A tradição é bonita e manteve-se hoje à noite no Dragão. A equipa do Belenenses juntou-se perto do círculo do meio-campo e desfraldou uma bandeira do FC Porto, procedendo a oscilá-la debaixo de um vento forte, mostrando toda a agradável “prisão” a velhos hábitos que serão recompensados, na segunda volta, com a coroa de flores no monumento a Pepe. Muito bem. E a vitória foi mais que justa e só pecou porque ao intervalo poderíamos já estar com dois ou três golos marcados mas alguma atrapalhação e uma boa dose de azar fizeram com que adiássemos o que parecia inevitável. Ainda temi, mas Brahimi e amigos tiraram-me as dúvidas. Ora sigam as notas:
(+) Brahimi. O melhor jogo do ano para o argelino, impossível de controlar pelos defesas de Belém que ainda devem andar atrás dos rins que deixaram na relva do Dragão. Não gosto da excessiva dependência na inspiração de Yacine mas a verdade é que consegue desequilibrar como poucos e foi exactamente essa capacidade de furar por múltiplos adversários que fez a diferença hoje. E marcou um golo de cabeça, em voo. É verdade, estive lá e vi.
(+) Marcano. Marcou um golo que fez por merecer depois de uma excelente exibição onde pareceu mais estável em relação ao que tinha vindo a mostrar nos últimos jogos. Rijo nos confrontos aéreos, firme e seguro nos despiques rasteiros, foi uma parede que ninguém conseguiu ultrapassar. Espero que continue a boa forma nos próximos jogos.
(+) A estabilidade mental que temi pudesse cair. Sim, sou um pessimista do caraças e quando chegou o intervalo e o resultado ainda estava a zeros, uma boa parte de mim começou a temer que assim se mantivesse até ao final. Estávamos a ser demasiado trapalhões, com excessivas perdas de bola na zona ofensiva, alguma lentidão no início da construção que depois contra-balançava com o remate contra a enésima perna branca que se esticava na área adversária…tudo isto poderia ter contribuído para o abanão do costume, especialmente quando vi Danilo a entrar para o lugar de Maicon no início da segunda parte. Já estava a ver três defesas, um meio-campo com gente a mais e um ataque ineficaz, remates a rodos para fora e Ventura eleito homem do jogo, do ano e candidato a Nobel das luvas mágicas. Felizmente a equipa entrou muito bem na segunda parte e o golo acalmou os meus ânimos. Ainda bem.
(-) A inelasticidade do meio-campo. Ruben pautava bem o jogo, com alguns passes falhados a mais do que era costume, mas Imbula parecia estático, menos solto, menos prático do que tinha feito contra o Chelsea e André pouco influente no jogo. Havia demasiado espaço entre os sectores e a persistência no envio das bolas para os extremos, com pouco ou algum apoio em permanência dos laterais, que me aborrecia porque me parecia jogo de equipa pequena, que depende da inspiração dos talentosos para se escudar da falta dela no centro do terreno. E o centro não esteve bem durante largos minutos, até que finalmente, quando houve um pouco mais de espaço para se poderem mexer (o Belenenses estourou fisica e moralmente depois do primeiro golo), lá se recompuseram e a bola rolou com mais liberdade.
(-) Bolas paradas defensivas Se eu tenho medo dos cruzamentos e cantos marcados para a área pela parte do Belenenses, o que raio vou eu fazer quando apanhamos Chelseas ou Bayernes?! Há sempre uma falha que deixa um adversário chegar primeiro à bola, saltar mais alto ou antecipar-se na zona defensiva. É inano e enerva-me imenso.
Pára outra vez esta treta para que as selecções brinquem ao futebol. Sempre dá para descansar e para ver se o Maicon recupera…