Discuto muito com os meus colegas de bancada durante o jogo. Um dos temas que foi mais analisado neste sábado foi a questão da contínua opção pelas jogadas combinadas em detrimento do remate pronto. Passamos o intervalo e boa parte do segundo tempo a discutir a falta de sentido prático dos jogadores do FC Porto à entrada da área, sendo que a conversa foi animada e focou-se no porquê de tantas situações serem criadas sem que resultem num remate pronto e decentemente apontado à baliza adversária. O meu colega de sempre, que aqui é habitualmente conhecido como Waldorf (e eu o Statler, em homenagem aos velhos dos Marretas), insistia que era absurda a quantidade de bolas desperdiçadas quando um gajo se apanhava em frente à baliza com um mínimo de espaço e insistia em rodar a bola para o lado ou em dar mais um toque ou fazer mais um passe, mais uma tabelinha, mais uma finteta ou mais uma berlicoquice inconsquente. Ele, o adepto do pragmatismo e do futebol acima de tudo eficaz, não lhe interessam os gestos técnicos, os dribles perfeitos ou as combinações ao milímetro. Quer remates. Quer que os rapazes sejam práticos, eficazes, sem brincadeiras.
E a segunda parte deu-lhe razão, tanto no início como no final, porque a abertura com o golo de Óliver e o fecho com o de Evandro mostraram que nem sempre o passe a rasgar ou o cruzamento recuado são as melhores opções. Às vezes, mais vale puxar a culatra atrás e dizer: “Aqui vai aço!”. Teríamos muito a ganhar com isso.