Baías e Baronis – AS Roma 0 vs 3 FC Porto

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Fui Huno durante duas horas e festejei a vitória como se fosse uma conquista. Precisava desta sensação de triunfo, algo que não sentia com o meu clube há tempo demais e que me deixou a gritar para o céu como se tivesse acabado de vencer um troféu qualquer. A noite romana transformou-se num festival de Baco com menos vinho mas com níveis de celebração a condizer e apesar de não ter sido um jogo genial (ficaram a nu muitas das dificuldades que vamos sentir durante o ano contra adversários mais rijos e mais dinâmicos em campo), já se conseguiu ver muito bom trabalho táctico no meio-campo, vontade de vencer e esforço compensado com uma vitória que fica para a história. Vamos a notas:

(+) Felipe. É ESTE o Felipe que quero ver sempre e era este rapaz que me dá vontade de gostar dele e de esperar que cá deixe a sua marca. Mas das boas, ao contrário de outro central brasileiro que andou por aí a socar portas. Adiante. Excelente no jogo aéreo e muito prático nas bolas rasteiras, esteve impecável na primeira parte porque para lá da brilhante cabeçada que deu o golo foi um defesa quase intransponível. Com Marcano também bastante seguro ao seu lado, Felipe jogou simples, sem inventar e apenas uma ou duas entradas pelas costas (não duras, apenas desnecessárias) são motivos para preocupação e melhor discernimento. Para lá disso foi um imperador em Roma (habituem-se, vai haver várias destas ao longo do texto).

(+) Pressão no meio-campo. Olha que bela estrutura que se arranjou aqui, hã? Os nomes podem mudar mas a disposição das peças é muito útil para jogos grandes como este e o 4-2-3-1 mostrou que pode funcionar se houver entre-ajuda e capacidade de cobertura da zona central quando é necessária. Os três homens que jogaram mais subidos, somados a André Silva (hoje um pouco em baixo mas também pouco apoiado pelos alas), foram pivotais na forma como controlaram o centro do terreno e enervaram a Roma e os seus centuriões (eu avisei) não conseguiam soltar-se a não ser usando o físico, que fizeram mais vezes do que deviam e com intensidade absurda (ver abaixo). Tivéssemos nós mais um ou dois Danilos e faríamos lembrar um meio-campo de equipa francesa, com a mesma força mas com mais qualidade. Assim, fico-me pela qualidade…se for para manter.

(+) Os dois golos mexicanos. O primeiro foi uma pequena obra de arte de gestão de movimentação brusca, persistência e visão de baliza, com o timing perfeito para aproveitar a imbecilidade do Szczesny (onde ias tu, meu menino?) e ultrapassá-lo para depois rematar. Textbook perfection. Já o Jesus…só me fez lembrar Hulk no Calderón contra o Atlético em 2009 (lembro-me pela camisola, acreditem ou não) num jogo que acabou…acertaram, 0-3. Finta para um lado, finta para outro e balázio de pé esquerdo. É este o Corona que podemos ver até ao final da época? Oh, Júpiter queira.

(-) Aqueles minutos entre a segunda expulsão e o segundo golo. Ora foi a única coisa que me enervou hoje e que fez com que a minha filha aprendesse mais algumas palavras que jurarei a pés juntos que só pode ter aprendido no colégio. Um golo de vantagem e dois gajos a mais em campo…e a equipa tremeu. Tremeu porque ficou surpreendida e não se conseguiu adaptar rapidamente a essa nova e estranha realidade? Tremeu porque achou que estava tudo ganho e podia deixar o resto da legião romana atacar à vontade? Tremeu porque as pernas não responderam e optaram por descansar um pouquinho até aguentar o final da partida? Não sei, mas aborreci-me com a atitude até que tudo estabilizou com o golo de Layún e a equipa começou (finalmente!) a trocar a bola e a forçar o adversário a correr atrás dela. Algo que teria sido obrigatório fazer logo depois de Emerson ter ido para o balneário e algo que o próprio Nuno provavelmente tentou forçá-los a fazer, sem resultados práticos. Não caiu mal ao mundo…mas…e se a Roma tivesse empatado? Ia ser bonito, ia…

(-) Il sont fous, ces romains! Não consigo perceber a forma como De Rossi e Emerson entraram daquela forma durante um jogo tão importante. Se Emerson ainda é um rapaz jovem, já o italiano abusa deste tipo de jogo viril e raramente é punido, por isso apesar da surpresa que é ver dois adversários expulsos em casa no mesmo jogo (venham agora dizer que somos sempre os coitadinhos da Europa, que estão todos contra nós e yadda-yadda-outras-coisas-provincianas-que-eu-também-já-disse-no-passado-yadda-yadda…), nada há a dizer quanto à justiça das decisões. E o que me deixa parvo é a forma como fomos nós que os levamos a isso, pela forma como conseguimos enervar aquela malta tão arrogante e sabedora. Pois façam o favor de ir mostrar o vosso futebol de Adónises brutos às quintas-feiras que a correr bem não voltamos lá este ano.


Um dos grandes obstáculos da época foi ultrapassado se não com brilhantismo exibicional, ao menos com uma elevadíssima dose de pragmatismo e sentido de responsabilidade. Lucrámos com a estupidez da excessiva agressividade e aproveitámos muito bem para entrarmos na Champions. Não sei do que se queixam os turistas. Foi bem bom ir a Roma em Agosto!

28 comentários

  1. Mas onde é que raios é que tu viste um 4x2x3x1?!
    O Herrera andou sempre à frente do Danilo, a sair ao Strootman.
    Defendemos, como de costume, mas bem, em 4x1x4x1, com a diferença que tivemos sempre alguém a sair a marcar o transportador da bola.
    E além disso, conseguimos por diversas vezes (aí umas três vezes!) empurrá-los para as laterais e encurralá-los, o que pode ser um bom indicador para o futuro.
    No computo geral, o bom superou o mau, mas com 11 contra 9, não se justifica o mau.
    Faltou-nos traquejo para segurar o jogo, digamos que o Sérgio Oliveira não é propriamente um Frasco (ainda!)…

    1. deu-me a ideia no início do jogo que o Herrera só subiria em postura defensiva para tapar o Strootman, mas talvez tenhas razão. já vi alguns stills da disposição em campo e dou-te razão :)

    2. Eu também acho, foi um 4-1-4-1. Danilo a trinco, André André e Herrera à sua frente com Corona e Otávio a recuarem e a ficarem na mesma linha desses dois, ficando André Silva sozinho na frente.
      É assim que tem de ser, a equipa tem de se entre-ajudar sobretudo frente a adversários poderosos. Se de Otávio não espanta o seu trabalho defensivo, é bom ver que Corona também o faz. Dou mérito ao Nuno por estar a conseguir tirar o máximo rendimento do extremo mexicano.

  2. Estou aqui para o calduco moral, Jorge. E darem-me das boas na nuca que eu mereco. E ainda bem que me enganei. Senti um orgulho enorme de ser adepto do Porto e ainda mais pela capacidade de luta da equipa, a sua alegria em unirem-se. Outra coisa que me deixa alegre e a rotatividade, faz todos sentirem-se parte do projecto. Mas quero ver mais o R Neves a titular. Vai saber tao bem ver os jogos do Porto na Champions. Agora contra o Sporting so peco que nao percam, mas uma vitoria seria primordial para definirmos ja a nossa posicao de comandantes.

  3. Viva,

    Antes que os arautos da verdade desportiva falem muito ( que erradamente me lembrei de ouvir após o jogo aqueles comentadores de TV… que se limitaram a contar os minutos que o FCP jogou contra 10 e depois contra 11… surreal) o que fica é que contra onze estávamos a ganhar, com um ou outro susto mas não devemos nada à Roma. E estávamos a ganhar! E a jogar bem!

    A segunda parte… até ao golo do Layun… WTF was that ? Aliás, mesmo após o 0-3 acho vergonhoso deixar de atacar, acho que não é respeitar o adversário. Sim, estava feito, podíamos descansar mas escusavam de ir a passo fodasse! Odiei a segunda parte, até porque se os marmanjos marcassem num livre ( que quase acontecia ) queria ver.

    “Um golo de vantagem e dois gajos a mais em campo…e a equipa tremeu.” — é isto mesmo que me fez confusão. Até parecia que estavam com mais receio do que contra 11.

    Está feito, siga o zporting que vai ser bem complicado também. :)

    1. Exacto…. O Sérgio não tem lugar numa equipa como o Porto. Uma equipa de Champions… Que seja emprestadado, mas que não fique no Porto.

  4. Como lembra um dos nossos blogs portistas, a Roma teve nesta eliminatória mais expulsões do que o Benfica durante um ciclo de 3 anos, o tri campeonato. O futebol é tão mais bonito quando é honesto…

  5. Boa análise :) Excelente vitória do nosso grande Porto e é curioso que também me lembrei desse grande golo do Hulk em Madrid :)

    Finalmente um jogo em que me pareceu que foi a defesa quem esteve melhor (sendo que é por norma o sector mais críticado, até por mim). Podiamos e deveriamos ter feito melhor após estar a jogar com 9.

    Vamos ver se a lesão do Maxi, não é um mal que vem por bem…. :)

  6. Tal e qual! Realço:”É este o Corona que podemos ver até ao final da época? Oh, Júpiter queira.”
    O ano passado também entrou a matar e depois apagou-se e muito. Mas sensação que dá é que este não é sol de pouca dura. Venham os lagartos, sempre difícil. Nem na era Godinho Lopes lá fomos vencer. Pelo menos agora já vamos mais confiantes do que é costume.

    Falta de jeito,
    peemrisco.wordpress.com

  7. Que grande vitória de todos… mas principalmente do Nuno (e sua equipa técnica). O que ele conseguiu fazer foi muito bom e o balão de oxigénio que conseguiu deve ser mantido por nós adeptos. Todos sabíamos o quanto seria importante este mês de Agosto e mesmo perdendo em Alvalade (o que não acredito) nada belisca este fantástico mês. Mas para termos uma época de sucesso é preciso que a SAD faça a parte dela. Incrível ontem como depois de estarmos a jogar contra 9 e a precisarmos de metermos um jogador para substituir Otávio, não tenhamos um único ala no banco, e as opções de ataque quase não existam, em 2016 os planteis do Porto tem sido de uma pobreza extrema e espero que esta semana haja os ajustes que o nosso Porto precisa e o Nuno fez por merecer. É urgente vender Indi, Brahimi, Aboubakar e Quintero e para além de Oliver, terá que chegar um bom médio ala e um bom central. Precisamos de mais opções válidas e isso parece evidente a todos.

    Só mais uma nota para a mudança de atitude que se tem notado neste Porto, é isto que nós estávamos habituados e é isto que nós exigimos.

  8. Entretanto perdemos o Maxi por algum tempo, num plantel que não tem plano b para as alas-defesa que não seja Layun.

    Não tendo sido um jogo perfeito, limitações no meio campo e disparates seguidos de André Silva, é inquestionável que pela 1ª vez em muitos meses vemos a equipa a melhorar. Até os centrais, parecem cometer menos asneiras a cada jogo que passa. E ena… 2 jogos sem sofrer golos.

  9. Que bom. Que bom que é ter o PORTO de volta.
    Raça, atitude e vontade de contrair as vontades e previsões sulistas…

    Habituem-se romanos. Habituem-se mouros. O Futebol Clube do Porto está de volta cada vez que “um” A. Silva toca na bola.

    E habituem-se “novos” adeptos do FCP… É desta fibra (e não de contratações estrondosas) que aqui se fazem os campeões…

    Parabéns Nuno por, ainda não percebi bem como, teres feito regressar sentimentos que não “via” nem “sentia” há muito.

    Não sei se foi a “falta de dinheiro” ou o Antero a “impôr-se”… Nem me interessa!
    O PORTO parece estar de volta…

    Obrigado Nuno!

  10. Jorge, tu que es do Porto cidade e que estas no pais tens que fazer um artigo de opiniao sobre o papel do Antero no FC Porto. Eu estou fora, nao tenho conseguido tomar o pulso a situacao, mas sou honesto, o individuo nao me cai no goto, profissionalmente falando. Exige-se uma cronica.

    1. exige-se mas não a vais ver aqui. aqui fala-se de bola, lá dentro do relvado ou então na minha cabeça. não conheço o Antero e até um dia o conhecer, não vou estar a mandar postas sobre assuntos sobre os quais não tenho informações :)

  11. Danilo continua a enganar, isso é mau. Todos os jogos o meio campo é uma auto-estrada, mas os adeptos só retêm os cortes providenciais, que não existiriam se se soubesse posicionar minimamente em campo. De resto, este é o Corona de uma equipa bem orientada, com linhas de passe. E este seria também o Brahimi, fosse ele opção. De longe, os dois melhores extremos do campeonato. Prescindimos de um deles porque temos muita equipa e centenas de soluções para o sector.

    Sérgio Oliveira não tem lugar na generalidade das equipas da 1ª Liga.

  12. E impressionante como o Sergio Oliveira foi de puto maravilha com clausula de rescisao de 30M a nao valer nada aos olhos dos portistas. Lembra-me o Diogo Viana que veio do Sporting cheio de rotulos e clausulas e agora nem se houve falar dele. O Danilo Pereira e bom jogador e com muitos mais minutos nas pernas do que a maioria dos que estao agora a titulares. O Ruben Neves que e um jogador fora de serie para o nosso campeonato, e nao e titular sequer neste momento. O Herrera que tem um futebol apatico-esquizofrenico e titular. Ui ui ui. Ainda ha muita coisa por definir neste Porto antes de se cantar “Vitoria, Temos Equipa”.

    1. O Sérgio sofreu do que todos sofrem… Sempre que aparece um jogador da B, que seja novo e tenha escola é logo o melhor do Mundo. E não é só no Porto. Nos outros clubes é igual. Os adeptos têm um gosto especial em ver jovens subir e isso tolda o raciocinio… Na verdade de todos esses jovens poucos são os que têm de facto valor para uma equipa A com a exigência do Futebol Clube do Porto.

      O Sérgio infelizmente não tem capacidade para mais. E mesmo o Ruben creio estar muito inflaccionado (mais uma vez por ter jogado com 17 anos na A). É verdade que circula bem a bola, mas os passes são na maioria para o lado… Dar profundidade já é mais raro de ver. Creio que é bom jogador, mas tem de dar o “salto”. Caso contrário será mais um que vai acabar nos Bragas desta vida.

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