Baías e Baronis – West Bromwich Albion 1 vs 3 FC Porto

GALLERY  Baggies v FC Porto

At long fucking last! Não tendo sido brilhante, mais uma vez, foi um jogo seguro, tranquilo, com o FC Porto a mostrar que está a trilhar um caminho interessante e que motiva os adeptos mas, acima de tudo, motiva os próprios jogadores. Foi bom de ver a capacidade de explosão de Tello na ala, as fugas para diante de Brahimi, a capacidade concretizadora de Jackson e a calma olímpica de Maicon. Nem tudo foi bom, claro. Andrés Fernandez pareceu prático com os pés mas falhou no canto que deu o golo. Alex Sandro falhou passes demais, Adrián andou mais uma vez desaparecido e Herrera insiste em não ser constante e a não conseguir rematar à baliza como gente grande. Mas o último teste deu para perceber duas coisas: estamos a jogar um futebol que já é agradável de ver e temos opções muito mais válidas que no ano passado. Vamos a notas:

(+) Jackson. Que melhor maneira para motivar os adeptos que marcar dois golos à ponta-de-lança?! O primeiro é perfeito, depois do bom cruzamento de Quaresma (bom no sentido de 2+2=4, o que na perspectiva de um matemático pode ser “perfeito” mas a cobertura defensiva impede-me de raciocínios absolutos desse género) mas o segundo é de uma execução notável e digno de ser visto e revisto em aulas de “Finishing 101”. Continua bem na movimentação e precisa apenas de estar mais atento quando leva a bola a partir do meio-campo porque há várias jogadas que são perdidas porque Jackson nem sempre se apercebe dos ramos da árvore ofensiva que oscilam a seu lado. Mas não é isso que lhe é exigido na grande maioria das vezes…e se continuar a aparecer assim na área, o desenho de Lopetegui pode fazer dele o melhor marcador do campeonato pela terceira vez consecutiva.

(+) Maicon. Perfeito no corte, na intercepção e na cobertura da zona recuada. Parece mais magro, mais rápido sobre a bola e mais atento aos problemas que possam surgir não só dos pés dos colegas mas (e bem mais perigoso) às suas próprias falhas, que acontecem todos os jogos e acontecerão com naturalidade mas que no passado o pareciam afectar sem hipótese de recuperação. Hoje fez várias intercepções e foi obrigado a ser prático sempre que recuperava a posse de bola ao adversário. Fê-lo sempre com classe e sentido de responsabilidade. É actualmente o único central titular absoluto do FC Porto. Assusta, mas é verdade.

(+) A rotação de bola no meio-campo. Casemiro e Herrera, com Óliver à frente e Brahimi ao canto. Ou então Ruben Neves e Óliver com Brahimi na frente e Quintero encostado na linha. Raios, até Quaresma e Tello ajudam a fazer que este FC Porto possa vir a enfeitiçar as bancadas com inteligentes trocas de bola no centro, nunca deixando um jogador sozinho e posicionando-se de maneira a recuperar rapidamente as bolas perdidas, forçando a que os laterais não subam tanto como dantes mas auxiliem bem as costas dos médios pelas linhas. É um desenho radicalmente diferente do de Paulo Fonseca e muda em relação a Vitor Pereira e Villas-Boas na medida em que não há destruidores-natos, apenas homens com capacidade de passe e onde a bola está onde deve estar durante o jogo: nos nossos pés. Roda a bola enquanto não rodam os jogadores (Brahimi terá de se adaptar a este estilo durante algum tempo mas compensa com a facilidade de drible) e os extremos são-no só enquanto for preciso. Nota-se que estou entusiasmado?

(-) Pouco jogo na área adversária. Acabei a primeira parte com um ligeiro travo amargo na boca, deixado pela incapacidade de chegar com perigo à área contrária. As trocas de bola no centro do terreno eram interessantes e podia ver que o trabalho realizado estava a começar a trazer alguns frutos, mas a falta de jogo na área contrária preocupava-me porque ao pensar na quantidade de equipas que vamos defrontar este ano e que enfiam onze gajos dentro dos últimos 25 metros, metade dos quais jogam nos últimos 15, torna-se complicado furar por um meio-campo tão populado sem por vezes recorrer a um jogo mais directo. Sim, todos queremos ser um pequeno Barcelona de Guardiola (eu gostava, porra!) e jogar sem preocupações em rematar de longe ou em acelerar o passo, mas a verdade é que tantas vezes dou comigo a berrar para o campo: “remata, porra!”. E temo que sem uma referência constante na área, ou em dia menos acertado de Jackson (ou de qualquer outro que lá esteja), tenhamos grandes dificuldades em marcar golos.

(-) A incerteza no passe dos elementos mais recuados. Continua a haver uma terrível e temível inconstância na pontaria do passe na zona defensiva. Danilo e Maicon estão melhores mas Reyes abana muito com a bola nos pés e 95% das vezes que a tem controlada insiste naquele passe que todo o mundo futebolístico já conhece: roda para a esquerda para Alex Sandro. Este, o eterno brincalhão, falha tantos passes simples que não sei que mais se possa fazer ao gajo a não ser amarrar-lhe uns barrotes aos pés para ter uma guia condutora. Casemiro é tecnicamente superior aos colegas mas ainda não mostra confiança para ser seguro e Herrera alterna o excelente com o medíocre mais depressa que um taxi a ultrapassar pela faixa da direita. Há que injectar cagaço nos gajos e o problema é que se acontece em dia de jogo estamos tramados com F grande.


Se pensarmos no que se passou hoje e quem calçou no The Hawthorns, Carlos Eduardo e Kelvin podem eventualmente ficar de fora do plantel. Sejam quais forem as escolhas…Pre-season over. Treinos over. Experiências over. Sexta-feira, pelas 20h, no Dragão, arrancam as hostilidades. Salivo de antecipação.

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