Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 1 Benfica

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Naquele que foi um dos jogos contra o Benfica em que melhor estivemos nos últimos anos, o resultado é uma valente trampa. E ninguém que foi ao Dragão esperaria que tal acontecesse depois de um jogo em que estivemos quase sempre por cima do adversário, soçobrando perto do minuto K (bonito este murro no estômago, não?) e acabando com as mãos na cabeça. A razão? Muito simples: pensar e continuar a pensar pequeno. Vamos a notas:

(+) A equipa em campo. Não há quase nada a apontar aos jogadores e nem quero individualizar porque estiveram todos bem. Sim, o Corona por vezes falhou na decisão e tremeram-lhe as pernas. Certo, o Otávio podia ter sido mais prático nalgumas situações. Maxi não conseguiu cortar todas as bolas nem Telles cruzar com acerto. Mas houve empenho, entrega máxima, luta até cair para o lado que não teve um final correspondente por algum azar, más decisões do banco (voltaremos a elas em baixo) e uma excelente exibição de Ederson. André, Jota, Óliver, Danilo e todos os colegas lutaram até à exaustão e não mereciam este resultado depois de um jogo em que dominaram o Benfica durante largos períodos e mostraram um futebol interessante, prático até ao último terço e sem grandes invenções, distracções nem paralizações. Ões foram eles. Grandalhões, apesar da estatura. Mereciam, como já disse, outro resultado e mostraram que a montanha-russa de exibições não pára mas fez uma pausa neste jogo. Encararam o jogo como um clássico e estiveram à altura dele.

(+) O público do Dragão. Se houve jogo em que todos estiveram do lado da equipa, foi este. Apoio de princípio a fim, vozes calibradas, músicas moderadamente afinadas mas cantadas em voz alta e forte, o estádio esteve sempre a empurrar a equipa para que conseguisse ficar com os três pontos no bolso. Aplausos estrondosos para os substituídos, gargantas elevadíssimas no golo e uma vibração constante a ser transmitida para dentro de campo. Fosse sempre assim e nunca haveria assobiadores que resistissem.

(-) Liderança fraca. Numa equipa de futebol o principal responsável pela forma como se apresenta em campo é o treinador. Se os jogadores não correm, é ele que não os motiva, seja lá por que método for. Se os homens correm muito, é ele que os incentiva. Se jogam em posse, é por ordem dele e se a forma de jogar passa pelas transições rápidas ou pelo jogo directo, também é o treinador que os ordena a tal. Há sempre um ou outro que não segue as indicações e vai sendo corrigido em jogo ou numa das suas pausas. É ele que coordena a táctica, a estratégia e a disposição em campo que vai mudando durante a partida. Tudo isto para dizer uma coisa: a culpa do empate e de termos perdido dois pontos é de Nuno. Não é do Herrera que chutou a bola em vez de a segurar (foi ele como podia ter sido outro, tal foi o desespero injectado na equipa), não é do Casillas que não conseguiu defender o remate de cabeça, não é de André Silva que falhou a baliza uma ou duas vezes e nem é de Jota que “só” marcou um. É do treinador. E é dele porque transmitiu aos jogadores que é preferível segurar um golo de vantagem em vez de ir à procura do segundo. A culpa é dele porque fez três substituições defensivas num jogo em casa contra um rival que, apesar do jogo ser de tripla, pouco fazia para tentar sequer recuperar o golo sofrido. É dele porque a presunção da solidez defensiva cai por terra num fortuito lance de bola parada ou num ressalto que trai o guarda-redes. É dele porque as opções que toma dizem aos jogadores que não confia neles para conseguir dar a marrada nas têmporas do adversário e talvez seja melhor ficarem à espera que nos rebentem os dentes com uma bigorna que eventualmente cai do céu. A culpa é dele porque empurra a equipa para trás com as entradas de Layun e Herrera em vez de a manter na frente com Brahimi ou Depoitre. A atitude de um treinador é mais importante que a dos jogadores porque não é individual mas colectiva. Porque transmite aos jogadores que está com medo do que o adversário possa fazer e por muito que o adversário não tenha criado grande perigo em noventa minutos (aquele chouriço do Eliseu e o remate do Samaris que Iker defendeu para canto foram as únicas oportunidades decentes), acaba por acreditar e não desiste. Para terminar, a culpa é dele porque deixa a sorte decidir o que o nosso talento poderia ter decidido. E isso, aos meus olhos, não tem perdão.


Entramos a cinco pontos, saimos a cinco pontos. Ainda falta muito mas perdemos uma grande oportunidade de ficarmos a dois. E não vão haver muitas melhores que esta.

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Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 Club Brugge

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A partir do meio da segunda parte, um jogo que até então tinha sido no mínimo sofrível transformou-se em algo ainda mais estranho: o FC Porto esteve a defender uma vantagem de um golo, em casa, contra o Brugge. Repito: estivemos a defender uma anorética vantagem contra uma equipa que tem pouco mais que boa vontade e gente alta e forte que corre bastante. Longe vão os tempos de jogos fáceis na Champions, mas nós temos a estranhíssima tentação de os tornarmos ainda mais complicados. Vamos a notas:

(+) André Silva. Não sei que tipo de dieta os jogadores fazem hoje em dia, mas se alguém não enfiou qualquer coisa cheia de calorias no rapaz depois do jogo, receio que possa ter uma quebra de tensão ou desmaie mesmo de cansaço. Correu como um demente, lutou contra defesas, guarda-redes, mais defesas e até com os próprios colegas (metaforicamente, já que os passes que lhe faziam eram poucos e quase sempre pelo ar) para conseguir tirar alguma coisa do jogo. E se o FC Porto conseguiu vencer o Brugge, deve-o a André Silva em ambos os jogos, pelo penalty no anterior e pela cabeçada neste. Por favor descansa, rapaz, que no Domingo tens tudo para poderes brilhar ainda mais alto!

(+) Os centrais. Uma boa surpresa ver o entendimento de Felipe e Marcano, eles que estarão a ser uma dupla quase impossível de ultrapassar no Dragão e que espero se mantenha durante muito tempo. A filosofia “bola com as meretrizes” é algo que tenho vindo a pedir aos defesas do meu clube desde que comecei a ver futebol e aquela imbecilidade do defesa central ser o primeiro construtor de jogo não entra no meu livro de filosofias práticas. Um central serve para destruir. Ponto. Daí estar a gostar de os ver a complementarem-se bem nas dobras e a agirem como Homens (maiusculização propositada) em frente aos adversários. Bom entendimento também com Danilo, que hoje não esteve tão em destaque como de costume, com aquela cavalgada louca a não esconder a falha tremenda perto do fim do jogo que podia ter dado o empate aos belgas.

(+) Ruben. Fez em dois minutos o que Herrera não conseguiu em sessenta. Parece fácil, não?

(-) Herrera. O homem do momento. Um jogo abnegado, recheado de momentos ímpares entre jogadas de finíssimo recorte técnico, avanços centrais de inspiração Maradoniana e flanqueamentos ao milímetro que mostram que Hector está de volta e a brilhar no zénite das suas capacidades! Seria isto que gostava de ter escrito mas não é possível porque o homem que usa a braçadeira de capitão é um homem apenas no sentido de parecer um manequim na montra de uma loja e garanto que o manequim acertava mais passes e movimentava-se melhor no meio-campo. Herrera é actualmente uma espécie de Rei Midas ao contrário, porque sempre que toca na bola transforma uma jogada com potencial num monte de esterco fumegante com larvas mutantes a procurar carne humana para devorar. Herrera é, portanto, o nosso anti-Midas. Impossível de perceber se está sem condições físicas ou se parece apenas ter acordado meio minuto antes de escolher campo ou bola, porque é atroz ver que quase todo o meio-campo, já de si pouco dinâmico, trava ainda mais quando a bola lhe chega aos pés. Saiu tarde (se dependesse de mim, aos vinte minutos já não estaria em campo) e safou-se porque a claque aplaudi-o com um cântico, contagiando o resto da assembleia e fazendo com que mudassem o assobio para palmas, caso contrário teria levado uma assobiadela geral do estádio. Horrível. Herrível, pronto.

(-) Otávio. Tal como no jogo contra esta mesma equipa na Bélgica, foi uma nódoa. Lento, a complicar o que deveria ser fácil, não parece estar em grandes condições para ser titular e se Nuno quer tanto ter dois interiores a funcionar como falsos-alas, talvez tenha de repensar a utilização de Otávio enquanto não estiver prontinho e direitinho para jogar noventa minutos. Até lá, teremos a equipa manca.

(-) Oito a fazerem o trabalho de dez dá em estouro fisico. Herrera esteve noutro lado porque o 16 que perdeu a moeda ao ar não esteve em campo ou pelo menos não pareceu estar. Otávio, do outro lado, idem quase aspas. Ou seja, sobraram oito homens que tiveram de fazer o trabalho de dez, com a agravante de jogarem contra uma equipa que usou as armas que tinha e abriu o jogo pelas alas para poder aproveitar a pouca cobertura que é natural na táctica de Nuno. O 4-1-3-2 pode funcionar muito bem contra equipas fortes e usando as transições rápidas e desmarcações na frente, é muito interessante e dá-nos agilidade ofensiva, mas todos têm de trabalhar. Jogar sem extremos implica colocar o ónus de criatividade no meio-campo e obriga a que os dois avançados recuem bastante no terreno em trabalho ofensivo e pressionem o centro em tarefas defensivas, cansando-se mais. Obriga também a que os laterais tenham setas à Football Manager a começarem na zona recuada e a subirem até à área contrária, cansando-se mais. Obriga a que o médio que joga no centro procure espaços para receber a bola e a passar rapidamente pelos espaços que conseguir vislumbrar, libertando-se da pressão defensiva. E tudo isto envolve um jogo apoiado em que cada jogador tem de fazer o seu papel. Quando dois deles não fazem, o resto da equipa desmorona-se e rebenta fisicamente, daí a entrada de Ruben e Corona ter sido importante mas tardia, porque por aquela altura já a equipa estava a cuspir sangue e a respirar pela boca…

(-) Uma equipa que pensa pequeno. Não é piada à altura do Óliver ou do Otávio, ou do Corona ou do André², ou do Evandro (ainda existes, homem?) ou do Brahimi. Já sei que não temos um plantel alto. Mas não sabia que iríamos ser tão pequenos a pensar no jogo. É isto que vamos ter até ao fim da época em jogos mais complicados? Para lá do aparente paradoxo de um jogo contra o Brugge ser um jogo complicado (sim, é Champions, mas até aí há níveis de cinzento e bem visíveis), é este jogo de receber a bola no meio-campo, ver as desmarcações dos dois avançados e enviar-lhes a bola em profundidade, pelo ar ou pela relva, para longe dos defesas que foram puxados para a frente e à procura de um desequilíbrio que permita ultrapassar o adversário em lances-chave rápidos e directos? Parece-me pouco, francamente. Até compreendo que a escolha de Nuno tenha tentado romper com o futebol de “posse pela posse” de Lopetegui mas esta parece uma aula de gestão de recursos humanos usando tudo menos os testículos. Estocadas rápidas e recuo imediato? Estrutura defensiva com permissividade assustadora e permeabilidade constante? Má cobertura dos espaços, distracção na saída de bola e passes falhados que a minha filha de três anos abanaria a cabeça e diria “eu faço miór, papá!” sem pestanejar? É nisto que estamos transformados? Numa equipa que defende uma vantagem de 1-0 em que, ao contrário do que acontecia com Mourinho, a segunda parte do resultado parece estar em permanente perigo de ser alterada? É enervante ver tão pouco nos ombros de tanto trabalho e ver os jogadores a cansarem-se (notas altas para esforço, não está em questão) para correrem mais do que devem porque não perceberam o que fazer em tantas situações de jogo corrido? Raios, em Agosto não podia pedir muito mas em Novembro já posso berrar e exigir mais do que isto!


O Leicester mostrou mais uma vez que as equipas inglesas só servem para atrapalhar e lixou-nos a vida, obrigando-nos a ir ganhar a Copenhaga. E da maneira que as coisas vão andando, não está nada fácil, especialmente se os dinamarqueses jogarem como sabem. Pouco mas suficiente, como na primeira volta aqui no Dragão. E pode chegar para nos tramar de vez.

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Baías e Baronis – Vitória Setúbal 0 vs 0 FC Porto

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Bye bye, confiança. Adios, moral. Auf wiedersehen crédito do último jogo. Não conseguimos passar uma equipa lutadora mas limitada por culpa da nossa própria ineficácia e de nunca conseguirmos lutar contra um árbitro que fez quase tudo para que o jogo ficasse bem inclinadinho para o lado do adversário. Mas se o árbitro tem culpa nalguma parte, não tem decerto culpa das defesas de Bruno Varela nem da incapacidade de Otávio ou Corona em furar a defesa, muito menos da lateralização em excesso que tivemos durante grande parte do jogo. Perdemos pontos por culpa própria. Notas abaixo:

(+) Felipe. Forte no contacto, prático no corte e lutador em todo o jogo, foi permanente o inconformismo do brasileiro perante a incapacidade dos colegas em enfiar a bola dentro da baliza, ele que ganhava as bolas todas lá atrás e que sem dúvida quereria ter marcado um golo para vencer a partida. Bem tentou, incluindo uma subida pelo flanco e excelentes desmarcações nos cantos, que foram mais uma vez estupendamente mal batidos.

(+) Danilo. Fortíssimo na intercepção e no controlo do meio-campo, foi mais uma vez o principal responsável por barrar incursões do Setúbal pelo centro do terreno e recuperou montanhas de bolas pelo chão e várias pelo ar. Só precisava de conseguir ser um bocadinho mais incisivo na progressão ao nível da relva, porque tem capacidade física para isso e traria desequilíbrios que podiam decidir uma partida destas, mas as instruções que tem são para ficar naquela zona e deixar Óliver e Herrera tratar das despesas ofensivas. É pena.

(+) O apoio do público portista no Bonfim. Largos milhares de portistas a sul do Tejo mostraram que o clube está vivo e continua a acreditar na sua equipa. Ou isso ou foram todos ao festival do choco frito, que neste final de tarde trouxe com toda a certeza mais alegrias que o jogo dentro do estádio. Gostei de ver e de ouvir.

(-) Ineficácia. Jota, André, Jota, Jota, André, Óliver, Otávio, Marcano, Felipe, Óliver, Jota, André…e a lista podia continuar, tantos foram os remates e tentativas de remate que fizemos durante o jogo e nenhuma delas conseguiu entrar na baliza. Assim é impossível conseguir ganhar um jogo em condições e aposto que mesmo que o adversário tivesse jogado apenas com o guarda-redes e mais um ou outro manco na defesa, ainda assim não tínhamos conseguido marcar. E bastava um golinho para acabar logo com o jogo. Não conseguimos e esse foi o nosso grande pecado.

(-) Arbitragem. Não falo sequer do penalty porque apesar de me parecer que houve contacto, se Otávio não tivesse feito tanta fita ao cair era muito difícil justificar não o marcar. Mas foi acima de tudo aquela caseirice de permitir jogo duro e com os braços a todos os jogadores do Setúbal, apontando todas e quaisquer faltinhas que os nossos jogadores fizessem. É incrível que poucos homens da casa tenham visto cartão com tantas faltas que fizeram…ah, pois, mas tinham de ser assinaladas para que houvesse hipótese de mostrar cartão, não é? Lei da vantagem permanente para o jogo com os braços (a imagem que escolhi foi repetida, com estes ou outros intervenientes, durante todo o jogo), dualidade de critérios demasiado evidente e uma ridícula gestão do tempo de jogo. Não justificando o empate com erros do árbitro, a verdade é que muitas jogadas foram perdidas sem razão para tal. Assim é mais difícil, lá isso é…

(-) Os furadores. Nem Otávio nem os dois que vieram do banco, Corona e Brahimi, conseguiram furar pela defesa de uma forma consistente, usando ou não o apoio dos laterais. Em parte por culpa própria mas também pelo pouco apoio que tinham e da quantidade absurda de homens do Setúbal que nunca os deixaram passar. Há uma imagem terrível na segunda parte onde Corona recebe a bola e vê-se rodeado por quatro adversários. Layún, subindo para receber a bola, lá a consegue receber para a endossar novamente a Corona que a retorna para o compatriota. E os minutos iam passando, sempre sem conseguirem grande profundidade.


Nada está perdido, mais uma vez, mas desperdiçar pontos num jogo que deveria ser tranquilo pode lixar as contas mais lá para a frente. Nada está perdido a não ser a moral que trazíamos da semana passada. Venham Brugge e Benfica para elevar outra vez a confiança!

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Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Arouca

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Estes são os jogos que ajudam a criar equipas, que rotinam os jogadores e as movimentações pela tentativa, erro e tentativa subsequente com ligeiras diferenças em relação à primeira. Sim, o adversário foi fraco, mas a equipa mostrou-se empenhada, apesar de algo emperrada nalgumas alturas do jogo mas sem nunca facilitar nem travar em demasia. Gostei de ver, mesmo com a chuva que me encharcou à chegada e depois da saída. Pobre Iker, a apanhar aquela tromba de água sem ter nada para fazer. Notas, bem molhadinhas, já de seguida:

(+) Danilo. Foi o principal responsável do ritmo da equipa se manter em alta e da bola estar quase em permanência no meio-campo do Arouca, tantas foram as bolas que recuperou em posições chave no meio-campo. Óliver esteve bem a criar, menos bem a lutar, ao passo que Herrera parecia ter, passo a citar o meu amigo da cadeira ao lado, “duas posições no intensiómetro”, porque não conseguia fazer passes normais. Mas Danilo esteve acima de todos e só tenho pena que a sua presença acabe por sentar Ruben no banco, mas numa altura em que a equipa precisa de músculo, jogo aéreo e um homem que cubra vastos terrenos para tapar o miolo, Danilo está a ganhar aos pontos.

(+) Jota cria, André mata. Adorável o entendimento destes dois moços, que começam a assinar uma parelha que só não me vai chatear ver desfeita porque imagino que irão ambos sair no fim do ano e ninguém fica a chorar por cá. É muito interessante ver a forma como Jota deambula pelo campo como segundo avançado que por vezes parece um box-to-box, a arrastar o jogo para a frente e a ser um elemento importante na construção ofensiva tanto pelas possibilidades de tabelinha com Óliver e André Silva mas também pela velocidade que imprime ao jogo. Já André, depois de mais um jogo esforçadíssimo (o homem ainda corria aos 90 minutos e corria bem) soma mais dois golos com duas assistências de Jota e mostra que um ponta-de-lança nem sempre se compra. Às vezes pode-se mesmo formar.

(+) Aqueles talentos, bem aproveitados… As duas jogadas que começaram e terminaram o encontro são paradigmáticas do que temos e do que podemos vir a agradecer aos céus de ainda termos. São lances que definem partidas, que mostram que a capacidade técnica, criatividade e audácia podem gerar frutos e trazer alegrias enormes ao povo e à equipa. O lance de Corona é prova da audácia em pouco espaço, com o trabalho do “twinkle-toes” mexicano que depois de um domínio de bola complicado consegue passar por dois homens e vê o poste a abanar o dedo indicador naquele tradicional gesto de “não, não, meu menino, ainda não vai ser desta”, um azar que impede um dos golos do ano de se concretizar. Já o golo de Brahimi é a audácia em velocidade, em drible contínuo e sem medo, fugindo de uma locomotiva arouquesa e desfazendo rins alheios para enfiar a bola lá dentro, isto depois de perder dois ou três lances quase idênticos. E Brahimi, já chateado pelos assobios que já começaram a vir da bancada (*suspiro*), lá fez a vontade ao povo e marcou um belo tento. Estes dois homens podem ser vitais até ao final da época, é só quererem.

(-) As limitações de Telles. O rapaz até se esforça, não me levem a mal. E é tecnicamente interessante no controlo de bola pela linha, suficientemente forte pelo ar para ganhar duelos e empenhado na defesa do 1×1. Mas é tão exasperante vê-lo a cruzar bola atrás de bola com força a mais ou a menos, nunca com o arco, o efeito e a força certas para criar perigo. E é limitado (ou limita-se, talvez) na forma como não faz as diagonais “à Alex Sandro” que nos habituamos a ver e que são tão importantes no futebol actual. Percebo que Nuno o use quase como ala à antiga, quando a equipa se transforma naquela espécie de 3-5-2 na construção ofensiva enquanto a bola está nos flancos, mas esperava que fosse um rapaz menos…limitado. Não encontro um termo melhor, desculpem as repetições.


Trabalho feito, mais três pontos e definitivamente recuperada a derrota em Alvalade na classificação. Passo a passo, amigos, passo a passo.

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Baías e Baronis – Club Brugge 1 vs 2 FC Porto

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Não se faz, amigos. Isto é jogo para um gajo misturar emoções como uma bruxa a fazer um feitiço naqueles caldeirões gigantes que têm nos filmes, praí comprados no Witches’R’Us ou qualquer outra loja da especialidade. Nervosismo, fúria, consternação, entusiasmo, euforia. Isto não se compra, minha gente, e mesmo um jogo contra uma equipa fraquita (e até as equipas fraquitas parecem sempre trocar a bola melhor que nós, a sério que me chateia ver isso em campo) dá para elevar a alma e ficar a gritar em total silêncio às duas da manhã, com os braços erguidos e uma expressão de vitória e alívio na face. Se acham que sou doente por pensar e viver assim, estão no vosso direito. Fico bem de qualquer maneira. Vamos a notas:

(+) As entradas de Brahimi e Corona. A equipa pedia extremos desde o início do jogo e notou-se bem que a entrada destes dois homens revolucionou a forma de jogar e adicionou mais-valias nas zonas onde eram mais necessárias. Nenhum dos dois fez um jogo extraordinário mas Corona acabou por sofrer o penalty que deu o golo da vitória e Brahimi trouxe a imprevisibilidade que Otávio nunca tinha conseguido injectar no jogo e só faltou soltar a bola um pouco mais cedo para ter tido mais impacto. Mas Yacine será Yacine, toujours.

(+) Danilo. Foi um jogador forte quando precisávamos de um jogador forte. E usou bem a capacidade física para recuperar algumas bolas no meio-campo mas acima de tudo para arrastar o jogo umas dezenas de metros para a frente quando a maior parte dos colegas pareciam travados e presos em eternas auto-rotações (Óliver), demandas solitárias (Otávio) ou whateverthefuckhewasdoing (Herrera). Deve ter acabado o jogo exausto.

(+) O penalty. Lembro-me de um penalty de Figo no Estádio das Antas perante dezenas de milhares de adeptos ensopados depois de um jogo em que tudo corria mal, frente à Holanda. Lembro-me do homem partir para a bola, depois de Portugal ter reduzido para 1-2 e o penalty daria o empate à equipa. Nunca mais me esquecerei desse momento, onde milhares de vozes gritavam, ganiam, tremiam pelo golo que estava mesmo ali à frente dos olhos mas que ninguém garantia que fosse uma certeza. E só pensava no homem que começava a correr para a bola e na pressão que devia estar a sentir. André, meu menino, parabéns. Eu tinha-me borrado todo mal pusesse a bola na marca e começasse a recuar.

(-) A confirmação. O FC Porto ganhou apesar de Nuno. Porque se este jogo serviu para mais alguma coisa, para lá do guito e dos três pontos que desesperadamente precisávamos, foi para confirmar que o nosso treinador é, de facto, um cagarolas. Talvez seja uma palavra demasiado forte. É um medroso. Sim, eufemizemos para mais tarde recordar com menos excitações. A estratégia para o jogo foi montada por forma a conseguirmos ter a bola mas não fazer grande coisa com ela, para encharcarmos o meio-campo de jogadores onde não havia espaço para passar um fio de norte pelo rego da Kate Upton e apenas lá prós sessenta minutos é que Nuno optou por voltar ao 4-3-3. Sim, jogos diferentes podem exigir equipas diferentes e o 4-4-2 (ou 4-1-3-2, como quiserem) não está ainda cimentado para altos voos. Mas a minha crítica é independente da táctica, porque há uma ausência de surpresa na forma como a equipa muda de velocidade (como já se tinha visto em Leicester) e que coloca a equipa exposta ao risco, algo de que Nuno parece ter mais medo do que o André² de uma bola dividida. Se há risco para nós, também existe para os outros e Nuno prefere um 1-0 a um 4-3. O problema é quando o 1-0 é para eles…

(-) Herrera. Ah, Hector, mais um, não é? Mais um jogo lento, sem capacidade para rupturas, movimentações ousadas, corridas…eh pá, ao menos que andes em campo a um ritmo ligeiramente acima do trote de um cavalo numa prova de ensino e eu já ficava razoavelmente satisfeito. Mas não consegues e assim não consigo dar-te notas em condições. Mais uma vez.

(-) Otávio. Teve um jogo para esquecer, sem conseguir ser o jogador criativo que a equipa precisava, muito por culpa da forma como teve de andar minutos a fio emparedado por belgas. Mas sempre que pegou na bola mostrou-se pouco prático, complicativo e pouco lutador.

(-) Continuamos mansinhos. O golo do Brugge é apenas mais um exemplo da nossa forma mansa de estar em campo e que ainda não conseguimos despachar e não vejo possibilidade no horizonte dessa mentalidade mudar. A forma como permitimos que o adversário recupere bolas atrás de bolas em qualquer zona do estádio é de fazer um gajo querer começar a pingar sangue pelo recto e se o 1×1 físico e aéreo é algo a que não podemos aspirar a sermos melhores (tenhamos em conta que Óliver e Otávio são pouco mais pesados que hobbits), já na intercepção e controlo da zona defensiva temos muito a melhorar. Não somos mais fortes? Temos de ser mais rápidos.


Faltam três jogos. Faltam nove pontos. Afinal ainda dá para salvar esta merda.

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