Se o FC Porto não vai à ilha, vem a ilha ao FC Porto. E é notável que tenhamos perdido por três golos (não é mentira, aconteceu mesmo) quando nem fizemos um jogo assim tão mau quando comparado com a recente linha de forma que foi semi-atenuada pela vitória contra a Académica que nos colocou no topo do campeonato. Sim, esta equipa que hoje apanhou no lombo do Marítimo, é a líder do campeonato. E não jogou de forma muito diferente do que tem vindo a fazer, com alguns nomes diferentes nas camisolas mas a mesma atitude lenta, a mesma ineficácia na frente de ataque e o mesmo leque de falhas defensivas que fariam Ivic ter doze enfartes durante o jogo. Vamos a notas:
(+) Os laterais. Garcia melhor na primeira parte, Angel mais produtivo na segunda, foram interventivos e muito mexidos no apoio aos extremos, onde Varela esteve razoável e Tello na melhor imitação de ecoponto de papel/cartão que me lembro nos últimos tempos. Precisam de perceber que raramente vão aparecer rapazes a tapar o buraco deixado pelas suas próprias subidas, mas vejo muito dinamismo positivo.
(+) Corona. Fez em vinte minutos mais do que Tello conseguiu fazer durante a época toda. Parece estar com confiança e pode ser um jogador muito importante em Alvalade. Porque se pensam que não estou já com a cabeça noutro jogo estão bem enganados.
(+) Salin. Havia de te aparecer em casa o fantasma do Wellington com um gerador e uma tenaz lá ligada para te enfiar uns choques nos tomates enquanto cantava a marselhesa com aquele sotaque parolo irlandês, só para saberes o que é que merecias depois do jogo de hoje. Defendeu tudo, pronto.
(-) Uma derrota que cai mal mas assenta bem. Primeiro ponto: perdemos bem. Perdemos bem porque falhámos golos demais e abrimos as pernas como uma pêga de quinze euros quando aparecia meio jogador do Marítimo no ataque. Insistimos na posse de bola lenta, nas incansáveis trocas de bola a meio-campo sem que haja uma harmonização de uma paleta de ataque que parece limitar-se a tabelinhas à entrada da área ou, em alternativa, no cruzamento de bolas para quase-ninguém-que-nunca-está-na-área. E que dizer das lateralizações de quarenta metros? Ou das fintas em 1×1 antes do meio-campo? Uma coisa é certa e há-que premiar Lopetegui pela insistência: os jogadores mudaram mas a forma de jogar mantém-se. Uma bela merda, portanto. Esta foi uma derrota que esperava (vamos lá admitir, todos esperávamos) há muito tempo mas que tínhamos vindo a evitar pelos pelinhos do bigode de um adolescente não-hipster. É este o Porto de Lopetegui em 2015/16: um enorme bocejo com possibilidade de desastre. Um gigantesco meh. Francesinha sem molho. Star Wars sem sabres de luz nem naves nem robots nem força. E por aí fora.
(-) Tello. Posso fazer um template para que estes posts tenham sempre um Tello nos Baronis. Aliás, da forma que o catalão tem vindo a exibir-se, não tarda muito e começo a tentar descobrir um “T” que substitua o “B” dos Baías, porque estou a ficar pelos cabelos com a inépcia do rapaz. Não consigo perceber o que anda a fazer em campo, a forma como é incapaz de ser acutilante na frente, como é que não dribla em condições, não arranca, raramente passa direito e como é que cada remate parece um passe ao adversário. Muito mau, mais uma vez.
(-) Marcano. Reza a quem quiseres, Ivan, mas acabaste de perder o lugar até ao final da época a não ser que o Indi parta uma perna. Talvez as duas, porque a quantidade de parvoíces que tens vindo a fazer, desde os cortes parvos aos inúmeros passes falhados para a frente…és candidato a substituir o Pedro Emanuel na Fertiberia antes de tempo. E ficas a perder. Precisas de descansar essa cabeça, relaxar e jogar como te vi a fazer no ano passado. Até lá, podes vir de sapatilhas.
(-) Os arruaceiros do Marítimo. Depois do jogo dos Barreiros desta época escrevi isto: “Enquanto escrevo estas palavras, há uma pessoa a passar por baixo da minha varanda de t-shirt amarela a ouvir Bon Jovi aos berros e a cantar juntamente com a música. Posso com toda a certeza afirmar que é menos anormal que a grande maioria dos jogadores do Marítimo que hoje nos defrontaram. A enormidade de saltos para a relva, insinuações de pancadaria, queixumes constantes, voos para cima dos nossos jogadores (…). Enerva-me saber que este tipo de equipas acaba o jogo com mais de oito ou nove jogadores em campo e não são corridos a amarelos por conduta anti-desportiva, anti-humanizante e anti-darwiniana. São símios, só pode.”. Não retiro uma palavra. De pancada em pancada até que um árbitro os expulse.
Ainda há mais duas jornadas, mas arrancar bem normalmente dá bons resultados e pior arranque não era fácil. Ai, Porto, como tu estás!
PS: ah, uma adenda, curtinha, copiada directamente de um email que acabei de ler, enviado por um amigo: “assobiar na taça da liga. estamos a perder por dois erros dos centrais. um de marcação e outro porque…. lembrou-se de fazer merda. a sério que a nova geração de adeptos no dragão nào sabem ver a bola.“. Eu completo: E SE FOSSEM MAS É ASSOBIAR O CARALHO?