Baías e Baronis – Club Brugge 1 vs 2 FC Porto

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Não se faz, amigos. Isto é jogo para um gajo misturar emoções como uma bruxa a fazer um feitiço naqueles caldeirões gigantes que têm nos filmes, praí comprados no Witches’R’Us ou qualquer outra loja da especialidade. Nervosismo, fúria, consternação, entusiasmo, euforia. Isto não se compra, minha gente, e mesmo um jogo contra uma equipa fraquita (e até as equipas fraquitas parecem sempre trocar a bola melhor que nós, a sério que me chateia ver isso em campo) dá para elevar a alma e ficar a gritar em total silêncio às duas da manhã, com os braços erguidos e uma expressão de vitória e alívio na face. Se acham que sou doente por pensar e viver assim, estão no vosso direito. Fico bem de qualquer maneira. Vamos a notas:

(+) As entradas de Brahimi e Corona. A equipa pedia extremos desde o início do jogo e notou-se bem que a entrada destes dois homens revolucionou a forma de jogar e adicionou mais-valias nas zonas onde eram mais necessárias. Nenhum dos dois fez um jogo extraordinário mas Corona acabou por sofrer o penalty que deu o golo da vitória e Brahimi trouxe a imprevisibilidade que Otávio nunca tinha conseguido injectar no jogo e só faltou soltar a bola um pouco mais cedo para ter tido mais impacto. Mas Yacine será Yacine, toujours.

(+) Danilo. Foi um jogador forte quando precisávamos de um jogador forte. E usou bem a capacidade física para recuperar algumas bolas no meio-campo mas acima de tudo para arrastar o jogo umas dezenas de metros para a frente quando a maior parte dos colegas pareciam travados e presos em eternas auto-rotações (Óliver), demandas solitárias (Otávio) ou whateverthefuckhewasdoing (Herrera). Deve ter acabado o jogo exausto.

(+) O penalty. Lembro-me de um penalty de Figo no Estádio das Antas perante dezenas de milhares de adeptos ensopados depois de um jogo em que tudo corria mal, frente à Holanda. Lembro-me do homem partir para a bola, depois de Portugal ter reduzido para 1-2 e o penalty daria o empate à equipa. Nunca mais me esquecerei desse momento, onde milhares de vozes gritavam, ganiam, tremiam pelo golo que estava mesmo ali à frente dos olhos mas que ninguém garantia que fosse uma certeza. E só pensava no homem que começava a correr para a bola e na pressão que devia estar a sentir. André, meu menino, parabéns. Eu tinha-me borrado todo mal pusesse a bola na marca e começasse a recuar.

(-) A confirmação. O FC Porto ganhou apesar de Nuno. Porque se este jogo serviu para mais alguma coisa, para lá do guito e dos três pontos que desesperadamente precisávamos, foi para confirmar que o nosso treinador é, de facto, um cagarolas. Talvez seja uma palavra demasiado forte. É um medroso. Sim, eufemizemos para mais tarde recordar com menos excitações. A estratégia para o jogo foi montada por forma a conseguirmos ter a bola mas não fazer grande coisa com ela, para encharcarmos o meio-campo de jogadores onde não havia espaço para passar um fio de norte pelo rego da Kate Upton e apenas lá prós sessenta minutos é que Nuno optou por voltar ao 4-3-3. Sim, jogos diferentes podem exigir equipas diferentes e o 4-4-2 (ou 4-1-3-2, como quiserem) não está ainda cimentado para altos voos. Mas a minha crítica é independente da táctica, porque há uma ausência de surpresa na forma como a equipa muda de velocidade (como já se tinha visto em Leicester) e que coloca a equipa exposta ao risco, algo de que Nuno parece ter mais medo do que o André² de uma bola dividida. Se há risco para nós, também existe para os outros e Nuno prefere um 1-0 a um 4-3. O problema é quando o 1-0 é para eles…

(-) Herrera. Ah, Hector, mais um, não é? Mais um jogo lento, sem capacidade para rupturas, movimentações ousadas, corridas…eh pá, ao menos que andes em campo a um ritmo ligeiramente acima do trote de um cavalo numa prova de ensino e eu já ficava razoavelmente satisfeito. Mas não consegues e assim não consigo dar-te notas em condições. Mais uma vez.

(-) Otávio. Teve um jogo para esquecer, sem conseguir ser o jogador criativo que a equipa precisava, muito por culpa da forma como teve de andar minutos a fio emparedado por belgas. Mas sempre que pegou na bola mostrou-se pouco prático, complicativo e pouco lutador.

(-) Continuamos mansinhos. O golo do Brugge é apenas mais um exemplo da nossa forma mansa de estar em campo e que ainda não conseguimos despachar e não vejo possibilidade no horizonte dessa mentalidade mudar. A forma como permitimos que o adversário recupere bolas atrás de bolas em qualquer zona do estádio é de fazer um gajo querer começar a pingar sangue pelo recto e se o 1×1 físico e aéreo é algo a que não podemos aspirar a sermos melhores (tenhamos em conta que Óliver e Otávio são pouco mais pesados que hobbits), já na intercepção e controlo da zona defensiva temos muito a melhorar. Não somos mais fortes? Temos de ser mais rápidos.


Faltam três jogos. Faltam nove pontos. Afinal ainda dá para salvar esta merda.

13 comentários

  1. Ehehe Bom review.

    O octávio não merece o Baroni porque foi o único gajo capaz de tentar fazer alguma coisa.

    O oliver e herrera não servem para o FCP. Um (segundo um senhor da radio5, a 1ª parte foi relato, parecia um carrocel ) o segundo está muito “cansado” para ser titular. O primeiro faz um bom jogo a cada 5, o 2º faz um bom jogo a cada 10. Não dá. Lamento.

    Só vi a 2ª parte e somos uma equipa lenta na progressão. Tirando o golo do layun houve mais umas 3 hipóteses de fazer uma jogada semelhante e a equipa chega ao meio campo e pára: não sabem o que fazer.

    Apreensão é a palavra de ordem.

    1. o Otávio fez a assistência para o Layun. Quanto ao Óliver não concordo. É um excelente jogador, acho que tem jogado muito atrás e quando a equipa jogar melhor ele sobressai muito mais.

      1. Quando a equipa joga bem ele inerentemente joga melhor: todos os jogadores jogam melhor.

        Ele matou o jogo do porto com os sucessivos carroceis sobre ele próprio, não criou um passe a rasgar não criou nada. Limita-se ou a passar para trás ou para o lado. Não gosto, aliás até prefiro o herrera que tenta fazer passes a rasgar falhando 90%, ao menos tenta.

  2. Espero que este jogo tenha servido de lição para o NES. Se o resultado fosse negativo, desta vez devia-se exclusivamente a ele. OK, não só a ele porque dentro das 4 linhas houve quem contribuiu para uma exibição fraca, mas ele foi quem montou a equipa.
    Era um jogo em que só a vitória interessava contra uma equipa acessível face ao CV do FCP. E nos primeiros 10 minutos já se adivinhava que nós complicamos um jogo que devia ser simples. Podia ter a tv sem som e não ouvir o expert Luis Freitas Lobo, que já conseguia adivinhar o que estava a dizer. E qualquer aficionado de futebol já tinha percebido. A estategia de tentar ganhar o meio campo estava a deixar os laterais sozinhos. E apanharam o Layun (que pena que este gajo não defenda tão bem quanto cruza), que se deixou “comer” duas vezes no lance do golo.
    Se a escolha de não vender o Herrera foi para ele fazer exibições como a de ontem… terá sido uma das piores exibições dele no Porto.
    Ainda bem para nós e para o NES que ainda foi a tempo de corrigir o erro. Se no inicio da 2a parte eles tinham conseguido marcar, hoje a conversa era outra.

  3. “mais medo do que o André² de uma bola dividida”
    Ainda bem que não sou o único a reparar nisso! Honestamente acho que o Pai deste menino deve corar de vergonha ao ver as figurinhas que ainda ontem fez, a saber, um remate inacreditavelmente disparatado, zero velocidade, quando dela precisava para ganhar as costas do lateral, passes só para o lado e para trás, e o pior, essa atitudezinha de cagao (esse sim, mais que o NES) nas VARIAS bolas divididas em que era preciso meter o pé. Não lhe peço para ser um Danilo, nem outra espécie de caterpillar que deite tudo abaixo, mas há limites para a falta de raça e este gajo enerva-me ao nível da displicência do Herrera.

  4. o mesmo (-) para o Herrera e o Otávio, a sério?!?

    absolutamente insuportável ver o que o NES anda a colocar em campo durante 60 min… do pior que me lembro. contra uma equipa que consegue um lançamento lateral directamente para fora. salvou-nos a qualidade que há no plantel…

  5. Apenas uma nota positiva para Marcano. O homem deve ter tido umas férias fantásticas que regressou cheio de vontade, e já consegue fazer alguns jogos sem fazer asneiras. Excelente ontem a jogar na antecipação.

  6. jogamos mal mas ganhamos boa!! as coisas ainda nao estao muito claras na equipa, o treinador tambem nao me parece ter muitos conhecimentos, faltam nos claramente alguns jogadores fortes e bons. Layun nunca foi defesa na vida o lugar de herrera e dele, oliver nem metade dos 20M vale e nao passara do que ja e agora, andre 2 sempre foi macio mas podera ser util em certas alturas, rneves deve jogar pelo menos as vezes, no entanto la vamos indo por acaso em leicester quase empatavamos e estariamos apurados, temos tido sorte o que ja nao sera mal. Com o arouca ou vamos sofrer ou damos 5 ou 6.

  7. Caro Jorge,

    Boa vitória, seguida a distancia como sempre. Neste jogo nao ponho as criticas no NES. Acho que teve mérito em ter virado a táctica, algo que outros Lopeteguis desta vida nao teriam feito, e com isso ter virado o jogo.

    Acho que entramos com baixa intensidade e pouca vontade de esmagar os gajos o que lhes deu o momentum para fazerem os melhores 20 minutos da Champions.

    Gostava de destacar, especialmente, aquele grande tiro do Layún, cada vez mais um gajo á Porto!

  8. Não faz muito sentido estarmos a pedir para criar um sistema, um modelo, em fim, uma estrutura e depois só porque um jogo corre menos bem, afinal devíamos ter jogado de modo diferente e tudo o que estamos a tentar construir já não faz sentido, e vamos voltar a fazer tudo de novo! Parece-me mais simples tentar perceber porque não funcionou tão bem, e logo uma razão óbvia, jogamos contra o campeão Belga, não jogamos contra os Tondelas desta vida, não é uma potencia, mas tem valor e em momentos do jogo mostrou que tinha esse valor, depois porque houve jogadores claramente em sub-rendimento, desde logo os dois marcadores de golos, Layun fez uma primeira parte muito fraca, com uma abordagem deficiente ao golo, André Silva fez talvez o pior jogo pelo Porto, errou praticamente todos os passes, e não ultrapassou uma única vez qualquer adversário, Jota também não existiu, não me lembra dele ter tocado uma única vez na bola ou fazer qualquer lance que ficasse na memoria, e qualificar a exibição de Herrera é praticamente impossível de tão horrível que foi, uma infinidade de passes falhados, mal na pressão, mal no apoio, tudo muito muito mau. Otávio foi o mais esforçado e esclarecido enquanto esteve em campo e por isso o Baroni é totalmente imerecido, Marcano na minha opinião o melhor do Porto, é continuar assim e esperar que aquelas ofertas dele tenham acabado para sempre.

    Um enorme Baía para o festejo de Oliver, incrível, é em pequenos gestos que se vê quem joga por amor e que quer ganhar sempre.

    Como já se tem tornado habito o nosso presidente falou no fim de mais uma vitória, não me recordo da ultima vez que ele tenha aparecido para falar depois de maus resultados. Não lhe fica bem, nada bem!

    Para sábado, mantinha a estrutura e o modelo, acho que o devemos consolidar e fazia apenas duas alterações, colocava Maxi por Teles e passava Layun para a esquerda e Corona por Herrera.

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