Gostava de Defour. Palavra que gostava. E talvez fosse dos poucos que apreciava o contributo que o rapaz dava à causa, pela capacidade de recepção e passe da bola, pela atitude em campo e por ser um dos poucos homens desde há três anos que sabia o que fazer quando recebia a bola. Nem sempre o fazia nas melhores condições ou com a maior produtividade, mas era certinho. Era um meio Maniche com mais tatuagens e pior remate de longe. Mais ou menos. Um Söderstrom melhorzinho, pronto.
E quando chegou ao FC Porto, toda a gente se levantou a clamar que Moutinho teria agora um forte concorrente para o lugar. Bollocks, portanto. E Defour nunca se assumiu aos olhos dos adeptos como um verdadeiro substituto para Moutinho mas a concorrência no meio-campo (e a chegada de Lucho, entenda-se) fizeram dele sempre uma segunda escolha, algo que o belga raramente pareceu entender. E feriu os adeptos com a ambição de um jogador que se fez grande muito novo e que manifestou sempre querer mais, melhor, ao nível que ele próprio entendia que merecia. Nunca o conseguiu.
Leio as análises do Pobo do Norte e do Tribunal do Dragão e compreendo a forma de ver as coisas. Não concordo com ela a 100% mas compreendo. Nós, portistas, temos uma certa ambiguidade quando relacionamos a ambição de um jogador com o caseirismo que queremos seja revelada todos os dias pelos “nossos”. Queremos um jogador que brilhe, mas só cá. Um homem que deslumbre mas que não se deixe deslumbrar. Queremos uma Bacall (RIP, boazuda) com atitude suficientemente slutty para pôr um homem com as calças a pulsar mas que não passe de uma Irmã Lúcia quando as coisas não lhe correm bem. É uma dicotomia engraçada, ou seria se não fosse tão verdade e tão próximo de casa. O FC Porto não vive só de grandes nomes e de génios da bola. Vive, como sempre viveu, dos outros que se colocam mais por trás do jogo, que não explodem em campo mas que trabalham e que fazem os outros trabalhar. Defour, como tantos antes dele, era um desses que deixava trabalhar, trabalhando. Não era genial, talvez nunca tenha sido e o deslumbramento do carinho de Ferguson e dos prémios ganhos na juventude podem tê-lo feito ganhar uns centímetros de arrogância que até aí não existiam. Mas era um homem que, com a cabeça no sítio, poderia trazer enorme equilíbrio num meio-campo que parece mais forjado para criar do que para aguentar, para driblar em vez de passar, para mostrar fantasia em vez de sentido prático. Perdeu-se em jogos pouco produtivos, expulsões ridículas (num jogo que até nem estava a ser mau…) mas acima de tudo nunca conseguiu atingir o nível que os adeptos exigiram que atingisse pelas suas intermináveis e incompreensíveis expectativas para com homens que pouco conhecem.
Defour, para mim, foi um valor que perdemos e que nunca soubemos aproveitar. Parte, sem grande prejuízo para o clube mas com a noção que podia ter sido um enorme modelo de inteligência competitiva e cultura táctica. Isso, se estivesse noutro lado. Aqui, caro Steven, são raros os gajos como tu que ficam na memória.
Boas,
Na minha modesta opinião, jogador ao nível de Castro ou Pedro Moreira e incomparavelmente mais baratos estes, Defour era um jogador que eu também tinha esperança, mas tinha de dar o salto qualitativo que nunca deu. Não era o trinco, não era 8, não era realmente bom em nada como se exigia.
Que siga o seu caminho e que tenha melhor sorte no futebol belga.
Um abraço.
PS: Ansioso para que a bola comece a rolar a sério.
Também sou dos que sempre gostou do Defour. Sempre achei que ia a cada jogada com mais garra que os outros (sobretudo nas épocas más), sempre achei que nunca foi devidamente aproveitado. Chegou a jogar a extremo, medio defensivo, mas raramente a 8, e acho que esse foi o problema para ele nao vingar no FC Porto, o facto de nunca lhe terem dado a responsabilidade de assumir o meio campo. Quando jogava a 8, ou estava lá para substituir o titular, ou era num sistema em que havia alguem mais importante que ele (lucho?). É pena, mas concordo com a venda…Espero que tenha sucesso
Defour tinha um problema: nunca fazia uma exibição óptima. Deixava apontanentos certos de esforço e de garra onde parecia substituir-se o dom. Polivalente, mas nunca suficientemente inteligente. Uma espécie de Bimby futebolística
Apesar de tudo,vou sentir falta dele de cada vez que estava calado e fazia aquilo para que lhe pagam. E por isso – pensar de menos e falar de mais (em si) – não deixará saudades, na mediania dos seres desta vida.
Guardo pena por nunca se ter tratado na terceira pessoa. Condizia mais com o ego.
Podias ter sido lembrado só pelo esforço, mas quiseste ser maior do que tu mesmo.. E assim sais, pequenino.