Baías e Baronis – Moreirense 0 vs 2 FC Porto

245443_galeria_moreirense_v_fc_porto_primeira_liga_j20_2014_15.jpg

Um jogo com menos história que um pastor apanhado com as calças em baixo atrás de uma ovelha na borda de um precipício. A vitória nunca esteve em questão, e deu a ideia que mesmo que a equipa tivesse começado a jogar de samarra e de pantufas com cãezinhos peludos para se resguardar do fresquinho, um ou dois golos entravam lá para dentro com maior ou menos dificuldade. Houve vários destaques, mas mesmo entre o empenho de Quaresma e a qualidade de jogo colectivo de Casemiro, somados à solidez de Marcano e (finalmente!) ao bom jogo de Alex Sandro, a viagem a Moreira de Cónegos foi, numa palavra, olvidável. Vamos às notas:

(+) Casemiro. Um dos responsáveis pela quase completa ausência de jogo interior do Moreirense (o exterior também não foi nada que mereça um telefonema para a mamã, mas enfim…), porque o brasileiro esteve em todo o lado e recuperou montes de bolas na nossa zona defensiva. Um golo merecido pelo trabalho que fez durante a partida, pela forma como soube ser inteligente e usar o corpo para facilitar a sua própria tarefa. Sempre que Ruben Neves cresce num jogo, Casemiro aparece melhor no jogo seguinte. Não me parece coincidência.

(+) Quaresma. Decalco com algumas alterações, o que escrevi sobre ele no jogo contra o Marítimo: “Foi inconformado com o resultado do início ao fim e nunca deixou de tentar furar a barreira defensiva do Marítimo Moreirense pelo ar ou pela relva. Nem sempre bem na decisão final dos lances, foi pelos seus pés que nasceram algumas das mais perigosas jogadas de ataque e só por algum azar (e um excelente dia de Salin) (e a insistência nas trivelas) não conseguiu marcar assistir pelo menos um golo.”

(+) Maicon e Marcano. O espanhol raramente concedeu um milímetro pelo ar e foi sempre um jogador firme e seguro na intercepção de bolas potencialmente perigosas para Fabiano. Já o brasileiro pareceu bem melhor que noutros jogos com o mesmo coeficiente de dificuldade (ou seja, quase nulo) e soltou a bola com maior assertividade, menos brincadeira e maior sentido prático. Não sei se a dupla se vai manter durante muitas semanas, mas gostei do entendimento entre os dois.

(+) Alex Sandro. Firme na subida pelo flanco, fez um jogo bem acima do colega do outro flanco, que parece estar num imenso decréscimo de forma nos últimos jogos. Apoiou sempre bem Quaresma ou Tello (ou Óliver ou Brahimi…) e nunca baixando o nível físico e de arrogância positiva, foi um dos elementos mais em destaque. Tenho saudades de ver um remate dele à baliza.

(-) Chuta…oh pá, chuta…CHUTA A BOLA! Brahimi, que não é conhecido pela sua simplicidade de processos e sentido prático, aí dois segundos e meio depois de ter entrado em campo estava a mandar uma biqueirada para ver se conseguia marcar. Entretanto, já Herrera e Tello tinham desperdiçado oportunidades de remate em posições que podiam dar golo, optando sempre por fintar mais uma vez ou por procurar lateralizar quando a baliza estava ali prontinha para receber uma bolinha de couro nas redes. Acontece tantas vezes que começo a achar que os rapazes não cortam as unhas dos pés e têm medo de as partir se rematarem muitas vezes em força.

(-) Passes longos, mais uma vez. Devemos ser a única equipa do mundo com simultaneamente mais posse de bola e maior número de passes longos. Não entendo a quantidade de passes longos que se continuam a ver nos jogos do FC Porto. E se percebo a necessidade de o fazer quando o jogador está apertado e em risco de a perder, custa-me mais assistir a estas inglesices quando há jogadores no meio-campo que podem continuar a jogada com a bola na relva e a transição com menos velocidade mas mais precisão. Espanta-me como Óliver e Herrera optaram várias vezes por essa alternativa (falhando alguns dos passes longos que tentaram), se têm terreno à sua frente para onde podem progredir. Podem achar que é uma forma de variar o tipo de jogo e de criar desequilíbrios rápidos. Eu chamo-lhe preguiça.


Três pontos, mais algum tempo para descansar e um domingo para ver o derby lá de baixo no sofá. Vitória para o Benfica é mau. Empate é meh. Vitória do Sporting é jeitosa. Lagartagem, vamos lá ser amigos cá do povo!

6 comentários

  1. curiosamente até não achei tão desinteressante o jogo, sou capaz de concordar com o Lopetegui que o Moreirense é uma equipa com alguma organização. eles também reagiram a seguir ao intervalo (deu para ver o Fabiano em acção, lembro-me sobretudo duma boa saida ao avançado isolado), que só com a entrada do Evandro se estancou. devia ter ido a Moreira…

    e os passes longos… bem, chamem-me louco, mas a mim às vezes as tentativas de combinações rápidas envolvendo mudanças de flanco e passes “de meia distância” fazem-me lembrar os tempos de… Mourinho! (claro, não estou a falar das bolas verticais pra zona do Jackson que acabam nos braços do guarda-redes. desperdício.) começa a desenhar-se uma variabilidade no nosso jogo que me agrada muito.

  2. Os passes longos são fáceis de explicar: – ausência de jogo ofensivo entre linhas, alimentando o ataque só pelas alas. Se o adversário se ajusta bem à circulação de bola do FCP e bascula sem se desorganizar, o acesso às faixas laterais fica tapado. Nessa situação, quem sai da 1ª fase de construção – sobretudo Maicon ou Casemiro – só encontra a solução do passe longo. É o modelo de jogo de Lopetegui.

    Frente ao Paços viu-se um pouco de jogo interior e julguei que o nosso mister estivesse a pensar numa alteração de modelo. Mas este jogo desenganou-me. Diante uma equipa com outros recursos, passaremos sempre grandes dificuldades ao aplicar este sistema castrador, que limita o ataque e favorece perdas de bola em zona proibidas.

    Hoje jogam dois adversários directos, como se diz no post. Dois adversários que têm piores jogadores, mas, na minha opinião, modelos de jogo melhor ajustados aos seus recursos. O Benfica até pode perder pontos; se formos à Luz jogar desta forma só por coincidência teremos resultados positivos. O mesmo na recepção ao Sporting. Ainda tenho esperança que Lopetegui seja iluminado pelo bom senso e comece a explorar zonas do terreno fundamentais, e que insiste em ignorar com notório prejuízo.

  3. Acho que o Lopetegui, deveria transmitir aos jogadores tentar evitar cantos contra os adversários, porque perigo de golo não criam nenhum, aliás só arriscamos a sofrer golo do adversário em contra ataque.
    Raiz parta tanto canto e dai não sair nada de jeito…..

    1. “Acho que o Lopetegui, deveria transmitir aos jogadores tentar evitar cantos contra os adversários”
      Do tipo, manda ao poste para evitar o canto??? :)) ohhh é melhor nao se nao ainda metem a bola na própria baliza!
      (brincadeira)

  4. É verdade que as bolas paradas podiam dar mais qualquer coisa, mas não é tão mau como pintam… Não é fácil marcar de bola parada. Há dias ouvi uma estatística da Premier League, segundo a qual um golo de canto ocorria a cada 100 cantos!

    De todo o modo, o 2º golo ao Moreira foi originado por um canto… O Casemiro não tem por hábito aparecer ao 2º poste em lances de organização ofensiva, penso eu de que!

Deixar uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.