Baías e Baronis – FC Porto 1 vs 0 SL Benfica

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Na altura em que André recebe a bola de Varela, deixei de conseguir ver o lance e só conseguia imaginar a bola dentro da baliza. Na altura que a bola entrou, já estava no ar, a saltar de braços erguidos para o céu e a agradecer que o “velhinho” pai tivesse conseguido gerar um filho que nos desse, tantos anos depois, uma alegria tão grande. Um jogo complicado, com duas partes distintas em que houve uma equipa que tentou vencer (nem sempre bem) e outra que quase nos impedia de o fazer. Um clássico à antiga e uma vitória que só podia ser nossa para vingar a injustiça do ano passado. Sigamos para as notas:

(+) André. Pois ora então cá vamos: GRANDE! GRANDE! Encheu o campo todo, percorrendo quilómetros num papel bem mais condutor da bola do que estaria à espera, arrastando defesas e procurando quase sempre perceber onde podia colocar a bola para o avançado mais próximo. Falha poucos passes e perde poucas bolas porque usa bem o corpo e tem uma invulgar capacidade de retenção da bola de costas para a baliza enquanto espera pelas subidas dos colegas e recua como um João Pinto na ajuda à defesa. Aqui vai disto: se no ano passado tivéssemos comprado este rapaz em Janeiro e ele estivesse nesta forma, talvez tivéssemos conseguido ser campeões. Marcou um golo que não vai esquecer tão cedo e ninguém mereceu mais que ele.

(+) Casillas. Duas estupendas defesas na primeira parte depois de dois lances pelo ar que a defesa, mais uma vez, não conseguiu contrariar. Mostrou, mais uma vez, que entre os postes é um guarda-redes ágil e com excelentes reflexos. Apenas uma falha num pontapé para a frente que lhe saiu mal.

(+) Ruben Neves. Mostrou que um trinco não precisa de ser um animal de força e de estatura para poder jogar com fibra e garra naquela zona, empenhando-se sempre a 100% na disputa das bolas, tanto aéreas como rasteiras. Estupendo na rotação de bola para as laterais, é um jogador sempre de cabeça levantada à procura do melhor que pode fazer, optando tantas vezes bem por não fazer o quase impossível para se manter pelo exequível. É titular por mérito próprio.

(-) Estratégia no arranque. Lopetegui entrou como tinha feito em Kiev, com dois avançados e André encostado à linha, provavelmente para ajudar Maxi a parar Gaitán. Ou seja, entrou a medo. Acabou por mudar a estrutura aí pelos 25 minutos porque o Benfica tapava muito bem o meio-campo e as alas não rendiam como era esperado (que grande jogo do Nelson Semedo a tapar Brahimi). A somar a isto, um espaço ENORME entre Ruben/Imbula e os jogadores da frente faziam com que o médio que pegava na bola pelo centro apanhasse um magote de vermelhos e quatro homens abertos lá na frente. Não funcionou e Lopetegui demorou a perceber isso.

(-) Bolas paradas defensivas Mudam os anos, mudam os treinadores e o problema mantém-se, como um primo que bate à porta na altura do Natal a pedir esmola para os jeovás. Com mil petardos, não há de haver uma forma de conseguirmos aprender a defender bolas paradas?! Os grandes lances de perigo do Benfica surgiram deste tipo de lances e é algo que me arrelia profundamente perceber que sempre que há um livre ou canto contra nós, aqui d’el Rei que lá vou eu roer as unhas, mas quando temos alguma coisa parecida do outro lado do campo, lá vou eu beijar a camisola e rezar a mil santos para a bola ir parar perto de um gajo de azul-e-branco. Treino específico, todos os dias.

(-) Soares Dias Fica já assente: eu também acho que o Maxi devia ter recebido dois amarelos. Aliás, ando a dizer isto há sete anos. Mas o problema de Soares Dias não foi (apenas) esse. Foi a forma como permitiu o anti-jogo do adversário desde o início do jogo, compactuando com as atitudes absurdas de Eliseu, Samaris, André Almenda, Gonçalo Guedes e companhia, constantemente preocupados em parar o jogo, agarrar a bolinha depois da marcação de faltas, atirar a bola para dentro de campo depois de sair pela linha lateral…este tipo de postura que já nos habituou há que tempos e que continua a passar sem que um árbitro lhes faça ver que esta merda é para jogar, não para arrastar. Soares Dias, com a complacência que mostrou, ajudou a que o jogo ficasse (mais) feio.


Uma vitória contra o Benfica é sempre motivo de felicidade e esta soube bem, especialmente por ter vindo numa altura em que já tudo parecia encaminhar-se para um triste empate. Ufa.

16 comentários

  1. Jorge não é preciso treino específico todas as semanas. Basta defender as bolas paradas com marcação zonal em vez de homem a homem.
    Por falar nisso, pode ser cedo de mais mas vendo o Porto em andebol, que diferença faz quando se muda a forma de defender de hxh para zonal mesmo noutro desporto que não futebol.

    1. Muito isto.
      É para mim o grande problema do Porto de Lopetegui, e parece-me que está pior que o final do ano passado. Quando temos 65% de posse de bola é um problema menor. É possível que seja uma opção consciente de Lopetegui, gastar mais tempo a trabalhar o jogo em posse e a recuperação, e como estratégia na organização defensiva recorrer ao HxH (em bolas paradas e em jogo corrido), que é muito mais fácil de aplicar. Mas mais cedo ou mais tarde ele vai ter de perder tempo ai, assim operacionalizar melhor a organização ofensiva.

  2. Finalmente vi o Casillas a mostrar o que e ser Casillas, porra. Finalmente vi o Lopetegui a vencer ao Benfica. E acredito que com o deslize de hoje do Sporting (salve Iemanja, salve Sarava) vamos ter um campeonato nao facil, mas a olhar sempre para baixo.

  3. O lance entre Maxi e Jonas nao tem falta nenhuma, rigorosamente nenhuma. Alias, se aquele lance fosse falta os jogos da premier League acabavam com 3/4 jogadores. O teatro nos jogos ibericos e mais que muito. A mao na cara do mitroglou, sem querer andar a defender o Maxi, nao tem falta rigorosamente nenhuma, o jogador esta a fazer a sua progressao combativa. Nao sou de defender por defgender, mas acho que o maxi nao esteve mal em nenhum dos lances.

  4. Concordo com quase tudo. O que me irrita na equipa e tentar sair com fintinhas de merda e depois perder a bola. Na primeira parte fomos meninos. Imbula e Brahimi oara mim levavam Baroni tal nao foram as vezes que nao deu merda por sorte. Grande segunda parte e ja tinha saudades de limpar um classico.
    Ruben e Andre… GRANDES!!!!!

  5. Boas Equipa,

    Sim sra, Enorme André André, principalmente porque não foi só o golo, todas as jogadas de perigo tem o pé dele.

    1º parte pendeu para o benfica, 2º parte totalmente do FCP e por isso acaba por ser um resultado justo. Não consigo acrescentar nada ao que já disseste nomeadamente o imbula ter a bola no meio campo e estarem logo 4 marmelos do benfica em cima.

    Baroni ao brahimi porque não me convenceu. Achei-o trapalhão como de costume mas ainda mais guloso do que é costume… não centrou uma única vez decentemente. Bom, mas também já ganhei um asco ao tipo desde a epoca passada, por isso posso não estar a ser isento.

    Uma coisa que acho estranha jogadores como o Corona e o layun(?) serem titulares já, mas não é deste jogo é chegaram e foram logo para o 11 titular praticamente. Então e o tello ? e o Cissoko ? Os novos estão cá há 2 semanas … no máximo 3. *no compreendo*

  6. Concordo com os comentários acima. Brahimi anda a anos luz do que pode e deve fazer. Tudo bem que teve sempre 2 policias em cima mas quando teve espaço para decidir, escolheu muitas vezes mal. A única vez que o fez bem acabou em golo.

    Enorme jogo de Aboubakar. Aliás a continuar assim ninguém se vai lembrar daqueles gajos colombianos que jogaram ali antes dele.

    Tive pena de ver o Corona a entrar de inicio. Este é que era o jogo para ele entrar do banco quando os lampiónides já esivessem todos rotos. De momento é o nosso melhor extremo.

    Casillas excelente entre os postes mas ainda com muito trabalho para fazer no entrosamento com os defesas à sua frente. Especialmente com Maicon que continua com laivos de bipolaridade exibicional.

    Finalmente uma palavra para Layun: à muito tempo que não tinhamos um lateral esquerdo com facilidade de remate à meia distância. Tentou, sem sucesso é verdade, mas se o deixarem tentar mais vezes há de dar uns pontos à equipa. Especialmente contra os autocarros na Liga.

    Neste momento falta apenas uma cabeça que pense o ataque. Será o André? O que se passa com Bueno?

  7. *clapclapclap* um aplauso especial da minha parte para o Varela, que tem passado um pouco despercebido nas discussões sobre o jogo, e no entretanto foi muito por culpa da sua criatividade que este se resolveu. imaginem as reacções se este toque fosse do Gaitan!

    muito bons momentos de facto do André^2, não só o golo. acho que ainda está numa idade em que tem muito potencial para crescer e que vai aprender muito com o Lopetegui. no entanto concordo com o Nuno do entre10 que (como sempre no futebol mediatizado) há actualmente alguns exageros nos elogios (parece que tudo tem de ser sempre ou 8 ou 80). claro que não concordo nada com ele no que diz respeito ao trabalho do Lopetegui — ainda estamos no início da época, as mudanças foram enormes, e o Lopetegui demonstrou o ano passado que sabe fazer crescer um conjunto. a certos treinadores parece que se deve de exigir que tudo esteja operacionalizado em 48 horas.

    o que adoro mesmo no André André é que conseguiu sentar o Herrera.

      1. devo dizer que gosto de ler o Nuno que sabe sempre tudo. é que o gajo sabe mesmo muito da bola (mais do que os tipos do lateral esquerdo p.ex., que ainda assim sabem astronomicamente mais do que toda a lamentável manada de “peritos” televisivos e jornalisticos que este país alimenta). é só preciso saber uma coisa desse pessoal: são ideólogos puros (assumidamente, como se vê num comentário do Nuno: “Claro que tais treinadores não são grandes treinadores, pois modificam as ideias que têm consoante o contexto que encontram”; aliás, o gajo é um autêntico “estalinista do futebol apoiado”: “o futebol praticado é horrível […] e só provoca emoções naqueles que não sabem que emoções devem ter” — hilariante!), e como qq ideólogo correm o perigo de perder o contacto com a realidade . na cabeça deles, só uma coisa funciona, só um tipo de jogador funciona, só há uma espécie de talento (e, em particular, só um treinador que é o melhor cá da terra). mas a favor (a meu ver) eles têm um ponto que pesa e muito no ambiente reinante dos debates acerca da bola: eles pensam com a cabeça própria (até aonde ela chega, claro. mas isso acontece-nos a nós todos). cá para mim, antes os ideólogos empedernidos com os quais posso aprender alguma coisa descartando outras, do que os habituais produtores de blá-blá.

  8. O André só tem este filho?
    Sou apologista de uma petição para o “obrigarem” a ter mais Andrés.
    Para mim o que mais me impressionou no miúdo foi após 90m de “gás na tábua” vê-lo no final com-ple-ta-men-te sem ar. Se duvidas houvesse de que havia dado tudo em campo melhor se notou na flash. a falta de oxigénio no cérebro, pois até se referia a ele na 3ª pessoa. Mas lá está, rapidamente recuperou e saiu-se com um enorme soundbyte que aqueceu e arrepiou qualquer portista (fogo, lembrei-me e arrepiei-me novamente!): “Fazer um golo num clássico pelo clube do meu coração foi sempre o que sonhei”.

    Vejo um enorme futuro para este rapaz, que tão bom jogador é que o pai, logo percebeu que seria melhor bisar no nome!

  9. Sem querer faltar ao respeito a ninguem, mas o Nuno do Entre Dez foi das pessoas mais gozadas no blog Jogo Directo pelos comentarios bizarros que la debitava. As opinioes dele sao genuinas, mas completamente desprovidas de conhecimento. E um tipo que quer porque quer que respeitem as suas ideias, sabe combinar bem umas palavras, mas depois cai em falacias que valha-me Deus. Um dia o Filipe Vieira de Sa (esse sim um senhor bloguer) cansou-se do gajo e disse-lhe isto “Desculpa la Nuno, mas ate ter a certeza da tua sanidade mental nao vou comentar as tuas opinioes”. Quem responde assim e de luxo. Quem e respondido assim deveria ter cuidado com o que diz.

  10. Fui visitar o link do blog entre dez que não conhecia. Não consegui acabar de ler o texto todo. É tão ridículo, tão absurdo, tão narcísico que, confesso, não consegui acabar de ler. Não volto lá.

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