Não foi glorioso, nem sequer excelente. Mas esta equipa do FC Porto, com a medida certa de trabalho táctico, empenho físico e moralização depois de algumas vitórias pode ser um prazer de ver a jogar. Já deu para perceber alguma rotina no meio-campo a nível da pressão depois da perda de bola mas o essencial foi perceber que o trabalho está a trazer frutos. Nota-se trabalho, percebe-se que há posições reaprendidas e uma calma aparente na movimentação dos jogadores que me enche de esperança para uma boa época. Ah, e Fabiano tem mesmo de aprender a jogar com os pés. Vamos a notas:
(+) Jackson. A diferença entre um bom ponta-de-lança e um homem que é eleito capitão e que recebe uma renovação de contrato e a vénia de toda uma organização perante o seu talento e a sua importância para uma equipa é esta: o primeiro vai marcando, o segundo precisa de marcar. E a pressão está toda do lado de Jackson para que produza de uma forma consistente, jogo após jogo, para que a equipa possa depender dele para que a produção ofensiva seja acima da média, que no fundo é o pretendido num clube como o FC Porto. Jackson picou o ponto, disse “presente”. Continuo a acreditar nele.
(+) Brahimi. Continuo entusiasmado com o argelino e com a sua capacidade de drible e de sair de espaços apertados com um único toque na bola. É um homem diferente de todos os outros (talvez Óliver seja o que mais se assemelhe a ele) na virtude de conseguir progressão com a bola de uma forma que desconcerta e alarma os defesas contrários, incapazes de perceber o que vai fazer a seguir. Parece muito empenhado em mostrar o seu valor, o que só nos pode ajudar.
(+) Jogar como equipa grande. Há muitos meses que não via o que hoje vi em Goodison Park: uma equipa que jogava com autoridade, com mentalidade de equipa vencedora e a calma de jogadores que têm a confiança no que podem fazer e não se agarram aos cabelos depois de cada lance falhado. Maicon, estável atrás ao lado de Indi, que não é genial mas pareceu rijo e certinho; Danilo e Alex a subirem com critério, sem exageros pelo corredor; Herrera melhor ao lado de um Evandro um pouco medroso, Ruben com segurança e sem abusar dos exageros posicionais de Fernando porque sabe que não consegue recuperar como o “polvo”; Tello com criatividade e sem peneiras; Quaresma a jogar para o colectivo e com menos parvoíces individualistas; e Óliver, inteligente na posse, só precisando de ser mais incisivo a soltar a bola no momento certo. Estou a gostar da evolução, estou a gostar da construção da equipa.
(-) Fabiano. Se vamos passar muito tempo com um guarda-redes à boa moda dos jogos de futsal aos sábados de manhã, “avançado”, a verdade é que Fabiano não será uma escolha que traga confiança ao povo. Sim, o homem é muito bom na baliza, elástico e com bom posicionamento. Mas sempre que recebe um atraso ao nível da relva, treme como um Kralj com bolas aéreas e a defesa abana toda. Sem ver Andrés Fernandez a jogar não serei mais um a pedir que Fabiano se mantenha na baliza, mas se o espanhol for jeitoso com os pés talvez ganhe vantagem na luta pelo lugar. Lembrem-se que um guarda-redes pode fazer uma boa defesa para salvar uma derrota…mas outro que faça essa mesma defesa e ajude a construir o ataque pode fazer com que a equipa faça golos suficientes para nem precisar dessa mesma defesa…
(-) Pouca consistência ofensiva. Sem Jackson a equipa trocou bem a bola mas nunca foi incisiva na área. Faltava colocação, luta com os centrais, posicionamento agressivo e facilidade de criação de espaços. Adrián nunca conseguiu movimentar-se por forma a criar a ilusão que o ataque tinha um elemento finalizador, um homem em quem pudéssemos depositar a confiança que o golo aparece mais facilmente através dos seus pés. O espanhol será mesmo para jogar numa ala, o que faz com que os extremos que temos sejam mais móveis que o previsível e menos colados à linha. E Quaresma? E Tello? E, já agora, Ricardo ou Kelvin? Muitas opções, pouca estrutura, pelo menos por agora…
O jogo com o WBA, último antes dos que começam a doer, vai tirar a limpo quem fica e quem sai, pelo menos de uma forma teórica já que até ao final do mercado não há certezas. Fiquei mais satisfeito, mais confiante…e mais ansioso que isto comece a sério!
Brahimi e Ruben supreenderam-me. Mto bem. Gostava dever o quintero no meio, será que vai ser este ano ?
Falhei na previsao, mas ate a esse nivel estou em pre-epoca por isso se eles tem desculpa eu tambem tenho. Pus-me a falar bem do Fabiano e o gajo produz-me aquela imbecilidade. Mas e bom que tenha sido em jogo de preparacao e leve ja o puxao de orelhas para que treine insistentemente esses lances. Contra o West Brom eu acho que sao favas contadas, os gajos ainda agora jogaram com o Forrest e levaram na pa.Eu sinto que afinados temos uma bela equipa, mas deve levar ai mais um mes e meio dois meses para estar mesmo ao nivel que desejamos.
“deve levar ai mais um mes e meio dois meses para estar mesmo ao nivel que desejamos.” estou à espera que a tua pré-época também acabe rápido e comeces a acertar nos prognósticos. ou melhor, que a equipa os cumpra ;)
Uma coisa emgracada que poderias fazer era uma liga do palpite. Costumava, nos tempos em que criei o Contingente Tuga – aquele tal blog sobre todos os jogadores e treinadores portugueses alem-fronteiras, participar numa dessas ligas num blog benfiquista. Acho que seria engracado criares uma liga do palpite com os palpites so para os resultados da equipa B e da equipa principal. Ia ser giro. Chama-a de “Olho do Dragao” ou uma coisa estilosa dessas e vai pegar!
não duvido que fosse engraçado mas já percebi que não tenho a força mental (nem, infelizmente, o tempo disponível) para esse tipo de ritmo e de obrigatoriedade de posts e atenção. mas quem sabe, se aceitasse colaborações exteriores…who knows? ;)
Pa, nao creio ser assim tao time-consuming. E so enfiares no fundinho do Ouve La Mister e o pessoal habitua-se a dar os palpites. Nem tens que criar uma tabela, fica so para o pessoal dizer “Olha, o Pudget la acertou pela setima vez consecutiva”
Aconselho a pedires ao Master Kodro do blog 442 para participar na “Liga Zandinga”. É bastante divertida e não tira muito tempo porque a maioria dos palpites são dados agora no início da temporada.
“Fiquei mais satisfeito, mais confiante…e mais ansioso que isto comece a sério!”
Também eu…
Sobretudo gostei da evolução feita desde o jogo com o St Etienne …E, como diz, principalmente na confiança e tranquilidade que os jogadores apresentam… agora vamos precisar também de acrescentar um pó de “sorte” dos campeões para entrar na Champions e o resto se construirá por si…
Para ser sincero esperava mais do Everton. Penso que jogaram mais naquele espírito de jogo-exibição / jogo-festa em honra do Leon Osman.
Por outro lado o Porto teve momentos em que os asfixiou de tanta e tão boa que estava a ser a pressão alta. Mas, e em especial na primeira parte o ritmo foi baixo.
De todos gostei mais do Oliver na primeira metade (mesmo a jogar pelas faixas não sabe jogar mal, o miúdo) e do Bruno Indi que tem uma presença e serenidade incríveis. Houve momentos em que fiquei frustrado com o Danilo porque saia com a bola e sistematicamente voltava-se para trás e devolvia ao Maicon ou ao Fabiano. Pode ter sido por ‘design’ (convidar os adversários a abrir espaços nas costas) ou por falta de apoio na ala, mas chatearam-me muito aquelas saidas falsas.
O Fabiano mais não está a fazer do que a trabalhar o jogo de pés. Notei um particular esforço dele para não pegar tanto na bola com as mãos. Mas porque arriscou um passe proíbido e saiu-lhe mal não quer dizer que esteja arrumado. Serve para aprender e estes jogos de preparação são para isso mesmo.
Finalmente, quero apenas referir que se vislumbra uma consistência no jogo colectivo, uma ideia, uma sintonia que nunca se viu no ano passado. Com o tempo e o treino vamos ter uma ‘máquina’ muito competitiva por este andar…