Saindo de casa numa manhã de sábado e dizer: “bem, até logo, vou para a bola!”, normalmente implica que tome uma pose activa perante o desporto. É normal e já dura há mais de quinze anos, por isso o facto do futebol invadir o início do meu fim-de-semana não me é estranho. Mas acho que foi a primeira vez que disse isso à saída de casa e não levava saco nem equipamento. Apenas carteira, telemóvel e cachecol. E devo dizer que soube bem, especialmente quando espetamos quatro no Boavista que é algo que merece sempre destaque e um sorriso na face. Ah, e o André marcou. Finalmente. E ainda bem. Vamos às penúltimas notas da época:
(+) André Silva. Gostava de poder dizer que o seu primeiro golo no Dragão foi o último desta época e o primeiro de muitos outros. Juro que gostava. E só não acontece se o rapaz tiver azar ou se decidirmos vendê-lo mais depressa do que devíamos, porque temos aqui um puto cheio de vontade, de portismo e de talento, que trabalha de início ao fim e que já merecia este golo há vários jogos. Bem tentou durante a partida, com Mika sempre seguro a defender, mas incapaz de parar o arranque e remate perfeito que inaugurou o pecúlio do puto em casa. Um golo à Jackson, de um homem que é um ponta-de-lança para o futuro. O nosso, entenda-se. Parabéns, puto, mereceste a enorme salva de palmas que o Dragão te concedeu!
(+) Herrera. Não consigo perceber se quero ou não que Herrera fique no plantel depois deste final de época, onde mostrou que é o mais esclarecido de todos os médios/avançados do plantel. E se conjugarmos isso com o jogo entre-linhas, a forma como se desmarca e cria espaços para os colegas e a visão de jogo inteligente e ritmada…é difícil querer que saia. Por outro lado, a lentidão em tudo desde a execução do passe ao remate de primeira, as constantes distracções, o facto de nunca proteger a bola em condições…raios, vai ser difícil escrever sobre ti, Hector. Hoje esteve bem, mais uma vez.
(+) Ruben Neves. Quando entrou em campo notou-se uma quase imediata melhoria no toque de bola e acima de tudo na forma como o esférico foi rodado entre os nossos homens. Sempre com propósito, com peso, direcção e tensão certas. Salivo ao pensar nele como primeiro organizador de jogo da equipa, palavra.
(-) Corona. Aconteceu várias vezes durante o jogo estar a olhar para Corona e perceber que o imbecil mexia sempre no cabelo antes de controlar uma bola. E depois. E durante, enquanto eu pestanejava, aposto que o gajo lá enfiava a manápula na trunfa e a arranjava mais um bocadinho. E esse tornou-se o ponto focal da minha crítica para com uma das maiores desilusões da temporada. Porque Corona, apesar dos golos marcados e das assistências efectuadas, vale muito mais que isso e não o mostra. Admito que tenha muita falta de confiança e que seja um menino que cede perante a pressão mais facilmente que os outros, mas aqui não pode ser. E há que arranjar maneira de o motivar caso contrário teremos mais um talento enorme em subrendimento (cof…Quintero…cof).
(-) O Brahimi não tem culpa! Desta vez eu percebo os assobios. E aqui há uns tempos chateei-me porque Lopetegui não deu hipótese a André Silva para poder jogar dez minutos num jogo que estava resolvido, porque achava na altura que não custava nada e tinha evitado os assobios da bancada. Mas creio que este lance é diferente, porque é uma situação de golo. É algo que é ensaiado e meticulosamente treinado (espero!) e onde há uma ordem de marcação. Claro que podia ter havido um override da ordem e Peseiro podia ter mandado André Silva marcar o penalty para finalmente marcar um golo em casa, mas optou por não o fazer. E desta vez concordo com o treinador, porque a especificidade do lance assim o obrigou. E o desgraçado do Brahimi, que até nem estava a fazer um mau jogo, apanhou com a fúria da malta. Enfim, micro-injustiças.
Uma nota também para o público que esteve em bom número para uma manhã chuvosa e fresquinha de sábado. Gostei da experiência, devo admitir, apesar da troca de fino e bifanas por café e torradas. Não me importo de repetir isto no próximo ano.
O horário matinal acho que fez com que alguns adeptos tenham estado mais adormecidos – já li por aí que a primeira parte foi um nojo! – A segunda parte da primeira parte foi um nojo. A forma como a equipe entrou foi muito boa. Até ao golo! Mas depois, como estávamos com Varela em dia pouco e Corona a arrastar-se (e pentear-se) e já lá cantava um, entregamos o jogo. De resto uma segunda parte conseguida sobretudo após o lindo segundo golo…E com o R. Neves a música é outra. Vai chegar a Kroos ? talvez.
E o menino Chidozie quando se concentra faz uns passes a rasgar door-to-door muito bons…
E, não sofremos golos…