O que interessa nos jogos até ao final do campeonato é mesmo sair do campo com os três pontos no saco. Mas precisava de ser tão sofrido contra uma equipa tão fraquinha? Este ano a resposta tem sido sempre a mesma: infelizmente, sim. Somos fraquinhos, amigos, é o que somos. Não jogamos mal de todo mas a ineficácia em frente à baliza e o quase completo alheamento de capacidade criativa no ataque, aliados a uma assustadora fragilidade defensiva fazem com que até um Setúbal vs Porto seja um sofrimento. Vamos a notas:
(+) Sérgio Oliveira. Se o que Peseiro procura num médio para aquela posição de transição defesa-ataque é um rapaz como Sérgio, não estamos mal servidos. Não é um génio mas trabalha bastante. Remata quando pode e ainda bem que o fez hoje da forma como conseguiu, porque foi por “culpa” dele que saímos do Bonfim com os três pontos, mas acabou por ser o corolário de uma boa exibição de um rapaz que nunca seria titular se o plantel fosse mais equilibrado e com talento superior. Ainda assim é um bom elemento para manter no plantel e já está a ser importante nestas jornadas da rampa final da época.
(+) Herrera. Mais um bom jogo do capitão, especialmente em termos da capacidade de pautar o jogo ofensivo pela organização a meio-campo. E tentou sacar uma trivelada à Quaresma mesmo para o final da partida, que se tivesse entrado faria com que nos lembrássemos todos dele daqui a muitos anos. Ainda assim não duvido que vai ficar na memória do povo, mesmo não sabendo se pelas melhores razões…mas a verdade é que desde que usa a braçadeira parece mais inteligente, bravo e com melhor critério na execução.
(+) Danilo. Apesar de parecer estar cansado, fisicamente e também a nível moral (está bem mais arrogante nos protestos com o árbitro e na forma como orienta os colegas durante o jogo), continua a ser titular absoluto e indispensável no FC Porto. É dos poucos que se entrega a 100% ao combate numa zona onde muitas vezes tem de jogar por dois ou três. Some-se uma boa mão cheia de boas intercepções e subidas no terreno e temos aqui uma das melhores contratações dos últimos anos.
(-) Sofrer no fim…e durante. Tantas oportunidades falhadas, vários jogadores em excepcional baixa de forma, uma notável incapacidade de marcar golos fáceis e um ponta-de-lança com uma ponta aplainada e uma lança com disfunção eréctil. O jogo flui devagar, sem velocidade e com pouca criatividade a aparecer de uma forma orgânica. Jogadas mecânicas, com tristes desmarcações que terminam quase sempre em cruzamentos fracos, sem presença na área para que se consiga acreditar que cada aproximação à baliza possa erguer um adepto do assento e lhe provoque o mínimo de excitação. E essa excitação acontece sempre quando as coisas acontecem no outro lado, quando Layún ou Maxi sobem em demasia e o meio-campo se transforma num poço de óleo vegetal e permite que adversários oleados na facilidade dos movimentos por entre os nossos jogadores cheguem facilmente à área. E chateia-me. Muito.
(-) Outra vez menos agressivos que qualquer adversário. Uma ou outra honrosas excepções aparte (Sérgio, Indi e Danilo, pouco mais), a nossa equipa é um conjunto de jogadores que não metem o pé às bolas e permitem que o adversário penetre pela nossa zona defensiva como se fosse um cutelo em brasa a cortar um naco de Brie. Custa assim tanto tentar correr mais que o adversário? Tentar lutar com as mesmas armas físicas que os outros usam contra nós? Procurar o contacto e a luta corpo-a-corpo em vez do constante recuo que permite que o oponente crie perigo perto da nossa baliza? A falta de pernas não serve de desculpa para tudo. A falta de mentalidade lutadora explica mais.
Cada vez faltam menos jornadas para isto acabar e a recuperação de tantos pontos parece uma tarefa impossível. Mas nada está perdido…pelo menos matematicamente. Na minha cabeça já perdemos há meses.