Baías e Baronis – FC Porto 3 vs 0 Guimarães

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A vitória é incontestável e surgiu de forma relativamente tranquila e sem grandes preocupações. Mas…a verdade é que os golos foram obtidos num lance de bola parada, num remate com ressalto fortuito e num auto-golo, tudo depois de um golo anulado porque um mocho pousou numa lâmpada em Middle Earth e rezou sete Avé Verums o que fez com que Jorge Sousa visse algo que mais ninguém viu. Magia, só pode. Ainda assim houve futebol interessante a espaços e a noção que há ali muito talento para ser trabalhado, múltiplas opções tácticas e aparentemente pouca necessidade de extremos puros em grande parte dos jogos. Em suma: há material de qualidade, falta criar uma equipa. Notas aqui em baixo:

(+) Óliver. É uma diferença enorme ver Óliver a controlar a bola e a rodá-la para os colegas e ver Herrera a esforçar-se para conseguir progressão no terreno. Ocupando sensivelmente as mesmas zonas, o espanhol consegue transmitir uma confiança muito alta a um meio-campo que precisa da bola para poder impôr o seu jogo (mais sobre isto em baixo) e quando estiver em forma pode ser vital para o que a equipa consiga ou não fazer em campo. Raios, nem está em forma e já foi o que se viu! Bom primeiro jogo a titular.

(+) Danilo. Quando a equipa entrou em campo, organizada num 4-4-2 diferente, sem extremos mas com médios construtores e que se pretende que troquem a bola entre eles com facilidade, é natural que a equipa se incline para a frente e permita alguns espaços na rectaguarda. É aí que aparece Danilo, impondo a força física que os outros não têm e marcando a diferença por isso. Continua a precisar de uma melhor leitura dos espaços que tem de tapar mas é uma peça importante na equipa e sem substituto à altura para as mesmas características. Ou seja, se Danilo sair da equipa, o esquema pode ter de mudar para sobreviver.

(+) Marcano. Bom jogo do central, com um golo e várias boas intercepções, subindo sempre que necessário e ajudando a equipa nas bolas paradas. Parece confiante e apesar de já lhe conhecermos o histórico (a primeira falha raramente morre sozinha) está na equipa para ficar, o que é um bom sinal para o futuro próximo. Tens de esperar um bocadinho, Boly.

(+) Aquele contra-ataque do André Silva. Que prazer me deu ver aquilo. André Silva, a meio da segunda parte, recebe a bola depois de um ataque do Guimarães (canto? já não me lembro) e parte para o contra-ataque pelo lado esquerdo. Pela sua direita aproxima-se um autocarro de vestes negras em toda a velocidade em rota de colisão. KABOOM, vai o autocarro contra André, que sofre o impacto e logo se levanta para prosseguir a investida em rotação cada vez mais elevada, acabando por passar a bola para um colega que sofre falta para amarelo. É esta a garra que quero ver em todos os jogadores! Que se lixem as entradas a medo, André²! Para trás, Corona, quando não meteres o pé! Afasta-te Herrera quando perdes uma bola dividida! Olhem para o puto e lutem como ele. Nunca serão assobiados se o fizerem.

(-) Pressão alta ineficiente. Lembram-se dos tempos do Fonseca, em que o guarda-redes e os defesas ficavam sem saber muito bem o que fazer quando eram pressionados? Pois o Guimarães optou pela mesma estratégia, a troca de bola entre keeper, centrais e laterais como forma de construir pausadamente e apenas soltando-se da pressão dariam início ao ataque. Acontece que tínhamos lá dois homens a fazer pressão, Depoitre e André Silva, com André², Otávio e Óliver a espaços a subirem pouco mais para lá do meio-campo. Não chegou e nunca chegaria porque eram poucos para muitos. A pressão cansou-nos e não trouxe absolutamente nada de produtivo para o nosso jogo. Nuno, se é para fazer pressão então por favor, mete-os todos na frente! Ou em alternativa podes permitir que a outra equipa leve o jogo até à linha central e depois não passa nada. Ficar a meio é que não.

(-) Demora a entrar no jogo. A táctica era diferente, mais uma vez. Táctica não, talvez a disposição das peças em campo, porque não havia extremos mas os laterais estavam bem subidos, os dois médios mais recuados tinham funções diferentes e os outros dois na sua frente (Otávio e André², cognonizado como “capitão capitão” por um amigo na cadeira ao lado) iam vagueando pelo campo à procura de espaços que raramente apareciam. A tendência de bolas longas da parte dos centrais, aproveitando a presença de Depoitre, pareceu exagerada e pouco produtiva e a forma como se previria que o Guimarães reagisse às incursões pelo centro, fechando-se e criando espaços nas alas, nem sempre funcionou. Houve demasiada lentidão nos processos e um jogo demasiado previsível e com passes errados a rodos, com o resultado prático a ser a criação de lances perigosos apenas por bolas paradas e aéreas. Na segunda parte, depois do segundo golo, o futebol teria de ser diferente e acabou por ser, com um jogo bem mais rasteiro, inteligente e com boas trocas de bola. Mas não podemos perder tanto tempo até chegar a uma posição de conforto, dando ideia que navegamos uma maré que não somos nós a criar. Eu quero criar a maré, pronto.


A melhor resposta possível depois da derrota de Alvalade e numa altura em que já se sabiam os resultados dos “grandes”. O caminho faz-se caminhando, yadda yadda, vitórias em casa sempre e tal. Quarta-feira há mais do mesmo.

12 comentários

  1. Pá, um gajo que sabe disto, disse-me que há ali muito potencial. Eu acredito nele, está claro. Majolha que gostei mais do jogo, e da equipa, do que tu. Chato do caraças, chiça! ;)

  2. Epá, ó Jorge, que raio de lógica, moço!

    Por essa ordem de ideias, o golaço do DeBruyne é uma falha do Blind e o golo do Ibra é um piu-piu do Bravo.

    Isto para já nem falar da qualidade dos golos em Arouca e em alvaláxia….

    Tiveste um jogo raçudo à antiga. Queres ópera? Vai ao S João.

    Abraçom

    1. estou-me nas tintas para os golos em Arouca e em Alvalade. quero é eficácia do nosso lado e se os golos chegaram para ganhar tranquilamente, noutros jogos podem não aparecer com aquela facilidade. mais consistência, mais entrosamento, mais equipa. com tempo lá chegaremos, mas não vou entrar em êxtase até lá. easy does it, bro :)

  3. O André Silva fez um jogo tão bom tão bom que honestamente é dificil comparar com os colegas. E note-se: falhou um golo de baliza praticamente aberta (num canto).

    Enquanto o pinheiro (que tb gostei… falta-lhe confiança para arriscar) andava sempre no centro o andre ir para as linhas para fintar adversarios, passar para golo , ganhar cantos, fazer cruzamentos, tudo! Foi espetacular pá. E aquela arrancada que o Jorge fala foi …FINALMENTE alguém correu para a frente em vez de se acobardar e passar para o lado! Foi muito bom, subiu muito na minha consideração ( ele deve estar todo contente depois de ler isto:P).

    Danilo… impecavél as usual a dobrar etc e tal.

    O Felipe é o central que eu “gosto”, isto é, ele vê a bola e pensa “há pergio?BILHETE PARA ONDE ESTOU VIRADO!” , ao contrário por exemplo do maicon que tenta fintar o gajo para passar decentemente. Ele deu uns 3 cantos seguidos ao Vitoria sem necessidade, mas antes isso que dar a bola. Se o conseguirmos convencer a mandar para o meio-campo… genial!

    Andre2 e oliver: ok, o oliver pode ter um trabalho tao disfarçado que eu nao lhe dou valor. Vou estar atento. Mas o andre andre parece-me “cansado”, desmotivado ou … não sei, acho que se passa ali qualquer coisa, não é o mesmo.

    Casillas, … saias em falso: resmas. Mas acredito que ele passe confiança aos colegas, pelo menos espero isso.

    Foi um bom jogo e uma boa vitoria.

    P.S- Mão na bola de andre silva (Que nem pela TV se percebe, é falta ). Mão na bola do defesa do vitoria a um remate do octavio é casual. Coerencia as usual.

  4. Quem acompanhou o FC Porto há duas épocas atrás já sabia com o que podia contar de Óliver. Ele continua a ser um puto mas é sem dúvida um dos médios com mais potencial a nível mundial. Não há que enganar. Curiosamente temos o luxo de ter dois deles, ele e o nosso Rúben.

  5. Pois, apesar de tudo, gostaria de ter visto nos Baronis o maldito àrbitro; enquanto havia equipe do Guimarães fez de tudo para os ajudar e para nos prejudicar… tudo o que era fita era apitado, tudo o que era falat sobre os nossos era perdoado !

    ( Gostei imenso do Danilo a fugir com o corpo a uma atiranço do Soares (que coisa mais feia de jogador) que se estatelou no chão ! )

  6. Novos Ares no Dragão! Uma excelente resposta a uma semana em que alguém internamente pagou a fava. A fava da displicência no planeamento e execução das contratações e vendas deste ano, por exemplo os casos Boly e Brahimi são inadmissíveis, ponto. Obrigado Antero, e sem cinismo, obrigado por teres saído fazendo bem ao FCP. Agora está a casa arrumada, e renovada. Direcção Nova, Treinador, Novo, Equipa Nova. Novo Paradigma!!! Resultado: 3-0 ao Guimarães num Novo figurino 4x4x2 – finalmente o FCP tem tática B.

    Pode este jogo ter sido o “ponto de virada”! Sintomático aqueles 35 minutos finais, já com o resultado feito, recolhendo para a Champions e lançando Novos “cracks”. Na minha opinião é aqui, nestes “35 minutos de respiração natural” – que se quer que aconteçam em todos os jogos – que se fazem as grandes equipas. hoje em dia os jogadores quase que não jogam à bola uns com os outros a não ser nos jogos, é preciso jogar para lá da pressão. Jogar para lá da pressão possibilita substituições em aplausos, mimos, animo, para jogadores que saem e também para os Novos craks que entram em jogo num ambiente apropriado para se expressarem. Os Adeptos deliram! Lindo!

    Se no jogo anterior, em alvalade, a “arte” não quis nada com NES mas nesta semana NES “abriu o livro”! Numa semana, como já acima escrevi, torturosa, NES não se desconcentrou, pelo contrário, NES pode ter aberto, finalmente, o NOVO PARADIGMA. Parabéns NES a tua resposta chegou na hora certa.
    Adeus porto antigo, Bem-Vindo FCP CAMPEÃO.
    O plantel é desequilibrado, precisamos deste NES para o resto da época. E do Brahimi.

    POOORTOOOOO

  7. Gostei do jogo, isso só por si já é uma grande novidade relativamente aos últimos dois anos. Gostei muito, mesmo muito do André Silva. E não foi só por fintar e ir às laterais, a forma como ele recebe a bola de costas entre um, dois ou três macacos e a coloca quase sempre jogável nas alas ou num jogador melhor posicionado é coisa linda de ver. A arrancada da segunda parte…uau. Nem digo mais nada. O De Poitre jogou bem, esforçou-se muito e libertou o André Silva para outras coisas. Não sei se consigo já assumir um 4-4-2 em permanência mas mostrou que é uma boa opção e um jogador útil. Curiosamente acho que o Andréaoquadrado jogou bem, até fez um jogo bem melhor que o que tinha andado a fazer ultimamente. Quanto ao não dividir bolas, não sai ao pai, nada a fazer. Danilo muito bem, Oliver…é assim: eu não sou fã do Oliver da primeira passagem por cá. Notava-se que o puto tinha um talento acima da média mas só fazia passes seguros e raramente arriscava. Claro que isso podia ser do treinador, da idade, de mil e uma coisas. Não fez um jogo por aí além, jogou bem dentro do registo que eu lhe conheço. Pensando que é ter isto ou ter o Herrera, um milhão de vezes isto mas ainda vai ter que pedalar muito para me convencer por completo. Anyway, volto a repetir, entre o Óliver e as minhas dúvidas e as certezas que me dá o Herrera, um milhão de vezes o espanhol.

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