Baías e Baronis – Feirense 0 vs 1 FC Porto

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Há várias formas através das quais consigo conectar o meu cérebro para conseguir ver um jogo como o FC Porto fez hoje à tarde na Feira. Posso assumir que é um jogo de pré-época e viver nesse mundo alternativo; posso imaginar que afinal estou a ver os Bês e que se vão vingar da derrota de aqui há umas semanas; posso desistir e pensar que nunca mais vou ver um FC Porto pressionante, forte e à procura de mais que um mísero golo contra uma equipa de uma divisão inferior…qualquer uma destas serviria, mas vou por uma quarta opção: uma boa parte dos rapazes está cansada depois do equivalente a uma temporada praí de 1943/44 toda disputada num espaço de um mês. Não justifica tudo, mas ajuda a perceber alguma coisa. Vamos a notas:

(+) Danilo. Impecável. Uma força imparável no centro do terreno, foi o médio de melhor produção e acima de tudo pela constante presença na organização do jogo da equipa, tanto defensivamente como no início de criação de lances ofensivos. Falta-lhe ser um pouco mais consistente na subida com a bola, porque se conseguisse fazer o mesmo na posição oito que actualmente faz a jogar como seis, conseguiríamos enquadrá-lo com Ruben na mesma equipa sem perder capacidade ofensiva, o que não tem acontecido. Grande jogo.

(+) Helton. Três ou quatro excelentes defesas e a presença sempre constante pelo ar ou na recolocação rápida da bola em jogo, o “velhote” mostrou que continua em boa forma e dá confiança à defesa sempre que está em campo. Continuará a ser segunda opção atrás de Casillas mas não perdemos nada quando está em campo.

(+) Maicon (até aos 88 minutos). Esteve excelente no comando da defesa e na intercepção de lances ofensivos do Feirense, a jogar prático e simples, apesar da pressão alta sempre bem feita pelo adversário. Alguns passes longos falhados não mancham uma boa exibição. O que ia manchando era esse tal “coiso” aos 88 minutos, devidamente analisado em baixo.

(-) Jogadores de futebol ou gajos que jogam à bola? Compreendo que a malta até estivesse cansada e que quisesse manter a bola a rolar sem que tivesse de trabalhar muito para conseguir mais um ou dois golos, algo que estaria ao alcance de todos, os habituais titulares ou os suplentes. Compreendo perfeitamente que André Silva não tivesse jogado, ele que brilhou na segunda-feira naquele jogo cansativo contra o Sporting B debaixo de intensa chuva em Pedroso. Mas não compreendo a mentalidade de gestão com um golo apenas na frente, num estádio adverso com tantas possibilidades de falha como havia hoje. E não compreendo a permanente horizontalização do jogo, sem vontade, sem rasgos nem consistente futebol ofensivo. É aborrecido, demasiado aborrecido ver este FC Porto a jogar à bola e nestes jogos ainda se nota mais a falta de moral e de vontade de vencer que muitos rapazes mostram em campo. Aposto que a maioria está à espera que o jogo termine para poderem ir descansar um bocado ou para se livrarem dos assobios. Guess what, dudes? Se continuarem a jogar assim, não se livram, garanto.

(-) Afinal para que é que serves, Tello? Uma nulidade que fez com que tivesse saudades de Varela, mesmo depois daquela exibição absurda do Silvestre contra o Angrense aqui há umas semanas. Tello em 2015/2016 tem tido um rendimento aproximado de um bulldozer a jogar mikado ou de um gafanhoto a carregar uma arroba de batatas de uma só vez. É inoperante, incapaz de um drible de progressão e servindo simplesmente como uma das paredes mais caras que já colocámos em campo na nossa história. Recebe a bola e de primeira endossa-a de volta para o rapaz que lha colocou nos pés. E é isto. Mais nada. Nem um pique, um remate, uma lance que se possa recordar mais tarde para tuitar alegremente com a hashtag da moda. Lembrar-me que saiu da Masia é ainda mais enervante.

(-) Aquele lance aos 88 minutos. O lance a que me refiro, que aconteceu perto dos 88 minutos, é apenas a confirmação da Alexsandrização do FC Porto em grande parte destes jogos. A molenguice, os excessos de confiança, as trocas de bola com passes pouco tensos, na iminente perda de bola quando esses passes não chegam ao destino da melhor forma ou quando um ou outro jogador treme um bocadinho em posse. Com um relvado que parecia cimento pintado de verde e castanho, a bola em constante ressalto no solo…temi que pudesse haver uma chatice. E aparece Maicon, a tentar picar a bola para não a mandar para as couves, dando origem ao que poderia ter sido o golo do empate e mais uma situação de mãos na cabeça para Julen e amigos. Valeu São Helton.


Quartos-de-final da Taça não é mau de todo. Passar às meias ainda vai ser melhor. E a final, upa upa. E ganhar? Isso é que era. Ainda assim, trocava isso tudo pelos oitavos da Champions.

7 comentários

  1. “incapaz de um drible de progressão” a afirmação sobre Tello é extensível a quase toda a equipa. Tirando Brahimi, Corona e André André não existe ninguém que tente furar, em vez disso o jogo é baseado em lateralização mesmo nas transições ofensivas rápidas. Posto isto considero que a culpa não seja só do Tello, mas em grande parte do sistema de jogo. Os jogadores não assumem o risco e preferem jogar pelo seguro (para o lado).

    Abraços

  2. A par dos jogares também os adeptos desmotivam. Já nem vale a pena falar de mais nada.

    Grande jogatana em Braga! Duas equipas que procuravam o golo.

  3. nao concordo com a troca plos oitavos Jorge…
    campeonato e taca teem sempre de ser objectivos, ainda pra mais esta taca ja sem scp e slb…..se continuarmos com “sorte” no sorteio, um nacional-braga, encarregar se a do resto
    nao tamos nos 8s da champions, paciencia.
    temos de ostar que se estivessemos que tb ganhariamos a este Dortmund
    nessa altura ou ja estamos melhor (no vai) ou entao estaremos pior (no racha), pq esta situacao intermedia e’ desesperante
    Manu

  4. Ontem, para descansar o Maxi, e como não há mais lateral direito nenhum, jogou o José Angel, o que logo quiz dizer que numa equipe que se apoia no jogo pelas alas, não ter um lateral que saiba centrar e sobretudo que não faça recuar a bola sempre que esta lhe vai aos pés, que se ia jogar coxo…
    – entretanto, também li a pedirem para jogar o Cissokho… mas parece que anda com dor crónica de dentes…
    O Varela, que não gosta destas coisas de jogos para as taças – ou tem pânico dos “baronis”, ou que o Jorge tenha saudades dele – resolveu logo a questão, com uma mialgia de esforço!… hehehe, valha-nos a ironia…

    E, com isto referi 3 jogadores belíssimos de grande profissionalismo que fazem parte da mais forte equipe do porto nos últimos tempos… esqueci alguém? Há o tal que saiu de la Masia ! …

    ( Quanto ao jogo de ontem, e agora sem ironias, interessava era passar !)

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