Lá para o meio do jogo diz-me um dos meus colegas de bancada: pá, “a um gajo sem sorte até pelo cu lhe entra a morte”. E a morte esteve ali à espreita, visível perante mais noventa e tal minutos de ataque contínuo, oportunidades desperdiçadas e uma sensação de desastre iminente que enervou toda a gente, dos jogadores às bancadas. Até entrar Rui Pedro, com elegância e determinação, a mostrar uma versão microscópica do que foi o momento Kelvin a muitos portistas que não estiveram presentes nesse outro jogo. Ufa. Vamos a notas:
(+) Rui Pedro. Acredito que os próximos dias vão ser cobertos de análises, de entrevistas aos pais, às vizinhas e à professora da escola primário onde o rapaz andou. Mas merece, pelo menos por agora. Rui Pedro é jovem, é portista, marcou dezenas de golos desde que joga com a nossa camisola e mostrou que vale a pena apostar na malta cá de casa. É certo que ainda tem muito para aprender e que pode um dia vir a seguir o caminho do miúdo com bigode incipiente ao lado do qual hoje jogou, mas já deixou a sua marca ao quebrar esta ridícula sequência de jogos sem vitórias nem golos. Só por isso merece ser convocado mais vezes.
(+) Maxi. Um jogão, como não o via fazer há algum tempo. Abnegado, sem desistir de um único lance, foi rijo em todas as vezes que teve um papel activo no jogo e apareceu muitas vezes na área, numa das quais a rematar à queima-roupa para (mais) uma defesa de Marafona. Tentou de tudo para a equipa conseguir a vitória e foi dos que mais a festejou, merecidamente.
(+) Brahimi. Agora que o Otávio se lesionou (não faço ideia se será grave), estarás agora pronto para jogar sempre, Yacine? Para ser titular e tentares a finta ou o remate durante noventa minutos. Diz que sim, rapaz, porque precisamos de ti. Precisamos desse talento, dessa capacidade de ruptura, desse bocadinho extra que mais ninguém parece conseguir atingir a jogar nas alas deste FC Porto (ver abaixo) e todos sabemos que consegues. É só quereres, porque nós já queremos há que tempos.
(-) Otávio. Jogo fraquíssimo de Otávio nos trinta e tal minutos que esteve em campo, com incessantes falhas no passe, tremenda dificuldade de locomoção com bola e pouca força na disputa de lances individuais. Saiu lesionado mas não garanto que não tenha entrado também com dores, porque foi muito fraco o que mostrou hoje.
(-) O cabrão do azar. [modo café on] Pá, não me lixem. É verdade que andamos a falhar muitos golos e penalties e o diabo, mas eu vejo equipas a marcarem golos com a nádega esquerda só porque estava virada para a baliza e nós não conseguimos entrar com a bola pela baliza dentro porque aposto que o cabrão do jogador ia tropeçar e passar a bola de calcanhar para o guarda-redes enquanto caía. Ele é livres, cabeçadas ao poste, remates que o keeper defende porque lhe cresce uma perna nova, tudo nos acontece e não conseguimos marcar um golo em condições com calma e tranquilidade! Pois, já sei, o problema é que quanto mais falhas mais medo tens de voltar a falhar e depois começam todos a tentar apontar a puta da bola para o buraquinho mais pequenino possível para não falharem mesmo e a baliza encolhe-se até ficar do tamanho de um cubículo do tamanho das de hóquei. E os guarda-redes também defendem tudo, agarram tudo, foda-se até bolas do poste recebem e sem saberem muito acabam por agarrar outra vez! Tenham lá calma e se querem estar com uma gaja antes ou depois do jogo, escolham uma bruxa! [modo café off]
(-) Bolas paradas ofensivas, mais uma vez. Os cantos do FC Porto são um desperdício atrás do outro. Não parecemos conseguir atinar com a forma de os marcar e saem quase sempre a baixa altura para o defesa cortar ao primeiro poste ou então em larguíssimo balão que nem vale a pena saltar porque o guarda-redes, a não ser que seja ceguinho ou se chame Rui Correia, vai agarrá-las todas facilmente pelo ar. Começámos bem a época mas pouco tempo depois foi uma descida a pique na produtividade de lances que podem desboquear um jogo. E bem precisamos de desbloqueadores de jogo quando o Rui Pedro não estiver para aí virado.
Uma jornada que pode ser extremamente positiva para nós, algo que não se via há muito tempo. Agora que está quebrado o enguiço, vamos ver como estão as pernas e a cabeça na quarta-feira. Outra final. E ainda vamos em Dezembro…