Baías e Baronis – Gafanha da Nazaré 0 vs 3 FC Porto

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Podia ter sido um jogo giro, daqueles de taça a sério, num campo pequeno cheio de lama e apanha-bolas caseiros, com o colosso a tremer sempre que o adversário, aguerrido e apoiado pelo seu público que vê um grande a jogar na sua terra-natal, arranca pelo terreno como gauleses perante romanos. O futebol moderno não quis que assim fosse e assim sendo foi apenas mais um jogo normal com um resultado normal. E nunca estas coisas ficam para a história, infelizmente. Notas já a seguir:

(+) Marcano. Uma assistência e um jogo rijo, sem invenções, sem preocupação com mais nada senão o sentido prático de retirar a bola da sua zona e de recuperar a bola de uma forma bem mais activa do que é habitual. Foi o melhor jogador em campo, o que pode parecer parvo num jogo contra o Gafanha da Nazaré, mas é o que temos.

(+) Otávio. Enquanto esteve em campo foi o jogador mais inteligente com a bola nos pés e o elemento mais perigoso sempre que recebia a bola do seu lado. Um golo que resolveu o jogo da melhor forma, com um serpentear impecável pelo espaço que lhe foi dado dentro da área, a mostrar que contra equipas teoricamente inferiores é sempre melhor fazer as coisas com cabeça e não com o coração.

(+) O entendimento Jota/André Silva. Continuo a gostar da forma como conseguem jogar juntos há relativamente pouco tempo mas parecem estar em sintonia na grande maioria das jogadas de conjunto. Se o FC Porto vai continuar com o 4-4-2, é com estes dois fulanos na linha da frente.

(-) Herrera. Muito lento, sem vivacidade e a falhar passes como um Stepanov de olhos tapados. E ainda conseguiu quase lixar a equipa ao conceder um livre directo mesmo na meia-lua da área por mais uma imbecilidade e lentidão na execução. Ao olhar para o banco e vendo lá Sérgio Oliveira, questiono-me do porquê de termos recusado uma oferta de x milhões pelo mexicano.

(-) Óliver. Complicou demais o jogo no meio-campo e nunca conseguiu furar a defesa do Gafanha com passes verticais. Quando pressionado fechava-se e fazia as rotações do costume mas raramente saía com a bola controlada. Melhorou depois do segundo golo.

(-) Brahimi. Podia ser um dos melhores do mundo porque tem talento para isso. Mas não lhe apetece e então nestes jogos ainda menos. Raramente conseguiu passar por jogadores do Gafanha da Nazaré. Está tudo dito.


Prova superada, sem grande necessidade de dispender esforço suplementar. Na terça-feira espero poder dizer o mesmo.

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Baías e Baronis – Nacional da Madeira 0 vs 4 FC Porto

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Bela noite na Madeira
depois de má ronda uefeira,
com Jota a triplar
e André a fechar,
saímos com festa à maneira!

Bora lá às notas:

(+) Jota. Mas que estreia a titular que tu tiveste, rapaz! Muito mexido na frente de ataque, com entendimento acima da média com André Silva (e muito acima do que seria expectável com os médios que surgiam na sua rectaguarda) e acima de tudo com agressividade na busca do espaço e da bola. Fez lembrar Lisandro na forma como correu e como lutou para provar a oportunidade que lhe foi dada. É muito novo, só vai estar cá um ano (previsivelmente) e ninguém conta que faça um hat-trick por jogo (neste caso é mesmo hat-trick, foram seguidos), mas esta vivacidade na frente de ataque era tão pedida e tão necessária que é natural que a malta se empolgue. Pode ter sido um jogo anormal mas a verdade é que marcou mais golos em quarenta e cinco minutos do que Adrián em dois anos. E diria que tambem correu mais.

(+) O eixo central da defesa. A equipa esteve sempre em campo com ritmo elevado, mas o Nacional também. E um dos motivos do pouco perigo que o adversário nos colocou esteve na excelente partida que fizeram os três homens mais defensivos na zona central, porque tanto Felipe e Marcano como Danilo um pouco à frente estiveram impecáveis na marcação, na força no contacto, no jogo aéreo e na recuperação da bola, com Danilo a exceder-se em bolas que roubou ao ataque do Nacional. Não foi aí que começámos a ganhar o jogo mas foi aí que o seguramos sem problemas.

(+) Troca de bola no meio-campo. Com Danilo em funções defensivas, Óliver a jogar de trás para a frente e constantemente a mandar no jogo, Herrera um pouco menos activo e Otávio longe da bola na primeira parte, é surpreendente que o meio-campo tenha funcionado tão bem, mas a verdade é que funcionou. Os golos ajudaram (e de que maneira) a que os homens se soltassem e que as marcações do Nacional fossem mais largas e propensas a falhas, mas a forma como a malta trocou a bola deu-me uma ideia de que estavam a gostar do que faziam. E essa alegria, essa vontade de jogar e de rendilhar o suficiente para chegar com a bola mais próxima da baliza contrária puseram-me um enorme sorriso nos lábios.

(+) Agressividade na recuperação da bola. Jota e André na frente, Danilo e Óliver no centro e Layún e Telles na área estiveram quase sempre em constante modo “BUSCA, BOBI!” em relação à bola. Pressão a meio-campo, nada de permissividades nem permeabilidades nem tirar o pé. Foi um jogo em que todos se podem orgulhar de terem feito o que era preciso da forma que era exigido. Fosse sempre assim.

(-) Os cruzamentos de Telles. O rapaz esforça-se muito e aparece montanhas de vezes na linha, prontinho para colocar a bola na área sem grande oposição para que o cruzamento saia perfeitinho. E contam-se pelos dedos das mãos de um serralheiro alcoolizado as vezes que saem direito. É espetar com um pino em zonas diferentes da área enquanto que o põem a centrar. Cada pino que falha dá uma volta ao relvado. Por fora.

(-) André Silva no 1×1, de novo. Oh Nuno, mas não há hipótese de conversares meia dúzia de minutos com o moço e lhe explicares que ele parece um defesa central foleiro quando se põe a enfrentar outros gajos com a bola nos pés? Ele é tão jeitoso na movimentação na área que até lhe fica mal, palavra…


O campeonato vai parar mais uma vez e vamos ficar muitos dias à espera para confirmarmos se a equipa está de facto a crescer ou se este foi um resultado anormal. Sofre, dragão!

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Baías e Baronis – Leicester 1 vs 0 FC Porto

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Pá, podia ter sido pior? Não, não podia. Perdemos com um lance que aparece por falhas individuais (Telles a permitir a recepção e cruzamento, Felipe a deixar-se antecipar por Slimani…outra vez) e criámos mais do que situações suficientes para espetar dois ou três no lombo de um Leicester que é do mais fraco que me lembro de ver naquela ilha. A foto ilustra isso mesmo, com aquele petardo do Corona a bater no poste e as nossas esperanças a fazerem o mesmo. A culpa é só nossa e se não conseguimos marcar um único golo, a nós o devemos, não a eles. Vamos a notas:

(+) Óliver. É uma diferença enorme ver o mini-espanhol a jogar atrás ao lado de Danilo ou mais adiantado e mais próximo dos avançados. Creio que o 4-3-3 o beneficia imenso mas se Nuno insiste no 4-4-2, acredito que Óliver vai arranjar maneira de criar como tão bem sabe, só vai demorar mais tempo a chegar lá à frente. Num jogo em que precisávamos de ter a bola nos pés, foi o único (juntamente com Otávio) que conseguiu fazê-lo em condições do meio-campo para a frente, pelo menos enquanto a fase parva da equipa estava em vigor. Tem de subir no terreno para ser mais eficaz.

(+) Danilo. O oposto do que se tinha passado na passada sexta-feira contra o Boavista. Rijo, prático, com passes verticais e a procurar sempre colocar-se de frente para o jogo e na busca das melhores soluções para colocar o jogo no meio-campo adversário. Nem sempre conseguiu mas nunca parou de tentar. E deu um pontapé na cabeça do Slimani, meio sem querer, meio de propósito, o que é sempre um bónus.

(-) Tacticamente falando. Há um momento para tudo. 4-4-2 para jogos grandes, 4-1-3-2 para jogos assim-assim, 4-3-3 para os outros. Ou não, porque Nuno anda a complicar tudo o que tem sido opções tácticas e está a deixar a equipa sem saber como há-de estar em campo nestes últimos jogos. A mudança para o 4-3-3 trouxe enormes vantagens na segunda parte não só pelo apoio que os laterais passaram a ter na frente de ataque mas também pela forma como o meio-campo começou a conseguir furar um poucochinho mais para o interior da zona defensiva do Leicester, que como uma boa equipa inglesa dos anos 80 (com valia técnica um pouco acima mas criatividade idêntica), fechava tudo o que podia e atirava com a bola a sessenta metros para tentar apanhar o Vardy sóbrio durante dez segundos. A entrada no jogo acabou por dar num golo do adversário mas podia perfeitamente ter sido um empate a zero no final da primeira parte, o que seriam quarenta e cinco minutos desperdiçados num terreno que é complicado mais pelo barulho do público do que propriamente pela classe do oponente. Há que assentar o esquema de uma vez por todas.

(-) A pressão da putativa primeira. Deixou de haver pressão para o FC Porto em Inglaterra. É uma lógica muito simples e que me parece ainda mais fácil de entender: esta foi de longe a pior equipa inglesa que defrontamos desde há muitos anos. Muitos. Anos. E não conseguimos sequer marcar um golinho, fruto da já tradicional ineficácia, da incapacidade de agir como equipa grande e também de algum azar. Mas continuamos a pensar que somos pequenos, frágeis e infelizes, quando precisamos de nos agigantar e de nos virarmos para eles a dizer: “ouve lá, ó bife, tu não vales uma ponta dum corno e vais lamber-me as botas hoje, percebes?”. Falta arrogância a esta equipa, que se encolhe e acobarda quando precisava de elevar o queixo e mostrar que é melhor. Nunca conseguiremos vencer estes ou outros cabrões lá na ilha enquanto não mostrarmos isso.

(-) Em capacidade física, AA = AA / 100. Se António André, pai de André André, estiver naturalmente a acompanhar a carreira do filho, decerto que terá orgulho no seu rebento pela braçadeira que usa, pelo clube que representa e pelo empenho que exibe em vários momentos. Mas aposto que um destes dias, num almoço dominical que junte a família à volta de uma farta mesa, lhe dirá com mais ou menos gritaria: “meu filho, ou começas a criar um corpinho que não te faça ser confundido com uma jovem adolescente de treze anos ou vamos ter problemas, porque esse conjunto de ossos fazem a kate moss ficar deprimida. e vê lá se consegues ganhar uma bola dividida, parecendo que não dava jeito. podes levar os videos que eu tenho ali na cave, se precisares de tirar ideias…”


Faltam quatro jogos. Faltam doze pontos. Têm de ser nossos. Não há outra maneira de salvar esta merda.

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 1 Boavista

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Isto não foi um derby. Isto foi um jogo normal. Um derby arrasta consigo as esperanças e a alma de dois clubes rivais da mesma cidade, a lutar pela posição cimeira de uma competição que naquele momento não conta, não interessa, não vive mais do que para fornecer um motivo para o combate. É a arena onde dois gladiadores se engalfinham numa luta até à morte ou até os rostos ensanguentados podem viver meia dúzia de segundos enquanto os juízes decidem o vencedor. Isto não foi um derby. Foi apenas um medíocre jogo entre uma equipa que será sempre medíocre e outra que sobe um pouquinho acima disso. Notas em baixo:

(+) Otávio. O puto luta, não tenhamos dúvidas. Nem sempre da melhor forma e nem sempre com as melhores decisões, mas o suficiente para se elevar acima da mediania dos colegas para se mostrar e para ser uma das peças em melhor forma da equipa. Uma assistência e um penalty sofrido (também conta como assistência? devia.) e algumas boas jogadas fazem dele um jogador vital na equipa, por muito que não tenha corpo para mais. Mas quem terá?

(+) André Silva. Não fez um grande jogo mas marcou dois golos e nesta fase de contínua construção de uma equipa (que parece não acabar, ler mais abaixo) o que precisamos é mesmo de um homem que marque e que dê vitórias à equipa. Uma boa desmarcação para o primeiro e um penalty bem marcado colocam-no na área positiva das notas, por muito que a insistência no 1×1, para o qual tem tanto talento como eu para amanhar douradas, o tente arrastar para baixo.

(+) Felipe. Salta o gajo do Boavista, vai Felipe com ele. Salta outro, lá vai o barbas. E é isto que quero, um central que não tem medo do contacto e que impõe o jogo mais físico quando é necessário. Vital na fase de destrambelhamento da equipa (antes do terceiro golo), foi um elemento em bom plano. Tem de melhorar no passe vertical rasteiro.

(+) O terceiro golo. AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!

(-) O pé e o que se faz com ele. É o que mais me incomoda na equipa do FC Porto até agora, mais do que a incapacidade de cruzar uma bola ou de rematar de meia distância. É a forma como os jogadores são passivos perante o adversário, em particular quando os oponentes levam a bola nos pés. Case in point, Layún corre ao lado do extremo do Boavista uns bons vinte metros sem sequer tentar meter o pé; Danilo hesita perante o corte com os olhos ou com as pernas e opta pela primeira escolha; Adrián deixa a bola ressaltar o chão antes de a tentar ganhar. André^2 e Oliver permitem que o adversário lhes pise os calcanhares todo o jogo sem se revoltarem. Estes lances sucedem-se e resultam quase sempre na mesma infeliz consequência: não conseguimos recuperar a bola. Onde está aquele FC Porto que batia antes e fazia perguntas depois? Para onde é que desapareceu a fibra, a alma do meu clube, aquela atitude “do or die” que me dava tanto prazer e que me fez portista? Na lama, é aí que está.

(-) Táctica e momento. Alguém ainda terá de me explicar a vantagem de estar a experimentar tácticas diferentes jogo após jogo, com elementos igualmente diferentes. Óliver começou o jogo contra o Guimarães e contra o Copenhaga a organizar ao lado de Danilo. Em Tondela, banco. Hoje, começa a organização ofensiva sem a bola mas encostado aos centrais para descer como o mais pequeno pivot do mundo. Não consigo ver como é que a equipa se vai olear enquanto as várias competições estão a decorrer e o homem que os lidera persiste em testes. Sim, o plantel só ficou definido depois da época ter arrancado, mas é tarde demais para tanta experimentação. Há que escolher uma táctica principal, uma alternativa e algumas nuances, mas com tanta rotação não é possível criar automatismos e rotinas em condições.

(-) Danilo. Foi um terror vê-lo distraído durante a primeira parte como se tivesse acabado de ver o fim dos Sopranos e ainda pensasse no que raio tinha acontecido. O momento tradicionalmente Danílico aparece quando recebe a bola no meio-campo, cheio de laranjões à volta, e levanta a cabeça com uma lentidão a fazer lembrar Bolatti para ser desarmado logo de seguida. Para além disso, pareceu em má forma física e estourou perto dos sessenta minutos. SESSENTA. Vai ser bonito vê-lo em Leicester, vai…

(-) André André. Remata fraco e passa com força a mais. É uma constante no jogo de André, como se fosse possuído pelo espírito de um duende maldoso que vive na sapatilha direita e que condiciona a forma como se entrega ao jogo. Corre muito mas não mete o pé. Aparece em zona de remate e passa a bola ao guarda-redes. Vê um colega a desmarcar-se a dez metros e envia-lhe a bola a trinta. Enfim.


A vitória é incontestável mas a forma como o jogo decorreu e a maneira como a equipa se apresenta em campo não me trazem euforias, mesmo com vitórias. Preciso de mais, muito mais do que vi hoje.

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Baías e Baronis – Tondela 0 vs 0 FC Porto

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Mais ou menos pela hora que o jogo estava a ser disputado, estava eu a acabar de dar banho à catraia e a responder pela milésima vez a uma das perguntas-tipo cá em casa: “Estás bem, pai?”. E estava, estava mesmo bem. Agora se ela me perguntasse a mesma coisa à hora que escrevo estas palavras, a resposta seria qualquer coisa como: “Claro que não, minha linda ingénua, não vês que o clube que o teu pai apoia está a desmoronar-se num marasmo de ideias e incapacidades que não conseguem sequer mandar abaixo uma das equipas mais fracas da história da humanidade futebolística? Sim, querida, outra vez. Pois, eu sei, não consigo explicar, um dia mais tarde talvez percebas. E sofras.” Sigam as notas já abaixo:

(+) Casillas. Safou a equipa de uma derrota inconcebível e tentou comandar uma dupla de centrais que não se entenderam nada bem durante o jogo.

(+) Otávio. Em particular na primeira parte, foi talvez o único jogador que conseguiu furar entre o que parecia uma loja de camisolas verdes e amarelas com manequins plus-size que davam pancada em tudo que viam. E ele levou, oh se levou, mas levantava-se e continuava a lutar. Não chegou.

(-) Zero. Zero de ideias. Zero de capacidade de luta a meio-campo. Zero de remates perigosos de meia-distância. Zero de situações de perigo construídas em condições. Zero de entendimento. Zero de técnica na recepção da bola. Zero de atitude perante a absurda tentativa de perda de tempo do adversário. Zero de pressão sobre o árbitro que permitia toooooooooooooooda a agressividade e o abdicar de jogar futebol de uma equipa que coloca a sua equipa a jogar de uma forma tão feia quanto o seu espelho lhe mostra todas as manhãs. Zero de opções convincentes na troca de bola pelas laterais. Zero de entradas na área em combinações quando há tanta gente no meio-campo com talento. Zero na parte física onde anda tudo a arrastar-se pelo campo. Zero de mentalidade competitiva prática e intuição de golo. Zero. Zero. Merecemos o zero.


Zero-zero contra o Tondela. Zero-zero. Zero. Zero. Não será uma noite fácil para adormecer, garanto.

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