Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Penafiel

260684_galeria_fc_porto_v_penafiel_liga_nos_j34_2014_15.jpg

Saí do estádio com vontade de voltar depressa, como acontece quase sempre que termina um jogo, seja o primeiro ou o último. Desiludido com a desagregação entre adeptos que parece estar a tornar-se imagem de marca de um FC Porto que ainda não sabe perder mas que não tenta mostrar que quer ganhar. Desiludido com alguns jogadores, incapazes de mostrar que os acidentes de percurso acontecem mas que um homem sabe levantar-se depois de cair. Desiludido com o público que só aparece nas vitórias e desaparece nos momentos menos bons. Desiludido com uma merda duma época onde 82 pontos não chegam para ser campeão. Desiludido comigo por me deixar ir abaixo com estas coisas…*suspiro*… Últimas notas da época abaixo:

(+) Danilo. Até ao fim, até aos últimos segundos com uma camisola que aprendeu a estimar e que não merecia a despedida que teve da parte de tantos adeptos que o apoiaram sempre que caía no torpor da auto-comiseração crónica com que fez os primeiros dois anos de dragão ao peito. Lutou como se fosse um jogo decisivo, fez quilómetros pelo flanco na procura de criar as oportunidades para a equipa e para si, para conseguir terminar a época num estádio que lhe deu momentos agridoces mas que o acolheu como um dos nossos. E o aplauso dos poucos milhares que no final o viram a saudar as bancadas não chega para um rapaz que se fez homem aqui junto de nós. Ficas no coração, rapaz.

(+) Casemiro. Uma pena ver este rapaz a sair numa altura em que tanta fibra é necessária para manter uma equipa anémica, fisica e mentalmente. Talvez volte, não sei, mas era de um Casemiro que precisávamos naquela zona do terreno, rijo, firme, agressivo (em demasia, às vezes, porque aquele amarelo foi tão parvo como escusado) mas sempre a dar o que tem para recuperar as bolas e rodá-las para os melhores locais. Vais fazer falta até chegar outro como tu, puto.

(+) Helton. Safou vários lances de perigo do Penafiel, encaixou alguns remates e foi o sweeper-keeper que precisávamos quando a zona de acção era quase em exclusivo no meio-campo adversário. Custa a entender como é que Fabiano continuou a ser o titular da nossa baliza quando este “puto” estava em condições e pronto para jogar noventa minutos de cada vez. Já o analisei e voltarei a fazê-lo, mas custa entender.

(-) Quase tudo. As claques em silêncio, num protesto que entendo mas com o qual não concordo; os assobios do público às claques e vice-versa; os passes de Herrera; a lentidão de Reyes; os cruzamentos de Angel; o imbecil atrás de mim que está lá desde o início do ano e que nem sabia quem era o Angel; a finalização de Brahimi; o individualismo de Quaresma; as nano-faltas marcadas por Olegário; o nervosismo de Ruben; os excessos de Casemiro; a ausência de público; a leeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeentidão na construção de jogo; a incapacidade de Quintero ser mais que um bobblehead medricas; as descoordenações de Evandro; o domínio de bola de Aboubakar; a voz embargada do Saul; a malta a sair antes do jogo sabendo que era o último do Danilo e o rapaz merecia um aplauso sentido dos adeptos. Foi quase tudo muito mau.


Férias. Do que todos estamos a precisar, uns mais que outros. E dormir. Muito. Mal. O que conseguirmos.

Link:

Baías e Baronis – Belenenses 1 vs 1 FC Porto

259835_galeria_belenenses_v_fc_porto_liga_nos_j33_2014_15.jpg

Fuck. Fuck. FUCK! Trinta e três jornadas depois, voltamos ao ponto de partida com uma exibição a roçar a mediocridade da era Fonseca e com jogadores nervosos, incapazes de lutar, de mostrar que querem ser campeões mesmo que todas as probabilidades apontem contra eles. Não os temos, podemos vir a ter no futuro mas neste momento somos um conjunto derrotado antes mesmo de entrar em campo. Assim é difícil, bolas. Notas abaixo:

(+) Óliver. Foi dos poucos que procurou jogar de uma forma mais vertical e de romper pelo centro aproveitando o centro de gravidade tão baixo que tem e que usa com inteligência para passar pelos adversários. Alguns bons pormenores e várias desmarcações fizeram dele o homem mais activo no meio-campo. Não era complicado, admita-se.

(+) Jackson. Falhou uma oportunidade excelente para adiar a decisão do título para a última jornada mas juntamente com Óliver foi dos que fez o possível para que conseguíssemos sair do Restelo com uma vitória. A forma como a equipa olha para ele nos momentos mais complicados faz com que se torne ainda mais importante e, como consequência, a sua saída mais-que-provável ainda será mais-que-tramada para resolver. Vá lá, ao menos o título de melhor marcador pode estar mais perto se lhe atribuírem o golo de hoje, se bem que me pareceu que foi o rapaz do Belém que a meteu lá dentro.

(-) Temos aquilo que merecemos. Os primeiros vinte minutos foram o espelho de todo o jogo. Passes absurdos, incapacidade de manutenção da posse de bola mais de alguns segundos, as contínuas dificuldades perante um meio-campo fisicamente mais forte, extremos que não furam, o avançado que não recebe a bola e uma velocidade de jogo que faz o Varela parecer o Usaín Bolt. Todos os jogadores pareceram encarnar figuras de menor relevo do nosso passado. Alex Sandro em modo Rubens Júnior, Ruben como Bolatti, Herrera à Valeri, Brahimi como Alessandro, Maicon como Stepanov e Quaresma parecido com Tarik durante o Ramadão. Acima de tudo foi a forma como o jogo foi encarado, com medo do resultado a 400 km de distância, a tentar gerir uma vantagem mínima obtida sabe-se lá como contra uma equipa que corria mais que nós e a quem oferecemos pelo menos três (TRÊS, FODA-SE, ATÉ O BAYERN TEVE DE TRABALHAR MAIS PARA NOS MARCAR OS SEIS EM MUNIQUE!) oportunidades claras de golo que desperdiçaram. É um cliché mas aplica-se na perfeição: uma equipa que quer ser campeã não pode mostrar tão pouco em campo como o FC Porto fez no último mês de competição. E quando é isto que o FC Porto joga, não há colinhos no mundo que justifiquem a distância de três pontos depois de perdermos pelo menos oito nas deslocações à capital. Assim não chega. Julen, ouve: Assim. Não. Chega.


O campeonato acaba na próxima semana e estamos a precisar que acabe depressa. Alguém faz com que passe rápido?

Link:

Baías e Baronis – FC Porto 2 vs 0 Gil Vicente

259005_galeria_fc_porto_v_gil_vicente_liga_nos_j32_2014_15.jpg

Ninguém foi ao Dragão a antecipar um espectáculo fabuloso. Mas o jogo foi tão entediante que a meio da primeira parte estava literalmente a bocejar (o fim-de-semana foi puxadote, admito) pela fraca qualidade da partida, com poucos motivos de interesse a não ser perceber qual seria a próxima falha de Alex Sandro ou pelo meio de quantos homens de vermelho iria Brahimi tentar furar na próxima vez que tivesse a bola nos pés. Valeu pela bicicleta do Jackson. We will miss you, sir. Notas já já a seguir:

(+) Jackson. Não tendo estado no top 20 dos melhores jogos de Jackson com a nossa camisola, os dois golos que marcou, somados ao penalty que sofreu, fazem deste um dos mais produtivos. E de que maneira, com o segundo golo a fazer com que os highlights da partida passem por esse mundo fora a aguçar ainda mais a vontade de tanto clube de o vir cá buscar pelos “míseros” 35 milhões de euros que o homem vale no papel. Porque no campo vale tanto mais e se a sua saída é um dado quase adquirido, as saudades dele já começam e o day after não vai ser fácil para ninguém. Estupendo, caríssimo.

(+) Danilo. Curioso, o caso deste rapaz. Quando muita gente pensava que após o anúncio da transferência para o Real Madrid (e agora a convocatória para a Copa America) iria fazer com que o rapaz se acalmasse e começasse a jogar a um ritmo equivalente a um Capucho com 20 Valdisperts no bucho, eis senão quando aparece um Danilo cheio de vontade de mostrar serviço, de se despedir perante os adeptos que o apoiaram durante vários anos e que nunca desistiram dele, que o médio transformado em defesa direito gosta de nós, do clube, da cidade. E mete o pé aos lances, aparece na área para tentar marcar um golo que o faça receber o aplauso de pé que merece pela época que tem vindo a fazer. Há poucos assim e não é preciso a mística do jogador formado dentro de portas para que se veja a fibra de que é feito. Foi aqui que se fez jogador de vez e se está agradecido por isso, tanto melhor.

(+) Óliver. Não foi tão prático como noutros jogos mas não sabe jogar mal. Excelente na luta do meio-campo, inteligente na mudança de flanco, apenas pecou na finalização porque foi possuído pelo vírus não-vamos-rematar-hoje-era-só-o-que-faltava em alturas essenciais do jogo. Ainda assim ficou mais uma exibição positiva do pequenote.

(-) Alex Sandro. Como se eu já não te conhecesse, rapaz. Quando começas a não acreditar no que fazes e nos objectivos da equipa, é ver-te a baixar de ritmo, de concentração e de capacidade ofensiva, travas corpo e mente e transformas-te numa espécie de Ezequias, um daqueles laterais que só dá pancada sem ser necessária para o fluir natural do jogo e onde cada lance parece tirado de uma compilação de mau defender e pior atacar. Some-se um adversário com pouca acutilância ofensiva e se te levassem um futon para o campo bem que te sentavas. Fraquinho, Alex, muito fraquinho.

(-) O campo tem mais de 30 metros de largura, não tem? Chateei-me a sério a meio da segunda parte quando ninguém parecia ter vontade de rematar à baliza depois de dezenas de passes a meio-campo, como se estivessem a tentar recuperar a vitória do andebol de sábado à tarde, rodando-a com mais lateralidade do que era necessário e com uma propensão absurda de tentar furar pelo meio que todo o estádio se estava a começar a enervar com o assunto. Não gostei, mais uma vez, de ver Brahimi no centro e Óliver a descair para o flanco (estás a experimentar já para o ano, Julen?) mas gostei ainda menos das inúmeras tentativas de romper aquela parede de pernas gilistas, com um jogador atrás do outro a procurar o que era quase impossível e a insistir continuamente no mesmo erro sem que ninguém rematasse à baliza ou rompesse em diagonais consistentes. Quando apareciam os laterais, Danilo mais afoito e Alex Sandro como se estivesse num sofá com rodas quadradas, o overlap era fraco, murcho, que levava a que a bola viesse de novo para o centro. E anda à roda de novo. Foi um tédio.


Faltam dois jogos para acabar o campeonato e a nossa equipa parece que está a contar os minutos como um adolescente à espera do último dia de aulas. E ainda nada está decidido, olha se estivesse…

Link:

Baías e Baronis – Setúbal 0 vs 2 FC Porto

257891_galeria_v_setubal_v_fc_porto_liga_nos_j31_2014_15.jpg

Um lance bonito a começar e outro a acabar. E no meio? Uma enormidade de posse de bola que resultou em quase zero lances de perigo para a baliza do Setúbal, como se a maioria dos rapazes estivesse numa espécie de treino a meio-campo e que chegando perto dos “mecos” do outro lado, que como os “alemães de Bielsa” que Lopetegui já tinha usado no início da época, se limitavam a tentar tapar as nossas investidas sem grande sucesso até à entrada da área. Depois, era escolher o rapaz mais desinspirado e garanto que não seria uma selecção fácil. Enfim, vencemos. Notas já aqui em baixo:

(+) As trocas de bola no centro. Especialmente na primeira parte, a forma como o FC Porto trocou a bola na zona central do relvado foi nada menos que estupenda. Com aparente facilidade na movimentação das peças, a bola seguia em posse até ser entregue a um colega, triangulações quase perfeitas, endossos fáceis e lineares para os flancos e um bem-estar geral que parecia confundir alguém que tivesse visto o jogo da semana passada na Luz. É assim o estilo que Lopetegui quer que o futebol da equipa seja, com passe curto, contenção no envio de canhoadas directas para o ponta-de-lança e facilidade na desmarcação. De salientar Brahimi que apareceu muitas vezes em zona de “10”, o que não me agrada muito mas que hoje acabou por funcionar até ao ponto em que era de facto preciso fazer qualquer coisa. Resultou no golo, nada mau.

(+) Alex Sandro. À imagem do que tinha feito na semana passada na Luz, apareceu em grande em Setúbal, a romper pelo flanco em subidas rápidas, aparecendo sempre no espaço e pecando apenas na entrega da bola para o avançado (não foi o único, ler abaixo…), mas foi um constante fluxo de jogadas potencialmente perigosas. Até apareceu ao segundo poste para tentar cabecear. Seu louco!

(+) Casemiro. Excelente na retenção da bola no meio-campo e o primeiro a fazer com que ela rodasse em boas condições para os colegas, foi também o elemento de força de que precisávamos numa zona em que está cada vez mais adaptado a saber quando ser rijo e quando ser prático. E a maior parte das vezes tem conseguido ser as duas coisas ao mesmo tempo, o que faz dele um elemento fundamental na estratégia da equipa. É por tua causa que o Ruben não joga tanto, Casemiro!!!

(-) A quantidade absurda de passes falhados. À semelhança do jogo da Luz, lances de perigo perto da baliza foram quase nulos e Raeder foi vendo o tempo passar sem precisar de se colocar em campo durante grande parte da partida a não ser meia-dúzia de cruzamentos altos e um ou dois remates ao lado. E todo o jogo que foi criado entre linhas não passou das duas primeiras: a defensiva e a do meio-campo, porque o ataque foi inconsequente com Quaresma, improdutivo com Brahimi e pouco mais que ridículo com Hernâni. Preocupa-me muito ver tanta posse de bola desperdiçada e sermos obrigados a andar até ao final do jogo a pensar se uma parvoíce nos vai roubar os três pontos. Não seria a primeira vez.

(-) Lances de bola parada. Mais um jogo em que diversas oportunidades se perdem entre jogadas pseudo-combinadas, maus cruzamentos e uma infeliz incapacidade de criar perigo em lances que são feitos exactamente para isso. É triste perceber que um canto para o adversário me deixa a tremer como um menino ao passo que o mesmo lance a nosso favor não levanta um mínimo de emoção na minha psique.

(-) A lesão de Marcano. Um lance de trampa pode ter levado a que Marcano falhe o resto da época. Não é justo e devíamos reclamar. A Deus, ao demónio dos ombros deslocados, seja a quem for. E já deu para perceber que a atmosfera não está fácil para espanhóis, porque depois de Óliver e Tello, agora este hermano também se estoura para umas semanas. Raios.


Fizemos o que nos era exigido e continuaremos a fazê-lo, espero. Continuo a acreditar que é possível e lá estarei no fim-de-semana para ver o Gil. A ver se também damos cinco.

Link:

Baías e Baronis – Benfica 0 vs 0 FC Porto

257015_galeria_benfica_v_fc_porto_liga_nos_j30_2014_15.jpg

Não tinha grande fezada para o jogo. Ainda assim, saí de casa e fui ver a bola com amigos para um café na baixa do Porto, rodeado de portistas que apoiavam a equipa mas lamentavam cada lance perdido, cada passe falhado e cada inconsequente ataque que a nossa equipa protagonizou perante um dos campeões em título que pode revalidar o troféu com o seu pior futebol dos últimos anos. Tinha logo de nos calhar um JJ resultadista quando percebeu que a jogar bonito raramente havia de ganhar. Enfim, os moços tentaram, lutaram e fizeram o que podiam fisica e mentalmente. Não chegou. Não há sumo para mais. Nem tomates. Parece que este ano esses também tem vindo a faltar. Vamos a notas:

(+) A pressão alta no centro. Se o Benfica permitiu que jogássemos com o bloco subido, também não é demérito nosso que o tenhamos ganho. Casemiro bem na zona recuada, Ruben prático no centro com Evandro e Óliver a rodar a bola como podiam no meio de tanta perna e pontapé à solta, conseguimos impôr alguma ordem e manter a bola como precisávamos. O facto de não ter havido incursões ofensivas suficientes devido à falta de um dos extremos deveu-se no fundo à opção de Lopetegui que não tendo conseguido ganhar o meio-campo na primeira volta, decidiu enchê-lo de gente na segunda. Ganhou o meio-campo, perdeu em acutilância e velocidade. Era expectável mas a aposta foi ganha. Não valeu de muito mas ainda assim conseguimos empurrar o Benfica para trás, o que nem todas as equipas conseguem.

(+) Alex Sandro. Foi um Alex de fina colheita, cheio de garra na luta individual e a aproveitar o facto de Gaitán estar a jogar tanto como Sálvio no jogo de hoje. Esteve forte, subiu com velocidade e não fossem algumas más decisões (e se tivesse sido só ele…) no último terço e teria sido bem mais importante no jogo. Mesmo assim é bom ver Alex a jogar com fibra e com convicção até à última, acabando o jogo esgotado como se viu num dos últimos lances em que não consegue controlar a bola em velocidade porque…já não a tinha.

(+) Casemiro. Cortes de carrinho é com esta versão brasileira e bem avantajada de Otamendi a trinco, porque não só se coloca na perfeição perante a progressão do adversário como usa bem o corpo para levar a bola e parar o ataque. Não parece o mesmo badocha que cá apareceu no início do ano e só tenho pena que provavelmente não o consigamos segurar por cá a não ser que haja contrapartidas extra na venda do Danilo ao Real Madrid.

(-) A quantidade absurda de passes falhados. E voltamos a isto, que desde o tempo de Vitor Pereira me enervava. Bola para Maicon, mão no sobrolho para tapar o sol e cá vai disto. Corre, Jackson, CATRAPUM, bola em Júlio César. É das maiores parvoíces que me lembro de ver a nível de organização de jogo de uma equipa de topo, onde apenas um avançado corre como um doido para apanhar a bola enviada do cimo de uma qualquer colina com um canhão napoleónico, com qualquer tipo de ridícula expectativa que o homem se vá posicionar para receber o esférico, controlá-lo na perfeição e esperar meia-hora que os colegas subam. E isto na zona recuada, porque a quantidade de passes desperdiçados em zona de preparação para finalização foi um dos motivos pela quase total ausência de situações de perigo que deixámos por criar hoje na Luz. Nervosismo, falta de pernas, seja o que for, não se podem falhar tantos passes.

(-) Herrera. Alguém se oferece para dar uma chapada a este gajo logo no início do jogo para ver se acorda? É tremenda a lentidão com que recebe a bola e o ritmo que tenta imprimir ao jogo quando tem a bola controlada em zona de pressão é tão elevado como a marcha fúnebre tocada em 12 rotações. Demora tanto tempo quando recebe a bola que lhe caía logo em cima o Samaris, o Pizzi, a águia Vitória que estava a comer erva em Monsanto, trinta gajos da claque que desceram do terceiro anel e doze toupeiras que por ali passavam. Herrera é muito lento e como dizia um amigo na semana passada, acha que todos os outros são lentos como ele. Nestes jogos então, onde cada metro do terreno é disputado com virilidade e velocidade, ainda se nota mais.

(-) Sem ovos e com poucos “huevos”. O busílis. O torcer de rabo da porca. O lançamento da moeda. Ou seja, aquilo que decidia o jogo. Lopetegui entrou em campo a tentar controlar o jogo e a manter o meio-campo nosso, esperando que a posse de bola decidisse a inclinação do campo e fizesse com que a equipa produzisse o suficiente para marcar um golo. Não conseguiu. E não conseguiu porque ao contrário do que Julen parece pensar, a equipa não carbura a esse nível. Os rapazes entraram com garra mas com pouca cabeça, dando ideia que o plano era não sofrer em vez de marcar dois. O título decidia-se neste jogo, por muito que possamos todos pensar que ainda faltam quatro jornadas e há hipótese do Benfica tropeçar e cair num qualquer estádio por aí fora. Não é provável. E ao ver isto, urgia que tivesse mais audácia ofensiva, que atirasse o cachecol para os quintos do caralho e se mandasse para cima deles com raiva e fúria, de orgulho ferido e fome de vitória. Não foi isso que vi. Talvez não seja só Lopetegui que não o fez, talvez Munique ainda andasse no córtex dos jogadores, temerários depois da enxaguadela de realidade que apanharam na terça-feira. Mas se a luta foi boa e os rapazes se bateram com garra e dedicação, o facto do jogo se ter travado a meio-campo por força da estratégia de Lopetegui foi o início do fim da história. Lembrei-me de Vitor Pereira naquele inacredivável 2-3 na Luz em 2012. Sim, Vitor Pereira tinha mais ovos (Hulk, Moutinho, Fernando, Lucho, James, por exemplo) para fazer uma omolete. Mas também teve mais “huevos”. E isso fez toda a diferença.


Quatro jogos, doze pontos. Vou telefonar ao Nate Silver para me dar a probabilidade de sermos campeões, mas aposto que não é alta. Não interessa, até ao fim vou acreditar. Vocês também deviam.

Link: