Acho que ainda não caiu bem a ficha, mas parece que toda a gente anda a dizer que somos campeões europeus. E somos, pelo menos pelas palavras da minhas filha quando viu Ronaldo a erguer o troféu e me disse, com os olhos ensonados ainda que tingidos por um brilho especial (ou assim o vi): “a caneca é nossa?”. Sim, filha, a caneca é nossa. E foi nossa não porque tenhamos sido melhores que os outros a nível da qualidade do futebol. Mas fomos lutadores e assumimos um papel estranhíssimo que ainda não consigo perceber muito bem como conseguimos lá chegar: eficazes. Não é mentira, fomos mesmo eficazes.
Os meus parabéns a todos mas a quatro fulanos em particular: ao Éder, pelo golo que pode fazer dele o Kelvin da Selecção; ao Rui Patrício por um Europeu sem mácula; ao Pepe por ter sido o melhor jogador da selecção durante a competição; e ao Ronaldo, pelo papel que desempenhou principalmente quando esteve fora de campo. Foi um capitão de banco nesta final e já o tinha sido nos oitavos, nos quartos e nas meias. Poucos merecerão mais que ele.
Campeões da Europa. Realmente a minha geração de Portistas portugueses já viu os seus a vencerem quase tudo. Só falta o Mundial. Só.
Já vi a França ganhar sem jogar muito. Itália a ganhar sem jogar muito, Brasil a ganhar sem jogar um cú.
E já tinha visto Portugal a jogar muito e a nada ganhar.
Confesso que ganhar sem jogar muito dá na mesma um gozo do caralho.