Olho para trás e revejo uma lista que fiz há meia-dúzia de meses, quando Herrera atravessava uma fase má na sua carreira pelo FC Porto. Não que a presente esteja repleta de lantejoulas e videos no youtube feitos por adolescentes entediados, mas as expectativas pós-Mundial deixaram o povo a salivar como um cão raivoso e o mexicano falhou em corresponder aos desejos da turba.
Mas reparo nos nomes que por ali andam e olho para Moutinho, Meireles ou Maniche (porra que houve muitos émes!) e não consigo deixar de sentir uma certa nostalgia. Há qualquer coisa que falta no Hector quando comparado com esses três grandes nomes do nosso passado recente e os que mais brilharam com a nossa camisola no século XX. Falta sempre um pouquinho extra, e aquele pedacinho de talento que Herrera parece ter a mais a nível do controlo de bola e da movimentação táctica empalidece quando comparado com a dinâmica introduzida ao jogo por qualquer um daqueles três monstrinhos quando tinham a bola em seu poder. Com Maniche havia um excesso de velocidade, agressividade em qualquer contacto e sentido prático no remate. Moutinho, mais delicado, pausava o jogo e arrancava quando o timing era precisamente o adequado, rodando a bola e organizando o jogo como poucos vi a fazer até hoje; já Meireles deslocava-se mais no terreno naquela estruturação de área a área (só para não usar Box to Box e não te lixar o nome do artigo, toma lá @sergiolpereira!) que libertava Lucho e ajudava Assunção e Fernando a livrarem-se da primeira linha do ataque adversário pelo centro. Herrera tem um bocadinho destes três, polvilhado por aqui e por ali, mas tem muito mais de alguns outros mais para trás. Muito de Lipcsei e muito também de Valeri, que os de fraca memória nem recordarão que chegou a ser titular com Jesualdo em 2009/10. É na lentidão ao executar que Herrera mais transforma um adepto que o está prestes a aplaudir em mais um pontapeador de cadeiras alheias, no estádio, em casa ou no café. Há cadeiras que nasceram para serem pontapeadas em certas alturas, não se esqueçam.
Herrera peca nisso mesmo. Movimentações em círculos perto do centro aparte, a forma como consegue arrastar o jogo naquele estilo estranho que se categoriza como “olha-que-eu-estou-quase-a-cair-mas-quase-mesmo-e-já-viste-que-ainda-não-malhei-com-os-dentes-no-chão-pumba-passei-a-bola” é interessante e traz uma imprevisibilidade ao jogo que nos beneficia. Mas em posição decisiva, quando pode fazer alguma coisa que afecte directamente o resultado da partida, Herrera treme e a equipa treme com ele.
Gostava de o ver mais decidido, mais rápido a executar, a pensar à Lucho com três ou quatro toques/movimentos de antecipação. Não preciso que seja mais bonito, só que seja mais rápido. Só tínhamos a ganhar com isso.
o que eu desejo ao Herrera é que ele faça o contrato da vida dele com algum clube inglês (não dará para um campeonato mais exigente do ponto de vista táctico, ou seja, qualquer outro) no fim da época, e que liberte o lugar que tem ocupado, indevidamente quanto a mim, no nosso meio-campo para alguém que saiba jogar a bola. que se chame Sérgio Oliveira, Evandro, André André, Quintero, até Tó Zé ou Josué, tanto me faz…
não é a culpa do rapaz de se ter tornado um investimento financeiro em campo, mas eu quero ver é futebolistas nessa eterna camisola azul-e-branca.
Discordo um pouco da análise. Concordo com a lentidão de processos do Herrera mas acho que isso advém das suas dificuldades técnicas. Ou seja, enquanto o Moutinho com a recepção já estava a progredir para onde queria ou até a fazer passes de primeira, o Herrera tem dificuldades em “matar” a bola e só depois começa a pensar no que lhe vai fazer. Herrera é mais lento a executar e a pensar que Moutinho e Maniche. Para Meireles não perde muito mas ele é o mais fraco dos três M.
é mais lento que todos, até o Meireles era mais rápido…e duravam o mesmo tempo ;)
Acho que a diferença é fundamentalmente morfológica. E passo a explicar.
Herrera, tem à vontade, mais 10/15 cm que Maniche e Moutinho, deve ter uns 80kg, e os outros uns 70, e tem aquele estilo de corcunda de Notre’DHamme, que não é bonito de se ver.
É mais forte fisicamente, mas tira-lhe agilidade, e velocidade de processos em relação ao que já lá tivémos.
Acho que não se pode comparar o incomparável, ele é bom jogador para aquilo que o Lopetegui quer, por isso é que é imprescindível no esquema do espanhol.
É um pequeno tanque que anda ali, mas nunca será Maniche, Moutinho, ou Meireles.
Não tem a inteligência deles os 3 (que fizeram fraquezas, forças), mas também dá uma intensidade fortissima ao jogo, que ás vezes passa despercebida.
Abraço
Eu como sou do contra, acho que o Herrera até pode ser muito bom rapaz, mas estava bem era no banco. Dói-me o coração sempre que ele não se dá à linha de passe, sempre que ele faz uma “não-recepção”, sempre que ele faz contenção com os olhos (vide, por exemplo, golo do Basel), sempre que ele perde tempo e não faz o passe certo, mas sobretudo sempre que ele martiriza a bola e lhe espeta aquelas tamancas de “incontra” a mesma, passando-a ao adversário.
É uma embirração pessoal e continuo a não perceber, mesmo tendo boa vontade de entender o que ele dá ao modelo de Lopetegui, como é que Evandro (CRAQUE) tem tão poucos minutos e Herrera tem tantos. Não digo que Evandro fosse titular em detrimento de Herrera, mas porra, dê-lhe mais minutos e tire o mexicano. Óliver é deus, por isso nem entra para as contas.
Resumindo, se o Herrera se chamasse Merrera era um craque.
merfeito!