Um jogo de futebol tem qualquer coisa como noventa minutos, com mais alguns adicionados em virtude do que vai sucedendo durante a partida. E este de hoje foi mais um numa série de jogos em que desses noventa minutos, o FC Porto opta por jogar em condições durante qualquer coisa como um terço, permitindo-se enredar numa incessante sequência de maus passes, decisões erradas e pobreza organizacional que dá sono a um tipo que acabou de enfiar doze Red Bulls no bucho. No final, a vitória é merecida mas podíamos e devíamos ter feito mais. Vamos a notas:
(+) André Silva. Regressou aos golos e às boas exibições com um penalty bem marcado depois de também bem sofrido e uma assistência com o peso certo para um bom golo de Corona. Foi o trabalhador do costume, voltando para o meio-campo para vir buscar a bola, ajudando os colegas na pressão subida e criando desequilíbrios pelo meio, pelas alas…esteja onde estiver! Belo jogo, puto, prepara-te para a semana fazeres o mesmo!
(+) Brahimi. FC Porto com Brahimi e sem ele são duas equipas diferentes. É absurdo pensar que conseguimos estar em campo com a equipa mais forte quando Yacine não está presente e a maneira como se envolve nos lances ofensivos do colectivo, seja da esquerda para o meio, pela linha ou simplesmente na ruptura pela zona central, o argelino está em boa forma e só podemos lucrar com isso.
(+) André². Talvez o melhor jogo do ano para o nosso carequinha, que esteve bem no meio-campo, muito lutador e combativo em frente a uma equipa que joga mais com os braços que os Golden State Warriors a defender o garrafão (ainda se usa este termo? juro que já não sei). Faltou rematar algumas vezes (lembro-me apenas de um remate ao lado depois de um bom passe de primeira de Alex Telles) mas foi um elemento importante na ligação defesa/ataque, mais até que Óliver.
(-) Jogo demasiado centralizado. Não sei se foi teimosia do treinador, vendo a má forma recente de Corona e a incerteza quanto à presença ou não de Brahimi para este jogo, mas a forma como a equipa esteve em campo foi aborrecida e focou-se em demasia no jogo pelo centro, com os únicos responsáveis por fazer as alas a serem os laterais. E se Alex Telles está cheio de moral depois das três assistências da semana passada, Maxi está em má forma e não consegue acompanhar a equipa na subida como precisávamos. Some-se um Óliver em dia mau, um Herrera a tomar boas decisões mas com timings completamente errados e um Jota distraído e temos uma equipa que não funciona. Foi entediante ver a equipa a jogar e quando estava pronto a louvar Nuno pela entrada de Brahimi…eis que o homem o coloca na zona central! Fiquei surpreendido, acho que todos ficamos, porque por muito que Yacine seja um desequilibrador, não era aí que precisávamos dele mas sim encostado à ala para abrir o jogo. Nuno decidiu apenas fazê-lo com o completo reboot da equipa depois da entrada de Corona e Rui Pedro e apenas aí começamos a criar algum perigo consistente para o adversário. Aos sessenta e tal minutos. Não foi tarde demais, felizmente.
(-) A merda dos petardos. Malta, eu percebo que se entusiasmem e que festejem a vida com todos os sentidos em alta e os braços erguidos a bater palmas, as gargantas afinadas ao limite do possível e as bandeiras a voar ao vento, ou no nosso caso, a boar ao bento. Mas essa merda dos petardos e das bombas de fumo tem de acabar. Não tem piada nenhuma, parecem uma cambada de crianças a estragar qualquer coisa em casa com os pais a verem e podem arranjar chatice da grande para o vosso clube. Não é para os outros, é para o vosso. E serve para quem se desloca centenas de quilómetros cá de cima ou para quem vive mesmo ali ao lado e apenas atravessa a rua para ir ao estádio, a bitola é a mesma: deixem de ser imbecis.
Safam-se os três pontos e se nos safarmos com três pontos de cada vez que jogarmos até ao fim do campeonato, nem me importo muito com o mau futebol que vamos mostrando em mais de metade das partidas. Primeiro ganhar, depois jogar em condições.