Um Dragão cheio num final de tarde em Agosto é quase uma tradição. Juntam-se centenas de automóveis com matrículas do centro da Europa, mais outras centenas de camisolas novas compradas na loja oficial e mais francês nos ouvidos que quando cá vier o Lille e estamos prontos para um jogo onde o emigrante regressa à urbe que o viu nascer para matar as saudades do clube. A somar a esse típico arranque de época, temos um FC Porto novo, com métodos novos, jogadores novos e uma exibição agradável para começar bem uma temporada que será longa, difícil e onde cada ponto conquistado deve ser saboreado. Gostei das primeiras impressões a sério e ainda que nem tudo esteja bem, já se viu alguma coisa de positivo. Muita, aliás. Vamos a notas:
(+) Ruben Neves. Ouvi dezenas de vezes durante o jogo, em comentários atrás de mim: “17 anos!”. E realmente não dá para notar que o rapaz tem uma idade tão pouco habitual para um titular do FC Porto, porque a forma prática como joga, como recebe a bola e levanta a cabeça para descobrir a melhor opção de passe, como surge em zona de pressão com força e intensidade, mas especialmente como percebe o seu lugar e o que deve fazer em campo, tudo isto seria de esperar de um rapaz um pouco mais velho. Teve uma estreia que aposto não esquecerá e marcou pontos na luta pela titularidade.
(+) Brahimi. Continua a ser um dos nomes que mais me entusiasma de todos os reforços que chegaram até agora (até Clasie aparecer por aí…) pela capacidade técnica que tem e pela forma como a coloca em campo. Prende-se demais à bola, dizem alguns. É verdade, mas também a sabe soltar na altura certa e fá-lo habitualmente depois de retirar um adversário do caminho e de furar por entre outros dois. A posição de falso extremo serve-lhe bem para que possa agir como um…falso-interior, aproveitando a subida do lateral, que lhe facilita a abertura pelo flanco para que possa ziguezaguear pelo meio como parece gostar. Que continue assim, é o que desejo.
(+) Quaresma. O capitão (ainda é estranho chamar-lhe isso) esteve bem, menos exuberante que o argelino do outro lado mas prático e acima de tudo a jogar para a equipa, sem exageros individuais, sem que estivesse apenas focado em fazer o que lhe apetece. Quaresma é assim, bipolar, e nunca iremos entender se é este o verdadeiro Quaresma ou qualquer dos antigos Quaresmas que já vimos em campo tantas vezes e que nos enervou em dezenas de jogos. Hoje, gostei de o ver a ajudar os colegas e a trabalhar em conjunto.
(+) O passe e a recepção. Atrevo-me a dizer que é talvez a maior mudança do que se viu no ano passado, mais que a ausência de um trinco duro e exclusivamente defensivo, das não-subidas dos laterais e da camisola da Warrior: este ano, há talento. E muito, porque viu-se uma quantidade de transições com mudanças de flanco a quarenta metros com a bola a ser colocada nos pés do homem que a recebe e o receptor…de facto recebeu a bola e não a tentou controlar com dois pés no ar e uma cesta de pelota basca. Aproveitar o talento e a capacidade técnica de jogadores como Óliver, Brahimi e Casemiro é a tarefa do treinador, mas nunca se poderá queixar dos jogadores que tem à sua disposição. Ou, pelo menos, não o pode fazer alegando que são toscos.
(-) A tremideira no arranque a partir da baliza. Ora então o FC Porto começa as jogadas a partir da baliza através dos seus defesas centrais, não é? Toca a colocar dois grandalhões a tapar o espaço. Some-se um guarda-redes nervoso, laterais quase no meio-campo à espera da bola e um público enervante de tão pouco compreensivo que é…e temos uma receita para desastre como não se via há que tempos. Mas a verdade é que foram cometidos vários erros a meio da segunda parte que podiam ter sido complicados de recuperar. E acima de tudo o que mais enervou os adeptos foi a incapacidade de conseguir sair de uma pressão alta de uma forma prática (algo que foi melhorando à medida que o tempo ia passando), quanto mais não fosse através da melhor forma de se livrarem de problemas: tudo para a frente e biqueirada para diante. Não o fizeram e eriçaram o pelinho de muita malta. A rever.
(-) Muitos buracos no meio-campo defensivo. O Marítimo só se atreveu a ser…atrevido porque viu que se formavam espaços com demasiado…espaço (perdão) entre o meio-campo e a defesa portistas, por onde poderiam passear alegremente sem que fossem contrariados. E se é verdade que a pressão alta é útil para empurrar o adversário para trás e o forçar a cometer erros, também é verdade que sem cobertura adequada se torna muito arriscado de colocar em prática…
Um jogo, uma vitória. Não conto chegar ao trigésimo-quarto e continuar no mesmo ritmo, mas fiquei com boa moral e a sonhar em ver estes rapazes entrosados, porque em dia bom…oh yeah, parece que podemos mesmo vir a ter uma equipa este ano.
Desculpe lá, mas Baía para Quaresma? Quantas jogadas se perdeu nos pés dele? mais grave, jogadas de perigo, especialmente na segunda parte desperdiçadas (algumas em superiodidade numerica) por puro egoismo e ansia de protagonismo. A evolução da equipa estará sempre comprometida enquanto Quaresma tiver relevo no onze
Isso! E pior, a vedeta, o craque que joga para glória pessoal, mas bate com a mão no peito, é o capitão do nosso clube! Ofensa lesa pátria para o legado de jogadores que criaram o conceito de mística e para quem o colectivo era sempre mais importante que aparecer nos highlights da SportTV! João Pinto, Jorge costa, baía, Pedro Emanuel, Lucho, felizmente ainda vivem, se não, davam voltas no túmulo!
Olá Jorge!
Mais uma crónica certeira!
Se me permites, acho que o Lopetegui merecia desde logo um Baía. Escolheu um bom 11, deu oportunidade ao Ruben, fez as substituições nos momentos certos, gostei das indicações e modo de estar no banco (até me cansei só de vê-lo de um lado para o outro), entrou claramente com o “pé direito” nesta longa e difícil maratona que todos queremos vitoriosa.
Quanto à equipa, estiveram individualmente bem, notaram-se algumas diferenças naqueles jogadores que transitaram do ano passado, e aí acho que o Quaresma merece o destaque, mais no que trabalhou para a equipa durante todo o jogo.
O Brahimi e o Oliver vão ser muito importantes na manobra da equipa, e o Tello, nos jogos com mais espaços, e com equipas de maior dimensão, pode dar um contributo muito interessante.
O Ruben tem sido uma surpresa mas não sei se vai aguentar o ritmo. Espera-se uma evolução natural.
De todos, o que menos me entusiasmou ontem, foi o Herrera. Pareceu-me cansado, e lento. Se calhar o Casemiro poderá entrar na posição dele no próximo jogo em França. Pelo tipo de jogo e físico, vejo alguma semelhança com o Guarin.
Vamos aguardar com ansiedade os próximos jogos!
BARONI foi tb a falta de pontaria, porque qualquer susto na defesa com um terço dos remates transformados em golos, daria para o mais cético sossegar!…
Também me parece que a defesa está lenta de mais… mas nada que o trabalho não consiga superar
BAìA é agora termos alternativas no banco; ou, como disse o mister ninguém é titular…
De resto é isso: bom começo sem ser nada de especial mas com muitos apontamentos no sentido de irmos voltar a ter equipe…
Tanta embirração com Quaresma… É impressionante o número de pessoas que se insurgem contra o tipo.
É preciso ver os jogos com mais “olhos de ver”. Este Quaresma é menos exuberante, mas mais actuante e efectivo. Joga mais sem bola e joga melhor com os companheiros. Haverá blogues que, com isto, ficarão sem argumentos.
Há dois tipos de portista que não entendo: os que assobiam por tudo e por nada; bem como aqueles que só vêem o jogo no sector em que se encontra a bola. Há mais jogo para lá do “bola pá frente” e para lá dos passes falhados que, se bem metidos, seriam geniais e alterariam qualquer observação que fizéssemos.
Partindo dessa perspectiva, Paulo, o Brahimi teve um comportamento bem mais “reprovável” e condizente com aquilo que diz.
Yacine Brahimi
Jolie satisfaction pour le milieu du FC Porto. Le meilleur dribbleur du championnat espagnol l’an dernier a réussi son entrée dans le championnat portugais, vendredi 15 août, en prenant part à la première victoire de la saison de son équipe face à Maritimo (2 – 0). « Le meilleur homme du match » a même estimé le journal portugais O Jogo.
In portal “Tout Sur l’Algerie” [http://www.tsa-algerie.com/]