Camarada Sérgio,
Não estou enganado. Garanto que não. Este é mesmo um Baías e Baronis mas decidi mudar um pouco o formato habitual e voltar a ter uma conversa contigo, que por mais unilateral que seja acaba sempre por passar alguma coisa. Sei lá, pode ser que algum fulano que trabalha contigo leia isto e te conte aos berros o que é que aquele imbecil badocha anda a escrever sobre ti. Para ti, desculpa. Porque receio que tu não me estejas a ler e podes, com esse desperdício, abdicar de alguns conselhos e/ou ideias geniais que possam ser cuspidas pela minha pena. Soou melhor na minha cabeça, eu sei. Adiante.
O que se passou hoje em Alvalade foi – e acredita em mim quando te digo que eu detesto, mas DETESTO usar esta palavra – uma vergonha. Não foi uma vergonha do género: “adivinhem lá o que trouxe para jantar, filhotes? o quê, papá? uma mamã mais nova que a outra, com melhores mamas e que engole on-demand!”, mas ainda assim, uma vergonha. Tu percebes que perdeste um jogo contra um Sporting que não vale uma ponta de um corno partido, não percebes? Acho que não. Acho mesmo que não. Porque fiquei com a ideia (sabe-se lá onde a fui buscar) que tu, a determinada altura da partida, achaste que os gajos eram melhores que nós. Tenho uma novidade extraordinária para te dar, rapaz: não são. Nunca foram durante o ano e não serão até ao fim da temporada. E não são melhores por culpa de quem? Vá lá, esta é fácil. Por tua culpa, meu maravilhoso e incongruente estupor! Porque tu mostraste jogo após jogo que eras melhor que eles. Porque apesar de algumas dezenas de minutos em que o Sporting, pela sorte do jogo, por uma ou outra circunstância natural durante uma partida de futebol, se superiorizou ao FC Porto, logo foi abafado na próxima vez que nos encontramos. Por isso o que raio te fez pensar, ao final de centenas de minutos, que estes gajos nos metiam medo? E porque é que, pelos quinze sofás manchados de sémen da sala de espera da Dona Maria de Lurdes Rameira, porque raio é que tu foste puxar a equipa para trás neste mesmo jogo depois de teres passado noventa minutos a empurrar a equipa para a frente no passado Domingo na Luz?! Foda-se, Sérgio, explica-me isso, a sério. Os rapazes estavam cansados, nao foi? Pois foi. Então e quando tiraste o Óliver, depois de teres colocado o Sérgio Oliveira em campo, e meteste para lá o Reyes? Percebeste a mensagem que passaste para os gajos em campo? Eu percebi. Eles perceberam. Pior, até o JotaJota percebeu e olha que esse ainda não percebeu que espanhol é outra língua que não a nossa. E antes, quando o Otávio andava a tentar combinações do comando da PS4 para descobrir uma “feature não-documentada” do FIFA, não te lembraste de o mandar chutar?
Au tomate, é para onde me apetece mandar-te hoje, Sérgio, palavra. Porque fizeste tudo ao contrário do que eu queria que tivesses feito. Porque abandonaste a equipa à sorte de um ressalto (que aconteceu), de uma falha (que também aconteceu), de um chouriço (que também tinha de acontecer) em vez de continuares a puxá-la para a frente e de empurrares aquela equipinha de merda para o lugar de onde eles nunca deveriam ter saído. De todo o jogo só se safou o Herrera que parecia ter um pequeno reactor nuclear com sete ou oito varas de plutónio lá enfiadas, ao que o homem correu. Não o levem ao controlo anti-doping ou pelo menos retirem da sala qualquer tipo de contador Geiger senão aquilo vai começar a raspar paredes de tanto barulho.
Espero que tenhas aprendido alguma coisa com este jogo, Sérgio. A sério que espero. Porque se era para perder uma meia-final da Taça, preferia que tivesse sido com o Caldas. Não te tinhas acagaçado, tinhas atacado com tudo o que podias e se falhasses golos, olha que se lixe, ao menos tentaste. E hoje não fizeste isso. Não fizeste nada disso. Fuck.
Sou quem sabes,
Jorge