Ninguém esperaria um resultado que fosse muito diferente do que atingimos hoje frente ao Setúbal, mas aposto que muitos, como eu, estariam à espera de algo um pouco mais substancial. Uma declaração de honra, de uma arrogância que ainda deveria existir e de uma manifestação de pujança física e mental que mostrasse aos adeptos que a equipa está viva, que manteve a dinâmica e a vontade de continuar a evoluir e a crescer como formação, fiel à identidade que quis transmitir desde o início da temporada. E o que tivemos foi um esforço mínimo para atravessar um oceano de complicações que não me deixa feliz. Apenas resignado. Vamos às notas:
(+) Óliver. O motor da equipa mostrou hoje o quão importante é para a manobra ofensiva em campo, pela dinâmica que transmitiu aos colegas, a constante procura da bola, a simplicidade de movimentos e de endosso da bola pela melhor zona possível, com uma tremenda facilidade de encontrar soluções que tem naqueles minúsculos pés sobre os quais assenta o seu também minúsculo corpo. Mas minúsculo não é a capacidade de criação de jogo e de manipulação das zonas tácticas no plano de ataque da equipa, onde Óliver, quando deixado sozinho, é rei. Puto, sim, mas um puto cheio de talento.
(+) Danilo. Não teve o melhor jogo do ano, mas fez por isso. Intenso nos duelos, foi sua a correria que deu origem ao primeiro penalty, depois de uma excelente desmarcação de Herrera. Nunca teve problemas defensivamente mas procurou sempre o entendimento com Quaresma pela linha (também muito activo e empenhado…quem diria que ainda veria este mesmo rapaz de novo a ajudar na defesa…) e nas deambulações por zonas mais centrais. Bem, mais uma vez.
(+) Campaña. Simples, sem inventar, foi exactamente o que precisávamos…até que deixámos de precisar dele, saindo de campo numa altura em que já não estava a ser útil à equipa, não por estar a jogar mal mas pela pura ausência de perigo, pressão e futebol em geral da equipa do Setúbal. Bom controlo curto da bola, jogador de recebe/passa e mais parecido com um trinco à antiga, pode não encaixar bem em todos os jogos e em particular no modelo de Lopetegui, mas serve perfeitamente para ir rodando com Casemiro e/ou Ruben.
(+) Penalties marcados. Marcamos dois penalties. Dois. Em duas tentativas. É certo que um foi apontado contra um guarda-redes “de campo”, mas entrou. Entraram dois. Deve ser histórico.
(-) Acordai! Houve demasiados períodos de passe para trás, naquelas tabelinhas imediatas de primeira que me incomodam porque o jogador nem sequer se preocupa em saber se pode receber para progredir no terreno. Salvando-se Óliver, Quaresma e Danilo, houve um Alex Sandro a falhar no passe de uma forma constante, um Herrera distraído e muitas vezes mal posicionado, houve Indi sem saber muito bem o que fazer à bola, Jackson preso no meio de homens de roxo sem conseguir apoio, contra-ataques falhados de forma incompreensível e uma apatia generalizada que incomodou toda a gente pela incapacidade de sair daquele esforço mínimo. A primeira meia-hora da segunda parte foi sintomática da falta de inteligência emocional desta equipa, que hoje não teve ajuda da parte do treinador, que gritou continuamente para dentro do campo mas foi incapaz de transmitir aos seus jogadores, tanto pela retórica como pelas substituições, uma dinâmica vencedora que se traduzisse num resultado que acabou por ser, fruto de alguma sorte e da infeliz ausência de qualidade do adversário, tão grande quanto seria exigível. Depois da derrota com o Benfica, só tinham a ganhar em mostrar-se com vontade de dizerem: “Estamos aqui e estamos prontos para o que vier por aí! Semana passada foi só uma pedra no caminho, vão ver que estaremos sempre confiantes e dispostos a dar tudo!”. Não vi isso. Só vi malta tristonha em campo.
(-) Tello, quando lhe aparece um adversário pela frente. Algo se passa dentro da cabeça do Cristian depois de correr uns vinte ou trinta metros e quando se vê perante um oponente que lhe barre o caminho. Enquanto vê verde pela frente, tudo está razoavelmente bem porque é trapalhão mas rápido e ultrapassa em corrida os contrários com alguma facilidade. Mas coloquem-no numa situação de 1×1 e temos o cliché do veado em frente a um par de faróis, usando a metáfora anglo-saxónica. Para um gajo que veio das escolas do Barça, esperava melhor decisão nos lances individuais.
(-) Setúbal. Um dos piores exemplos de um sucedâneo de uma equipa de futebol que me lembro de ver nos últimos tempos. Fraquíssimos na construção de jogo, terríveis na deliberada perda de tempo desde o primeiro minuto, onde os jogadores se atiravam para o chão por vezes ANTES sequer de haver contacto. Na memória fica um salto do número 8 do Setúbal, Paulo Tavares, que já entrou para o “livrinho de ódios de estimação do Porta 19”. Vou estar atento, meu idiota.
O trabalho era fácil e foi completado com ainda maior facilidade mas não sem uma atitude de pouca entropia, que estranhei ainda mais dado o frio que se fazia sentir no Dragão. Quatro-zero? No papel até podiam e deviam ter sido mais, mas no relvado viu-se pouco que o justificasse. Enfim, três pontos, nada mau.
Objectivo cumprido mas, faltou um presente para a malta que era um jogo com mais vida e mais alegria… Assim sendo, ganhamos que era o mais importante, a prenda virá dia 30 com o Rio Ave ;)
para o início da 2ªparte metade da equipe ficou no balneário… que tristeza de 30 minutos. E, lá está: o Alex Sandro que fez uma boa 1ªparte, voltou às mesmas merdas e a ter que fazer faltas (contra avançados daqueles)… ou seja, ao Alex Sandro (e outros) falta-lhe atitude. “O jogo já está mais que resolvido, fechamos para bingo”…
mas enfim, como diz, de melhoria resta-nos que em dois penalties convertemos dois. O do Quaresma muito bem marcado.
Parece quee os jogadores já não acreditam no Campeonato. Péssima exibição com péssima assistência no dragão. Depois do último jogo merecíamos mais. Temos muito que andar e 2015…