Companheiro Nuno,
Fechada que está a primeira metade do campeonato, não posso estar satisfeito. E era menino para estar triste ou entusiasmado mas estou cauteloso. Digamos que não atravesso a rua para nenhum desses lados e, como de costume, mantenho-me no meio. Arrisco-me a levar com um camião nos dentes se não me ponho à tabela, mas esta coisa de um gajo não querer ser dono da verdade nem propagar absolutos também tem problemas. É útil porque não me comprometo para não me chamarem flip-flopper, mas quem não se compromete cedo vê que lhe falta qualquer coisa, um objectivo final que quando atingido leva a que os punhos se ergam no ar, batendo com força no peito logo de seguida. Os que não se comprometem, como eu estou inclinado a fazer, ganham sempre nunca sabendo o que é ganhar. São fracos e incapazes de assumir uma postura e falta-lhes espinha. E eu não quero que digam que não ando direito. Nyah-huh.
Então vou assumir uma postura optimista. Neste arranque de segunda volta vou encarar o negativismo nos olhos, virar-me para ele e dizer: “Oh parolo, olha bem para mim porque não me vais voltar a ver tão cedo! Vou virar-te as costas sem medo e vou seguir o meu caminho, longe da tua intensa e terrível influência. Vou andar cheio de confiança e pronto para um triunfo que vai acontecer porque eu acredito nisso e vou fazer com que todos com quem falo acreditem nisto!”.
A não ser que o jogo de hoje corra mal, Nuno. Aí está tudo tramado e mandas-me logo a moral abaixo sem que eu consiga sequer pensar em puxá-la para cima. Não me lixes a rampa, Nuno!
Sou quem sabes,
Jorge
Grande Jorge!