No primeiro e potencial único jogo desta época que vejo fora do Dragão, uma banhada. Literal e metaforicamente, porque à chuvada que apanhei até chegar a Paços, enquanto estive em Paços e no regresso de Paços, somo a chuva de lances idiotas, mau futebol, um treinador teimoso, uma assustadora incapacidade de se adaptar a um relvado difícil, um adversário manhoso e um árbitro impossível de suportar. Perdemos pela primeira vez na Liga e não espero que volte a acontecer até ao final da época. Ai deles. Notas:
(+) O apoio nas bancadas. Vários milhares encheram Paços de Ferreira numa noite fria, chuvosa, ventosa, com música nas gargantas e vontade de ver a equipa a vencer. Estive lá e continuo a admirar a malta que se sacrifica para acompanhar o clube onde quer que ele vá jogar, esteja o tempo que estiver, seja para a Taça da Liga ou para a Champions. Eu, que me sinto sempre um outsider nestas situações, fico orgulhoso de haver tanta gente que se predispõe a enfrentar o inverno nos olhos e de o mandar para o mesmo sítio que naturalmente manda qualquer Bruno Paixão, gritando-o como se fosse o último jogo da sua vida. Mas não é, porque na próxima quinzena voltará à estrada. Bem hajam, rapazes.
(-) Defesa? Olha um alívio para o ar. Olha parece que está vento, é melhor dominar a bola ah espera que anda cá carago pronto já a perdi. Olha este gajo parece mais forte que eu deixa-me lá ver se ele não me tira a oh pronto já lá vai. Olha, o gajo está sozinho na área. Olha golo. Foda-se.
(-) Meio-campo?. André André e Sérgio Oliveira não têm culpa. Afinal, seria uma dupla que no arranque da época colocaria aí na nona posição de duplas possíveis no meio-campo do FC Porto, logo atrás da oitava opção, um maravilhoso duo mexicano: “Herrera / Diego Reyes”. A diferença entre eles e a dupla titular (Danilo/Herrera) é tão grande em termos de cobertura de espaços, discernimento e audácia com a bola e pressão alta sem ela que atenua a sua culpa. Mas não atenua o facto de terem sido engolidos pelo adversário e mesmo em inferioridade deviam ter sido uma barreira mais imponente. Ou até uma barreira, ponto.
(-) Ataque? Sem Marega nem Soares, Abou e Waris foram os escolhidos. E Abou falhou, como de costume, mas desta vez não tinha Marega para as segundas bolas mas um jovem ganês que insistia em mostrar que era rápido, mas tão rápido que os colegas procediam a enviar-lhe bolas vinte e trinta metros para a sua frente, achando que o homem voaria sobre a relva para as apanhar. Quando de facto conseguia receber uma bola, não produziu. Aliás foi este o produto do ataque do FC Porto, porque apenas Brahimi a espaços e depois Gonçalo conseguiram ser minimamente perigosos. Corona? Não o vi. Ninguém viu, mais uma vez.
(-) Banco? Pá, Sérgio, és um teimoso. Sim, já sei que preferes o André ao Óliver, mas ainda não viste que o homem não aguenta isto? Que ele não quer ou não sabe o suficiente e não traz mais-valia nenhuma ao conjunto, rapaz? Vá lá, experimenta um dia destes não colocar o gajo a jogar e escolhe outro. Ah, outra coisa que te queria dizer. Mexe na equipa quando aquilo está a correr mal. Estava a correr mal e continuou a correr mal e tu ficaste à espera que as coisas corressem pior e quase que acontecia. E aquela conversa com o Sérgio Oliveira também tem de te ter feito comichão, não tenho dúvida. Põe lá os tomates de volta ao rapaz que ele pode vir a precisar deles, anda lá. E vê lá se voltas a dar força aos rapazes que me pareceram tristonhos, mesmo com o cabrão do Paixão a lixar-lhes o juízo. Quero ver indignação como vi na Feira, carago!
(-) Adversário? Estimo que desçam, como fiz para o Setúbal no ano passado. Este nível de gente, que se indigna todo quando se falam dos “pequenos” mas são os primeiros a agir como se fossem crianças em idade de pré-escolar quando se lhes rouba um brinquedo. Se queimar tempo é uma arte, o guarda-redes do Paços é uma espécie de Michelangelo parolo, rodeado de todos os seus minions que faleciam de cada vez que havia mais uma falta inventada pelo flasher de apito. Adversário foram todos. Do relvado ao árbitro, da bota de Brahimi ao cabrão do guarda-redes do Paços que inventou literalmente faltas tiradas do ar e enganou (oh, le pauvre) Bruno Paixão várias vezes. Espero poder lá jogar no próximo ano mas apenas com a B. Que assim seja.
Tínhamos cinco. Ficamos com dois. Não há mais brincadeira, meus meninos, senão acabam-se os doces. Ai a minha vida.