Baías e Baronis – AS Monaco 0 vs 3 FC Porto

foto retirada do MaisFutebol

Acabei de comer uma fartura, porque se há dia em que posso esquecer um pouco as dietas e as restrições é hoje. É uma boa noite, é uma excelente noite, é uma noite em que o FC Porto se engrandeceu perante um adversário valioso, em que num jogo em que era necessário lutar, correr, suar mas acima de tudo ser inteligente e eficaz, a equipa saiu com o peito cheio e um sorriso enorme, mesmo que a língua esteja de fora. Foram bons, bravos, brilhantes e bencedores (não me lixem que eu não conseguia estragar a aliteração). Hoje os B&Bs são todos em formato semelhante, com ênfase particular nas duplas, vamos a isso:

(+) A dupla da frente. Não há muito a dizer sobre o jogo destes dois rapazes, que são claramente os reforços do ano para a equipa e que não contavam para o treinador anterior. Shame. E shame também para mim, por não perceber nada de bola, porque se Aboubakar já tinha mostrado que tinha qualidade para este nível, também Marega se junta a ele numa simbiose que não só sentou Soares no banco como parece ir melhorando a cada jogo que passa. Não se pode pedir a Marega que faça coisas que não sabe (seria tão cruel pedir-lhe que controle uma bola aérea com os pés como dizer ao Otávio para ganhar um ressalto ao LeBron James), mas o grande Moussa faz duas assistências para golo depois de olhar para o jogo e ver a posição do colega (como me disse um amigo depois do jogo, rematando com um sintomático “oh meu deus”) para lhe colocar a bola na perfeição. Enquanto durar a onda louca de produtividade destes dois moços, podem ficar em campo até apagarem as luzes.

(+) A dupla de trás. Um jogo quase impecável dos centrais pela maneira prática e rija com que encararam os lances, especialmente tendo em conta que Falcao teve apenas duas oportunidades de golo durante todo o jogo. Felipe melhor que em jogos passados, mais prático e menos brincalhão, ao passo que Marcano mostrou a tranquilidade do costume, atirando para longe as bolas perigosas com tolerância zero ao quadrado para parvoíces.

(+) A dupla de Sérgios. Oliveira pelo que fez, Conceição pelo que o pôs a fazer. Surpreendeu-me a entrada do 27 no onze, como terá surpreendido toda a gente que viu a equipa inicial, até porque decerto terá trazido memórias de tempos passados, como Oliveira a introduzir o novato Costa em Old Trafford ou Jesualdo a adaptar Nuno André Coelho em Londres frente ao Arsenal. Deve haver qualquer coisa com médios centros portugueses que faz com que os treinadores tomem essa opção com tal frequência, mas adiante. Surpreendeu-me ainda mais a mudança de estratégia porque, por preconceito ou cinismo, assumi que Sérgio Conceição iria manter a ideia do 4-4-2 mesmo na Europa. Mas provou que consegue adaptar o seu conceito e assim privilegiar o esquema em detrimento dos nomes, fazendo com que jogadores diferentes consigam ocupar as posições necessárias sem que se notasse decréscimo de qualidade, desde que conseguissem identificar-se bem com as ideias. E Sérgio Oliveira, contra todas as minhas expectativas, conseguiu-o bem, jogando simples, rodando a bola com critério e quase assistindo Marega para golo num passe a quarenta metros e quase marcando outro num remate à entrada da área. Gosto que a estratégia vença e os jogadores sirvam para a cumprir, mesmo que não ache o futebol mais bonito de sempre. Mas está a conseguir resultados e isso é o mais importante.

(-) A dupla substituição. Imediatamente depois do maravilhoso segundo golo e daquela jogadona 100% africana, Sérgio opta por tirar dois dos jogadores mais importantes até então (o motor e o marcador) e mete em campo outros dois rapazes, mudando algumas posições e introduzindo frescura na equipa. Mas pareceu-me ter sido precipitada tendo em conta a vontade com que o Mónaco rompeu pelo nosso meio-campo e se aproximou da área de uma forma consecutiva sem que tivéssemos tido grande tempo para respirar, especialmente com dois homens com vontade mas ainda sem o ritmo de jogo impresso no cérebro. Podem dizer que é uma prova de confiança total nos jogadores que entraram, mas eu digo que teria sido melhor esperar um ou dois minutos e começar as substituições com calma. Bastava um golo naquela altura e a equipa podia ter sofrido bem mais do que sofreu.


Nada está ganho mas deixou de estar tudo perdido. O próximo jogo na Alemanha é tão ou mais importante que este e há que ter a mesma atitude e o mesmo empenho porque esses, tais como os franceses, vão ter de dar tudo o que têm. E nós também.

17 comentários

    1. nope. não gosto nada dele, é feio.

      só faltou uma coisa ao Brahimi: estar numa dupla, porque ontem apeteceu-me focar as duplas e ele era só um. mas sim, esteve bem, como tem estado :)

  1. Boa noite insónia,

    Carai, demorei 1h30 para sair do Puerto e os primeiros 20min foram relato.

    Foi de mim ou deve ter sido o jogo do ano ? De resto na mouche como de costume, tiras-nos o pão da boca pá.

    Uma ressalva para o herrera que aos 80 e tal era dos gajos que ainda pressionava e fez um belo trabalho de formiga. Já o Sergio, que **** de surpresa como 1º jogo oficial!

    Impecável pá!

  2. concordo aqueles 10 minutos depois das substituiçoes foram desastrosos, layun e corona sao pouco intensos e claro entraram a passear deppois la começaram a correr e corona ate deu o terceiro que o layun marcou, coincidencias. Mas foram 10 minutos perigosos, mais uma vez que falta nos fazem mais 3 medios intensos os 90 mimnutos, seriamos invativeis quase.

  3. Impressionante, eu vi a convocatoria com o nome do Oliveira la e disse para mim mesmo, – Isto e simples, ha sempre que manter a tradicao e inventar meter um gajo sem rotinas, tipo Costa e etc. Se correr bem este gajo da cabazada e e o melhor treinador que tivemos desde ha quase uma decada. Provou tudo o que putativamente estava na balanca!

    1. olá, Yacine, não sabia que lias a minha prosa! pois ficas a saber que dos nove jogos que fizemos este ano, levaste um Baía em três deles (Portimonense, Besiktas e Estoril), mereceste destaque num terço das vezes, parece-te pouco? faz pela vida e vais receber mais, como é lógico :) afina lá a ironia, rapaz!

      um abraço,
      Jorge

  4. Ia referir mesmo a dupla substituição… não se faz algo assim.
    Faz-se uma substituição, estabiliza-se a equipa durante uns minutos e faz-se outra.

    Passamos 10 minutos de sufoco porque ninguém se entendia quanto às posições em campo.

  5. Sérgio Conceição imaginativo, ao incluir Sérgio Oliveira!!!
    Ouçam o Cavani, onde Fernando, para quem não conhece, um médio que por cá passou, que mordia, ferrava, corria desalmadamente, mas que tinha dois tijolos no lugar dos , a biqueira virada para as costas, é retratado como um finérrimo armador de classe mundial. Não é ficção, ouçam mesmo. A não perder.

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