o início do ano, um Tello que não desiste, que vai às bolas todas, que arrisca e que não se atemoriza perante um ou cinco defesas. Um Tello que se atira para cima do defesa no 1×1 e que aparece em frente ao guarda-redes e não se atrapalha todo como fez tantas vezes no arranque da temporada. Este Tello pode ficar. O outro pode voltar a Barcelona.

(-) Herrera Já não sei que te dizer, rapaz, mas começo a ficar preocupado. Das duas uma: ou vais ao médico e queixas-te que há qualquer tipo de narcolepsia hiper-temporária que se apodera de ti durante os jogos, ou eu vou telefonar ao Casemiro e faço com que ele ande com uma daquelas varetas que dão choques ao gado para ver se te assusto o suficiente ao ponto de acordares. Demasiadas bolas perdidas pela assustadora lentidão com que executa e pensa o jogo, demasiados passes falhados, demasiadas vezes em que me apeteceu gritar para o despertar daquele torpor que tanto me enerva. Se o Speedy Gonzalez é mexicano, tu deves ser o estupor do arqui-inimigo dele. O Slowy Herrera ou qualquer merda parola do género.

(-) As saídas aéreas de Fabiano. Se o rapaz já vai em seis jogos consecutivos sem sofrer golos em competições nacionais, deve uma enorme caixa de chocolates e uns ramos de rosas aos seus defesas. Não sendo o zénite da eficácia defensiva mundial, a linha defensiva vai limpando a folha do seu keeper que não consegue assentar-se como um nome que não deixa reservas aos adeptos. E não o consegue pelas constantes falhas em saídas a cruzamentos, pelo jogo de pés (que está melhor, atente-se!) medíocre. Não é mau guarda-redes, longe disso, mas ao ver Helton no banco dá-me logo uma sensação nostálgica e apetece-me trocar de brasileiro na baliza.

(-) A lesão de Jackson Foda-se. Trinta destes seguidos. Foda-se. Putas das toupeiras. Foda-se.


A vitória era o mais importante e não estou muito preocupado se a equipa joga bom futebol ou não. Digo isto com toda a sinceridade que um portista pode ter neste momento, em que andamos atrás do líder há tempo demais e onde um mínimo percalço nos pode afastar de vez do título. Três pontos. Check. Next!

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